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Gestao da subjetividade

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Academic year: 2021

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Gestão da subjetividade e segurança do trabalho

Gilbert Cardoso Bouyer (UFOP) gilbertcb@uol.com.br Eduardo Barbosa (CVRD) gilbert@decea.ufop.br

Resumo

Este trabalho investigou a relação entre subjetividade e segurança do trabalho no setor de manutenção de uma empresa de mineração de grande porte. Verificou que a gestão da subjetividade, um tema polêmico e controverso, pode ser usada como instrumento de melhoria da segurança do trabalho. Foi estudado um grupo de mútua ajuda denominado por Programa Hoje Não, composto por 35 trabalhadores do setor de manutenção.

Palavras-chave: Segurança do trabalho, Subjetividade, Gestão

Introdução

A literatura é farta nas explicações sobre como as novas formas de gestão e de organização do trabalho apropriam-se da subjetividade dos trabalhadores com objetivos filiados a uma racionalidade técnica, tais como obtenção de adesão e motivação para aumentar produtividade, reduzir índices de retrabalho e o número de produtos com defeitos. (Gomes e Silva, 2006) Outros autores defendem que as novas formas de organização do trabalho, como o ohnoísmo (toyotismo) e o modelo sueco, promovem uma exploração da subjetividade com vistas a manter uma maior intensificação do trabalho em relação ao modelo clássico de organização da produção. (Antunes, 2007) A apropriação e gestão da subjetividade serviria, ainda, para amenizar as objeções dos trabalhadores às elevadas cargas de trabalho impostas aos trabalhadores destes novos modelos de organização do trabalho e mesmo no novo taylorismo-fordismo.

A pergunta que este trabalho se propôs a responder é se a mesma subjetividade, tão apropriada com fins de uma maior produtividade do capital nos novos modelos de organização da empresa e da produção, não poderia ser também poderoso recurso na busca por uma maior segurança do trabalho e por uma melhoria nas condições de trabalho.

Neste âmbito de relações entre subjetividade e organização do trabalho, observa-se que existem estratégias de defesa contra o sofrimento provocado pelo hiato entre organização do trabalho prescrita e organização do trabalho real. Há, neste contexto, defesas contra os riscos reais da atividade. As estratégias coletivas de defesa tendem a agravar estes riscos, ao invés de amenizá-los. (Dejours, 1987, 2006)

Portanto, neste estudo, ao observar e analisar as situações que envolvem estratégias coletivas de defesa, verificou-se que a inserção dos atores nos próprios aspectos subjetivos aí dados em seu cotidiano, mediante técnicas de interação em um grupo de mútua ajuda, conduzia-os a uma tomada de consciência quanto aos próprios mecanismos defensivos empregados e quanto aos riscos reais da atividade.

Posteriormente, nas comunicações neste grupo de mútua ajuda (denominado por “Programa Hoje Não”), pelo diálogo e compreensão mútua, num espaço coletivo de relações intersubjetivas (intercâmbios na dimensão da linguagem); espaço deliberativo para a explicitação: 1 - de habilidades tácitas; 2 - de componentes cognitivas do trabalho real e 3 - de componentes psíquicos e afetivos da atividade de trabalho real, verificou-se a elaboração de novas formas de proteção bem conscientes e calcadas no agir concreto sobre o processo de trabalho. Isso pôde ser demonstrado pela análise sistemática de 68 casos estudados no grupo de ajuda mútua (Programa Hoje Não); alguns deles selecionados para discussão neste trabalho.

Interferir na subjetividade de um grupo é atuar na sua “atividade subjetivante” ou “subjektvierendes handeln”. (DEJOURS, 1997, p. 43) Esta requer a análise da dinâmica implícita de seu uso, uma vez que não é visível apenas no que se observa objetivamente nos modos operatórios e nos atos. É necessário analisar os efeitos de suas modificações sobre o sujeito e,

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também, a sua forma de manifestação nas condutas, nos modos operatórios e nos juízos elaborados pelo sujeito que trabalha.

São as habilidades incorporadas, tácitas, ou “tacit skills” as componentes fundamentais desta atividade subjetivante, as quais são modificadas subjetivamente pelos operadores (trabalhadores do setor de manutenção estudados). A objetivação destas transformações foi efetuada pela metodologia de pesquisa científica pertinente a este objetivo proposto.

A atividade subjetivante envolve a inteligência do corpo, um saber-fazer latente cujas coordenadas de uso, em parte, escapa da própria consciência dos agentes, mas emerge nos fenômenos desencadeados pelos métodos de entrevista em grupo, segundo os moldes da psicossociologia do trabalho. (Enriquez, 1995)

Este saber-fazer operatório tácito e incorporado é pouco explorado na compreensão dos acidentes de trabalho, visto sua relevância para compreender situações em que a ação do operador seguiu determinado curso (apoiado em seu saber corporal não simbolizado) e não outro qualquer; ação esta que pode ter desencadeado um incidente ou acidente. É necessário compreender a ação, em seus aspectos subjetivos, de difícil simbolização, e pouco objetivados em atos concretos visíveis ao olhar do observador. A inteligência corporificada adianta-se à consciência e à simbolização dos modos operatórios e atos do trabalho, que se manifestam tanto sobre os equipamentos e, em contrapartida, sobre a subjetividade do operador, num movimento dialético em que o sujeito modifica o objeto e este, ao mesmo tempo, transforma aquele. Esta inteligência corporificada (Dejours, 1997) é um “pensamento selvagem” (Levi-Strauss, 1962) que abriga a inteligência do corpo fugidia, em boa parcela, das interpretações conscientes e simbólicas do agente-operador.

Distancia-se a presente abordagem da gestão da subjetividade, e da atividade subjetivante, daqueles encaminhamentos convencionais de pesquisa que tratam o fator humano como falha humana ou como recurso humano. (Dejours, 1997) Está-se mais próximo de uma hermenêutica da ação (Ricoeur, 1978) mediada pelo recurso da linguagem como fonte de acesso às componentes cognitivas e afetivas de cada ato que pode, ou não, ser um ato de risco, um desencadeador de um incidente ou de um acidente.

Mas as razões e motivos do ato de risco, de modo plenamente consciente, somente ganham corpo pela linguagem dos próprios trabalhadores, num modelo de análise (ora empregado) mais próximo das experiências da clínica do trabalho (Clot, 1995, 1999, 2004), da psicodinâmica do trabalho dejouriana (Dejours, Abdoucheli, Jayet, 1994) e da psicossociologia do trabalho (Enriquez, 1995).

Métodos de pesquisa

Os métodos de entrevista empregados aproximam-se da observação participante. (Becker, 1997). As entrevistas não-estruturadas, segundo o modelo de observação participante tiveram o objetivo de elucidar as razões e motivos das ações dos operadores.

De acordo com a Análise Ergonômica do Trabalho /AET (Wisner, 1987, 1994), o discurso dos trabalhadores a respeito da atividade de trabalho deve ser mediado pelos traços objetivos da própria atividade. Sendo uma grande parte da atividade regulada de forma subconsciente, unicamente a observação exterior e sistemática das ações visíveis não possibilita um acesso à consciência dos trabalhadores e às suas estratégias mentais. Assim, a AET veio a contribuir de modo a fornecer um contorno mais nítido e objetivo para as verbalizações dos operadores do grupo de ajuda mútua (Programa Hoje Não) incitadas pelos métodos familiares à psicossociologia do trabalho.

Técnicas da psicossociologia (Enriquez, 1995), que permitem dar espaço amplo ao discurso dos trabalhadores, foram empregadas nas sessões realizadas com pequenos grupos de dois ou três operadores, simultaneamente entrevistados após o término das sessões do Programa Hoje Não. Dados e análises

A empresa de mineração (empresa x) deparou-se com o seguinte problema: Em quinze anos, conseguiu reduzir o número relativo de acidentes pessoais com lesões graves durante o trabalho em

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aproximadamente 80%. Isso se deu por meio da aplicação de diversas técnicas do tipo “programas de gestão de segurança e saúde ocupacional”. Porém, não mais conseguiu reduzir os índices das ocorrências, como demonstrado na Figura 1, apesar de toda a qualidade desses programas. As melhorias significativas surgiram a partir de fevereiro de 2006, quando teve início o Programa Hoje Não (grupo de ajuda mútua).

A empresa decidiu, então, experimentar uma nova ferramenta em um grupo piloto de 35 trabalhadores de um setor de manutenção: Um grupo de ajuda mútua que recebeu o nome de Programa Hoje Não (hoje eu não vou me acidentar). O objetivo era verificar a melhoraria dos índices de segurança no trabalho pelo que ora denomina-se gestão da subjetividade voltada para a redução de riscos de acidentes.

Figura 1 - Redução dos acidentes ocorridos entre 1990 e 2005

Na busca de novas ferramentas para melhorar o desempenho em saúde e segurança do trabalho, a empresa x decidiu experimentar esta nova prática experimental ou Programa Hoje Não, em que os fatores subjetivos adquirissem relevância em relação aos fatores técnicos, organizacionais e econômicos.

A nova abordagem para o estudo experimental procurava não negligenciar as componentes cognitivas e psíquicas, individuais e coletivas, da atividade de trabalho.

Estas deveriam ser compartilhadas num programa experimental de ajuda mútua. Este programa criaria um espaço coletivo para deliberação, acordo coletivo e intercompreensão na dimensão da linguagem.

As análises focaram os fenômenos de grupo, com ênfase nas dimensões intersubjetivas tecidas por intermédio da linguagem e da percepção.

Nas reuniões que envolviam cerca de 35 membros do grupo de mútua ajuda, os casos e diálogos consistiram em dados preciosos para análise e discussão.

O setor de manutenção foi escolhido para testar o programa “Hoje Não” devido ao fato de que 39% (mecânico, técnico de manutenção e auxiliar de manutenção, respectivamente 25%, 10% e 4%) dos acidentes com lesões graves na empresa, no período de janeiro a setembro de 2006, envolveram trabalhadores deste setor, conforme demonstrado na Figura – 2.

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Figura 2 - Distribuição dos acidentes de trabalho por cargo jan/set 2005

Descrição dos dados preliminares: reuniões e relatos

As descrições presentes são relatos com o máximo grau de fidelidade aos acontecimentos, porém conforme acordado com os participantes os nomes verdadeiros serão preservados, sendo substituídos por pseudônimos.

Realizado no meio da semana de trabalho (todas as quartas-feiras), antes do início da jornada de trabalho, o “Hoje Não” reunia os operadores do setor de manutenção de equipamentos da empresa para expressarem, na dimensão da linguagem compartilhada por eles, suas experiências emergentes neste discurso livre, conforme moldes da análise de discurso em psicossociologia e análise ergonômica do trabalho.

Por uma questão de espaço disponível, neste texto, apenas alguns casos (dentre 68 avaliados) serão brevemente relatados. As considerações e discussões dos dados, resultados e análises, entretanto, tomaram por base todo o material empírico obtido ao longo dos meses de pesquisa.

Casos...

Um dos trabalhadores inicia a reunião fazendo uma prece, (é observado que a partir desse momento o ente empresa desaparece e todos estão irmanados em um pensamento de bem-estar comum) e lança a pergunta que abre as discussões:

“Por que hoje eu não vou me acidentar ou deixar que meu colega se acidente?” Os depoimentos começam...

Um olhar coletivo identifica, sem ao menos uma palavra, qual colega deseja se manifestar. Primeiro Caso

O Técnico de manutenção Jorge começa seu depoimento contando que é o aniversário de sua filha de quatro anos e que ele está muito feliz. Por isso, não vai se acidentar e nem deixar que seu compadre Gerson, padrinho de sua filha e eletricista de sua equipe, se acidente (lágrimas são verificadas nos olhos de Jorge). Todos aplaudem. Jorge fala das atividades da semana e que no dia anterior realizou uma tarefa em que teve muitas dificuldades em substituir escovas dos motores em determinado equipamento.

O trabalhador verbaliza que gostaria de saber se alguém tem a mesma dificuldade e se alguém sabe de uma maneira mais fácil, porém correta, de se executar essa tarefa. Imediatamente dois outros colegas se manifestam, confirmando a dificuldade para realizar a mesma. Um terceiro participante propõe a revisão do procedimento de substituição das escovas, sugerindo duas alterações.

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O gerente da área oferece apoio técnico para a pesquisa da viabilidade das alterações, o que é prontamente aceito por todos. Os envolvidos se comprometem a apresentar os resultados das eventuais melhorias na próxima reunião. Os outros membros do grupo agradecem Jorge pela oportunidade de identificar uma fonte de erro em potencial (todos aplaudem o companheiro).

Segundo Jorge, participar do “Hoje Não” é o momento em que ele se sente mais valorizado na empresa.

Segundo caso

O mecânico Ailton começa seu depoimento lembrando das dificuldades da área de manutenção no passado, quando os recursos ferramentais eram escassos e o ambiente de trabalho não era bom. Refere-se ao predomínio de relações hierárquicas ríspidas que existiam até mesmo entre os colegas.

Com a voz trêmula, o mecânico Ailton relata um incidente ocorrido com ele em uma tarefa de substituição de componentes. O trabalhador conta a seus colegas que se esqueceu de realizar um passo importante da tarefa que executava – aplicar calço nas rodas do equipamento – “Esse erro quase me levou ao acidente, pois houve uma pequena movimentação do equipamento em decorrência da falta dos calços. Por sorte eu estava trabalhando sozinho” afirma Ailton.

Outros membros do círculo relatam que esse esquecimento não é exclusividade de Ailton, e que isso já havia acontecido anteriormente com outras pessoas. Então os integrantes, entre si, começam a se questionar: o que podemos fazer para evitar esses esquecimentos? A resposta é quase imediata e natural: “Mudar os calços de lugar e deixá-los próximos aos boxes de manutenção”. O gerente do setor consente com a observação dos operadores. Ailton é aplaudido. Declara, ao grupo de pesquisa e aos demais integrantes do Programa Hoje não que seu coração parece que vai saltar pela boca na hora de falar. Diz se sentir emocionado e que pensa na família nas sessões do programa. Ailton também chora e recebe aplausos...

Terceiro Caso

O controlador de máquinas operatrizes, João, reclama que todas as vezes que ele necessita utilizar o moto-esmeril esbarra a cabeça na luminária. Ele alerta que caso a lâmpada se quebre, poderá se cortar ou até mesmo sofrer um choque elétrico, visto que os filamentos da lâmpada e outras partes energizadas da luminária podem ficar expostos.

João lembra que o equipamento foi adquirido há quinze anos e, desde então, todos convivem naturalmente com a condição sem perceberem o risco de acidentes. Um dos eletricistas da equipe, Lúcio, se oferece para mudar a luminária de posição, pois, segundo ele, trata-se de uma coisa simples. Ele assume esse compromisso com João e com os demais. Todos aplaudem o depoimento de João e a Iniciativa de Lúcio.

Com lágrimas nos olhos, emocionado com a atitude do colega em se preocupar, João afirma que foi a maior prova de companheirismo que já recebeu em todos os seus 20 anos como trabalhador da empresa X.

Análise dos fenômenos de grupo observados

Nas narrativas nesses três casos é possível captar o modo como os indivíduos vivenciam intensamente seus dramas, negociam e legitimam a condição de exposição aos fatores de riscos do trabalho, ao mesmo tempo em que modulam sua subjetividade. O que ressalta nas narrativas anteriores é a compreensão da exposição aos fatores de risco, vivenciada como uma experiência-problema coletiva e compartilhada.

Nos fenômenos de grupo ocorre a psicodinâmica do reconhecimento, ou seja, reconhecimento pelo outro do esforço que o colega exercita para suprir a lacuna entre trabalho prescrito e trabalho real.

A relação entre subjetividade e segurança do trabalho está dada pela interseção entre as componentes afetivas e cognitivas da atividade. A mobilização, no grupo, de sentimentos e emoções (e em alguns casos sensações) promove uma hiperativação da componente cognitiva, o que tende a

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aumentar, durante o trabalho, a focalização cognitiva das situações de risco, o grau de atenção e o uso mais racional da chamada memória de trabalho ou memória imediata, compensando os déficits pela sobrecarga cognitiva quando de sua ocorrência. Em outras palavras, razão e sentimento andam juntos, e o aspecto de emoção despertado no grupo amplia as possibilidades de uma ação racional quando em situações inusitadas e imprevistas.

Um outro fenômeno notável é a expressão de preocupação e atenção com o outro em um verdadeiro exercício da empatia. Numa primeira aproximação às práticas do grupo de mutua ajuda, é percebida uma sensibilidade social centrada no reconhecimento simbólico do Outro. Visto desta forma, pode-se dizer que o grupo pauta-se no seu interior por uma verdadeira ética da alteridade, na qual o apoio mútuo e a reciprocidade entre seus membros é a pedra de toque para o fenômeno da cognição compartilhada e da intersubjetividade.

Um dos principais fenômenos observados durante o estudo foi o interesse de operadores, que em um primeiro momento não participavam do grupo original, em se juntar ao grupo de ajuda mútua.

Resultados concretos e discussões

O resultado considerado mais importante pelo grupo de pesquisa foi a redução do número de acidentes pessoais envolvendo os empregados da oficina de manutenção de equipamentos. Não houve registros de ocorrências desde fevereiro de 2006 até a presente data, fato surpreendente, reconhecido como sendo fruto da aplicação das soluções propostas pelo grupo. Esta adesão possui suas determinantes na gestão da subjetividade representada pela forma gestão do próprio programa de ajuda mútua, calcada na modulação das componentes cognitivas e afetivas, individuais e coletivas, do grupo de trabalhadores envolvidos.

Para os gestores, as melhorias de segurança obtidas com o programa resultam das sofisticadas coordenadas subjetivas envolvidas nesta gestão da subjetividade aplicada no benefício da segurança do trabalho.

Como pode ser identificada na Figura 3, a freqüência de acidentes no setor de manutenção da empresa X decresceu ao longo dos últimos onze períodos, tendendo à estabilização nos últimos quatro anos. Com a implantação do programa de ajuda mútua (“Hoje Não”), esse índice tenderá a ser melhorado conforme registra a análise histórica da evolução dos índices positivos.

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A reorganização de diversas tarefas foram propostas no programa “Hoje Não” e foram efetivamente implementadas, o que comprova o desempenho do grupo no sentido de propor ações efetivas para eliminar as armadilhas cognitivas e outros fatores desencadeadores de incidentes e acidentes de trabalho. Estas melhorias envolvem desde a simples instalação de placas para sinalização ao rearranjo dos passos em uma dada tarefa para minimizar as probabilidades de erro. Estas ações objetivavam sempre aproximar as tarefas prescritas com a realidade de campo vivenciada pelos operadores em seu trabalho real.

As correções e adaptações em máquinas e equipamentos também sofreram aumento após a implantação do programa de ajuda mútua.

Considerações finais

Este estudo não teve o objetivo de polemizar sobre as questões positivas ou negativas da gestão da subjetividade nas organizações contemporâneas.

Apenas constatou que a gestão da subjetividade, aplicada em um grupo piloto de 35 trabalhadores de um setor de mineração, reduziu os índices de acidentes a patamares tão baixos quanto nunca alcançados em 15 anos.

As limitações deste estudo se referem ao fato de ter sido aplicado a um pequeno grupo de trabalhadores, num único setor de uma empresa com mais de 1000 trabalhadores. No entanto, fica como sugestão para trabalhos futuros verificar e validar a hipótese ora proposta com grupos maiores ou com setores maiores divididos em sub-grupos.

REFERÊNCIAS

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