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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA NA ESCOLA PÚBLICA: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID DE BIOLOGIA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA NA ESCOLA PÚBLICA: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID DE BIOLOGIA PARA A FORMAÇÃO DE

PROFESSORES

André Maciel da Silva (Universidade Federal de Lavras – Bolsista PIBID)

Antonio Fernandes Nascimento Junior (Universidade Federal de Lavras – Departamento de Biologia)

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir a importância da Educação Ambiental Crítica na formação de professores e de alunos do ensino básico. A atividade fez parte do Projeto de Educação Ambiental Crítica desenvolvido pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) que foi aplicado em escolas da rede pública da cidade de Lavras-MG. O objetivo do projeto foi despertar nos professores em formação e nos alunos da escola a consciência crítica acerca da Educação Ambiental de modo que o tema trabalhado seja construído em conjunto com os alunos, deixando de lado a prática de ensino tradicional.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental Crítica, Formação de professores, Educação básica.

INTRODUÇÃO

Atualmente um dos principais fatores responsáveis pelos problemas relacionados às questões ambientais é o consumo exagerado. Um consumo em excesso, resulta numa maior produção e descarte de lixo, além da má utilização dos recursos naturais. Essa questão é justificada por Gonçalves et al. (2013). Segundo os autores, os problemas ambientais sofrem influência direta do consumismo, da produção excessiva de lixo e também do descarte incorreto, o que pode interferir no ambiente e na sociedade.

Baseando-se nessas questões, é possível dialogar com um dos temas transversais abordados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o Meio Ambiente. Tendo uma íntima relação com as Ciências Biológicas, essa proposta traz para o professor o desafio de

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sair dos limites do conteúdo científico e proporcionar uma discussão que contemple ambiente, história e sociedade.

Tendo em vista que as questões citadas são recorrentes no cotidiano dos alunos, os bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de Biologia, da Universidade Federal de Lavras - MG (UFLA), elaboraram um projeto que envolvesse tal temática, de modo a aproximar os alunos das questões ambientais e suas implicações na sociedade. Essa aproximação é defendida por Lima (2009), justificando que tal reflexão permite reconhecer os desafios socioambientais da sociedade moderna, ultrapassando um outro campo de conhecimento e colocando as relações humanas como estruturantes.

Como consequência dessa aproximação, os alunos acabam despertando uma visão crítica acerca da Educação Ambiental, uma prática que tem demonstrado um grande sucesso já que, segundo o PCN-Temas transversais (1998), perceber-se integrante e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribui ativamente para a melhoria do meio ambiente.

Uma outra preocupação do PIBID de Biologia tem relação com uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos professores na atualidade, o desafio de abandonar a prática expositivista, tendo como consequência uma aula que interesse ao aluno e traga os conteúdos à sua realidade. Nessa perspectiva, os autores Oliveira e Coutinho (2009), ressaltam que dentre os desafios para a melhoria do ensino, destaca-se o desenvolvimento de recursos didáticos capazes de instigar o interesse dos alunos para a aprendizagem e auxiliar o professor com ferramentas que busquem melhorar o processo de ensino/ aprendizagem. Com base nessa colocação, os professores devem oferecer situações que estimulem o aluno a compreender as mensagens que os desafios cotidianos elaboram.

A partir dessas afirmações, de forma a abandonar o método expositivo, os bolsistas optaram por utilizar uma metodologia investigativa, de modo a ter uma grande contribuição do aluno durante a aula. Segundo Bell et al. (1985) o avanço da investigação em ensino de ciências, se resume, essencialmente, nas ideias que os alunos possuem e não no conhecimento que não possuem. Dessa maneira, pode-se utilizar o conhecimento prévio do aluno na construção do conhecimento, tornando a atividade menos expositiva.

Outra preocupação dos bolsistas tem relação com a formação inicial de professores de forma não alienada. Essa perspectiva é relatada por Loureiro (2004) que destaca a superação das formas de alienação que sustentam a dicotomia natureza/sociedade como parte do processo de construção de uma sociedade em comunhão com as demais formas de vida. Para

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cumprir essa proposta, a Educação Ambiental Crítica é o campo teórico a partir da qual o professor irá construir sua práxis. Faz-se necessário então que o processo de formação inicial de professores de ciências e biologia, além do conhecimento científico, busque construir nos licenciandos uma visão crítica, de forma a permitir uma análise acerca do tema Meio Ambiente que não ignore o tempo e o local no qual ele se consolida.

Tendo como base essas perspectivas, o presente trabalho tem como objetivo relatar o desenvolvimento do Projeto de Educação Ambiental Crítica, ressaltando a importância da temática na formação dos alunos e também na formação inicial de professores, construindo em ambos uma visão crítica que permita sua inserção como parte do meio ambiente, possibilitando uma análise acerca do tema que não ignore o tempo e o local no qual ele se consolida.

PREPARAÇÃO E PLANEJAMENTO DO PROJETO

O Projeto de Educação Ambiental foi construído de forma a abandonar as estratégias convencionais de ensino, a prática expositivista, criando uma metodologia que tenha participação direta do aluno. Diante disso, foram realizadas discussões acerca do tema a ser tratado e da maneira que o projeto aconteceria nas escolas da rede municipal e estadual vinculadas ao PIBID.

Para iniciar a atividade, pensando na questão da regionalização que produz uma discussão crítica e na questão ambiental, ficou decidido que a reutilização de lixo reciclável seria viável para o projeto.

Durante as reuniões, foram propostas várias maneiras de utilizar a temática de reutilização de lixo reciclável dentro das escolas. Dentre elas estavam à observação crítica do próprio local de estudo (sala de aula e escola) e do caminho do aluno até a escola através de fotos que seriam tiradas pelos próprios alunos. A partir daí, surgiu à ideia de utilizar a ferramenta de redes sociais, no caso o facebook, que agrupando e disseminando as fotos tiradas pelos alunos para problematizar a questão. Tendo em vista que as redes sociais são consideradas um ambiente de aprendizagem colaborativa, segundo Minhoto e Meirinhos (2011), a escola pode tirar partido deste interesse e canalizá-lo para a aprendizagem se conseguir que, através dos serviços de redes sociais, os alunos interajam entre si e, colaborando, desenvolvam as competências previstas pelos programas das disciplinas. Com isso, foi criada uma página para o PIBID Biologia da UFLA, na qual os alunos enviariam as

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fotos no decorrer da primeira semana de atividade. As mesmas seriam agrupadas de acordo com a escola e série pelo gerenciador da página. Com essas fotos e suas respectivas legendas, poderia ser feito um concurso fotográfico para que todos os alunos tivessem um encantamento através do contato prévio com a temática ambiental urbana antes da atividade propriamente dita.

No segundo momento do planejamento foi reforçada e ajustada a elaboração da atividade. Assim, pensamos em unir as atividades que teríamos que realizar com o II Fórum de Educação Científica e Ambiental, realizado na UFLA através de uma parceria entre o Laboratório de Educação Científica e Ambiental (LECA) e o Museu de História Natural (MHN) da referida universidade, o que viabilizaria um projeto proveitoso e também de maior eficiência. O Fórum foi realizado uma semana antes do início das atividades nas escolas. Durante o Fórum foi realizada uma oficina com o tema de reutilização de embalagens, como oportunidade de familiarizar com o tema e também de preparar os bolsistas para a execução da atividade em sala de aula.

Durante o fórum, surgiram algumas ideias no sentido de utilizar a música como complemento da atividade de formação de professores. Dessa maneira, foi realizada ainda uma oficina pedagógica que contribuísse na formação para a atividade, possibilitando uma reflexão sobre o consumismo. A proposta da oficina era, através da música, refletir sobre as duas vertentes da Educação Ambiental, uma que possui um caráter conservador, que transmite conhecimentos e prega uma visão individualista do sujeito, sendo caracterizada como mecanicista. E, a outra com um caráter crítico, o que a torna transformadora, já que faz o sujeito refletir, pensar sobre seu papel, e a partir dele se colocar como atuante frente às questões ambientais, envolvendo ações coletivas. Com as oficinas e discussões, a atividade mostrou que atingiria seus objetivos, despertando o pensamento crítico nos futuros professores e colaborando na formação inicial dos mesmos, uma vez que, segundo Thomaz (2006), a Educação Ambiental deve ser abordada na formação inicial de professores, pois contribui para a formação de um educador crítico.

Outro assunto discutido durante as reuniões foi o início da problematização. A sugestão que foi dada é começar com a pergunta: Qual o problema ambiental que mais incomoda na sua região?

Assim, foram definidas as estratégias metodológicas, determinando um cronograma para a realização das atividades.

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

O projeto teve duração de três semanas e foi dividido em três momentos: ação nas salas, avaliação do projeto pelos alunos e avaliação do projeto pelos bolsistas do PIBID. Primeiro momento: ação nas salas

Inicialmente, na primeira semana de trabalho, os bolsistas do PIBID foram até as escolas vinculadas ao programa, ter uma breve conversa com os alunos, pedindo que os mesmos tirassem fotos da escola, do bairro, do caminho de casa até a escola, que mostrassem algum tipo de impacto ambiental e que representassem para eles o meio ambiente. Em seguida, deveriam anexar essas fotos na página do PIBID de Biologia, no facebook, numa tentativa de dar outra função às redes sociais, tornando-as uma ferramenta para o ensino de biologia, desmitificando a questão de serem fatores alienantes que só prejudicam o aprendizado do indivíduo. Em seguida, os bolsistas analisaram as fotos e separaram aquelas que estavam mais ligadas ao tema para serem mostradas nas salas de aula, dando início às discussões com os alunos das escolas vinculadas. No total são seis escolas, sendo estas: Escola Municipal Professor José Luiz de Mesquita, Escola Estadual Firmino Costa, Escola Estadual Dora Matarazzo, Escola Estadual Cristiano de Souza, Escola Estadual Cinira Carvalho e Escola Estadual João Batista Hermeto, todas do município de Lavras-MG.

Na segunda semana, as imagens foram projetadas na sala de aula, onde, juntamente com os alunos, foram levantadas discussões e questões acerca das condições do meio ambiente registrado nas fotos e também outras questões que não foram registradas mas que são de conhecimento dos alunos.

Dentre essas questões, foram abordadas a superprodução, a desigualdade social, a produção de lixo, a incineração do lixo, as queimadas, a poluição causada por indústrias e automóveis, a falta de tratamento de esgoto e por fim o consumismo.

Os bolsistas puderam assim chegar a um dos pontos principais do projeto, abordando as influências que o modelo econômico atual, o capitalismo, tem sobre o meio ambiente. Para chegar a tal conclusão, utilizaram as questões levantadas pelos alunos, principalmente relacionadas às grandes indústrias e o consumismo. A partir de então, foi feita a desconstrução de um objeto, neste caso, um saco plástico, de modo a chegar na matéria-prima utilizada na sua produção, podendo abordar também a exploração no trabalho.

Em seguida, foi falado novamente sobre as empresas que visam os lucros, não se preocupam com questões ambientais e constituem o topo do modelo capitalista, e que juntamente com as propagandas disponibilizadas pela mídia induzem a população ao

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consumismo. Desse modo, a primeira etapa do projeto foi terminada, partindo para a avaliação do projeto pelos alunos.

Segundo momento: avaliação do projeto pelos alunos

Ao término do primeiro momento, foi iniciada a segunda parte do projeto, ainda na segunda semana do projeto. Foi pedido aos alunos que escrevessem um relato sobre o que aprenderam, se gostaram da prática e que fizessem críticas. A avaliação é importante pois revela o que pôde ser construído com os alunos e se o objetivo foi realmente alcançado. Seguem abaixo alguns relatos. Nesses relatos, os alunos serão representados pela letra “A”.

A1: “Nesta aula aprendi, que o meio ambiente não é só floresta, rios, animais e tudo o que está ao nosso redor, por isso que gostei muito dessa aula. Ela me ensinou a importância de processarmos e cuidarmos dele da maneira correta. PIBID vocês são demais.”

A2: “Foi excelente a palestra. Muitas coisas que estão acontecendo com o mundo é por causa de nossas atitudes. São coisinhas tão pequenas que nos leva a um grande resultado. Descobrimos várias coisas.”

A3: “Eu gostei muito desse projeto porque deu pra entender o que é meio ambiente, e eu vou ajudar bastante o meio ambiente. Antes pra mim meio ambiente era árvore, mato, flores e etc. Mas é também tem mais coisas.”

A4: “Eu aprendi que não devemos sujar o meio ambiente pois ele é a nossa casa.” A5: “Eu gostei dessa atividade. Aprendi que devemos diminuir o lixo de casa reciclar os lixos.”

A6: “Eu aprendi que os desmatamento prejudica muito, e devemos reciclar e levar o lixo pra coleta seletiva e não deixar o lixo em qualquer lugar.”

Terceiro momento: avaliação do projeto pelos bolsistas

Após a realização do primeiro e segundo momento, na terceira semana de atividade, foi proposta uma avaliação para a prática. Neste terceiro momento, os bolsistas deveriam responder a questão:

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Nesta avaliação, os participantes do PIBID deveriam elaborar relatos individuais sobre o projeto, respondendo à pergunta em questão. Seguem abaixo as avaliações realizadas num período de vinte minutos. Nesses relatos, os bolsistas serão representados pela letra “P”.

P1: “A importância do projeto de educação ambiental crítica na minha formação como professor: como formador de opinião e mediador nos processos educativos, é importante despertar uma consciência das vertentes da Educação Ambiental e não só a tradicional. É importante ter consciência dos processos de produção e tudo que envolve os problemas ambientais pertinentes que muitas vezes são passados pela mídia de uma maneira deturpada.”

P2: “O projeto de Educação Ambiental proporcionou uma ampla contribuição para que eu pudesse compreender de uma forma mais aprofundada os processos industriais, trabalho e consumo e formas de descarte de lixo conscientes. Aprendi como despertar a consciência para uma educação ambiental crítica e consumo de forma mais consciente.”

P3: “O modo com que o projeto foi apresentado proporcionou discutir assuntos relacionados ao meio ambiente e como o homem interage com ele. A relação homem-natureza deve ser observada tendo como base os aspectos sociais e de forma que perpasse a ideia conservacionista. As discussões acerca da EA precisam levar em conta os diferentes agentes sociais e como as relações de poder estruturam a sociedade. Nesse sentido, a EA precisa ser considerada não só as questões ecológicas, mas também as relações socioambientais e mais do que isso, precisa estar presente na formação do professor de Ciências e Biologia.”

P4: “O projeto foi importante na formação do professor e cidadão. Pois durante as etapas foi discutido a produção excessiva de lixo, o capitalismo, como o homem influencia negativamente o ambiente e o que podemos fazer, enquanto cidadãos, para melhorar esses aspectos.”

P5: “O projeto proporcionou entender a concepção dos alunos sobre educação ambiental. A partir dessa realidade e através das metodologias utilizadas, foi possível apresentar concepções que buscam a criticidade do sujeito, contribuindo com estratégias que podem me auxiliar na minha atuação como futuro professor.”

P6: “Levando em conta que trabalhos relacionados com lixo, são geralmente trabalhados de forma não crítica, o projeto contribuiu para que a visão crítica dos alunos e nossa visão crítica como professores fosse ressaltada.”

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P7: “O projeto de EA crítica possibilitou um “fazer pensar” acerca de assuntos que nos cercam e são deixados de lado. Dessa forma, as contribuições para minha formação enquanto futura educadora foram muito significativas, auxiliando em uma prática educativa crítica-reflexiva.”

P8: “O projeto de EA crítica proporcionou modificarmos a concepção conservacionista acerca do assunto, problematizando com os alunos a ação do homem na natureza e os efeitos do consumo exacerbado em nossa sociedade, para que assim nos tornemos capazes de buscar envolver o aluno de acordo com sua realidade e de seus educadores.”

P9: “Foi possível entender a importância que existe em discutir questões da biologia relacionadas ao contexto social dos alunos, tendo em vista de que os mesmos só se tornam pensativos em relação às atividades quando conseguem se enxergar no que o professor fala. É importante formar um professor que consiga atuar de forma autônoma na sociedade e que forme alunos críticos e autônomos da mesma forma.”

P10: “O projeto possibilitou aos bolsistas a oportunidade de uso do facebook e de fotografias com os alunos nas escolas, utilizando deste modo o cotidiano dos alunos (caminho até a escola) e analisando, de forma crítica, as fotos retiradas pelos alunos nesse caminho. Assim, foi possível perceber a eficiência deste tipo de estratégia na Educação Ambiental, na medida em que os alunos se interessaram pelo projeto e conseguiram construir, junto com os bolsistas, o conhecimento que envolvia esta pratica.”

DISCUSSÃO

Segundo Macedo et al. (2008), o discurso revela a compreensão do sujeito sobre determinado contexto, no qual se evidenciam suas relações para a produção do próprio discurso. Nesse sentido, avaliando o discurso dos alunos e bolsistas, foi possível ressaltar algumas questões.

Tendo como base as avaliações dos alunos, pôde-se perceber que em grande parte delas, o aluno começou a enxergar a Educação Ambiental de forma crítica e não de forma tradicional. Utilizando as avaliações A1 e A3 como exemplo, podemos perceber claramente essa ideia, uma vez que os alunos que antes enxergavam o meio ambiente como um conjunto de fatores bióticos, agora o enxergam como um processo muito maior. Tal concepção se relaciona com a ideia de Piva (2008) dizendo que a Educação Ambiental tem como objetivo

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geral mostrar ao ser humano a complexa natureza do meio ambiente, que resulta da interação dos seus aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais.

Também foi possível perceber que os alunos começaram a se enxergar como parte do ambiente, o que muitas vezes não acontece, despertando assim maior respeito pela questão ambiental e afirmando inclusive que como parte dele, devemos cuidar melhor. Essa afirmação é sustentada pelos relatos A2, A4, A5 e A6, onde os alunos afirmam que a culpa de todos ou uma parte dos problemas ambientais é do ser humano, despertando assim a consciência crítica necessária para assumir tal fato e a autonomia de sugerir uma maneira de reduzir os impactos. Santos (2007), tem trabalhado nesse sentido. Segundo ele, é indiscutível a necessidade de conservação e defesa do meio ambiente. Para tanto, os indivíduos precisam ser conscientizados e é necessário que essa conscientização se alastre para as futuras gerações.

Partindo para a avaliação realizada pelos bolsistas, pôde-se perceber que a importância do projeto na formação do professor é contribuir para a consciência crítica podendo assim ter a bagagem necessária para discutir as questões ambientais em sala de aula. Dessa maneira, as discussões serão reflexivas, deixando o âmbito da Educação Ambiental tradicional, tornando-se críticas. Destornando-se modo, é possível reconhecer a educação ambiental e os problemas ambientais como muito mais que uma questão ecológica, e sim um problema presente na sociedade capitalista, onde os culpados estão desde a base até o ápice da pirâmide social. Esse tipo de pensamento vai de encontro com a fala de Silva e Calixto (2013), na qual eles dizem que na atualidade percebe-se que a interação da sociedade com ambiente tem sido conflituosa, onde os aspectos econômicos têm se sobreposto a qualidade de vida coletiva.

Além disso, pôde-se concluir que as redes sociais podem ser utilizadas no ensino, pois estão presentes no cotidiano do aluno e quando usadas corretamente, pode proporcionar uma atividade interativa e educativa, ao invés de alienante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os relatos dos alunos e bolsistas mostraram que a atividade foi importante, para ambos, na contribuição à consciência crítica da Educação Ambiental, especialmente no que diz respeito aos problemas sociais envolvidos nas questões ambientais.

Despertou ainda, a noção de que o ser humano pertence ao meio ambiente e atua diretamente na sua exploração e manutenção.

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Além disso, a construção do conhecimento em conjunto com os alunos trouxe uma aproximação entre professor e aluno, dando liberdade para que ambos discutam as questões em foco, contribuindo para as discussões.

Também foi possível perceber que as redes sociais podem ser importantes aliadas do ensino, principalmente por ser uma ferramenta acessível e presente no cotidiano dos alunos, desde que sejam usadas de forma consciente.

Tendo como base essas considerações, pôde-se notar que a atividade do PIBID cumpriu seu papel, uma vez que os objetivos da proposta foram atingidos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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