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AVALIAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL

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Academic year: 2021

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

AVALIAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM CÃES COM

LEISHMANIOSE VISCERAL

Amanda Borges Gonçalves Lima; Marlos Gonçalves Sousa2

1Aluna do Curso de Medicina Veterinária; Campus de Araguaína; e-mail:mandinhabgl@hotmail.com“PIBIC/UFT” 2Orientador do Curso de Medicina Veterinária; Campus de Araguaína; e-mail: marlos98@yahoo.com

RESUMO

Embora menos descritas na literatura, as lesões no sistema cardiovascular também fazem parte do espectro de alterações em cães com leishmaniose visceral. A pressão arterial é mantida pelo equilíbrio do conjunto complexo de fatores pressores e depressores, sendo que o desequilíbrio entre tais conjuntos pode ocasionar hipertensão ou hipotensão. Dessa forma, o presente estudo foi concebido para melhor caracterizar as alterações desencadeadas pela Leishmania spp. em cães naturalmente infectados, estratificando-as em consonância com o quadro clínico coexistente. Foram estudados cães com diagnóstico sorológico positivo para leishmaniose visceral, alocados em três grupos experimentais, de acordo com suas manifestações clínicas. Observou-se que a média da pressão sanguínea sistólica e diastólica dos animais nos três grupos, medidas pelo método oscilométrico, foram classificadas como discretamente elevadas, embora não tenham sido documentadas diferenças significativas em consonância com intensidade das manifestações clínicas dos pacientes estudados.

Palavras-chave: leishmaniose, pressão arterial, hipertensão, oscilometria

INTRODUÇÃO

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

óxido nítrico, cininas-prostaciclinas, peptídeo natriurético atrial) (DUKES, 1992). O desequilíbrio entre estes dois conjuntos de fatores pode ocasionar hipertensão (KRIEGER et al.,1996) ou hipotensão. Dessa forma, o presente estudo foi concebido para melhor caracterizar as alterações desencadeadas pela Leishmania spp. em cães naturalmente infectados, estratificando-as em consonância com o quadro clínico coexistente.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados cães capturados pelo Centro de Controle de Zoonoses de Araguaína, com diagnóstico sorológico positivo para leishmaniose visceral firmado pela identificação de títulos superiores a 1:40 nas reações de imunofluorescência indireta e ELISA. Os animais foram alocados em três grupos distintos, definidos segundo a observação de sinais clínicos atribuídos à enfermidade em questão, incluindo emaciação, linfadenomegalia, lesões cutâneas ulcerativas e/ou esfoliativas, alterações oculares, atrofia muscular e onicogrifose. Assim, animais sorologicamente positivos sem quaisquer dos sinais referidos foram incluídos no Grupo I (assintomáticos), cães com até dois desses sinais integraram o grupo II (oligossintomáticos), enquanto cães apresentando três ou mais sinais compuseram o Grupo III (polissintomáticos), totalizando 4, 6 e 8 animais, respectivamente.

Os animais selecionados foram submetidos à avaliação indireta da pressão arterial (sistólica, média e diastólica), empregando-se equipamento oscilométrico. Para tanto, os cães foram inicialmente colocados em decúbito lateral direito, sendo, em seguida, posicionado um manguito de monitoração de pressão ao redor do membro torácico direito. Foram, então, realizadas cinco mensurações automatizadas em cada animal, descartando-se os valores limítrofes superiores e inferiores para a obtenção de média mais acurada.

A análise estatística envolveu a comparação das variáveis estudadas entre os três grupos, sendo empregada análise de variância para os dados paramétricos. Considerou-se P<0,05 como estatisticamente significativo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da avaliação da pressão arterial encontram-se listados na Tabela 1.

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas Variável Grupos P (ANOVA) GI (assintomáticos) (n=4) GII (oligossintomáticos) (n=6) GIII (polissintomáticos) (n=8) PAS (mmHg) 136,4 ± 11,5 A 135,8 ± 10,9 A 140,6 ± 27,4 A 0,8938 PAM (mmHg) 105,6 ± 12,4 A 105,3 ± 11,4 A 103,0 ± 14,1 A 0,9251 PAD (mmHg) 77,7 ± 13,1 A 90,2 ± 10,9 A 85,2 ± 17,9 A 0,4547

Letras diferentes na mesma linha: diferença significativa entre grupos.

O método oscilométrico de aferição da arterial tem como princípio a análise das oscilações da parede arterial, segundo suas condições internas e externas de pressão (JAFFÉ, 2006). Tal técnica tem demonstrado grande eficiência na avaliação da pressão sanguínea ao longo do tempo em cães conscientes (VEIGA, 2008). As oscilações iniciam-se quando a pressão do manguito iguala-se à pressão sistólica, torna-se máxima quando a pressão do manguito é a mesma da pressão arterial média e desaparecem quando a pressão do mesmo se igualar à pressão diastólica (CARVALHO, 2009).

TILLEY & GOODWIN (2002) classificaram as pressões sanguíneas em quatro grupos diferentes, estabelecendo, dessa forma, parâmetros para sua avaliação clínica: normal – PAS entre 110 a 120 mmHg e PAD entre 70 a 80 mmHg; discretamente elevada − PAS entre 120 a 170 mmHg e PAD entre 80 a 100 mmHg; moderadamente elevada − PAS entre 170 a 200 mmHg e PAD entre 100 a 120 mmHg; e acentuadamente elevada − PAS acima de 200 mmHg e PAD acima de 120mmHg. Com base nessa classificação, observou-se que a média da pressão sanguínea sistólica e diastólica dos animais nos três grupos, medidas pelo método oscilométrico, foram classificadas como discretamente elevadas, embora não tenham sido documentadas diferenças significativas em consonância com as manifestações clínicas dos pacientes estudados.

A hipertensão arterial sistêmica é definida como um permanente estado de elevação da pressão arterial sistólica, diastólica ou ambas contra o sistema vascular, podendo levar a lesões nos vasos sanguíneos e órgãos alvo (DOUGLAS; ONWUZULIKE, 2005; SNYDER, 2006). Pode ser classificada como primária ou secundária. Enquanto a hipertensão arterial sistêmica em seres humanos é primária em 90 a 95% dos casos, a maioria dos cães hipertensos apresenta o quadro secundário a doenças sistêmicas, tais como diabetes mellitus e hiperadrenocorticismo. Em função disso, deve-se investigar tais afecções, dentre outras, em cães hipertensos (BROWN et al., 2007; CASTRO, 2007).

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algum grau de doença renal, determinada por uma elevação sérica de creatinina e da relação proteína/creatinina urinária, dos quais 32 (61,5%) também apresentaram hipertensão sistêmica. Do total de cães avaliados, três apresentaram hipertensão arterial sem evidências de doença renal.

Dois anos mais tarde, CORTADELLAS et al. (2008), ao avaliarem 26 cães portadores de leishmaniose visceral com doença renal crônica, determinada por microalbuminúria, relação proteína/creatinina urinária elevada e azotemia, verificaram hipertensão arterial sistêmica em nove (34,7%) deles. No entanto, em nenhum dos dois trabalhos realizados pelo mesmo grupo de pesquisadores houve avaliação histopatológica dos rins objetivando correlacionar a presença de hipertensão arterial sistêmica com achados histopatológicos anormais.

Em estudo mais recente desenvolvido por BRAGA (2012), a prevalência de hipertensão arterial em cães com leishmaniose visceral foi de 8,8%. De total de animais estudados, 83,3% apresentaram valores de proteína/creatinina urinária superior a 0,5. Segundo GRAUER (2011), resultados da relação proteína/creatinina urinária >0,3 indicam comprometimento da função glomerular.

É importante salientar que determinação da pressão arterial em cães pode sofrer influência de vários fatores, dentre os quais é reconhecido o chamado “efeito do jaleco branco”, que faz com que animais tensos durante o procedimento apresentem elevações momentâneas de pressão arterial, sendo, dessa forma, enquadrados erroneamente como hipertensos. Por essa razão e por existirem poucos trabalhos na literatura compilada que avaliaram a pressão arterial de cães com leishmaniose visceral, ainda existem discordâncias quanto à prevalência da mesma em cães acometidos pela doença em tela.

LITERATURA CITADA

ALVES, G.B.B. et al. Cardiac and pulmonary alterations in symptomatic and asymptomatic dogs infected naturally with Leishmania (Leishmania) chagasi. Braz J Med Biol Res, v.43, p.310-315, 2010. BRAGA, E.T. Hipertensão arterial sistêmica e sua correlação com as lesões renais de cães naturalmente acometidos por leishmaniose visceral. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária, 2012.

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CASTRO, C. A. J. Hipertensión arterial en pequeños animales. In: BELERENIAN, G.C.; MUCHA, C.J.; CAMACHO, A.A.; GRAU, J. M. Afecciones cardiovasculares en pequeños animales. Buenos Aires: Inter-médica, 2007. p.379-398.

DOUGLAS, J.G.;ONWUZULIKE, K.C. Fisiopatologia da hipertensão essencial in: HRICIK, D.E. et. al. Segredos em Hipertensão. 1ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. P. 28-34.

DUKES, J. Hypertension: A review of the mechanisms, manifestations and management. Jounal of Small Animal Pratice, Quedgeley, v. 33, n. 3, p. 119 – 129, Mar, 1992.

GRAUER, G.F. Proteinuria: Measurement and Interpretation. Topical Review. Topics in Companion Animal Medicine. v. 04, p.121 - 127, 2011.

JAFFÉ, E. Hipertensão arterial em cães e gatos. 50f. Monografia (Especialização em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais) – Instituto de Pós Graduação Qualittas, Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, 2006.

KRIEGER, E. M. et al. Fisiopatogenia da hipertensão arterial. Medicina, Ribeirão Preto, v. 29, p. 181 – 192, abr – set, 1996.

LÓPEZ-PEÑA, M. et al. Visceral leishmaniasis with cardiac involvement in a dog: a case report. Acta Vet Scand, v.51, p.20-22, 2009.

SNYDER, P.S. Hipertensão sistemica. In: ABOOTT, J.A. Segredos em cardiologia de pequenos animais. Porto Alegre: Artmed, 2006. Cap. 33, p. 274-280.

TILLEY, L.P.; GOODWIN, J.K. Manual of canine and feline cardiology. 3.ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 2002. p.337-344.

TORRENT, E. et al. Myocarditis and generalised vasculitis associated with leishmaniosis in a dog. J Small Anim Pract, v.46, p.549-552, 2005.

VEIGA, A. P. M. Avaliação clínica e laboratorial da suscetibilidade a hipertensão e diabetes mellitus em cães e gatos. Pubvet, São Paulo, v. 2, n. 35, 2008.

AGRADECIMENTOS

Referências

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