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ABANDONO DE GATOS VERSUS ADOÇÃO

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Academic year: 2021

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ABANDONO DE GATOS VERSUS ADOÇÃO Cats abandonment versus adoption

Adriane Gonçalves PINHEIRO1; Nilza Dutra ALVES2; Domingos ANDRADE NETO³ Jhéssica Luara Alves de LIMA4; Ana Márcia Bezerra RODRIGUES5; Felipe Belizario SILVA6

1 Médica Veterinária autônoma

2 Docente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, nilza@ufersa.edu.br

³ Discente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, domingos.netto@hotmail.com

4 Discente do Mestrado em Ambiente Tecnologia e Sociedade - Veterinário Universidade Federal Rural do Semi-Árido, jhessica.luara@ufersa.edu.br

5 Médica Veterinária Autônoma

6 Ecólogo Autônomo

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Introdução

Estima-se que os gatos foram os primeiros animais adotados como pets pelos egípcios, há cerca de 3600 anos, sendo todos os felinos domésticos atuais descendentes de Felis silvestris (LINSEELE et al., 2007). Nas últimas décadas os gatos vêm adquirindo maior espaço dentre os pets e se tornaram os animais mais populares do mundo (DRISCOLL et al., 2009). Proprietários relataram considerar características fenotípicas externas, como tamanho do pelo, cor do pelo, e tamanho do animal, no momento da adoção de felinos em abrigos (GOURKOW, 2001). Todavia, o posterior comportamento destes animais consiste em um motivo de abandono (VUCINIC et al., 2009). Da mesma forma que a personalidade é considerada no momento da adoção a execução de comportamentos desagradáveis ou incompatíveis com a personalidade do dono pode resultar em abandono. O abandono de animais, principalmente domésticos, infelizmente é comum em locais públicos. Fruto da má informação por parte da população que acredita que os bichinhos podem viver por conta própria. É um problema com soluções vagas. Ao passo que precisa ser tratado, existem vácuos legais que dificultam sua abordagem. Se existem cães e gatos nas ruas são porque eles têm donos que não os mantêm dentro dos limites das suas residências ou porque eles tiveram donos e foram abandonados. Aqueles que nascem nas ruas raramente conseguem sobreviver por muito tempo se

não forem adotados (FARIA et al., 2013). Faria (2014), relatou que 71,95% dos pesquisados já verificaram abandono de algum animal. Resultados semelhantes encontrados por Faria et al (2013), onde foram abordados 245 moradores de um bairro da cidade de Fortaleza, e o abandono de animais foi percebido por 78% dos participantes. De acordo com o relatado por Bortoloti e D’Agostino (2007), os animais presentes nas ruas são provenientes de abandono. O que faz desses animais potenciais agressores, transmissores de doenças, contaminando diretamente o ambiente e/ou o homem, como relatado por Rey (2001). Quanto ao bem estar dos gatos de rua, esta é uma questão muito importante, pois apesar de estes serem animais sem dono, eles necessitam de interação com seres humanos e muitos voluntários se envolvem emocionalmente, proporcionando alimentação e abrigo, cuidados médicos veterinários, participando da captura para a realização da castração e posterior soltura no seu ambiente ou auxílio na adoção (CENTONZE e LEVY, 2002). Mas a adoção, apesar de um gesto nobre, é necessário conscientizar a população de que não se trata de distribuição aleatória de animais, mas de um programa legalmente estabelecido que prevê posturas que os proprietários devem assumir para que os animais não sejam submetidos a sofrimentos, nem descartados por atitudes impensadas. A adoção deve ser um exercício de posse responsável e precisa ser supervisionada por órgãos públicos,

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associados a profissionais de clínicas particulares, organizações não- governamentais, entre outros (LAGES, 2009). Desta forma o presente trabalho objetivou analisar o abandono de gatos e a adoção no Rio Grande do Norte.

Material e Métodos

Desenvolvida de forma randômica, a pesquisa foi realizada mediante a aplicação de 200 questionários de maneira que os pré- requisitos para participar da pesquisa eram ter tutoria de pelo menos um gato e possuir mais que 18 anos. As informações foram coletadas através de questionário estruturado realizado com os tutores dos animais. Ao final a análise estatística foi realizada com o programa R (2013) utilizando-se o teste exato de Fisher, com nível de significância de 5% (p<0,05).

Resultados e Discussão

Dos 200 questionários aplicados os proprietários relataram que desse total de animais 115 (57,5%) foram encontrados nas ruas, vítimas de abandono, corroborando com Clark (1975) que se torna um trabalho atual, onde afirmou naquela época que a maior parte de animais eram adotados das ruas. Os outros animais foram obtidos de presente, comprados ou adotados de outros proprietários. Observou-se que os machos representavam a maior parcela de animais abandonados adotados, 61 (53,05%) enquanto as fêmeas representavam 54 (46,95%) (Figura 1). Os índices de animais que não foram vitimas de abandono se

aproximam ao de Baranyiová et al. (2006), que obteve 48,6%. Foi observado ainda que as chances de adoção dos gatos reduzem à medida que crescem, pois as pessoas tendem a adotar os gatos até os seis meses de vida (Figura 2). Esses dados corroboram com Baranyiová et al (2006), onde afirmaram que a maioria dos felinos são adotados até os dez meses de vida e com Kendall e Ley (2006), que citaram que 65% dos gatos foram adotados até os dois meses de idade. Isso se torna um fato preocupante, pois quanto maior a idade do animal abandonado menor as chances do mesmo encontrar um novo lar. O abandono é uma falha gritante da responsabilidade do ser humano e representa comportamento anti-social e imoral. Em muitos casos é também ilegal, ou deve ser visto por esse ângulo, mas a aplicação da repressão é difícil e raro, pois é difícil para provar na maioria dos casos. Se estiver escrito na legislação, leis contra o abandono devem ser cuidadosamente redigidas bem estabelecidas sem brechas para que fujam da punição (ROBERTSON, 2008). Portanto, medidas são necessárias a serem tomadas pelo poder público para reduzir o abandono de gatos, tais como o controle reprodutivo e conscientização da população sobre a guarda responsável.

Conclusão

Foi possível concluir que a maioria dos gatos dos tutores que se submeteram ao questionário foram vitimas de abandono. Os gatos domésticos são mais comumente

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adotados até o segundo mês de vida e os machos são mais abandonados.

Referências Bibliográficas

BARANYIOVÁ, E.; HOLUB, A.; TYRLÍK, M.; VOLFOVÁ, M. Cats in Czech Rural and Urban Households. Acta Veterinaria Brno, v. 75, n. 3, p. 411–417, 2006.

BORTOLOTI, R.; D’AGOSTINO, R. G. Ações pelo controle reprodutivo e posse responsável de animais domésticos interpretadas à luz do conceito de metacontingência. brazilian journal of behavior analysis, v.3, n.1, p.17-28, 2007.

Disponível em:

www.rebac.unb.br/vol3_1/rebac_bortoloti_ etal_2007.pdf. Acessado em 10 de junho de 2012.

CENTONZE, L.A.; LEVY, J.K. Characteristics of free-roaming cats and their caretakers. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 220, p. 1627-1633, 2002.

CLARK, J M. The effects of selection and human preference on coat colour gene frequences in urban cats. Heredity, v. 35, n. 2, p. 195–210, 1975.

DRISCOLL, C. A.; CLUTTON-BROCK, J.; KITCHENER, A. C.; BRIEN, S. J. O. The Taming of the Cat. Scientific American, n. June, p. 68–75, 2009.

FARIA, J. A.; ALVES, N. D.; FILHO, E. F. N.; SILVA, C. D. Os animais, cães e gatos, no meio urbano e o problema ambiental. In: SEABRA, G. Qualidade de Vida, Mobilidade e Segurança nas Cidades. v.

3. Ed. João Pessoa,PB: Editora Universitária da UFPB, 2013, P. 130-141. GOURKOW, N. Factors affecting the welfare and adoption rate of cats in animal shelter. University of British Columbia, 2001.

FARIA. J. A. Relação/controle populacional de cães e gatos/melhoria das condições ambientais e bem-estar da comunidade no bairro da Paupina em Fortaleza, Ceará – Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Rural do Semi- Árido, Mossoró, 2014, 66p.

KENDALL, K; LEY, J. Cat ownership in Australia: Barriers to ownership and behavior. Journal of Veterinary Behavior: Clinical Applications and Research, v. 1, n. 1, p. 5–16, 2006.

LAGES, S. L. S. Avaliação da população de cães e gatos com proprietário, e do nível de conhecimento sobre a raiva e posse responsável em duas áreas contrastantes da cidade de Jaboticabal, São Paulo. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2009, 76p.

LANDSBERG, G. M.; TYNES, V. V. Behavior: a guide for practitioners. The Veterinary Clinics of North America: Small animal practice, v. 44, n. 3, p. 13– 15, 2014.

LINSEELE, V.; VAN NEER, W.; HENDRICKX, S. Evidence for early cat taming in Egypt. Journal of Archaeological Science, v. 34, n. 12, p. 2081–2090, 2007.

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REY, L. Um século de experiência no controle da ancilostomíase. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 34, n. 1, 2001. Disponível em http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0037-

86822001000100010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 06 de outubro de 2011.

ROBERTSON, S.J. A review of feral cat control. Journal of Feline Medicine & Surgery, v.10, p.366–375, 2008.

VUCINIC, M.; DJORDJEVIC, M.; TEODOROVIC, R.; JANKOVIC, L.; RADENKOVIC-DAMNJANOVIC B.; RADISAVLJEVIC, K. Reasons for relinquishment of owned dogs in a municipal shelter in Belgrade. Acta

veterinaria, v. 59, n. 2-3, p. 309–317, 2009.

Palavras chave: Desprezo, bem estar animal, personalidade.

Key words: Disesteem, animal welfare, personality.

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Figura 1 – Relação entre machos e fêmeas abandonados

Fonte: Pinheiro, 2014

Figura 2 – Porcentagem de gatos adotados, distribuídos por faixa etária.

Fonte: Pinheiro, 2014

Referências

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