• Nenhum resultado encontrado

45º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT 15 ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS O ENSINO DE SOCIOLOGIA PARA QUEM NÃO VAI SER SOCIÓLOGO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "45º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS GT 15 ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS O ENSINO DE SOCIOLOGIA PARA QUEM NÃO VAI SER SOCIÓLOGO"

Copied!
26
0
0

Texto

(1)

45º ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS

GT 15 – ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

O ENSINO DE SOCIOLOGIA PARA QUEM NÃO VAI SER SOCIÓLOGO

Francisco Willams Ribeiro Lopes Universidade Federal do Ceará (UFC)

2021

(2)

O ensino de Sociologia para quem não vai ser sociólogo

Francisco Willams Ribeiro Lopes Universidade Federal do Ceará (UFC)

Resumo

A Sociologia é uma disciplina científica presente nos cursos de ensino superior que visa ampliar a capacidade dos estudantes de articular o que é específico dentro de um contexto social mais amplo. Apesar de ser um ramo dos cursos de Ciências Sociais junto com a Antropologia e a Ciência Política, a Sociologia é ofertada em outras graduações como disciplina específica, contribuindo para expandir os horizontes intelectuais dos estudantes de diversas áreas do conhecimento. Tendo em vista o cenário da educação superior no Brasil, a pesquisa analisa os sentidos, as práticas e os desafios do ensino de Sociologia nas disciplinas ofertadas em outras graduações no âmbito de duas instituições de ensino superior do Nordeste do Brasil: a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Palavras-chave: Sociologia. Currículo. Ensino Superior. Prática docente.

Introdução

A Sociologia é uma disciplina científica presente nos cursos de ensino superior que visa ampliar a capacidade dos estudantes de articular o que é específico dentro de um contexto social mais amplo. Apesar de ser um ramo dos cursos de Ciências Sociais junto com a Antropologia e a Ciência Política, a Sociologia é ofertada de forma específica em outras graduações ora como disciplina introdutória, contribuindo para expandir os horizontes intelectuais dos estudantes de diferentes áreas do conhecimento, ora de forma aplicada às especializações profissionais, possibilitando o diálogo entre diferentes campos do saber.

Neste sentido, o paper ora apresentado aborda o ensino de Sociologia para além das fronteiras do campo das Ciências Sociais, isto é, nos espaços de outros cursos de graduação das instituições de ensino superior. A relevância deste enfoque está na possibilidade de apresentar resultados pertinentes que dizem respeito às especificidades do saber sociológico em outros contextos disciplinares, haja vista a produção incipiente de pesquisas sobre o ensino de Sociologia no nível superior, como já destacaram Egreja (2016), Jesus (2017), Brunetta e Amaral (2017), Furlin (2020), que realizaram estudos com perspectiva semelhante.

(3)

Tendo em vista o cenário da educação superior no Brasil, o enfoque deste trabalho é analisar os sentidos atribuídos à Sociologia na formação universitária, bem como as práticas de ensino e os desafios e dificuldades enfrentados pelos docentes nas disciplinas de Sociologia ofertadas em outras graduações no âmbito de duas instituições de ensino superior do Nordeste do Brasil: a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Esta delimitação foi motivada pelo fato da UFC e da UECE serem as duas maiores instituições de ensino superior do sistema público no Ceará, com a maior quantidade de disciplinas de Sociologia ofertadas em outros cursos. Além disso, o autor deste estudo atuou na condição de professor substituto em ambas as instituições, podendo assim colaborar com as questões aqui colocadas.

Tendo em vista que o GT Ensino de Ciências Sociais, da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), reúne trabalhos sobre a Sociologia em diferentes modalidades e níveis de ensino, espera-se mostrar sua relevância na educação superior e sua capacidade de contribuir na formação profissional em diferentes áreas do conhecimento.

2 Os dados empíricos e os procedimentos de análise

Para identificar a presença da Sociologia fora do seu próprio espaço de formação nas instituições de ensino superior, o procedimento metodológico empregado de início foi o levantamento quantitativo das disciplinas de Sociologia nos outros cursos de graduação, a partir de consulta aos projetos pedagógicos dos cursos das referidas instituições de ensino superior.

A busca ocorreu nos sítios eletrônicos institucionais e, quando necessário, nas secretarias dos Cursos de Ciências Sociais. Foram consultadas as matrizes curriculares e a lista de oferta de disciplinas a partir dos termos “sociologia” ou “sociológico” nos componentes disciplinares obrigatórios. Esse levantamento de dados possibilitou visualizar um quadro acerca da Sociologia naqueles cursos de graduação que realizam compulsoriamente o ensino da disciplina e não têm como objetivo formar sociólogos.

Identificou-se que a Universidade Federal do Ceará (UFC) oferece 66 cursos de graduação presencial na capital Fortaleza que se distribuem em 13 unidades acadêmicas.

(4)

Contudo, tendo em vista o escopo deste trabalho, foram excluídos o curso de Ciências Sociais e outro que está em processo de extinção. Então, de um total de 64 cursos, 21 apresentam em sua estrutura curricular alguma disciplina de Sociologia de forma obrigatória e/ou recorrente em todos os semestres. Desta forma, os componentes curriculares de Sociologia estão presentes em 32,8% dos cursos de graduação1 da UFC nos campi localizados em Fortaleza.

Enquanto isso, a Universidade Estadual do Ceará, no âmbito da graduação, já excluindo o curso de Ciências Sociais, oferece 22 cursos presenciais de graduação na capital Fortaleza (Campi Itaperi e Fátima) e, destes, 15 ofertam disciplinas obrigatórias de Sociologia, perfazendo um total de 68,1% dos cursos.

Ao observar a nomenclatura e as ementas dos componentes curriculares de Sociologia, em ambas as instituições, foram identificados quatro diferentes propostas de disciplinas:

a) de caráter introdutório, denominadas, na maioria das vezes, de Introdução à Sociologia, ministradas, principalmente, nos dois primeiros semestres do curso;

b) aquelas que trabalham os fundamentos da Sociologia em diálogo com outros saberes das Ciências Humanas, como a Filosofia, a História e a Antropologia designadas, muitas vezes, como Fundamentos Históricos, Filosóficos, Sociológicos e Antropológicos das Ciências (por exemplo, na Física/UECE);

c) as aplicadas às especializações profissionais, com uma nomenclatura que faz referência aos dois campos de saberes ou a um subcampo da Sociologia, como Ciências Sociais e Saúde (na Medicina/UECE), Sociologia e Extensão Rural (na Zootecnia/UFC e Medicina Veterinária/UECE), Sociologia do Trabalho (na Engenharia de Produção Mecânica/UFC), dentre outras.

d) e as disciplinas mais especializadas das Ciências Sociais, que requerem pré- requisito em outro componente da área, como Sociologia Contemporânea (no Serviço Social/UECE) e Sociologia da Educação II (na Pedagogia/UFC).

1 Neste levantamento, foi considerado apenas o curso, não fazendo distinção, para fins de contagem, entre as modalidades bacharelado e licenciatura, nem a realização em diferentes turnos. Devido às diferentes formas de organização entre bacharelado e licenciatura, alguns Departamentos e Colegiados das instituições de ensino superior têm institucionalmente mais de um curso.

(5)

O Quadro 1 mostra os componentes curriculares da UFC utilizados para a elaboração dessa classificação.

Quadro 1 – A presença da Sociologia nas graduações da UFC

Código/Componente Curso/Modalidade Sem.

Introdutórias

HD0957 – Introdução à Sociologia Administração (B) HD0957 – Introdução à Sociologia Biblioteconomia (B) HD0957 – Introdução à Sociologia Ciências Ambientais (B) HD0957 – Introdução à Sociologia Ciências Contábeis (B) HD0957 – Introdução à Sociologia Geografia (B/L) HD0751 – Introdução à Sociologia Odontologia (B)

HD0957 – Introdução à Sociologia Psicologia (B)

HD0010 – Sociologia Secretariado Executivo (B)

HD0957 – Introdução à Sociologia História (L) Opt.

HD0959 - Introdução às Ciências Humanas

Engenharia de Alimentos (B) Opt.

ICA1695 - Teoria Sociológica Filosofia (B/L)

Fundamentos da Sociologia

e outras Ciências Humanas

IEF0187 – Fundamentos

socioantropológicos da Educação Física

Educação Física (L/B)

Aplicadas às especializaçõ

es profissionais

ICA2041 - Sociologia e Comunicação Publicidade e Propaganda (B) DD0129 - Sociologia Geral e Jurídica Direito (B) HD0228 - Princípios de Sociologia da

Saúde

Enfermagem (B)

TK0226 - Sociologia do Trabalho Engenharia de Produção Mecânica (B)

AI0178 – Sociologia Aplicada às

Políticas Públicas

Gestão em Políticas Públicas (B)

ICA1410 – Comunicação e Sociologia Jornalismo (B) HM0077 – Sociologia e Humanismo Licenciatura Intercultural

Indígena LII PITAKAJÁ e KUABA (L)

PB0144 – Sociologia da Educação I Pedagogia (L)

ICA1235 – Sociologia Aplicada à Gastronomia

Gastronomia (B) Opt.

Avançadas nas Ciências

Sociais

HM0078 – Teoria e Ensino de Sociologia

Licenciatura Intercultural Indígena LII PITAKAJÁ e KUABA (L)

PB0146 – Sociologia da Educação II Pedagogia (L) AI0212 – Sociologia do

Desenvolvimento Rural e Urbano

Gestão em Políticas Públicas (B)

Fonte: Página Institucional da Pró-Reitoria de Graduação da UFC (2021). Legenda: B de Bacharelado; L de Licenciatura e Opt. de Optativa.

Na UFC, as disciplinas introdutórias têm sua origem no colegiado de Ciências Sociais, haja vista o código pelo qual são identificadas (HD); a maioria se realiza em cursos de bacharelado e, no máximo, até o terceiro semestre. Apesar da busca feita apenas nos componentes obrigatórios, foram incluídas nesta classificação duas optativas

(6)

ofertadas todos os semestres, sendo inclusive ministradas por docentes do colegiado de Ciências Sociais.

Os componentes classificados como fundamentos sociológicos em diálogo com outras ciências humanas têm sua origem, muitas vezes, mais voltada para o próprio curso ou o campo da Educação. São ofertados nos cursos de licenciatura com a designação Estudos socio-históricos e culturais da educação. Neste levantamento, tais componentes não foram incluídos, exceto o caso do curso de Educação Física que apresenta fundamentos mais próximos aos ramos das Ciências Sociais.

As disciplinas que aplicam à Sociologia a outras especializações profissionais na UFC predominam no início dos cursos e na modalidade bacharelado. Aqui, também foi incluída uma optativa ministrada anualmente e, em alguns momentos, por docente das Ciências Sociais. Outras disciplinas mais especializadas da Sociologia são ofertadas em três cursos: Licenciatura Intercultural Indígena LII PITAKAJÁ e KUABA, Pedagogia e Gestão em Políticas Públicas, sendo apenas o primeiro a ter docentes das Ciências Sociais, da área da Antropologia, responsáveis pelas disciplinas. Esses três cursos também apresentam outros componentes obrigatórios das áreas da Antropologia e Ciência Política.

A seguir, o Quadro 2 mostra os componentes curriculares da UECE:

Quadro 2 – A presença da Sociologia nas graduações da UECE

Código/Componente Curso/Modalidade Sem.

Introdutórias

CH415 - Introdução à Sociologia História (L)

CH415 - Introdução à Sociologia Geografia (L/B) 1º, 2º

CH415 - Introdução à Sociologia Filosofia (L/B)

CH601 - Sociologia Geral Nutrição (B)

TO007 - Fundamentos da Sociologia Terapia Ocupacional (B)

ES827 - Sociologia Clássica Serviço Social (B)

Fundamentos da Sociologia

e outras Ciências Humanas

CS392 – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação Física

Educação Física (L)

CB001 - Fundamentos Históricos Filosóficos Sociológicos

Antropológicos das Ciências

Ciências Biológicas (L)

CT996 - Fundamentos Históricos Filosóficos Sociológicos

Antropológicos das Ciências

Física (L)

Aplicadas às especializaçõ

es profissionais

CE006 - Fundamentos Filos. e Soc.

Aplicados à Saúde

Enfermagem (B)

CS883 - Ciências Sociais e Saúde Medicina (B)

FV222 - Sociologia e Extensão Rural Medicina Veterinária (B) CH425 - Sociologia do Trabalho Administração de Empresas (B)

CH421 - Sociologia da Educação I Pedagogia (L)

(7)

CL653 - Interfaces II: Sociologia e Psicologia

Psicologia (B)

Avançadas nas Ciências

Sociais

ES850 - Sociologia Contemporânea Serviço Social (B)

Fonte: Página Institucional da UECE na Internet (2021). Legenda: B de Bacharelado e L de Licenciatura.

Na UECE, as disciplinas introdutórias apresentam, em sua maioria, um código do Centro de Humanidades (CH), que abriga o colegiado de Ciências Sociais; se realizam tanto na modalidade bacharelado, como licenciatura; e têm uma localização na estrutura curricular na primeira metade do curso. De modo geral, em ambas as instituições, a Introdução à Sociologia é ofertada nas licenciaturas de Filosofia, Geografia e História, que junto com a Sociologia formam a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas na última etapa da educação básica.

Aquelas que trazem fundamentos sociológicos em diálogo com outras ciências humanas são realizadas predominantemente nas licenciaturas, mas não têm origem na Faculdade de Educação, elas se propõem a pensar os fundamentos dos seus próprios cursos ou da ciência de forma geral. Já as disciplinas designadas nessa classificação como aplicadas às especializações profissionais predominam na modalidade bacharelado e são mais realizadas a partir do terceiro semestre. E, com relação aos componentes mais avançados, o curso de Serviço Social apresenta forte diálogo com as Ciências Sociais, pois, além dos componentes do Quadro 2, os docentes deste colegiado ministram naquele outras disciplinas obrigatórias das áreas da Antropologia e da Ciência Política.

Este levantamento nas matrizes curriculares dos cursos de graduação permitiu observar que quanto mais elementar é a disciplina, ou seja, aquelas de caráter introdutório, mais está sob a responsabilidade dos colegiados de Ciências Sociais. Por sua vez, quanto mais aplicada à outra especialização profissional é a proposta da disciplina, mais é destinada a ser ministrada por docentes dos seus respectivos cursos.

A interlocução entre diferentes áreas de conhecimento implica tanto em acomodações, como também em disputas, pois é um espaço no currículo que ao ser ocupado tem desdobramentos epistemológicos e práticos, devido à interface entre os saberes e por motivos de carga horária e lotação de docentes.

Arroyo (2013) mostrou que a pesquisa sobre o currículo das instituições educacionais não pode deixar de visualizá-lo como um território disputado por diferentes

(8)

agentes internos e externos às instituições. Neste contexto, uma forma velada desta disputa ocorre no caso daqueles componentes que não são designados com o termo Sociologia, mas ao levar o nome Sociedade indicam a existência de repertório teórico- metodológico pertinente às Ciências Sociais.

Tratando-se do acolhimento dos saberes sociológicos em outras unidades acadêmicas para além dos Centros de Humanidades (CH), destaca-se na UFC a FEAAC (Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade) e o ICA (Instituto de Cultura e Arte). Já na UECE é o Centro de Ciências da Saúde (CSS) que mais abriga componentes curriculares de Sociologia. Considerando a classificação dos cursos pela Tabela de Áreas de Conhecimento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), nota-se que a presença da Sociologia na UFC é recorrente na área de Ciências Sociais Aplicadas e na UECE na área de Ciências da Saúde.

Partindo do pressuposto de que a formação dos docentes que se responsabilizam por esses componentes é relevante para mensurar a pertinência aos saberes de referência da Sociologia, foram consultadas as listas de oferta dessas disciplinas para identificar os docentes e, em seguida, sua formação em nível de graduação, mestrado e doutorado por meio da Plataforma Lattes.

Esta busca permitiu a constatação de aspectos relacionados ao vínculo institucional e à formação dos docentes. Quanto ao vínculo, apesar de docentes efetivos se responsabilizarem pelas disciplinas introdutórias, parecem ser os professores substitutos destinados a atuarem com esses componentes em ambas as instituições.

Quanto à formação acadêmica, os docentes das disciplinas introdutórias têm em sua maioria formação desde a graduação até o doutorado em Ciências Sociais/Sociologia.

No que se refere às disciplinas aplicadas às especializações profissionais (no caso, da UFC2), a maior parte dos docentes, excetuando-se os membros do colegiado de Ciências Sociais, não possuem formação em Sociologia em nenhum nível. Por outro lado, foi interessante encontrar entre os docentes do colegiado de Ciências Sociais aqueles que tiveram formação, seja em nível de graduação, mestrado e/ou doutorado, no curso no qual atuam, por exemplo, os docentes com graduação em Psicologia e em

2 Na UFC, foi possível identificar todos os docentes a partir do Sistema de Atividades Acadêmicas (SIGAA). Já na UECE foi identificado apenas aqueles docentes do colegiado e suas respectivas lotações.

(9)

Comunicação Social que ministram disciplinas de Sociologia, respectivamente, nos cursos de Psicologia e Jornalismo/Publicidade e Propaganda. A formação destes docentes pode imprimir outras características no ensino de Sociologia, proporcionando um diálogo mais profícuo entre a proposta da disciplina e a atuação do futuro profissional.

Para dar prosseguimento à investigação, buscou-se analisar as Ementas, os Programas de Disciplina e, também, realizar entrevistas com os docentes responsáveis por esses componentes curriculares nos anos recentes visando a aprofundar o conhecimento acerca do quadro da Sociologia no sistema de ensino superior público no Ceará.

Os dados e as informações obtidas por meio desses documentos e dos relatos de experiência dos docentes permitiram refletir sobre a temática deste paper a partir de três aspectos: os sentidos atribuídos ao ensino de Sociologia, as práticas docentes no contexto de outros campos disciplinares e, por último, os desafios e dificuldades enfrentados pelos docentes.

Para que serve a Sociologia?

Dois entrevistadores em diálogo com Zygmunt Bauman (2015) apresentaram a fala de um estudante de Sociologia que dizia o seguinte: “O maior desafio com que a sociologia hoje se defronta é o que fazer para ser levada a sério”, em seguida, perguntaram se Bauman concordava com a afirmação e quais desafios enfrentados por esta ciência que tanto pesquisadores como professores deveriam se preocupar.

Por certo, não é recente que legitimidade, utilidade e inteligibilidade são questões que perpassam a Sociologia e reverberam nos níveis de ensino que acolhem este saber científico, seja pelo histórico de intermitência na educação básica, pelo fomento ao pensamento crítico e/ou pelo objetivo de problematizar temáticas sensíveis que geram grandes embates na sociedade, como política, direitos humanos, religião, gênero, sexualidade, dentre outras.

Mas voltando para a provocação do estudante, a resposta de Bauman (2015) foi que a seriedade da Sociologia é um desafio arraigado a sua natureza, pois ela compartilha seus temas de investigação e ensino com os sujeitos destinatários das suas interpretações.

Ou seja, a linha que separa a visão do profissional e do não iniciado é mais tênue do que

(10)

em outras disciplinas, haja vista que os “sociólogos e os objetos (também humanos!) de seu estudo contam histórias sobre ‘a mesma’ experiência, e não há nenhuma razão imediata para se atribuir valor mais às histórias contadas pelos artesãos da sociologia”

(2015, p.105-106).

Na perspectiva do sociólogo, a liquidez da vida moderna tende a tornar o desafio ainda maior, porque a fluidez atinge seus temas levando sua mensagem a ter uma curta expectativa de vida, e, além disso, o excesso de informações produz uma sobrecarga difícil de assimilar.

A situação da Sociologia diante desse contexto faz emergir entre os estudantes de diferentes áreas acadêmicas, que precisam passar pelo seu ensino no período de formação profissional, e os professores, encarregados de elaborar planos de ensino que sejam pertinentes a outras áreas, a seguinte questão: Para que serve a Sociologia? Isto mostra que o trabalho pedagógico da disciplina fora do espaço sociológico anima questões relativas à sua utilidade.

Diante desta demanda por utilidade, o sociólogo Bernard Lahire (2014) interpôs outra questão: “A Sociologia deve necessariamente ‘servir’ a algo ou alguém?”, e ainda conjecturou três tipos de natureza destas utilidades:

a) política, quando o saber sociológico orienta e dá subsídios à tomada de decisões, seja do príncipe ou dos dominados;

b) terapêutica, quando se acredita que a compreensão da complexidade da vida social é capaz de diminuir os sofrimentos individuais;

c) e, por último, cognitivo-científica, que tem como objetivo apresentar o saber da forma mais racional e justa possível.

Porém, para Lahire (2014), a discussão sobre a utilidade pode tomar formas diferentes a partir de outros autores e contextos. Citando Émile Durkheim, por exemplo, mostra que para o fundador da Sociologia a especificidade desta ciência era exprimir o real e não sugerir como este deveria ser, portanto defendia-a como um saber que seria pesquisado por ele mesmo, desinteressado de consequências práticas e despreocupado se os resultados seriam aclamados ou rejeitados. Em síntese, o sociólogo “diz o que é, ele

(11)

constata o que são as coisas, e ele se realiza nisso” (DURKHEIM, 19893 apud LAHIRE, 2014, p. 48). Com base em Raymond Aron (1978)4, entende que a busca pelo conhecimento com a consideração de utilidade e rentabilidade pode ocultar uma relação servil a dominantes políticos, econômicos, religiosos ou culturais. Neste sentido, o sociólogo Pierre Bourdieu coaduna com esta ideia ao afirmar que “[p]edir à Sociologia para servir a algo é sempre um modo de lhe pedir para servir ao poder” (BOURDIEU, 19805 apud LAHIRE, 2014, p. 49).

Com bases nesses autores, Lahire (2014) acredita que as demandas de serventia podem ser respondidas com uma forma de utilidade superior, na qual a Sociologia apresenta-se como um saber desinteressado de satisfazer demandas urgentes, com uma curiosidade gratuita que busca o conhecimento por ele mesmo. Mas também defende que as Ciências Sociais possuem um importante papel na construção de sociedades democráticas, pois são saberes que contribuem para a deliberação e reflexão crítica. Em resumo, as Ciências Sociais tem um compromisso de produzir conhecimentos da forma mais justa, bem como é “imprescindível transmitir, o mais racionalmente possível e para o maior número de pessoas, os meios de decifrar e de contestar os discursos de ilusão sobre o mundo social” (LAHIRE, 2014, p. 50).

Outras perspectivas defendem mais enfaticamente uma abordagem teórico- metodológica das Ciências Sociais que dialogue com os diferentes tipos de público que integram os fenômenos estudados. Trata-se da proposição de Braga e Burawoy (2009) de uma “sociologia pública”, aliada a outras três áreas designadas de “sociologia profissional”, “sociologia crítica” e “sociologia para as políticas públicas”. As especificidades de cada uma das proposições implica em desdobramentos tanto na pesquisa como no ensino de Ciências Sociais.

Tais questões epistemológicas repercutem no trabalho pedagógico dos docentes em um dilema com o qual se defrontam ao serem responsabilizados de ensinar a Sociologia em outros cursos das instituições de ensino superior: apresentá-la por ela mesma ou buscar formas de mostrar sua utilidade?

3 DURKHEIM, E. Éducation et sociologie. Paris: PUF, Quadrige, 1989. p. 71.

4 ARON, R. The Theory of the leisure class. 1978, p. XXIII.

5 BOURDIEU, P. Questions de sociologie. Paris: Minuit, 1980. p. 23-24.

(12)

Em entrevistas com docentes de Sociologia atuantes na formação profissional em nível superior, o ensino da Sociologia voltado para si mesmo é considerado um problema, porque limita a capacidade de diálogo deste saber com outras áreas de conhecimento. Acreditam que a demanda por este ensino é realizada por outras áreas, muitas vezes, de forma instrumental, apenas para cumprir diretrizes curriculares, desconhecendo sua relevância para a sociedade.

Desta forma, o trabalho pedagógico dos docentes é marcado por um esforço para promover o diálogo entre as diferentes áreas, bem como contribuir com temas que sejam pertinentes ao campo de atuação do futuro profissional. Isto pode ser observado na prática de tomar a ementa como referência e, a partir dela, criar uma versão específica de programa de disciplina relacionado ao curso. A elaboração ou recusa de programas específicos pode ser considerada um indicador de como o docente entende o ensino de Sociologia nos espaços institucionais do outro.

De acordo com um dos docentes, os programas específicos são uma estratégia que visa se aproximar dos objetivos curriculares da outra área, e a estratégia varia conforme o curso:

Outra estratégia, que se fosse em outros cursos, eu não faria da mesma maneira, por exemplo, na História, quando eu ministro Introdução à Sociologia na História, eu tento discutir a relação Sociologia e História, que é uma relação super complexa com toda uma história intelectual; quando eu estou nas Ciências da Informação, entro na discussão do informacionalismo, a formação da sociedade informacional, redes, novas tecnologias da comunicação e informação, eu entro nesta especificidade; e no caso das Ciências Ambientais, a maneira como eu encontrei para entrar foi via Teoria Geral dos Sistemas, com a obra de um biólogo austríaco que é um dos fundadores desta teoria.

(Docente da UFC, grifo nosso)6

É possível remeter o modo de entrada em cada turma, mencionado pelo docente, ao modo de entrada no campo de pesquisa, tão característico dos cientistas sociais, mas principalmente dos antropólogos, que compreendem a importância da “aceitação” na pesquisa de campo, como Geertz (1978) entre os balineses durante a briga de galos.

Embora saibamos que o ser aceito não é definitivo, mas requer um esforço contínuo diante de relações interpessoais continuamente atualizadas e sujeitas a altos e baixos

6 Este trecho, em específico, foi extraído do Podcast Campos em Fuga, disponível na plataforma Spotify, no qual um docente da UFC apresenta seu programa de disciplina intitulado “Um plano de ensino entre o mar e a sociedade”, que foi elaborado para o curso de Ciências Ambientais.

(13)

(LIMA, 2014, p.74), e isto vale tanto para o pesquisador como para o professor em sala de aula.

François Dubet, em entrevista intitulada “Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor” (PERALVA, SPOSITO, 1997), relatou sua experiência como docente em uma instituição educacional popular na periferia de Bordeaux, França, com adolescentes de 13 e 14 anos. Para Dubet, em cenários de desregulamentação nos quais “os alunos não querem jogar o jogo”, a utilização da sedução intelectual não é suficiente, é preciso reconstruir a relação cada vez que se entra na sala de aula, lembrar as regras do jogo e (re)interessá-los.

Este cenário é recorrente no ensino superior, principalmente, quando os alunos não compreendem a importância de disciplinas da área de Ciências Humanas. Jesus (2017) relatou que seus alunos no curso de Matemática não compreendiam a existência da disciplina Sociologia da Educação na grade curricular. No imaginário deles, a formação universitária é uma especialização de determinada área, assim não compreendem o sentido das Ciências Humanas, nem do ensino superior. Entretanto, como afirmou Santos (2010), a universidade

não visa apenas preparar o estudante para o exercício de uma atividade prática, como atender pacientes, planejar e criar campanhas publicitárias, gerenciar empresas e processos, trabalhar em jornais, elaborar roteiros turísticos, projetar edifícios ou máquinas ou educar crianças, jovens e adultos, só para citar alguns exemplos. Estar na universidade significa também ampliar os horizontes intelectuais, exercitar a reflexão, treinar nossa capacidade de pensamento e fazer tudo que é específico dentro de um contexto muito mais amplo (2010, p.

13).

Neste sentido conferido na citação acima é que os docentes entrevistados acreditam que a serventia da disciplina esteja na capacidade de proporcionar ainda para os iniciantes no ensino superior a compreensão científica dos fenômenos da vida social, o desenvolvimento de uma perspectiva crítica para a interpretação dos discursos políticos, midiáticos, religiosos, além de possibilitar a desnaturalização e a problematização da realidade social como uma construção histórica.

Esta perspectiva resulta em formatos disciplinares que ora visam uma formação geral mais voltada à integração do estudante à vida acadêmica e às contribuições da Sociologia para vida em sociedade, ora se relacionam diretamente às especialidades das formações que demandam o ensino da Sociologia. Por isso, a seguir são apresentadas

(14)

características das configurações disciplinares e das práticas de ensino no contexto de outros campos do saber.

Práticas de ensino de Sociologia no contexto de outros campos disciplinares

A análise da trajetória da Sociologia como disciplina acadêmico-científica possibilita uma visão das práticas de ensino e dos conteúdos curriculares presentes no espaço de formação das instituições de ensino superior. No Brasil, é importante salientar que sua institucionalização como disciplina se deu primeiro nas escolas secundárias, e só posteriormente, na década de 1930, assumiu um formato acadêmico com a criação da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo (1933) e a Universidade de São Paulo (1934).

Neste ínterim, a Sociologia em formato disciplinar também auxiliava a Pedagogia no âmbito das Escolas Normais. Tratavam-se de cátedras criadas na década de 1920, como resultado do movimento reformista pedagógico, que inseriram o repertório teórico- metodológico da Sociologia na formação de profissionais da educação (LIEDKE FILHO, 2005). Ao longo dos anos, a disciplina assumiu formas e sentidos diferentes devido às condições contextuais que enfrentou acarretando em diversos modos de ser trabalhada em sala de aula7.

Um dos desafios enfrentados pelos docentes, seja da educação básica ou superior, é como apresentá-la e fazê-la conhecida para estudantes não iniciados nos repertórios de teorias, conceitos e temas das Ciências Sociais. Carniel e Ruggi (2015), ao discutirem sobre o assunto, explicam que não existe uma resposta definitiva, um conceito fixo, mas possibilidades de abertura. Eles mostram que o modo mais comum de apresentar a Sociologia tem sido como a ciência das sociedades, um saber rigoroso, metódico, crítico, refinado e oposto ao senso comum. Para os autores, a narrativa arraigada à autoridade científica e distante das vivências dos estudantes cria um abismo ao invés de aproximar os discentes e a disciplina.

A razão deste modo de narrar encontra-se na própria origem da Sociologia.

Segundo Ortiz (2021), esta ciência conseguiu sua emancipação da moral, da política e das perspectivas normativas ao definir um objeto e uma metodologia próprios, assim foi

7 Para conhecer a trajetória da Sociologia como disciplina acadêmico-científica no Brasil, vide Liedke Filho (2005).

(15)

delimitando suas fronteiras em relação às outras disciplinas e formas de interpretação do mundo. Porém, por não deter o monopólio da explicação da vida social, tais fronteiras são tênues quanto contrapostas aos discursos políticos, midiáticos e de mercado. Para garantir sua existência e autonomia, a Sociologia contrapõe-se a outros discursos, desde aqueles mais espontâneos até aos mais elaborados.

Contrapondo-se a este modo de apresentá-la, Carniel e Ruggi (2015) buscam alternativas de como introduzir a Sociologia distanciando-se de uma forma rigidamente protegida pelos muros científicos e elaboram uma abordagem pedagógica calcada em sua apresentação como artesanato intelectual. Inspirando-se em Bruno Latour (2000), esta abordagem visa “apresentar e debater em sala de aula o funcionamento desta área do saber para extrair dela os sentidos e significados implícitos ao fazer sociológico.”

(CARNIEL, RUGGI, 2015, p. 240).

De forma prática, quando perguntarem: “Para que serve a Sociologia?”, o professor responde explicando como se faz sociologia, como funciona seu modus operandis e como seus discursos são construídos. Tal abordagem busca equilibrar as relações simbólicas entre os saberes acadêmicos e os de senso comum para que os estudantes se aproximem e possam colaborar na construção do conhecimento. Esta metodologia de ensino proposta pelos referidos autores contribuiria para o exercício da imaginação sociológica e mostraria que a interpretação da vida social não está limitada aos profissionais da área.

Até aqui, é possível notar que os modos de apresentá-la são complexos, diversos e concorrentes. Por isso, para conhecer as variadas formas de ensino da Sociologia nos espaços acadêmicos, alguns materiais empíricos se fazem relevantes, como ementas, programas de disciplina e relatos de docentes sobre suas experiências. A análise desses documentos atrelada às experiências docentes mostram como se dá o processo de seleção e tomada de decisão do que e como ensinar, além de evidenciar como se estrutura a classificação do discurso pedagógico da Sociologia no currículo dos outros cursos.

Entende-se o discurso pedagógico, na perspectiva da teoria do dispositivo pedagógico de Basil Bernstein (1996), como uma gramática que indica o lugar e o papel dos conhecimentos nos processos de ensino e aprendizagem, esta gramática regula, processa, ordena, posiciona e, até mesmo, transforma as mensagens que atuam

(16)

simbolicamente na formação da consciência. Tais mensagens estão imbuídas de ideologia por derivarem de relações de poder e categorias culturais dominantes.

O deslocamento do discurso pedagógico da Sociologia para outros contextos implica em transformação, designada por Bernstein de recontextualização. Esta ocorre no próprio discurso que ao se inserir em outro contexto é reinterpretado e se sujeita a outras visões de mundo, a interesses especializados e/ou políticos de agentes e agências cujos conflitos estruturam aquele campo (MAINARDES, STREMEL, 2010).

Um dos conceitos que compõem a teoria de Bernstein e permite compreender a diferenciação entre os conteúdos e as áreas de conhecimento é o de classificação. Este conceito trata das relações de poder e controle do que é ensinado e aprendido, assim, a classificação pode ser definida como forte (+C) quando os conteúdos estão separados e há um alto grau de isolamento entre eles. Por outro lado, a classificação é fraca (-C) quando a separação é reduzida e os conteúdos e áreas de conhecimento se aproximam e se inter-relacionam.

O discurso pedagógico pode ser pronunciado em vários contextos8, mas no estudo ora apresentado ele foi analisado no campo da recontextualização pedagógica, ou seja, na elaboração dos planos de ensino ministrados em sala de aula. Para tanto, foram consultadas as ementas, os programas de disciplinas e os relatos de professores para compreender o grau de classificação do discurso sociológico no contexto de outros cursos de graduação. Salienta-se que são conjecturas e não se pode afirmar que os documentos são um reflexo direto da realidade, nem que os discursos dos docentes são generalizáveis.

Os documentos e os relatos de docentes foram obtidos em proporções diferentes nas instituições analisadas9, porém possibilitam visualizar a formação que é ofertada e requisitada da Sociologia. É importante lembrar que estão sendo considerados apenas

8 O processo de recontextualização ocorre nas agências contextualizadoras (universidades e centros de pesquisa), nas agências recontextualizadoras oficiais (Ministério da Educação, Secretaria de Educação), nas agências recontextualizadoras não-oficiais (meios de comunicação de massa, família, igreja) e nas agências recontextualizadoras pedagógicas (sala de aula). (LIMA, 2012; SILVA, ALVES NETO, 2020).

9 Até o presente momento da pesquisa (setembro de 2021), foi obtido da UFC o acesso ao ementário de todos os cursos, de alguns programas de disciplinas e realizadas entrevistas com cinco docentes. Da UECE, foram obtidos alguns programas de disciplina e ementas, e dois docentes foram entrevistados.

(17)

dois conjuntos de disciplinas: as introdutórias e as aplicadas às especialização profissionais.

As ementas das disciplinas introdutórias (QUADRO 3) apresentam conteúdos sociológicos com forte grau de classificação, há uma ênfase nas teorias e métodos próprios da Sociologia, com menção à conceitos basilares e referência a autores clássicos, sobretudo, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.

Quadro 3 – Exemplos de ementas de disciplinas introdutórias

Curso/

Instituição Ementas

Administração/UFC

Os processos de transformação social. A democratização: o papel do Estado e das organizações civis. As concepções de pessoa, mundo e sociedade e as questões de poder e distribuição do trabalho. A organização social. Os meios de comunicação de massa e as tendências à globalização.

Ciências Ambientais/UFC10

Pensamento social na história. A sociologia como ciência.

Perspectivas sociológicas e construção do pensamento social.

Socialização e suas formas. Modelos sociopolíticos e processo de institucionalização.

Odontologia/UFC

Discussão epistemológica das Ciências Sociais, Sociologia.

Panorama histórico e princípios metodológicos. Principais enfoques teóricos, os três clássicos da Sociologia. Conhecendo a realidade social, especificamente no que diz respeito à Odontologia, através das categorias sociológicas.

Secretariado Executivo/UFC

Sociologia como ciência e os métodos de investigação social; O pensamento sociológico clássico: Comte, Weber, Marx e Durkheim; Conceitos sociológicos básicos: cultura e sociedade, controle, poder, trabalho e mudança social; A sociologia contemporânea (Educação ambiental, Educação em Direitos Humanos, Relações étnicas e outros temas emergentes)

Filosofia/UFC O surgimento da Sociologia no contexto das ciências modernas [...]. As teses dos autores fundantes do pensamento sociológico.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos Projetos Pedagógicos de Cursos da UFC disponíveis na página Institucional da Pró-Reitoria de Graduação (2021).

Os textos das ementas mostram que o âmbito do ensino de Sociologia é amplo pela variedade temática que pode ser trabalhada a partir dos conceitos básicos. Isto pode contribuir para que na prática a disciplina assuma a característica de formação geral com o objetivo de ampliar os horizontes intelectuais para o exercício da reflexão crítica e científica. Acredita-se que quanto mais for considerada como formação geral, a disciplina

10 Apesar das disciplinas apresentarem o mesmo código, como mostrei no Quadro 1, as ementas disponíveis em seus Projetos Pedagógicos de Curso são diferentes.

(18)

será demandada apenas de forma introdutória e os estudantes não terão acesso às contribuições sociológicas relacionadas à sua futura atuação profissional.

Por sua vez, ao analisar o teor dos relatos dos docentes e os programas de disciplina, percebe-se uma redução no grau de classificação. Mesmo quando os componentes assumem, em um primeiro momento, a característica de formação geral, há um esforço na segunda metade para relacionar os conteúdos dos dois cursos. As práticas docentes se dão da seguinte forma: buscam proporcionar discussões que possibilitem o ingresso do estudante no mundo científico, explicando o que é ciência, as proximidades e distâncias entre Ciências Humanas e Ciências Naturais e a dinâmica da pesquisa científica com o intuito de desenvolver no aluno um modo de ver e pensar diferentes do senso comum.

Para alguns docentes, esta “introdução da introdução” é realizada porque têm a sensação que “pode ser a primeira e última vez que os estudantes terão acesso a este conteúdo”.

Tem uma coisa que está o tempo todo na minha cabeça nestas turmas que é a ideia de que talvez seja a última vez na universidade que ele vá ouvir falar disso, talvez seja a única vez, então eu tento fazer da maneira mais bem feita possível [...]. É o momento em que ainda a gente pode tentar expandir a visão sobre o mundo social, antes que enveredem por um caminho mais específico.

(Docente da UFC).

Na segunda metade da disciplina, os docentes selecionam os saberes da Sociologia que geram interlocução com o outro curso, e isto ocorre de variadas formas, desde discussões teóricas sobre temas transversais às duas áreas até apresentação de seminários sobre temas afins. Neste momento, eles também mobilizam experiências que vivenciaram nas suas trajetórias acadêmicas, em consultorias, projetos de pesquisas, publicações e outras atividades que tenham afinidade com a outra área de conhecimento.

Identificou-se que os docentes reconhecem a limitação das ementas, que se executadas tal qual sua proposta podem resultar em um discurso pedagógico fortemente classificado. Um exemplo são os recorrentes comentários à certa redução do tempo de ensino sobre os autores clássicos (Marx, Durkheim e Weber), porém, isto não é regra, há casos em que os próprios coordenadores de outros cursos demandam o aprofundamento desses pensadores.

(19)

Já nas ementas das disciplinas consideradas aqui como aplicadas às especializações profissionais (QUADRO 4), o grau de isolamento da Sociologia diminui porque há uma tendência a apresentarem conteúdos dos dois campos de saber. Porém, em alguns casos, há menos referências aos conteúdos sociológicos e o predomínio de conteúdos do curso a que se destina.

Quadro 4 - Exemplos de ementas de disciplinas aplicadas às especializações profissionais

Curso/

Instituição Ementas

Publicidade e Propaganda/UFC

Teorias sociológicas. Elementos para a análise científica da sociedade: estrutura social, classes sociais, instituições e mudança social. Análise sociológica do processo de comunicação, sua determinação histórica e sua vinculação com a vida social e econômica.

Enfermagem/UFC

Perspectiva histórica da construção social dos modelos de saúde, doença e medicina. O conceito antropológico de cultura. Saúde e doença em suas interpretações culturais e sociais. Sociologia do corpo. O modelo biomédico e os novos paradigmas da saúde.

Direito/UFC

A sociedade. Os fenômenos sociais. As grandes mudanças no seio da sociedade no tempo. A sociedade tecnológica e globalizada.

Direito e sociedade. A Ciência do Direito como Sociologia.

Tipologia das relações sociais. Relações sociais e relações jurídicas. Conflitos sociais e Direito. Direito e controle social. O papel social do Poder Judiciário. Jurisprudência e mudança social.

Sociedade, movimentos sociais e processos sociais. Noções de Sociologia Jurídica: direito, justiça e conflito numa sociedade em transformação. Direito das minorias e exclusão social.

Engenharia de Produção Mecânica/UFC

Sociologia aplicada à engenharia de produção. Estratificação social. O indivíduo e a organização formal e informal. Processo de organização do trabalho frente aos novos modelos de gestão.

Mudança organizacional. Cultura das organizações. Ideologia.

Relações sindicais.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos Projetos Pedagógicos de Cursos da UFC disponíveis na página Institucional da Pró-Reitoria de Graduação (2021).

Nota-se uma demanda por aplicabilidade, que apresente abordagens específicas mais relacionadas ao outro curso. Apesar de algumas referências a subcampos da Sociologia, estes são intrinsecamente relacionados ao curso no qual ela se realiza. As práticas de ensino de tais disciplinas sofrem variações que dependem, principalmente, da formação, trajetória e abordagem do docente. Nelas, o discurso pedagógico dos outros cursos pode se apresentar fortemente classificando, tornando a Sociologia apenas um apêndice no processo de ensino.

(20)

Abordar o assunto é defrontar-se com disputas curriculares e, até mesmo, interdepartamentais que não cabem neste trabalho, mesmo assim é importante notar como os conteúdos sociológicos são inseridos em suas ementas e qual o status conferido a eles. Quando docentes de outros cursos justificam que assumem essas disciplinas porque sabem relacioná-la às demandas dos seus próprios cursos, Brunetta e Amaral (2017) afirmam que

[d]isso pode decorrer uma visão instrumental e a perda de status da Sociologia em relação aos demais campos de saber, deslegitimando-a como ciência autônoma, com saberes específicos acumulados historicamente, e que tem a tradição de estar em constante processo de autocrítica. (2017, p.62).

Desta forma, percebe-se que fora das suas fronteiras disciplinares, a seleção de conteúdos da Sociologia se dá de forma heterogênea, pois não há um modo unívoco de ensiná-la. Sua finalidade está sujeita a incorporações que envolvem os interesses dos agentes de outros campos disciplinares. Diante disso, levanta-se outro dilema: como manter o rigor científico de seus pressupostos e, ao mesmo tempo, atender as expectativas profissionais de áreas tão diversificadas? Não buscando responder esta questão, mas trazer elementos que ampliem a discussão, é apresentado a seguir os desafios e dificuldades enfrentados pelos professores e suas percepções do contato dos estudantes com a Sociologia.

Desafios e dificuldades enfrentados pelos docentes no ensino da Sociologia

Os desafios e as dificuldades do ensino de Sociologia são mais estudados por aqueles que investigam a educação básica do que a formação de nível superior. Contudo, os estudos já realizados, os relatos dos docentes entrevistados e a experiência do autor deste texto possibilitam descrever um quadro de situações presentes no cotidiano do trabalho docente que afetam diretamente o ensino da disciplina no contexto de outros campos disciplinares.

Este quadro pode ser apresentado a partir de duas perspectivas: do professor e seu trabalho pedagógico e do estudante em contato com a Sociologia. A perspectiva de ambos não está desconectada e é importante de ser compreendida de forma inter- relacionada, porque o trabalho do docente está a serviço do aluno e este tem expectativas em relação ao professor.

(21)

Os principais obstáculos enfrentados pelos docentes envolvem as questões de legitimidade, utilidade e inteligibilidade que se desdobram em percepções, comportamentos e atitudes diversas na relação professor e aluno, como foi explicado em seção anterior. Seja nas disciplinas introdutórias ou naquelas consideradas aplicadas, o ato de se deslocar dos seus departamentos de origem para lecionar a disciplina no contexto de outra área afeta o trabalho do professor por ter que realizar algum tipo de adaptação pedagógica, além de ter que selecionar conteúdos para um tempo muito reduzido de disciplina.

A pesquisa de Jesus (2017) mostra outro obstáculo: docentes que lidam com um déficit de conhecimento acerca da Sociologia entre os estudantes ingressantes nos cursos superiores, devido ao contato parcial ou à ausência da disciplina no ensino médio. Para a autora, isto leva a configurações disciplinares no ensino superior que realizam apenas uma iniciação aos conteúdos e não aprofundam as temáticas com as turmas. Por sua vez, os resultados de Jesus (2017) não pretenderam e nem podem ser generalizados, alguns docentes entrevistados nesta pesquisa, principalmente aqueles que atuam há mais de dez anos em tais disciplinas, relataram encontrar nos últimos anos mais estudantes que conhecem a Sociologia do que quando começaram a ministrar essas disciplinas. Estima- se que isso seja resultado da sua obrigatoriedade no ensino médio entre os anos de 2008 e 2017 a partir da Lei 11.684 de 200811.

Os discentes ingressantes no ensino superior reconhecem termos utilizados pelos docentes, associam conceitos basilares a autores, principalmente os clássicos Marx, Durkheim e Weber, mas não conseguem operacionalizar os conteúdos sociológicos para refletir sobre situações do seu cotidiano. Isto mostra a importância de abordagens que apresentem as contribuições dos modos de fazer sociológico também para aqueles que não serão sociólogos.

O estudo de Egreja (2016) com docentes mostra as queixas deles em relação aos discentes acerca de algumas limitações que afetam o ensino da disciplina, tais como:

fracos hábitos de leitura e escrita, dificuldades em discutir ideias, falta de cultura geral e fortes componentes de passividade e imaturidade. Apesar de saber que tais limitações não

11 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11684.htm. Acesso em:

18 set. 2021.

(22)

se reduzem apenas à disciplina Sociologia, elas revelam as expectativas dos docentes em relação às competências que pretendem encontrar ou construir em seus estudantes.

Egreja (2016) faz referência às competências almejadas por docentes: apreensão de conceitos chave da disciplina; desenvolvimento de capacidade reflexiva, crítica e analítica dos fenômenos sociais; rompimento com as explicações do senso comum;

capacidade de escrita, leitura e exposição oral; desenvolvimento de competências inter- relacionais e realização de trabalhos em grupo.

Para que os estudantes desenvolvam as competências sociológicas, os docentes entrevistados nesta pesquisa relataram que utilizam o tempo de aula também para ambientar os estudantes na dinâmica da universidade e orientá-los no que se refere ao trabalho científico, assim, eles explicam como ocorrem os rituais na universidade.

Quando eu estou fazendo todo um trabalho em torno das apresentações, da didática, da exposição oral, da maneira de se portar diante dos outros, eu tento levar também para o pessoal do bacharelado, dizendo: é assim que vocês terão que se portar diante de uma banca, em um congresso, apresentando relatório um dia, isso tem uma importância pra gente que é acadêmico. (Docente da UFC).

Alguns docentes não apresentam apenas aspectos formais da vida acadêmica, mas também realizam reflexões sociológicas sobre o ensino superior, respaldados por teóricos da Sociologia, com o objetivo de discutir a realidade dos próprios estudantes na universidade e as competências a serem adquiridas.

Procuro mostrar que nossa competência para ler, nosso desejo de ler e a nossa capacidade de ficar sentado lendo foi socialmente produzida. Eu conto os exemplos da minha própria vida: quando eu era criança, minha mãe que era do interior dizia para eu não ler muito porque senão estraga a vista, sempre tem aqueles alunos que se identificam, aí eu digo: isso nas classes médias não existe, a dinâmica é completamente inversa. Eu tento mostrar para eles como tentar escapar do que está socialmente predisposto, que a universidade, sobretudo, para os mais pobres é uma possibilidade de escapar deste destino social terrível: a reprodução da miséria. É aqui que eu entro com Bourdieu.

(Docente da UFC).

Tanto na pesquisa de Egreja (2016), como na que originou este trabalho, são pouco comuns as referências às competências específicas da atividade profissional da outra área.

Já a perspectiva dos estudantes quanto ao ensino de Sociologia é marcada por diferentes níveis de valorização. Com base em Egreja (2016), Furlin (2020), Jesus (2017) e nas entrevistas com docentes, constatou-se alguns dos aspectos mais valorizados e

(23)

menos valorizados pelos estudantes, que revelam os sentidos vivenciados nas suas experiências de estudo.

Entre os aspetos mais valorizados estão: as temáticas, sobretudo, aquelas relacionadas aos seus interesses e/ou ilustradas com exemplos práticos; a compreensão de conceitos de suas áreas específicas de forma mais ampla, relacionando diversas dimensões da vida social; novos valores na formação profissional de sujeitos que passam a ter responsabilidade com as causas sociais, os direitos humanos e a democracia. Já os aspectos menos valorizados são: o caráter teórico da disciplina e a complexidade dos conceitos; ampla quantidade de autores e perspectivas teóricas a serem estudadas; a necessidade de fazer leituras, mais ou menos extensas.

Pensando no acolhimento e nas dificuldades que a disciplina enfrenta em diferentes áreas, Furlin (2020) afirma que na área da Saúde a Sociologia e as demais Ciências Sociais têm grande importância, é um discurso que perpassa os projetos pedagógicos de curso e “tem respaldo nas práticas e discursos que dão sustentação ao Sistema Único de Saúde (SUS).” (2020, p. 16).

No que se refere aos discentes de cursos de ciências exatas e da natureza, Vieira (2004) menciona três dificuldades enfrentadas pelos estudantes destas áreas, mas que também servem para outras, quando em contato com a Sociologia:

o caráter pluriparadigmático das ciências sociais, em contraste com o sólido uniparadigmatismo que parece dominar a prática científica nas ciências exatas e naturais; a compreensão do sentido, ou seja, sobre o estatuto da subjetividade dos atores sujeitos do conhecimento, já que nas “suas” ciências não existem atores-sujeitos reflexivos; e por fim, a questão da validade dos resultados em ciências sociais e humanas, não tendencialmente universalista, como nas

“ciências duras”, mas fundamentada numa “epistemologia dos domínios de validade” de alcance mais limitado (VIEIRA, 2004, p. 145).

Quando os estudantes não compreendem as finalidades das Ciências Humanas e, também, do ensino superior, os docentes são forçados continuamente a explicar sua origem, mostrar suas contribuições e justificar seus procedimentos. A atuação do docente nesses contextos leva a uma duplo desafio: de iniciar a Sociologia para o estudante e a responsabilidade de atraí-lo para o seu ensino (JESUS, 2017).

Na perspectiva dos docentes, alguns fatores contribuem para um maior acolhimento da Sociologia entre os discentes, como o fato dos cursos compartilharem a

(24)

mesma área de estudo, assim, Serviço Social, Geografia, História e Filosofia são mais receptivos ao discurso pedagógico proferido nas disciplinas. Outro fator está relacionado ao perfil dos estudantes, a disciplina é mais acolhida por estudantes já iniciados. Devido à idade, à experiência profissional, à ambientação aos espaços da universidade ou por estarem realizando uma segunda graduação, eles compreendem melhor a “utilidade” da Sociologia.

Um aspecto de desvantagem, a longo prazo, para o estatuto epistemológico do ensino de Sociologia e para os estudantes é que essas disciplinas são assumidas, na maioria das vezes, por professores qualificados, mas cujo vínculo institucional é precário.

A precarização na qual estão submetidos e a descontinuidade não possibilitam a criação de um programa de disciplina constantemente aprimorado, nem fortalece o interlocução entre os diferentes campos disciplinares.

Considerações finais

Falar do ensino de Sociologia para quem não vai se tornar sociólogo possibilita refletir sobre suas especificidades e relevância em um contexto social mais amplo, bem como mostrar seu papel na formação de indivíduos para uma vida coletiva e na construção de sociedades democráticas. Esta percepção estava tão arraigada em sociólogos como Bernard Lahire (2014), que ele chegou a defender a oferta deste ensino ainda nas séries iniciais.

Desta forma, este trabalho procurou contribuir com estudos sobre a Sociologia na educação superior e mostrar as potencialidades educativas desta ciência. Apresentou os desafios e as dificuldades enfrentados pelos docentes e o quanto ainda é necessário discutir e problematizar sobre os dilemas que o ensino da Sociologia enfrenta quando ultrapassa suas próprias fronteiras. Apesar dos percalços, é possível perceber que os docentes se esforçam para trazer contribuições e promover o diálogo com os outros cursos. O trabalho também mostrou a importância dada pelos estudantes e as razões de tanta incompreensão por parte de outros, e como não é possível pensar o ensino superior desvinculado da educação básica.

Discutir sobre o ensino da Sociologia no contexto atual foi relevante porque o cenário das políticas educacionais está marcado por interesses neoliberais que visam promover o tecnicismo profissional. Além disso, a disciplina tem perdido espaço na

(25)

educação básica sendo considerada não obrigatória e não prioritária, a partir da Reforma do Ensino Médio e da implementação da Base Nacional Comum Curricular (LOPES, 2021), sem falar nos cortes orçamentários para as pesquisas na área de Ciências Humanas e de que, para conseguir recursos, ela precisa estar diretamente relacionada às áreas tecnológicas.

Diante disto, vários dilemas permanecem em aberto: O ensino da Sociologia deve apresentá-la por ela mesma ou mostrar sua utilidade para as outras áreas profissionais?

Qual configuração disciplinar possibilitaria manter o rigor científico e atender as expectativas das outras áreas? Como superar as dificuldades e atrair os estudantes?

Em suma, este texto procurou, ainda de forma incipiente, produzir uma Sociologia do ensino de Sociologia no nível superior considerando que este último é parte inequívoca de relações mais amplas, afinal, de acordo com Castro e Pinheiro (2019), as universidades são equipamentos educacionais que ocupam “papel central e estratégico na promoção das políticas públicas, uma vez que se destaca pela formação acadêmica, intelectual e profissional imprescindíveis ao processo de modernização e desenvolvimento de um país ou região” (2019, p.402).

Referências bibliográficas

ARROYO, Miguel. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes, 2013.

BAUMAN, Zygmunt. Para que serve a Sociologia? Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

BRAGA, R.; BURAWOY, M. Por uma Sociologia pública. São Paulo: Alameda, 2009.

BRUNETTA, Antonio Alberto; AMARAL, Letícia Hummel do. Potencialidades do ensino de Sociologia para o desenvolvimento da formação profissional em cursos de graduação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Revista Desenvolvimento, Fronteiras e Cidadania, vol.1, n.º 1, p. 56-79, jul. 2017.

CARNIEL, Fagner; RUGGI, Lennita Oliveira. De sociólogo e de louco todo mundo tem um pouco: ou porque a sociologia é a disciplina mais legal da escola. Revista Linhas, Florianópolis, v. 16, n. 30, p. 235-247, jan./abr. 2015.

CASTRO, Mário; PINHEIRO, Carlos. Sociologia e ensino superior: algumas reflexões teóricas e metodológicas. Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 50, n. 2, jul./out., 2019, p. 399–425.

EGREJA, Catarina. O ensino da sociologia em cursos superiores de outras áreas de formação: a perspectiva de docentes e diretores. Sociologia, Problemas e Práticas, nº.

82, 2016, p.125-143.

(26)

FURLIN, Neiva. A Sociologia na educação superior: sentidos produzidos nas narrativas de estudantes de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.36, e219614, 2020.

JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de. Iniciação à sociologia no ensino superior: uma observação direta em sala de aula. Cadernos da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais, vol.1, nº. 1, p. 23-34, jan./jun. 2017.

LAHIRE, Bernard. Viver e interpretar o mundo social: para que serve o ensino da Sociologia? Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 45, n. 1, p. 45-61, jan./jun. 2014.

LIEDKE FILHO, Enno D. A Sociologia no Brasil: história, teorias e desafios.

Sociologias, Porto Alegre, ano 7, nº 14, jul./dez. 2005, p. 376-437.

LIMA, Alexandre Jeronimo Correia. Teorias e métodos em pesquisas sobre ensino de sociologia. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade Estadual de Londrina, Centro de Letras e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Londrina, 2012.

LIMA, Edilene Coffaci de. Nosso conhecimento vale ouro: sobre o valor do trabalho de campo. Anuário Antropológico, Brasília, v.39, n.1, 2014.

LOPES, Francisco Willams. (Des)continuidades na política de um currículo nacional: a Sociologia nos arranjos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Brasil. Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 52, n. 1, mar./jun., 2021, p. 245–282.

MAINARDES, Jefferson; STREMEL, Silvana. A teoria de Basil Bernstein e algumas de suas contribuições para as pesquisas sobre políticas educacionais e curriculares. Revista Teias, v. 11, n. 22, mai./ago., 2010.

MARTINS, Carlos Benedito. Sociologia e ensino superior: encontro ou desencontro?

Sociologias, Porto Alegre, ano 14, n.º 29, p.100-127, jan./abr. 2012.

MEUCCI, Simone. Sociologia na educação básica no Brasil: um balanço da experiência remota e recente. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, vol. 51, n.º 3, p. 251-260, set./dez. 2015.

PERALVA, Angelina; SPOSITO, Marília. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor (Entrevista com François Dubet). Revista Brasileira de Educação, v. 5, n. 6, p. 222–231, 1997.

SANTOS, Rafael José dos. Antropologia para quem não vai ser antropólogo. Porto Alegre: Editorial Tomo, 2010.

SILVA, Ileizi; ALVES NETO, Henrique F. O processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no Brasil e a Sociologia (2014 a 2018). Rev. Espaço do Currículo (online), João Pessoa, v.13, n.2, p. 262-284, maio/ago. 2020.

ORTIZ, Renato. Sobre o trabalho intelectual. Porto Alegre: Zouk, 2021.

VIEIRA, Maria Manuel. Converter incrédulos: a Sociologia na cidade das Ciências Duras”. In: GONÇALVES, C.; RODRIGUES, E.; AZEVEDO, N. (Orgs.). Actas Sociologia no Ensino Superior: conteúdos, práticas pedagógicas e investigação. Porto, Departamento de Sociologia da FLUP, 2004. p. 137-156.

Referências

Documentos relacionados

Assim, este estudo buscou identificar a adesão terapêutica medicamentosa em pacientes hipertensos na Unidade Básica de Saúde, bem como os fatores diretamente relacionados

As informações foram sendo coletadas via observação, para que posteriormente pudesse se fazer as análises dos dados através de um paralelo com a pesquisa bibliográfica,

O teste de patogenicidade cruzada possibilitou observar que os isolados oriundos de Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Manaquiri e Iranduba apresentaram alta variabilidade

8.1.1 O upload dos documentos referentes (itens 8.2.1 ou 8.2.2, conforme o caso, e 8.2.3 ,), deverá ser realizado na página do processo seletivo - www.fgv.br/processoseletivo >

Como o processoCAC que dá suporte ao artefato se aplica a um dado segmento de negócio, escolheu-se o de produção de embalagens industriais pela importância que

As vari´aveis de entrada, definidas na especificac¸˜ao de hip´oteses s˜ao: i) a quanti- dade de votos de reviews pela quantidade total de reviews de um usu´ario; ii) a raz˜ao dos

Os mútuos arranjos das indicatrizes (tipo mosaico, tipo difusão ou tipo resíduos) caracterizados pelos padrões espaciais definidos pelos respectivos variogramas e co-variogramas

Promovida pela Fundação Stickel, a oficina “Arte: história, percepção, prática” abordou os principais conceitos e movimentos artísticos ao longo da história e contou