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A prática pedagógica em educação ambiental de professores das séries iniciais de uma escola do município da Serra-ES : um estudo crítico-reflexivo

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Academic year: 2021

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

LEONARDO SALVALAIO MULINE

A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DE UMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DA SERRA-ES: UM

ESTUDO CRÍTICO-REFLEXIVO

VITÓRIA 2013

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LEONARDO SALVALAIO MULINE

A PRÁTICA PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE

PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DE UMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DA SERRA-ES: UM ESTUDO CRÍTICO-REFLEXIVO

Dissertação apresentada ao curso do Mestrado Profissional em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação em Ciências e Matemática. Orientador: Dr. Carlos Roberto Pires Campos

VITÓRIA 2013

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(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

M957p Muline, Leonardo Salvalaio.

A prática pedagógica em educação ambiental de professores das séries iniciais de uma escola do município da Serra-ES: um estudo crítico-reflexivo / Leonardo Salvalaio Muline. – 2013.

93 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Carlos Roberto Pires Campos.

Dissertação (mestrado) – Instituto Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática.

1. Educação ambiental – Ensino fundamental. 2. Ensino – Metodologia. 3. Ciências – Estudo e ensino. I. Campos, Carlos Roberto Pires. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.

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Dedico esta dissertação aos meus pais, Edson (in

memoriam) e Ana, por me incentivarem a sempre

valorizar os estudos e me ensinarem os valores que hoje carrego; aos meus irmãos, Lyamara e Luciano, pela paciência; e aos meus familiares e amigos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus pela força e pela sabedoria de me guiar durante esse curso de Mestrado. Foram momentos angustiantes, cansativos e tensos, mas com uma recompensa maravilhosa.

Ao meu amigo e orientador professor Dr. Carlos Roberto Pires Campos que com toda a sua paciência, conhecimento e boa vontade, soube me compreender e tirar de mim o melhor sempre. Situações de rico aprendizado e enriquecedores ao seu lado. Na verdade, acredito que ganhei um amigo para a vida.

À minha mãe e aos meus irmãos que me aguentaram durante todo esse período complicado. Paciência foi a palavra chave para os meus familiares durante esse meu trajeto. Noites mal dormidas, irritação, falta de paciência são alguns dos sinais que eles souberam serenamente passar por cima e aturar as consequências para me apoiar nessa caminhada.

À minha amiga Adriane, pelo companheirismo e boa vontade de me ajudar sempre que possível. Ao amigo Tiago também pela nossa parceria durante todo o curso. Não poderia deixar de citar o nosso trio infalível, né? Foram vários trabalhos, várias risadas e inúmeros momentos de briga e seriedade. Isso foi importante para fortalecer nossa amizade.

Ao coordenador do curso, professor Sidnei Quezada, que sempre me tratou com muito carinho e paciência. Obrigado por tudo o que aprendi com você.

À professora Manuella Villar, pela sua ajuda e compreensão.

Aos meus amigos que não me deixaram sozinho e que foram coniventes com esse momento de ausência e de crescimento. Em especial ao Júnior, ao Rafael, ao Fábio e ao Vitor. Agora vou ter mais tempo para vocês.

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Ao Smith Teófilo que mesmo de longe me fez acreditar que tudo ia dar certo. Obrigado, viu?

À minha querida e diretora Giulene (E.M.E.F. Aureníria Correa Pimentel). Se não fosse pela sua generosidade talvez nada disso pudesse estar acontecendo. Nunca vou esquecer isso. Obrigado!

Ao diretor Alexandre (E.M.E.F. Marieta Escobar) pela parceria e compreensão para flexibilizar meus horários quando possível para a frequência nas aulas do curso e participação em eventos. Agradeço também a pedagoga Andrea e a coordenadora Valéria.

A todos os professores do quinto ano e a pedagoga Edna da E.M.E.F. Jonas Farias. Obrigado pela paciência, parceria e ajuda para a realização desse trabalho.

Aos meus amigos de longe (Marcelo, Paulo, Smith, Thomé, Rodrigo, Clayton) que sempre me incentivaram e mandaram palavras de apoio e esperança.

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“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.

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RESUMO

O caráter de transversalidade da Educação Ambiental na prática educacional favorece uma ação reflexiva e crítica acerca da realidade, possibilitando uma conscientização noo âmbito das variadas situações que a temática possibilita, tais como os conceitos de responsabilidade, solidariedade e desenvolvimento sustentável. De uma perspectiva inter ou transdisciplinar a Educação Ambiental busca, sobretudo, o fortalecimento de ações cidadãs, na medida em que lança uma nova luz sobre temas que se articulam ao cotidiano dos próprios alunos, de acordo com suas realidades. A pesquisa possui o propósito de investigar as práticas pedagógicas de professores das séries iniciais do ensino fundamental relacionadas à Educação Ambiental de uma escola do município da Serra, ES. Busca analisar como os educadores do ensino fundamental das séries iniciais de uma escola municipal da Serra (ES) inserem a Educação Ambiental em seu cotidiano, para tanto, almeja compreender o significado dos conceitos da Educação Ambiental e de meio ambiente para os alunos e como eles incorporam, em suas atividades diárias, os temas trabalhados pela escola. Para compreender como ocorrem estas práticas, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas com os docentes. Além disso, para estimular a inserção dessas temáticas de forma crítica no ambiente escolar, uma sequência didática envolvendo a problemática em questão foi desenvolvida com uma turma de 4ª série. Percebemos que a Educação Ambiental ainda carece de muitos trabalhos para ser realmente ofertada de maneira crítica e que leve o educando a perceber que faz parte do meio ambiente. Elaboramos um material de apoio com sugestões de práticas pedagógicas em Educação Ambiental para servir como guia de orientação e consulta para os professores desse município. Como resultado da pesquisa foi construído um Guia Didático de Ciências intitulado “Práticas Pedagógicas em Educação Ambiental” tendo o objetivo de incentivar os educadores a trabalharem os temas de Educação Ambiental de forma crítica.

Palavras-chave: Educação ambiental. Práxis Pedagógica. Patrimônio ecológico.

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ABSTRACT

The transversality feature of Environmental Education in educational practice enables them to develop a critical-reflective behavior about reality, opening the possibility of creating an awareness about the various situations that surround the theme, such as the concepts of responsibility, solidarity and sustainable development. From the perspective or inter or trans disciplinarity Environmental Education seeks primarily to the empowerment of citizen actions, as it sheds new light on topics that articulate the daily lives of the students, according to their realities. The research aims at investigating the pedagogical practices of teachers in the early grades of elementary school, related environmental education, in a school in the municipality of Serra, ES. It searches to analyze how educators insert environmental education into their daily lives, therefore, aims to understand the concepts of environmental education and what is the social representation of environment for students and how they incorporate it in their daily activities. To understand how these practices occur, semi-structured interviews were held with teachers. In addition, to encourage the inclusion of these issues critically in the school environment, teaching a didatic sequence involving the problematic in question was developed with a group of 4th grade. In a preliminary analysis, we realize that the Environmental Education still needs a lot of work to be actually provided a critical and leading the student to realize themselves as that part of the environment. We intend, in the end, develop a support material with suggestions for pedagogical practices in Environmental Education to serve as guidance and consultation to teachers of that municipality. As a result of the research we built a Guide Didactic of Sciences entitled "Pedagogical Practices in Environmental Education" with the aim of encouraging educators to work the themes of environmental education critically.

Keywords: Environmental Education. Pedagogical Praxis. Ecological Heritage.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Capa do Produto Final – Série Guia Didático de Ciências ... 20

Figura 2 - Alunos assistindo ao filme Wall-E ... 60

Figura 3 - Alunos, em grupos, realizando a atividade ... 62

Figura 4 - Alunos assistindo a uma palestra sobre questões ambientais ... 63

Figura 5 - Alunos brincando com o jogo “Quem sou eu ecológico?” ... 65

Figura 6 - Educandos jogando o Eco Game – Trilhas ... 65

Figura 7 - Painel montando pelos alunos para a Mostra Cultural ... 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Sequência didática para trabalhar a Educação Ambiental ... 57

Quadro 2 - Informações gerais sobre os sujeitos envolvidos na pesquisa ... 69

Quadro 3 - Fragmentos das falas dos professores referentes à primeira categoria de análise. ... 71

Quadro 4 - Fragmentos das falas dos professores referentes ao conceito de Educação Ambiental. ... 72

Quadro 5 - Fragmentos das falas dos professores na categoria Transversalidade da Educação Ambiental. ... 73

Quadro 6 - Fragmentos das falas dos educadores sobre o suporte da escola para o trabalho da Educação Ambiental. ... 74

Quadro 7 - Fragmentos das falas dos alunos referentes à realidade local e as questões ambientais. ... 75

Quadro 8 - Fragmentos das falas dos professores referentes ao trabalho de valores em Educação Ambiental. ... 76

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LISTA DE SIGLAS

EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental ONU – Organização das Nações Unidas

PNE – Plano Nacional de Educação

PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental CTSA – Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiental PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP – Projeto Político Pedagógico EJA – Educação de Jovens e Adultos

ISBN – International Standard Book Number MEC – Ministério da Educação

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais EDUCIMAT – Educação em Ciências e Matemática

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 16

1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 21

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 45

2.1 O ESTUDO ... 45

2.2 LOCAL DA PESQUISA ... 47

2.3 SUJEITOS ... 47

2.4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS ... 48

2.5 LIMITES DA PESQUISA ... 49

2.6 PRODUTO FINAL ... 49

3 RESULTADOS ... 52

3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA MUNICIPAL ... 52

3.1.1 O Prédio Escolar ... 52

3.1.2 Recursos Pedagógicos ... 52

3.1.3 Recursos Humanos ... 53

3.1.4 Características Socioculturais dos Alunos ... 53

3.2. CARACTERIZAÇÃO DAS CLASSES ACOMPANHADAS ... 54

3.3 MODELO DE GESTÃO DA ESCOLA ... 55

3.4 ATUAÇÃO EM RELAÇÃO AO ENSINO ... 56

3.5 ATUAÇÃO DOS ALUNOS EM RELAÇÃO ÀS APRENDIZAGENS ... 56

4 DISCUSSÃO ... 57

4.1 A SEQUÊNCIA DIDÁTICA ... 57

4.2 PLANEJAMENTO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA ... 58

4.3 O DESENVOLVIMENTO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA ... 58

4.4 ENTREVISTA COM OS PROFESSORES ... 69

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 79

REFERÊNCIAS ... 81

APÊNDICES ... 86

APÊNDICE A ... ... 87

Termos de Consentimento Livre e Esclarecido ... 87

APÊNDICE B ... ... 89

Professores... ... 89

APÊNDICE C ... ... 90

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APÊNDICE D ... ... 92 Questões sobre o filme Wall-E... ... 92

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INTRODUÇÃO

O problema ecológico, em nossa sociedade, assumiu, em anos recentes, uma centralidade e presença marcantes na vida cotidiana. Habita o concreto de nossas vidas, a cultura do tempo, assim como as subjetividades individuais e coletivas. Dificilmente vivemos um dia sem registrar uma referência a esta realidade e seus efeitos abrangentes.

Dentro desse contexto, a Educação Ambiental se coloca como um elemento crítico para buscar soluções possíveis para amenizar os problemas ambientais no mundo, e sensibilizar o homem sobre como explorar os recursos naturais sem destruir nosso planeta. A Educação Ambiental é um tema importante para a realização de pesquisas e trabalhos sobre os temas referentes à sociedade e ao meio ambiente, numa visão multidimensional, relacionada aos diferentes aspectos.

Podemos compreender a Educação Ambiental como um dos instrumentos que contribui para despertar nos seres humanos uma nova perceção do mundo e dos problemas oriundos da degradação do ambiente. Dentro dessa perspectiva, a Educação Ambiental Crítica parte de um enfoque que busca integrar o ser humano a seu meio e se revela não só como uma educação para o meio ambiente, mas como uma educação política, uma educação para a cidadania, uma educação solidária e de respeito às diferentes culturas e nações (TRAZZI, 2001).

Este trabalho busca compreender o significado dos conceitos da Educação Ambiental e de meio ambiente para os alunos e como eles incorporam em suas atividades diárias os temas trabalhados pela escola e propõe refletir analiticamente sobre como os educadores do ensino fundamental das séries iniciais de uma escola municipal da Serra (ES) inserem a Educação Ambiental em seu cotidiano. Busca Para sua operacionalização, a pesquisa desenvolveu-se a partir de uma sequência de atividades relacionadas à temática em questão, de forma lúdica e crítica, para uma turma específica da unidade de ensino (selecionada aleatoriamente) para estimular os educadores a trabalharem nesse sentido, sobre os assuntos correlacionados.

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A realização do estudo decorreu de inquietações e questionamentos provocados pela crise socioambiental contemporânea. Compreender as possibilidades e os limites de transformar a consciência e os comportamentos individuais e sociais, no sentido de valorização da vida, das relações sociais e destas com a natureza, foram outras justificativas que movimentaram a execução dessa pesquisa.

A escolha da escola se deve ao fato de que as pessoas aprendem o tempo todo. Instigadas pelas relações sociais ou por fatores naturais, por necessidade, interesses, vontade e coerção. Aprendem relacionar-se com outras pessoas e conviverem com seus próprios valores e sentimentos (DELIZOICOV, 2011). Cabe salientar, também, que a eleição dessa unidade de ensino para a realização da pesquisa foi mais no sentido de conveniência, já que é uma escola cuja realidade nós já conhecemos e lecionamos a disciplina de Ciências para os alunos do ensino fundamental das séries finais.

A escola, portanto, pode ser um espaço privilegiado para se propor mudanças de comportamento, já que os hábitos de crianças e adolescentes estão em fase de consolidação. Portanto, cabe à escola desenvolver a consciência ambiental e o senso de preservação e manutenção do meio ambiente. É importante enfatizar para o aluno que fazemos parte do meio, ou seja, estamos também inseridos na grande teia alimentar.

Nesse sentido, a Educação Ambiental pode ser organizada de forma a proporcionar oportunidades, para que todos utilizem o conhecimento sobre as questões ambientais, objetivando a compreensão da realidade e nela atuando. É necessário dizer que sozinha a educação não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas com certeza será necessária para uma interação segura entre sociedade/natureza, visando a minimizar os estragos causados ao ambiente.

Procuramos organizar os capítulos desta dissertação segundo os tópicos abordados, quais sejam: esta introdução; revisão de literatura, em que discutimos conceitos vários entre os quais Educação Ecológica/Educação Ambiental; metodologia e delineamento metodológico da Pesquisa; resultados e discussão; considerações finais.

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O capítulo sobre Educação Ecológica/Educação Ambiental contém alguns conceitos fundamentais trabalhados em Ecologia, tais como: biodiversidade, Educação Ambiental da perspectiva das ciências sociais; educação ecológica como base para a Educação Ambiental, sensibilização e resgate das dimensões sensoriais e afetivas no processo de aprendizagem sobre a natureza e nossa relação com ela.

No capítulo sobre os Procedimentos Metodológicos da Pesquisa, apresentamos o local onde as observações foram realizadas, a escola, e como foi delineado esse trabalho de campo; os sujeitos da pesquisa e a aproximação realizada com a comunidade escolar E.M.E.F. Jonas Farias, localizada no município de Serra e os alunos, a aplicação das entrevistas semiestruturadas com as educadoras, os jogos educacionais, a observação sistemática e direta dos alunos da escola de educação básica; o planejamento do trabalho com o grupo de alunos monitores e a descrição das observações realizadas sobre as atividades.

Nos Capítulos em que apresentamos os Resultados e a Discussão, procuramos apresentar as ideias dos alunos sobre o tema, sistematizando-as, e analisando os resultados por eles revelados e como ocorreu a construção do material didático/pedagógico. Além disso, procuramos debater a realidade da Educação Ambiental trabalhada dentro dessa Unidade de Ensino, a partir das concepções das professoras entrevistadas. Nas considerações finais retomamos os objetivos que foram fixados e intentamos demonstrar como ocorreu sua execução.

Esta pesquisa partiu do seguinte questionamento:

 Tomando a Educação Ambiental como um tema transversal, um assunto que deve permear o cotidiano das escolas de Educação Básica, em que medida essa temática está sendo incorporada nas práticas pedagógicas dos profissionais de Educação das séries iniciais do Ensino Fundamental? Além disso, como é essa Educação Ambiental que vem sendo trabalhada nas unidades de ensino?

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 Nossa hipótese é que as práticas pedagógicas em Educação Ambiental ainda estão sendo realizadas de forma fragmentada no ambiente escolar e sem conexão com a realidade do educando. Além disso, a concepção preservacionista de meio ambiente ainda está presentes na prática pedagógica dos professores, devido à falta de formação nessa temática desses sujeitos.

Logo, a presente pesquisa tem como objetivo geral:

 Empreender uma reflexão analítica sobre como a Educação Ambiental vem sendo trabalhada em uma escola Pública do Município da Serra, localizada no estado do Espírito Santo. Para tanto, uma sequência didática com atividades que abordam a Educação Ambiental de forma crítica foi aplicada para uma turma da Unidade de Ensino em questão para estimular os educadores da instituição inserirem a temática em questão em suas propostas pedagógicas, buscando, com isso, fomentar debates e discussões acerca da necessidade da incorporação desse tema no cotidiano escolar.

Para alcançar esse objetivo maior, houvemos por bem fixar algumas ações específicas, que contribuíssem para o direcionamento das atividades investigativas:

I. Destacar que as práticas voltadas para a Educação Ambiental Crítica são importantes para a construção do conhecimento e das mentalidades por parte dos alunos.

II. Analisar os aspectos pedagógicos referentes ao desenvolvimento da sequência didática em questão.

Portanto, trata-se de uma pesquisa etnográfica escolar, de natureza qualitativa, um estudo de caso. Os dados foram coletados por meio de observação sistemática dos atores sociais envolvidos, registrados em diário de campo e por meio de aplicação de entrevistas semiestruturadas aos professores participantes do estudo.

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O desenvolvimento metodológico do trabalho foi realizado com base em Ludke e André (1986). Os sujeitos dessa pesquisa foram três professores do quinto ano do ensino fundamental e vinte e sete alunos de uma turma do quinto ano de uma escola pública do município da Serra (Espírito Santo), do qual um educador que participou do estudo é o regente da mesma. Toda a pesquisa foi realizada durante o segundo semestre de 2012.

O segundo capítulo é destinado à apresentação do procedimento metodológico utilizado no desenvolvimento da pesquisa de mestrado, com a apresentação da proposta do Produto Final, do Guia Didático de Ciências intitulado Práticas Pedagógicas em Educação Ambiental Crítica. O Guia configura-se como uma proposta de material didático de apoio para o professor da educação básica, abordando o desenvolvimento de uma série de atividades para o trabalho com temas da Educação Ambiental na concepção crítica, destinado principalmente ao docente da educação básica.

Figura 1 - Capa do Produto Final – Série Guia Didático de Ciências

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1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Em um contexto marcado pela degradação do meio ambiente, a agenda acadêmica e política têm demandado urgentes reflexões sobre as práticas sociais, as quais buscam articular produção de sentidos à educação ambiental. Isso pelo fato de a questão ambiental apresentar-se como um tema que abarca um elenco enorme de atores sociais, representativos do universo escolar, o que confere tônica especial ao engajamento dos diversos sistemas de conhecimento, entre os quais a capacitação de profissionais, favorecendo sua articulação com a comunidade universitária, numa perspectiva interdisciplinar. Isso significa que para produzir sentidos é necessário relacionar o meio ambiente com o espaço social, considerando-se as múltiplas relações inseridas neste universo. O trabalho de educação ambiental ganha força, sobretudo, no espaço formal escolar, por ser este um espaço propício para a construção de subjetividades e de socialização do sujeito. O fato é que qualquer tentativa de mudança de práticas culturais no sentido de encorajar a utilização consciente dos recursos naturais, e sua preservação, não pode estar desarticulada de ações interventivas políticas, da academia e da mídia sobre o social. Assim, esta revisão de literatura se abre apontando para estas questões e outras, não menos importantes, dando início a uma discussão, ainda que a voo de pássaro, sobre temas, mas essenciais à compreensão que precisa ser favorecida aqui.

A preocupação dos órgãos oficiais com a emergência de ações educativas focando as pessoas, e sua sensibilização, para as questões ambientais surge em 1972, na Conferência sobre Meio Ambiente Humano, realizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Estocolmo. Tal conferência gerou a “Declaração sobre o Meio Ambiente Humano”, cujo objetivo chamou a atenção dos governos para a adoção de novas políticas ambientais, entre as quais a elaboração de um Programa de Educação Ambiental, visando a educar o cidadão para a compreensão e o combate à crise ambiental no mundo. Daí, até hoje, foram várias as conferências realizadas no mundo, destaque merecido, já que aconteceram em nosso país, para a Rio-92 e para a Rio mais 20 (da qual participaram 193 países que fazem parte da ONU – Organização das Nações Unidas), cujo objetivo foi renovar, e reafirmar, a participação dos líderes dos países com relação ao desenvolvimento sustentável no planeta Terra.

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Foi, portanto, uma segunda etapa da Cúpula da Terra (ECO-92) que ocorreu há 20 anos nessa mesma cidade.

Dialogando com os objetivos das conferências realizadas até então, a Constituição Federal de 1988 considerou o direito à educação ambiental, ao mencioná-la como um componente essencial para a qualidade de vida ambiental. A Carta atribui ao Estado o dever de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (Art. 225, §1º, inciso VI). Do texto da Lei, decorre o direito de todos os cidadãos brasileiros de acessarem à educação ambiental. Na legislação educacional, todavia, é superficial a menção à educação ambiental. Na Lei de Diretrizes e Bases, nº 9.394/96, organizadora da educação brasileira, são parcas as referências ao tema, exceção ao que trata o Artigo 32, inciso II, segundo o qual se exige, para o ensino fundamental, a “compreensão ambiental natural e social do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade”; e no artigo 36, § 1º, segundo o qual os currículos do ensino fundamental e médio “devem abranger, obrigatoriamente, (...) o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil” (BRASIL, 1996).

O Plano Nacional de Educação (PNE), atualmente adotado no Brasil, contempla a educação ambiental como tema a ser implementado no ensino fundamental e médio com a observância dos preceitos da Lei nº 9.795/99, a qual será, logo abaixo, indicada.

Especificamente sobre o tema, foi promulgada, no Brasil, a Lei nº 9.795/99, cujo artigo primeiro define a educação ambiental como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999). Uma rápida leitura deste texto legiferante é revelador de sua faceta conservacionista, definição que situa o ser humano como responsável individual e

coletivamente pela sustentabilidade, isto é, trata-se da ação individual na esfera privada

e de ação coletiva na esfera pública. Ainda que contenha problemas deste nível, há de se destacar o papel da lei que trouxe à baila a urgência das questões ambientais no país, já que essa temática se faz presente em várias esferas da sociedade

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contemporânea. Esta mesma lei, em seu artigo 4º, trata de reforçar a contextualização da temática ambiental nas práticas sociais quando expressa que ela deve ter uma abordagem integrada, processual e sistêmica do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, com enfoques humanista, histórico, crítico, político, democrático, participativo, dialógico e cooperativo, respeitando o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas. Sobre as práticas sociais, foco principal desta pesquisa, abriremos espaço mais adiante para um tratamento mais detalhado.

O artigo 5º da lei estabelece os objetivos da PNEA (Política Nacional de Educação Ambiental), entre os quais destacamos a compreensão integrada do meio ambiente, em suas múltiplas e complexas relações, a garantia de democratização das informações ambientais e o incentivo ao exercício da cidadania, por meio da participação individual e coletiva, permanente e responsável. O artigo 7º da lei diz que os órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente, as instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e as organizações não governamentais com atuação em educação ambiental compõem a esfera de ação da PNEA, com responsabilidades por sua implementação (BRASIL, 1999).

A abordagem processual pode ser compreendida como um esforço de entender as semelhanças e as diferenças no comportamento dos atores sociais. O esforço de alcançar uma compreensão holística dos sistemas sociais, a tentativa de compreender as situações vivas, em que comportamentos e ideias podem ser observados, é que permite planejar ações pedagógicas dotadas de matizes sistêmicas e processuais. Isso exclui de vez qualquer referência pontual à educação ambiental que conceba a temática como conteúdo. Aqui, como já ficou dito, educação ambiental configura-se como abordagem, como filosofia, algo amplo. Se a proposta é fornecer mudança de comportamento, é preciso compreender tal comportamento como fruto de alguma coisa que não seja tomado como razão, mas como cultura. E uma parte de um sistema cultural pode ser representativa de um todo. É o ponto de vista que desenvolvemos a partir da proposta legiferante.

É nesse ponto da lei que entra nossa pesquisa, vez que atuaremos no âmbito da educação formal, tratado no capítulo segundo da PNEA (Plano Nacional de Educação

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Ambiental). Assim, para desenvolver uma prática pedagógica em diálogo harmonioso com a lei que anteriormente apresentamos, tomaremos nesta pesquisa a educação ambiental como uma forma abrangente de educação que busca atingir todos os cidadãos, inserindo a variável meio ambiente em suas dimensões física, química, biológica, econômica, política e cultural em todas as disciplinas e em todos os veículos de socialização de conhecimentos. Não é preciso buscar muito para descobrir, todavia, que os conceitos de Educação Ambiental variam conforme o enfoque que recebem da área, tais como, Geografia, Química, Sociologia, Biologia, etc. Independentemente do conceito, é significativo tomarmos como reflexão, neste momento, alguns princípios básicos da educação ambiental, os quais serão explorados quando do momento da prática pedagógica a ser desenvolvida na escola.

Entre os vários princípios da Educação ambiental, merecem destaque o que busca aplicar práticas pedagógicas de enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global. Esse princípio pressupõe considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em todos os seus aspectos naturais e criados pelo homem (tecnológico e social, econômico, político, histórico-cultural, moral e estético). Para que a prática pedagógica seja efetiva, isto é, significativa para o educando, é preciso considerar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional e internacional. Esses princípios conduzem às finalidades da Educação Ambiental, as quais poderão ser perseguidas pelos professores no desenvolvimento de suas ações educativas nas escolas. Assim, a proposta é tentar levar os indivíduos a novas formas de conduta, nos grupos sociais e na sociedade, em seu conjunto, com relação ao meio ambiente, com vistas a se sensiblizarem com novos valores e a sentirem interesse e preocupação pelo meio ambiente, para que participem ativamente das ações de uso consciente e proteção desse mesmo ambiente.

Propostas para atingirem tais metas e objetivos, se desenvolvidas no âmbito da interdisciplinaridade (integração entre as várias disciplinas, mas os interesses próprios de cada uma são preservados) e da transdisciplinaridade (integração disciplinar em que não existe fronteira entre as disciplinas). Cabe salientar que nenhum saber é mais importante que o outro) dentro do espaço escolar formal, podem favorecer o surgimento de novos atores sociais. Todavia, para que surtam efeitos, as propostas de ação

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educativa ambiental deverão se nortear pela abordagem interdisciplinar dos conteúdos ambientais, trabalhando-os de forma transversal ao currículo básico, dentro das diferentes disciplinas já existentes. A criação de uma disciplina específica contribuirá para a fragmentação da perspectiva e fugirá da proposta, conforme já discutido anteriormente. Isso, porque a Educação Ambiental formal tem como principal instrumento a escola, mas para que o tema Meio Ambiente seja incorporado ao cotidiano escolar, por meio das áreas do conhecimento, e não apenas se mantenha como um tema excepcional em semanas ou atividades comemorativas, cumpre a adoção de uma proposta de ação pedagógica contínua.

Resultados profícuos podem ser obtidos se a escola desenvolver seu projeto de Educação Ambiental, o que surtirá resultados, vez que propõe ações, não específicas por disciplina, mas abrangendo as diferentes áreas do conhecimento, e servindo como meio estimulador de algumas ações de Educação Ambiental.

A Educação ambiental tem merecido diversos enfoques e diversas abordagens por parte da comunidade acadêmica. Por uma questão de pertinência, vez que estamos desenvolvendo uma revisão de literatura para uma dissertação de mestrado, apresentaremos a seguir algumas das principais, seguindo-se-lhes recortes temporais de algumas das mais recentes pesquisas que tratam da Educação Ambiental no âmbito do Ensino Fundamental e Médio, com relevo para resultados de práticas pedagógicas implementadas dentro dos espaços escolares brasileiros.

Vários são os conceitos que o termo meio ambiente recebe, um dos quais é o que o define como o lugar onde todo ser vivo habita. Quando se trata do ser humano, é onde ele habita, trabalha, estuda. No caso, existe uma paisagem cultural.

Desde sempre o ser humano atua sobre o meio ambiente a fim de satisfazer a várias de suas necessidades. No começo, essa relação homem x natureza não chegava a trazer graves preocupações. Entretanto, gradativamente, essa atividade de exploração do ambiente natural se tornou mais desarmônica. Nesse aspecto, Lobino (2007) nos atenta para o fato de que:

Nos últimos 50 anos, o planeta perdeu 1/3 de sua cobertura vegetal. As multinacionais detêm hoje o direito de abate de árvores com 12 milhões de hectares da Floresta Amazônica e, por outro, 1/5 dos humanos da Terra não dispõe de água potável.

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Segundo projeções, a desertificação e a falta de água afetarão, sobremaneira, os países periféricos nas próximas décadas. (LOBINO, 2007, p. 27).

Nesse aspecto, podemos relacionar o fato com a Constituição Federal, que em seu texto garante o direito à água potável, direito de todos os brasileiros (BRASIL, 1988), porém nem todas as pessoas têm esse direito preservado, visto que, em muitas regiões, esse fator abiótico, em condições de uso para as diversas atividades humanas, é escasso ou inexistente, tendo em vista os acelerados processos de destruição da natureza. Se até há algum tempo o Neoevolucionismo procurava explicar o comportamento humano a partir das pressões do ecossistema, hoje, a ausência de ecossistemas e de condições mínimas para a sobrevivência humana, em algumas regiões do Brasil, não serviriam para explicar sua própria dinâmica.

A degradação ambiental basicamente ocorre por razões econômicas (explorações), segundo Rodrigues & Primack (2001). As florestas são desmatadas para que produzam lucros com a venda de madeira, por exemplo. As espécies são caçadas para consumo pessoal, comércio e lazer. As terras marginais são convertidas em terras produtivas, pois não há outros lugares para novas fazendas. Espécies são introduzidas em novos continentes e ilhas, acidental ou propositalmente, sem qualquer consideração com o resultado, levando à devastação ambiental. Para Guimarães (1998), criou-se, com isso, uma sociedade consumista de recursos, capitais e bens. Para o autor, a separação entre ser humano e natureza reflete-se em toda a produção humana, em particular no conhecimento produzido por um modelo de sociedade. A própria natureza se transforma em mercadoria.

Com isso, mais necessária se faz a implantação das questões referentes à Educação Ambiental dentro do contexto educacional brasileiro, de modo a atender às reais necessidades, conforme consta da Constituição Brasileira de 1988, que traz, no capítulo referente ao meio ambiente, a inclusão da Educação Ambiental, em todos os níveis de ensino (GUIMARÃES, 1998).

Antes de passarmos para a problemática de como vem ocorrendo a inserção da Educação Ambiental dentro das escolas, precisamos definir o que esse termo significa.

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Vários autores e documentos nos auxiliam no intuito de compreender, e esclarecer, seu significado, alguns dos quais serão, a seguir, discutidos.

A expressão Educação Ambiental compõe-se de um substantivo e um adjetivo, que envolvem, respectivamente, o campo da Educação e o campo Ambiental. Enquanto o

substantivo Educação confere a essência do vocábulo “Educação Ambiental”, definindo

os próprios fazeres pedagógicos necessários a esta prática educativa, o adjetivo ambiental enuncia o contexto desta prática educativa, ou seja, o enquadramento motivador da ação pedagógica (BRASIL, 2004, p. 7).

O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, elaborado na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNICED/92), mais conhecida como “Rio 92”, definiu Educação Ambiental como: A Educação Ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades democraticamente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam, entre si, relação de interdependência e diversidade (BRASIL, 1992). Isto requer responsabilidade individual e coletiva, em nível local, nacional e planetário.

Segundo Dias (1991), a expressão environmental education foi ouvida pela primeira vez em 1965, na Grã-Bretanha, por ocasião da Conferência em Educação, realizada em Keele, onde se chegou à conclusão de que a Educação Ambiental deveria se tornar parte essencial da educação de todos os cidadãos. Posteriormente, em 1970, os Estados Unidos aprovaram a primeira lei sobre Educação Ambiental.

Nessa perspectiva de Dias (1991), vale destacar que um dos debates que mais aquecem os eventos na área de educação e instigam os pesquisadores é como inserir os temas referentes à Educação Ambiental dentro do contexto escolar brasileiro, de forma que ele não fique reduzido, somente, a uma ideia conservacionista do meio natural, ou até mesmo com um caráter utópico, longe das reais necessidades que a sociedade contemporânea precisa alcançar. Isso, se desejarmos a formação de cidadãos críticos e conscientes do seu papel dentro do ecossistema.

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Professores como Tristão (1992) e Reigota (2006) compartilham da ideia de que o entendimento da Educação Ambiental perpassa somente os aspectos ecológicos, para também inserir em outras vertentes, como a política e a econômica, atentos a toda complexidade que envolve essa temática. Compartilhamos com as ideias desses autores e entendemos que a Educação Ambiental Crítica deve estar permeada de diversas abordagens, e não somente da ecologização dessa temática.

Nesse sentido, Lobino (2007) nos atenta para o fato de que não é a natureza que está em desarmonia, mas sim a sociedade “pós-industrial”. Concordamos e isso nos faz refletir sobre a real necessidade de implementações de práticas pedagógicas cotidianas sobre a Educação Ambiental dentro das salas de aula, atividades que envolvam aspectos amplos desse tema, não reduzidos apenas a aspectos conservacionistas, com ênfase a uma simplificação dos conteúdos educativos, frutos de uma herança de uma filosofia neoliberal-pragmática, que ainda está impregnada em nossa educação. A incorporação de uma Educação Ambiental crítica, para Lobino (2007), exige que se explicite o conceito de natureza e o papel da cultura escolar, forjados no contexto atual.

É preciso refletir sobre um dos pontos característicos do movimento ambientalista, que seria a crítica à ciência moderna e a sua visão de mundo, em que o conhecimento dela decorrente é de se arrogar o direito de domar a natureza, pretendendo dela ser independente, ou seja, dissociar o ser humano no meio natural. Isso traz consequências graves para o espaço escolar, já que a maior parte das práticas pedagógicas trabalhadas nesse ambiente ainda está arraigada a esse tipo de pensamento, que não privilegia o homem como ser integrante do ambiente.

Os alunos, ao serem expostos a tais tipologias de atividades, não conseguem relacionar que também fazem parte do meio, além disso, ficam com a ideia de que a ciência é para poucos e que somente certas pessoas são dotadas de sabedoria para dominar os conhecimentos científicos, fazendo com que a ciência seja vista como dona da verdade absoluta e longe do grande público.

Nesse sentido, para Moraes (1997), parte significativa dos setores ambientalistas apresenta três posturas típicas, no tratamento geral da problemática ambiental, que

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seriam: o naturalismo, o tecnicismo e o romantismo ingênuo. Nessa esteira, Loureiro (2012) nos atenta que tais orientações tendem a materializarem-se sob a forma de projetos, estruturas burocráticas e ações de militâncias. Para esse autor, no naturalismo os problemas são abordados em sentido a-histórico, ignorando as relações sociais e onde a relação indivíduo-natureza é condicionada às relações naturais e à sua dinâmica; Já no tecnicismo, as soluções técnicas, de manejo e gestão de recursos naturais são apontadas como capazes de resolver os dilemas atuais; por sua vez, na corrente teórica do romantismo ingênuo, há a defesa da busca do politicamente e ecologicamente corretos, desconsiderando a própria dinâmica da natureza e a inevitável ação humana sobre esta.

Na trilha da educação proposta pela agenda atual, os conteúdos escolares mantém-se como instrumentos de grande capacidade de subjetivação. Dessa forma, o conceito de natureza é reintroduzido na cultura escolar, no sentido oposto à cultura, e será veiculado pela própria educação (LOBINO, 2007). Atividades nesse sentido acabam distanciando o ser humano da natureza, em que o homem acaba tendo uma representação de que a natureza é uma coisa ruim e altamente ameaçadora. Além disso, dissociadas da realidade de comunidade as quais estão sendo propostas, as atividades acabam perdendo o sentido e não geram os resultados e objetivos esperados. A proclamada visão integradora da realidade no ambientalismo, para apreender os múltiplos e complexos elementos da vida, deve evitar os extremos e buscar uma compreensão mais dialética da totalidade social (LOUREIRO, 2012).

Nesse ponto, cabe fazermos uma análise do que seria a cultura escolar. Para isso, buscamos essa definição no texto de Julia (2001), que nos remete à seguinte reflexão:

Poder-se-ia descrever a cultura escolar como um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas e práticas coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas (finalidades religiosas, sociopolíticas ou simplesmente de socialização) (JULIA, 2001).

Cabe ressaltar, também, que a cultura escolar não pode ser estudada sem a análise precisa das relações conflituosas ou pacíficas que ela mantém, a cada período de sua história, com o conjunto das culturas que lhe são contemporâneas: cultura religiosa,

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cultura política ou cultura popular (JULIA, 2001). Os trabalhos de Educação Ambiental Crítica deve estar articulados com a cultura da escola, com a realidade do aluno, para que o mesmo faça sentido e seja significativo para a comunidade escolar e efetivo na busca de atingir os objetivos propostos.

Diante da necessidade de mudanças paradigmáticas sobre a concepção de natureza, observamos o quanto é urgente um investimento maciço na formação dos professores (inicial e continuada) em especial os das séries iniciais da educação básica (LOBINO, 2007), já que esses são, pela sua formação acadêmica, educadores interdisciplinares. Levar para a sala de aula uma Educação Ambiental crítica requer, basicamente, esse tipo de prática, em que o professor tenha a oportunidade de reaprender constantemente e possa levar para os seus educandos práticas pedagógicas mais comprometidas com a realidade e com a real necessidade social, atento à dinâmica da cultura escolar em que atuará.

Nesse aspecto, podemos também inserir no debate o conceito de eco cidadania, usualmente utilizado, segundo Loureiro (2012), para expressar a inserção de uma nova ética – a ecológica – e seus desdobramentos na vida diária, em um contexto que, de modo crescente, possibilita a tomada de consciência individual e coletiva das responsabilidades, tanto locais e comunitárias quanto globais. A construção de tal conceito ganha forma com o desenvolvimento do mundo moderno e da globalização, já que precisamos saber viver harmonicamente com o meio em que habitamos (não apenas com a ideia de natureza), no intuito de melhorar nossa qualidade de vida e rever nossas atitudes como cidadãos.

A cidadania ecológica e globalizada implica, por isso, a clara noção de direitos, deveres e responsabilidades cívicas (participação qualitativa na definição desses direitos e deveres) na busca de uma sociedade sustentável, o que envolve o plano ideológico-cultural e o político-econômico (LOUREIRO, 2012). Isso está articulado com a necessidade de se alfabetizar cientificamente os nossos jovens, sendo um dos pilares do movimento CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente) a cidadania, que envolve aspectos relacionados ao direito, ao dever e à participação. Podemos pensar, também, que a Educação Ambiental é um fator holístico, dentro de uma consciência planetária. Pensar em um cidadão alfabetizado cientificamente, preceito do movimento

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CTSA, é compreender que o mesmo seja capaz de agir conscientemente no meio em que vive e saber fazer uma leitura crítica desse ambiente. Logo, os trabalhos de Educação Ambiental Crítica podem ser favoráveis a esse aspecto.

Portanto, a Educação Ambiental que surge, como proposta educativa da consciência das limitações do processo civilizatório moderno, é uma via que expressa, fundamentalmente, a contestação do modelo de exploração do ambiente natural e, consequentemente, do ambiente social da vida moderna (CASTRO et al., 2012). A educação ambiental, na sua complexidade, configura-se como a possibilidade de religar a natureza e a cultura, a sociedade e a natureza, sujeito e o objeto. Entretanto, baseada na relação do ser humano com o meio ambiente, da sociedade com a natureza e das sociedades entre si, podemos entender que isso se encontra, ainda, em construção e debate (TRISTÃO, 2004). Vale destacar que, neste trabalho, em face das concepções que seguimos, tomamos como cultura o que nos diz Geertz (1989), para quem a cultura é formada por teias de significados tecidas pelo homem. Significados estes que os homens dão às suas ações e a si mesmos. E isso vai ao encontro do que Julia (2001) nos remete sobre a cultura escolar.

O próximo passo do capítulo passará em revista, a partir de um critério temporal, algumas das abordagens sobre o tema, empreendidos nos últimos anos.

Como dito anteriormente, na atualidade, a Educação Ambiental vem ocupando parte significativa da agenda de debates acadêmicos da área, a qual busca investigar, sobretudo, como essa temática é explorada pedagogicamente no contexto educacional brasileiro. Os trabalhos almejam analisar como os professores entendem a Educação Ambiental, como trabalham essa temática e quais são os valores e atitudes demonstrados pelos alunos em relação à preservação do patrimônio natural brasileiro.

Nas décadas finisseculares, os assuntos ambientais receberam atenção especial e, atualmente, marcam presença relevante em instituições governamentais, organizações não governamentais, grupos rurais e urbanos, populações tradicionais, eventos científicos, empresas, sindicatos e outros. Gama (2010) desenvolveu pesquisa nesse campo de conhecimento, detendo o olhar sobre as práticas de Educação Ambiental

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empreendidas no Ensino Fundamental de uma escola municipal de Uberlândia. Após o estudo, ela afirma que:

A partir da análise das respostas dos professores foi possível verificar que, de modo geral, a Educação Ambiental é entendida como um processo de instrução e sensibilização em busca de valores e comportamentos que visem à conservação do meio ambiente (GAMA, 2010, p.21).

Os resultados obtidos na pesquisa de Gama (2010) contrastam a concepção de que a Educação Ambiental é trabalhada apenas pelos professores de Ciências e Geografia, pelo fato de estas disciplinas possuírem conteúdos ecológicos. Nessa escola, os trabalhos/projetos elaborados e desenvolvidos pelos professores de Reforço e Geografia incluíram não só os aspectos ecológicos, mas também os demais aspectos da Educação Ambiental, como os de âmbito social, econômico e político. Merece destaque ainda o fato que:

Embora os professores das diferentes disciplinas avaliadas tenham mostrado interesse de praticar a Educação Ambiental na escola, percebe-se que aqueles que buscaram a formação continuada apresentam maior facilidade de desenvolver atividades não rotineiras e que envolvem a participação efetiva dos alunos (GAMA, 2010, p.22).

O que chama a atenção nessa investigação é que a temática Educação Ambiental, como formação continuada, pode ampliar a atuação e a participação de outros docentes na abordagem e no trabalho pedagógico. A proposta seria desenvolver uma ação educativa inter e transdisciplinar que tomasse como objetivo a mudança de comportamento do aluno e a multiplicação do olhar ecológico. Além disso, muitos educadores se esquivam de inserir essas temáticas em sua práxis cotidiana, na maior parte dos casos, devido à falta de preparo e de capacitação para esse tipo de trabalho. Nessa reflexão, merece destaque o trabalho de Aires (2011), cuja pesquisa teve como foco as representações sociais sobre Meio Ambiente e Educação Ambiental de professores da educação básica da cidade de Palmas (TO), que estão orientando suas praticas pedagógicas cotidianas relacionadas à Educação Ambiental no Ensino Fundamental e Médio, nas três esferas de ensino básico: privada, municipal e estadual.

O autor supracitado dá ênfase aos documentos referentes à educação ambiental, aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e à Agenda 21 (principal documento da

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Rio-92, em que se estabeleceu a importância de cada país no comprometimento na reflexão local e global sobre as soluções para os problemas ambientais que afetam o nosso planeta), pois se constituíram nos mais referenciados pelos professores que participaram de sua pesquisa. Houve alguma diferença na citação desses documentos entre as redes municipal, estadual e privada, a qual não difere da esperada. (AIRES, 2011, p. 53 - 54).

Ao investigar com qual das vertentes de Educação Ambiental os professores mais se identificam ao desenvolverem atividades sobre essa temática, o pesquisador detectou que a mais citada foi aquela na qual são considerados todos os aspectos políticos, sociais, econômicos, culturais, ambientais e históricos, dentro de uma visão integrada (AIRES, 2011). Isso significa que a partir das análises do autor:

A Educação Básica de Palmas, tanto a rede pública, quanto a privada, precisa incorporar uma Educação Ambiental tecida pela prática reflexiva, que significa questionar as relações que existem entre as coisas, buscar o sentido, questionar o fazer pedagógico, para a partir daí começar a mudar as concepções. É preciso perceber as diferenças epistemológicas, os esquemas conceituais, para compreender os processos (AIRES, 2011, p. 60).

Trabalhar nesse sentido significa favorecer a inserção de uma Educação Ambiental Crítica no contexto escolar, ao contrário de uma temática voltada exclusivamente para a preservação da natureza ou centrada apenas no ser humano. Com isso, fatores diversos precisam ser considerados.

Atenta a essas mudanças necessárias, outra pesquisa, desenvolvida por Gôuvea (2006), objetivou refletir sobre a importância do investimento humano e conceitual na inserção da Educação Ambiental no processo de formação de professores. Para a autora:

“Desenvolver atividades socioambientais práticas no âmbito formal da sala de aula é um desafio para todos os professores. Assim, ao trabalhar com recursos como fotos, vídeos, músicas, histórias infantis e histórias em quadrinhos [...], é possível favorecer a intencionalidade de possibilitar, a professores e alunos uma análise crítica do recurso” (GÔUVEA, 2006, p. 167).

Compreender a Educação Ambiental como um processo educativo amplo e permanente, necessário à formação do cidadão torna-se, desse ponto de vista, um fator essencial tanto para a qualidade da educação, como para o direcionamento da

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formação do docente, pois a abordagem disciplinar não abrange a complexidade do processo educativo (GÔUVEA, 2006), fazendo-se necessária a adoção de práticas educativas inter e transdisciplinares. Nesse sentido, é importante ressaltar que as atividades escolares que buscam a Educação Ambiental devem ser capazes de melhorar a compreensão do meio ambiente, promovendo a alteração dos comportamentos dos alunos para com seu ambiente e para as próprias relações interpessoais.

Em uma perspectiva de reavaliar como as questões ambientais são tratadas no ensino de Ciências, enquanto possibilidade de contribuir para a formação de indivíduos conscientes e autônomos no exercício da cidadania, Oliveira (2007) desenvolveu um trabalho que objetivou identificar as concepções e práticas pedagógicas dos professores de Ciências, de 5ª a 8ª série, de cinco escolas da rede pública de um município do estado do Paraná (Brasil). No que se referem à Educação Ambiental no ensino fundamental, tentando extrair, dos discursos desses professores, suas possíveis contribuições para uma tomada de consciência, quanto às questões socioambientais. Isso significa que este autor, na abordagem crítica sobre:

[...] as práticas pedagógicas de educação ambiental relatadas pelos professores, ainda hoje, avalia-as como sendo muito semelhantes àquelas realizadas por seus professores no decorrer de sua formação, variando entre atividades sugeridas pelos livros didáticos, comemoração de datas específicas, visitas a locais de preservação, atividades de coleta de resíduos sólidos, trabalhos com materiais reciclados, desenvolvimento de alguns projetos pontuais no decorrer do ano letivo e participação em conferências organizadas pelo poder público (OLIVEIRA, 2007, p. 478-479).

Na pesquisa empreendida, foram encontrados indícios de que há necessidade de maiores subsídios teóricos e metodológicos para o professor de Ciências ensinar e promover encontros do ser humano com o meio ambiente, visto ser ele o disseminador de práticas transdisciplinares envolvendo essa temática. O autor defende a proposta de que os alunos só se transformam em pesquisadores em um contato bem planejado com a natureza, de forma a perceber que ela não é apenas mais um tema ou capítulo do livro didático (OLIVEIRA, 2007), ou seja, quando eles realmente percebem que fazem parte do meio. Atividades desse tipo precisam estar articuladas com o dia a dia do educando e estarem relacionadas não somente a fatores de preservação da natureza, mas sim conectadas com fatores sociais, econômicos, políticos, entre outros.

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Na mesma linha e detectando problemas semelhantes nas práticas pedagógicas sobre o tema, Santos (2011) nos relata que nunca se falou tanto em Educação Ambiental, mas poucas são as ações que têm conseguido provocar mudanças. Para observar esses fatos, realizou um trabalho com o objetivo de analisar artigos publicados em Anais de eventos regionais, nacionais e internacionais de 2005 a 2010, para identificar as razões de as experiências em Educação Ambiental não alcançarem os seus objetivos. Após os estudos, a autora chegou à conclusão que:

Um dos possíveis problemas de a Educação Ambiental não alcançar o efeito desejado pode estar na formação inicial dos profissionais. Embora reconhecendo a existência de trabalhos significativos sobre o tema, o ápice de Educação Ambiental não foi atingido. O desígnio de transformação está sendo obtido de modo tímido. Entende-se que as ações dos atores sociais devem ser articuladas para atingir transformação. Os principais fatores que impedem a mudança de atitudes das pessoas mediante os problemas ambientais é a dificuldade em sensibilizar e motivar a consciência ambiental. Para que ocorra a transformação tão desejada é necessária a continuidade dos projetos de Educação Ambiental, rompimento do paradigma reducionista e superação da educação bancária (SANTOS, 2011, p.122).

Freire (2004) se opõe a esse tipo de prática pedagógica, em que o professor deposita os seus conhecimentos sobre os alunos, que seriam meros depositantes, sujeitos passivos no processo de ensino e de aprendizagem. Esse tipo de atitude empobrece as relações escolares, já que valoriza a transmissão e a transferência de conhecimentos. Para ele:

Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los (FREIRE, 2004, p. 58).

O educador, nesse caso, é o detentor do conhecimento e o aluno um mero espectador, que fica à mercê das possibilidades promovidas pelo professor, o que foge do objetivo principal da Educação Ambiental crítica, que é o de formar cidadãos aptos para realizarem uma leitura mais interativa do mundo que os cerca, levando-os a se relacionarem melhor, e com mais significância, com o meio ambiente. Essa proposta soa bastante desafiadora, o que para Souza (2010, p. 44), em seu conjunto, os educadores ambientais têm como desafio realizar uma articulação entre três aspectos, durante o planejamento e ação educativos, que são:

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a) a grandiosidade de certas problemáticas ambientais – gerais ou particulares – incluindo suas causas e consequências,, ou seja, saber definir qual tipo de temática é mais interessante ser abordada para o seu grupo de alunos.

b) o poder que tem ou podem ter os destinatários ou participantes para modificar tais problemáticas, já que muitas vezes queremos uma mudança rápida de comportamento, mas sabemos que para isso acontecer é necessário um trabalho árduo e com um caminho bastante extenso.

c) o tipo de aprendizagens e ferramentas que a EA pode oferecer, incluindo o problema dos conteúdos, os meios pedagógicos e as técnicas (NIETO-CARAVEO, 2001, p. 11-12), isto é, oferecer a temática Educação Ambiental de forma crítica, lúdica e contextualizada.

É importante destacar, também, que os trabalhos relacionados à temática da Educação Ambiental pressupõem resultados em longo prazo, inseridos em um espaço/tempo específicos, ou seja, o professor pode inserir em suas práticas pedagógicas atividades relacionadas a esse tema, de modo a favorecer a percepção dos estudantes de que somos partes do meio ambiente e sofremos as mesmas pressões seletivas que os outros animais e plantas. O aluno deve se apropriar desses conhecimentos no intuito de perceber que faz parte do processo cúbico e dinâmico da natureza.

Fracalanza (2004) nos diz que a Educação Ambiental deverá tratar do desenvolvimento de uma Educação voltada para a compreensão do Ambiente em sua totalidade proporcionando a compreensão das inter-relações dos diferentes aspectos que envolvem a realidade, sejam eles físicos, humanos, econômicos, sociais, políticos e culturais, permitindo mostrar a importância do ambiente como elemento de realização social e de impulsionar ações mais justas dos homens entre si e com o conjunto da natureza.

O fato é que além dos vários problemas que os educadores encontram no ambiente educacional para trabalharem a Educação Ambiental, também a organização e o funcionamento da escola contribuem para limitar essas práticas (FRACALANZA, 2004). Do ponto de vista do autor:

A organização seriada da escola e a fragmentação do currículo escolar determinam acentuada eficácia para o sistema de ensino. A administração é facilitada e os custos são reduzidos. Além disso, exceto para o caso das séries iniciais de escolaridade, os profissionais do magistério são formados segundo essa mesma concepção. Assim, parece haver um equilíbrio no sistema (FRACALANZA, 2004, p.14).

A Educação Ambiental deve dotar-se de um caráter transdisciplinar, interdisciplinar e perfil pluridimensional (envolvendo várias disciplinas), voltada para a participação social

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e para a solução de problemas ambientais; visando a mudança de valores, atitudes e comportamentos sociais. Como, então, desenvolvê-la, e praticá-la, na escola que não promove a interligação de saberes? Sua prática implica, portanto, a revisão necessária da concepção de escola e de currículo desenvolvidos atualmente no Brasil. De nada adianta, apenas, sugerir que a Educação Ambiental se constitua em eixo articulador do currículo ou tema transversal na prática escolar (FRACALANZA, 2004) se não se pensar em como integrar diferentes saberes desenvolvidos. Uma prática significativa implica uma ação docente conjunta. Cabe salientar que não é o objetivo a criação de uma disciplina única de Educação Ambiental, já que ela é um tema que deve estar inserida no cotidiano escolar de forma transdisciplinar, o que requer processos contínuos e permanentes de formação de educadores.

Certamente, a abordagem do ponto de vista do conteúdo tão somente não favorece a Educação Ambiental. O modelo de ensino centrado nas disciplinas impossibilita a compreensão do todo, restringe a ação do professor a um monólogo informativo e culmina numa situação em que ocorre apenas o conhecimento acadêmico, que não corresponde aos diferentes interesses e necessidades dos alunos (FERREIRA, 2004).

Corroborando com essas ideias, Reizer (2008) realizou uma pesquisa com educadores de escolas públicas de Londrina, no Paraná, com o objetivo de investigar as dimensões da formação do professor em Educação Ambiental que precisam ser atendidas para que possa introduzir a Educação Ambiental no dia a dia da educação básica. De acordo com os resultados dessa pesquisa, a maioria dos professores mostrou uma representação social do meio ambiente mista, composta especialmente de uma visão naturalista e antropocêntrica, preocupados com uma Educação Ambiental na direção dos cuidados com o ambiente com vistas a sua utilização pelo homem.

Nesse sentido, tradicionalmente, segundo Pereira (2010, p. 27), no ensino de Ciências, em particular, a abordagem de temas sobre o meio ambiente é realizada nas seções relacionadas à Ecologia. Nesse caso, os livros didáticos incentivam aos educandos a desenvolverem uma postura de conservação, uso e manejo correto do ambiente, ou seja, destacam-se assuntos associados basicamente a conhecimentos biológicos/ecológicos.

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Para o autor, às vezes, o meio ambiente é apresentado como sendo a natureza para apreciação e preservação, somente. Entretanto, é importante salientar que a Educação Ambiental não se restringe ao ensino de Ecologia e ao ensino de Ciências, também não se caracteriza como um doutrinamento para modificar comportamentos ambientais predatórios (TOZONI-REIS, 2003 apud PEREIRA, 2010, p. 11).

Segundo Pereira (2010, p. 33-34) são muitas as concepções sobre o meio ambiente que aparecem nos livros didáticos. Entre elas consta a concepção ambiental generalizante, como sendo a que define meio ambiente de forma ampla, vaga e abstrata; a naturalista, que trata o meio ambiente como sinônimo de natureza e como o lugar onde os seres vivos habitam, bem como enfatiza os fatores bióticos e abióticos na composição do meio; a biocêntrica, a que aparece quando, no repertório conceitual, considera-se o ser humano como mais um ser vivo, que se encontra inserido no meio ambiente, sem que este, necessariamente, tenha utilidade para o homem. A concepção antropocêntrica também aparece e é caracterizada quando a razão de ser do meio ambiente é considerada como a serviço do homem e de sua existência. Outra concepção é a multidimensional, que considera o meio ambiente como um sistema complexo, resultante da interação entre fatores diversos como os biológicos, físicos, químicos, culturais, históricos, políticos, econômicos, numa dinâmica própria em mudança contínua.

Esse tipo de abordagem, apesar de ter uma maior aproximação com a realidade natural, é a menos observada nas pesquisas atuais sobre a temática em questão. Dessa forma, é fundamental que a educação ambiental proposta em um ambiente escolar busque transformar as concepções dos alunos sobre o meio ambiente, transformando as representações sociais equivocadamente construídas pelos livros e manuais didáticos de Ciências.

Além disso, uma outra autora, Sauvé (1996), nos remete a vários maneiras de definirmos o meio ambiente. São elas: a natureza a ser apreciada e respeitada; o meio ambiente como um recurso a ser gerenciado, para isso, portanto, precisamos ter o cuidado de conservar esses recursos para as gerações futuras; um problema a ser resolvido, daí as estratégias educacionais estarem voltadas para a resolução de problemas; como um lugar para se viver, conhecer, aprender sobre, planejar para

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cuidar (o meio ambiente é tratado a partir do nível cotidiano da pessoa e cada pessoa é um ator em seu próprio ambiente); como biosfera, em que todos nós vivemos juntos, sendo a solidariedade o gancho dessa proposta; e, para finalizar, como um projeto comunitário que se envolve e participa, ou seja, há um enfoque para o desenvolvimento de uma Educação Ambiental crítica e social.

Pelegrini e Vlach (2011) relatam, em seu trabalho, a temática da Educação Ambiental no Brasil, em que buscam discutir a necessidade de ampliação da discussão, de maneira que possibilite o tratamento de temas fundamentais, geralmente discutidos no campo da política, da economia, e da sociologia, como estratégia de sensibilização e compreensão da problemática ambiental. Para os autores, a crise ambiental é compreendida como mais um sintoma da crise da modernidade, que se manifesta não apenas por intermédio do desajuste ambiental, mas também por meio do agravamento dos problemas sociais, políticos e econômicos (PELEGRINI e VLACH, 2011, p.187). É preciso ir além, cumpre compreender que:

Dentre os grandes desafios que se apresentam aos professores de todos os níveis do ensino, a Educação Ambiental talvez esteja entre os mais complexos. A constituição da sociedade industrial no ocidente, a partir do século XVIII, concomitante a simultâneos processos modernizantes, engendrou um turbilhão de desajustes econômicos, políticos e sociais, grandemente explorados pelo pensamento social nos últimos duzentos anos. Contudo, o debate acerca das consequências do desenvolvimento tecnológico e industrial sobre a natureza, em geral circunscrito às comunidades acadêmicas, foi ainda mais dificultado pela disjunção dos campos de pesquisa, que tem limitado o diálogo entre os pesquisadores (PELEGRINI; VLACH, 2011, p.188).

Importante destacar que o primeiro passo para a sensibilização em relação aos problemas ambientais é a ampliação do conceito de ambiente, pautado não somente na ideia de preservação da natureza. Além disso, a conservação ambiental não é, apenas, um desafio didático-pedagógico, mas um problema econômico, político, social e ideológico.

Na tentativa de inserir esse tipo de temática dentro do contexto educacional, Peinado (2011) nos relata, em seu trabalho, o desenvolvimento de uma sequência didática para inserção da Educação Ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental, delineada pela leitura e interpretação de uma história ambientada em cenário regional, seguindo os pressupostos da concepção educacional de Paulo Freire. Para a autora:

Referências

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