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AS ESTRATÉGIAS DE DIVERSIFICAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO DA RENDA RURAL FRENTE AS CATEGORIAS DE ALTA E BAIXA RENDA

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AS ESTRATÉGIAS DE DIVERSIFICAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO DA RENDA RURAL FRENTE AS CATEGORIAS DE ALTA E BAIXA RENDA

Miguel Angelo Perondi

1

; Jhuly Caroline Biava

2

; Norma Kiyota

3

; Ana Paula Schervinski Villwock

4

;

1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR; 2. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR; 3. Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR;

4. Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.

1. biava.jhuly@gmail.com; 2. perondi@utfpr.edu.br; 3. normak@iapar.br;

4. ana.agronomia@gmail.com;

Grupo de Pesquisa 07: Agricultura familiar e ruralidade

Resumo

A partir de um banco de dados sobre a renda rural dos agricultores familiares do município de Itapejara D’Oeste se fez um diagnóstico dos principais sistemas de produção frente as categorias de Alta e Baixa renda nos anos de 2005 e 2010. A principal contribuição desse trabalho é oferecer uma metodologia de tipificação dos sistemas de produção a partir do foco de 75% da renda numa determinada atividade e permitir correlacionar esses sistemas com uma categoria de renda delimitada pela técnica Bootstrap de estimativa do intervalo de um parâmetro da população. Este ensaio permitiu perceber que a estratégia de especialização cresceu em número no período considerado, bem como, que a tendência de concentração da renda coincidiu com um maior pertencimento à categoria de Baixa Renda.

Palavras-chave: Sistema de produção, categoria de renda, agricultura familiar

Abstract

From a database on rural incomes of family farmers in the municipality of Itapejara D'Oeste was made a diagnosis of the main production systems facing the categories of high and low income in 2005 and 2010. The main contribution of this research is to offer a classification methodology of production systems from the focus of 75 % of income in a given activity and allow these systems to correlate with an income category defined by the Bootstrap technique to estimate the range of a parameter of the population. This test allowed to realize that specialization strategy has grown in number over the period considered , as well as the trend of income concentration coincided with a greater belonging to the category of low income.

Key words: System of production, income category, family farm

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1. Introdução

A agricultura familiar do Brasil enfrenta um acelerado processo de modernização e mercantilização, e em reação, demonstra formas de se manter na atividade, superando suas adversidades (clima, finanças, preço, mercado, etc.), através da capacidade de diversificação das estratégias de sobrevivência à modernização. Estas estratégias vem sendo objeto de estudo, sobretudo aos olhos dos pesquisadores que buscam entender a trajetória da agricultura familiar no mundo moderno.

De acordo com Long (1986), a modernização alavancou a mercantilização, que nada mais é que a crescente orientação da produção para o mercado, para uma forma social cada vez mais subordinada e dependente do modo de produção capitalista, entretanto, para Abramovay (1992) a agricultura familiar possui um papel próprio e útil para sociedade capitalista. Segundo Ploeg (1993) é importante salientar que a inserção social e econômica da agricultura familiar, frente ao processo de mercantilização, guardam particularidades quanto ao seu formato e intensidade, reagindo de diferentes formas mediante ao processo capitalista.

Segundo Schneider (1999) nos países com agricultura moderna se percebe que a reprodução social da agricultura familiar, frente ao processo de mercantilização, se deu por sua capacidade de diversificação das fontes de renda, seja agrícola ou não, bem como, sua capacidade de adaptação aos novos contextos sociais

Um dos fatores que definem a permanência do agricultor familiar no meio rural é a renda, seja vinculada às atividades do campo (agricultura, criação, transformação) ou relacionada _às atividades não agrícolas, desenvolvidas no meio rural ou urbano. Assim, como afirma Ellis (2000), a diversidade de alternativas de renda torna a unidade de produção menos vulnerável ao mercado em situações de crise ou instabilidade financeira.

A estratégia de combinar atividades agrícolas com não-agrícolas proporciona aumento de renda e melhoria na qualidade de vida frente as poucas oportunidades que seriam proporcionadas num contexto de produtor de commodities apenas. Assim, para Schneider (2003), pluriatividade é o fenômeno através do qual membros das famílias de agricultores que habitam o meio rural optam pelo exercício de outras atividades - inclusive não-agrícolas - mantendo uma ligação (inclusive produtiva) com a agricultura e a vida no espaço rural. Além da estratégia de combinação de oportunidades intersetoriais, existe também a possibilidade de melhorar a renda via a agregação de valor pelo processo de transformação e produtos agrícolas. Neste caso, as rendas de transformação ou agregação de valor dependem diretamente da maior disponibilidade de força-de-trabalho da família.

Fruto de todas essas ameaças e oportunidades proporcionadas pela modernização

existe uma crescente dicotomia de rendas no meio rural, ou seja, observa-se que existe uma

crescente distância entre grupos de agricultores de alta e baixa renda, bem como, é cada vez

mais raro a existência de uma classe média rural. Assim, esse estudo acompanhou a trajetória

da renda de um conjunto representativo de famílias de agricultores familiares do município de

Itapejara D’Oeste nos anos 2005 e 2010 e, partindo das primeiras constatações produzidas por

Souza et al (2014) e Villwock (2015), sabe-se que neste período houve famílias que

permaneceram e outras que migraram entre as categoria de alta e baixa renda, o que nos

instiga investigar qual a relação dessas trajetórias com a estratégia de diversificação da renda.

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Portanto, o objetivo dessa pesquisa é analisar quais estratégias de diversificação ou simplificação da renda coincidem com a maior ou menor participação das famílias nas categorias de alta e baixa renda no município de Itapejara d’Oeste nos anos de 2005 e 2010.

Para tanto, procurar-se-á: (1) Calcular a renda agrícola e total no meio rural de Itapejara d’Oeste nos anos 2005 e 2010; (2) Tipificar as estratégias de renda e em conjuntos de renda diversificada e especializada; (3) Categorizar as famílias nos conjuntos de alta e baixa renda; e (4) Comparar as estratégias de diversificação com as categorias de renda.

Assim, o trabalho, a seguir, apresenta a localidade do estudo, a metodologia utilizada para definir as tipologias de renda e as categorias de renda, bem como, a análise do resultado.

2. O local representado pelo banco de dados

A pesquisa foi baseada num banco de dados que representa o meio rural de Itapejara d’Oeste, um município de 11.335 habitantes, sendo 46% rural, que se situa a 360 km da capital Curitiba e se localiza na região Sudoeste Paranaense. (IBGE, 2014).

Figura 1 - Localização geográfica do município de Itapejara d'Oeste, no estado do Paraná.

Fonte: IBGE (2014)

Essa região - Sudoeste Paranaense - foi colonizado por várias frentes de ocupação,

agregando características socioculturais, étnicas e econômicas distintas e por isso apresenta

uma predominância da agricultura familiar no seu meio rural, sendo que uma grande parte da

população urbana ainda conserva aspectos do modo de vida rural (SIMONETTI,

VILLWOCK e PERONDI, 2010). Tais diferenças foram impressas nas diferentes frentes de

ocupação que ocorreram na região Sudoeste do Paraná, mas também resultam das estratégias

de diversificação setorial e intersetorial da agricultura familiar em busca de uma renda maior

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e mais segura, do uso mais eficiente dos fatores de produção e da busca por uma maior sustentabilidade dos seus meios de vida (PERONDI, KIYOTA E GNOATTO, 2007).

A escolha do município se deve ao fato de ser característico das particularidades socieoeconômicas e agrícolas da região Sudoeste do Paraná, como a distribuição fundiária, origem étnica dos agricultores, predominância da agricultura familiar, topografia, solo e a produção de soja, milho, leite, aves e suínos.

3. Uma metodologia em construção

Esse trabalho visa avaliar a composição da renda dos agricultores familiares como forma de compreender o papel da estratégia de renda na dinâmica da inclusão/exclusão social.

O trabalho partiu da investigação sobre o banco de dados de Perondi (2007) referente ao ano agrícola de 2004/2005 e Perondi (2013) referente ao ano agrícola de 2009/2010, que por sua vez resultou da aplicação de questionários numa parcela representativa dos agricultores familiares do município em foco.

Deve-se ressaltar que o banco de dados original desse estudo contabiliza 100 agricultores familiares entrevistados no ano de 2005, entretanto, cinco famílias não mais localizadas no meio rural em 2010 e, somado ao fato de uma das entrevistas ter apresentado inconsistências de dados, assim, somente 94 famílias compuseram essa análise.

Observa-se que o banco de dados de Perondi (2007 e 2013) contém os valores do Produto Bruto (PB), que por sua vez, foi obtido da soma das receitas e autoconsumo agrícola, numa forma de cálculo obtida de Lima et al (1995) e FAO/INCRA (1999), bem como, a forma como se obteve o valor da Renda Não Agrícola (RNA) que somou todas as rendas líquidas obtidas com a prestação de serviços (sejam agrícolas ou não agrícolas), bem como, das transferências sociais.

Para a definição dos sistemas de produção e análises, foi utilizada uma metodologia adaptada de Ellis (2000), Souza et al (2014) e Villwock (2015), que neste caso se diferencia por dar foco também à agregação de valor. Desta maneira as famílias foram tipificadas segundo o critério de deter 75% do Produto Bruto Total do estabelecimento decorrente de uma das 15 composições de renda listadas a seguir, atendo-se que todos os casos fossem explicados por pelo menos uma dessas estratégias de renda nos anos 2005 e 2010, sendo elas:

1. Produção Vegetal (V): Produto Bruto (PB) de hortaliças, frutas, grãos e legumes;

2. Produção Animal (A): PB de bois, touros, vacas, novilhas, bezerros, frangos, suínos, cavalos, peixes, cabras e ovelhas, venda de leite e ovos;

3. Produção de Transformações (T): PB de vinho, doces, melado, iogurte, banha, salame e queijo;

4. Renda Não-Agrícola (RNA): aposentadoria, pensões e transferências sociais, arrendamento de terras, aluguéis, rendas de poupança, dinheiro recebido de familiares, doações, aplicações, rendas obtidas fora da unidade de produção e procedente de uma atividade interna ao setor agropecuário e rendas de atividades não agrícola;

5. V+A: PB das atividades de produção vegetal e animal;

6. V+T: PB das atividades de produção vegetal e transformações;

7. V+RNA: PB das atividades de produção vegetal e RNA;

(5)

 

8. A+T: PB das atividades de produção animal e transformações;

9. A + RNA: PB das atividades de produção animal e RNA;

10. T + RNA: PB das atividades de transformações e RNA;

11. V+A+T: PB das atividades de produção vegetal, animal e transformações;

12. V+A+RNA: PB das atividades de produção vegetal, animal e RNA;

13. V+T+RNA: PB das atividades de produção vegetal, transformações e RNA;

14. A+T+RNA: PB das atividades de produção animal, transformações e RNA;

15. V+A+T+RNA: PB das atividades de produção vegetal, animal, transformações e RNA.

A seguir, o trabalho procurou caracterizar a dicotomia da renda rural com as categorias de alta e baixa renda numa distribuição anormal e capturada pela técnica Bootstrap de estimativa do intervalo de um parâmetro da população (CYMROT E RIZZO, 2006).

Segundo Souza et al (2014) e Villwock (2015) a técnica Bootstrap permite visualizar e entender quais são as principais classes de renda e, nesse caso, percebeu-se que praticamente não existe uma classe intermediária de renda dentro desse grupo de famílias como Ellis (2000) encontrou. Sendo assim, foram pautadas somente duas categorias distintas, utilizadas neste trabalho: (1) Baixa Renda, as famílias que apresentaram renda abaixo da mediana; (2) Alta Renda, as famílias que apresentaram renda acima da mediana.

A renda total das 94 famílias foi analisada em ambos os anos, segundo as categorias de alta e baixa renda. Em 2005, 45 destas famílias se enquadraram na categoria de Alta Renda e 49 famílias na categoria de Baixa Renda, enquanto que, em 2010, 29 famílias se enquadraram na categoria de Renda Alta e 65 famílias na categoria de Renda Baixa. O valor limítrofe dessas categorias foi de R$ 21.596,90 em 2005 e R$ 47.947,00 em 2010, conforme dados de Villwock (2015).

2005 2010

Figura 2. Distribuição da frequência da renda total em salários mínimos para os anos 2005 e 2010, do município de Itapejara d’Oeste – PR. Fonte: VILLWOCK (2015).

A Figura 1, apresentada por Villwock (2015) em pesquisa sobre as estratégias de renda com o mesmo banco de dados dessa pesquisa, utilizou a técnica Bootstrap para evidenciar a presença dos dois grandes grupos - alta e baixa renda - para os anos 2005 e 2010. Os gráficos estão distribuídos pelo número de salários mínimos

1

que a família recebeu naquele ano.

                                                                                                                         

1

O salário mínimo considerado em 2005 foi de R$ 360,00/mês e em 2010 foi de R$ 510,00/mês.

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É importante ressaltar que para fins de comparação, os valores econômicos de 2005 foram corrigidos a partir do Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) para julho de 2010, disponível no site do Banco Central (BACEN), utilizando com o fator: 1,2713708.

É válido enfatizar que no ano de 2005, uma seca severa atingiu a região Sudoeste do Paraná, fazendo com que houvesse uma alteração brusca na renda total dos agricultores. Já para o ano de 2010, os resultados de safra foram favorecidos pelo regime normal de chuvas e preços bons para a venda da safra.

4. Trajetória da diversificação e das categorias de renda

A Tabela 1, a seguir, apresenta as 15 composições de renda observadas em 2005 e 2010 que, por sua vez, foram agrupadas entre as estratégias de especialização e diversificação da renda. Neste ínterim, observa-se que o número de famílias com renda diversificada em duas ou mais rendas reduziu de 70 em 2005 para 56 em 2010, enquanto que o número de famílias especializadas em uma renda aumentou de 24 para 38 famílias, um aumento de 50%.

Tabela 1. Número de famílias e as respectivas composições de renda que explicam 75% do Produto Bruto Total das famílias em 2005 e 2010.

Famílias 2005 2010

1. Prod. Vegetal (V): 9 13

2. Prod. Animal (A): 10 15

3. Transformações (T): 1 1

4. Renda Não Agrícola (RNA): 4 9

SUBTOTAL ESPECIALIZADO 24 38

5. V+A: 30 28

6. V+T: 4 1

7. V+RNA: 8 7

8. A+T: 1 0

9. A+RNA: 11 12

10. T+RNA: 1 1

11. V+A+T: 5 1

12. V+A+RNA: 6 3

13. T+V+RNA: 3 2

14. T+A+RNA: 1 0

15. V+A+T+RNA: 0 1

SUBTOTAL DIVERSIFICADO 70 56

TOTAL 94 94

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Perondi (2007) e Perondi (2013).

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Na Tabela 1, também se observa que no grupo de famílias especializadas havia nove famílias cuja renda era oriunda apenas da produção vegetal em 2005 e 13 em 2010. O mesmo ocorria com10 famílias em relação à produção animal em 2005 e 15 em 2010. Foi encontrada apenas uma família especializada em transformação em 2005 e 2010, quatro famílias em renda não agrícola (RNA) em 2005 e nove em 2010.

No grupo de famílias diversificadas havia 30 famílias cuja estratégia era aliar a produção vegetal + animal em 2005, que passou a ter 28 famílias em 2010. Pode-se afirmar que esse grupo foi destaque nos dois momentos de estudo do projeto (2005 e 2010), sendo a categoria que possui o maior número de famílias trabalhando nessa atividade. Isso ocorre desde a colonização realizada por familiares de imigrantes europeus oriundos dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina que, tradicionalmente, conciliavam a produção animal e vegetal. Como exemplo disso, pode-se citar o caso do binômio grãos e leite, já que o Sudoeste do Paraná é reconhecido como grande produtor de soja/milho e possui a maior bacia leiteira do Estado.

As famílias diversificadas em produção vegetal + transformações passaramu de quatro famílias em 2005 para apenas uma família em 2010.

No caso da composição de produção vegetal + RNA, eram oito famílias em 2005 e sete famílias em 2010; na produção animal + transformações, encontrou-se apenas uma família no ano de 2005 e nenhuma em 2010; na produção animal + RNA eram onze famílias em 2005 e passou a ser doze famílias em 2010; e na transformação + RNA, foi encontrada uma família em 2005 e 2010.

No caso de produção vegetal + produção animal + transformações, foram encontradas cinco famílias em 2005 e esse número reduziu para apenas uma família em 2010. Na produção vegetal + produção animal + RNA, das seis famílias que tinha essa estratégia de renda em 2005, somente três famílias a adotaram em 2010. Na produção vegetal + transformação + RNA, enquanto havia três famílias em 2005 passou a existir duas famílias em 2010. E no caso de transformação + produção animal + RNA, de uma família em 2005 passou a nenhuma família em 2010.

Por fim, foi encontrada uma família com uma estratégia muito diversificada em 2010, que não ocorria em 2005, no caso, aliar produção vegetal + produção animal + renda de transformações + RNA.

A seguir é apresentada a Tabela 2 em que os subgrupos de famílias especializados e diversificados foram contrapostos com as categorias de Alta e Baixa Renda.

 

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Tabela 2. Número de famílias de baixa e alta renda e suas respectivas composições de renda em 2005 e 2010.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Perondi (2007) e Perondi (2013).

De modo geral, observa-se na Tabela 2, que em 2005, 52% das famílias foram consideradas de Baixa Renda e 48% foram consideradas de Alta Renda. Já em 2010, 69% das famílias foram classificadas como Baixa Renda e apenas 31% como Alta Renda.

No primeiro grande grupo de famílias com renda especializada, observa-se que grande parte das especializações acontece na produção animal e ou vegetal, somente um caso em transformações e uma pequena parte em renda não agrícola.

Desse primeiro grande grupo, havia em 2005 um número de dez famílias especializadas na produção animal ou vegetal que pertencia à categoria de Baixa Renda e

nove em Alta Renda, mas, no ano 2010 foram encontradas 20 famílias na categoria de Baixa Renda e somente oito em Alta Renda. Neste ínterim, observa-se que o

único caso de uma estratégia especializada em transformações coincide em ambos os anos com a categoria de Alta Renda.

Nº Famílias 2005 Nº Famílias 2010

Baixa renda Alta renda Baixa renda Alta renda

Prod. Vegetal 6 3 9 4

Prod. Animal 4 6 11 4

Transformações 0 1 0 1

RNA 1 3 7 2

SUBTOTAL ESPECIALIZADO 11 13 27 11

V+A 18 12 20 8

V+T 2 2 0 1

V+RNA 2 6 4 3

A+T 1 0 0 0

A+RNA 4 7 10 2

T+RNA 1 0 1 0

V+A+T 4 1 0 1

V+A+RNA 3 3 1 2

T+V+RNA 2 1 1 1

T+A+RNA 1 0 0 0

V+A+T+RNA 0 0 1 0

SUBTOTAL DIVERSIFICADO 38 32 38 18

TOTAL 49 45 65 29

(9)

 

Já no caso das famílias especializadas em Rendas Não Agrícolas (RNA), foram encontradas quatro famílias em 2005 e nove em 2010, sendo que no primeiro ano, uma delas se encontrava na categoria de Baixa Renda e as outras três em Alta Renda, mas, sete famílias passaram a contar na categoria de Baixa Renda e somente duas famílias em Alta Renda em 2010. Neste caso, é perceptível uma mudança abrupta da expressão dessa estratégia de especialização na RNA, pois, o aumento do uso dessa estratégia inverteu sua expressividade anterior em Alta Renda para ser maior na categoria de Baixa Renda em 2010. Esse fenômeno reforça a ideia de que os pobres do campo lançam mão de estratégias não agrícola para sobreviver e consolidam um número maior de residentes rurais com atividade não agrícola.

Entretanto, é importante salientar que Villwock (2015) contatou que apesar das famílias com especialização em RNA pertencerem a categoria de Baixa Renda, a renda total dessas famílias aumentou consideravelmente entre 2005 e 2010.

No segundo grande grupo de famílias com renda diversificada foram encontrados 38 casos na categoria de Baixa Renda e 32 em Alta Renda em 2005, o que totaliza 70 casos. Já no ano de 2010, foram encontrados 38 casos na categoria de Baixa Renda e somente 18 na categoria de Alta Renda, ou seja, somente 56 casos permaneceram com a renda diversificada.

Em outras palavras, percebe-se claramente que a estratégia de especialização cresceu em número, de 24 para 38 casos entre 2005 e 2010, e a estratégia de diversificação reduziu de 70 para 56 casos. Entretanto, existe em 2010 uma proporção muito maior de famílias especializadas na categoria de Baixa Renda que havia em 2005. Assim, presume-se que a concentração da renda em uma só atividade coincide com a maior presença de famílias na categoria de Baixa Renda. Corroborando com a discussão, Villwock (2015) afirma que a concentração de renda das famílias que eram oriundas de uma atividade e compunham o grupo de baixa renda, eram as que detinham baixa quantidade de terra e mão de obra.

Portanto, procurar-se-á na Figura 2, a seguir, visualizar qual a trajetória das famílias que permanecem e migram entre as categorias de Alta e Baixa Renda, ao mesmo tempo, em que transitam entre ter uma estratégia de renda diversificada ou especializada.

A A B A

2005 2010 2005 2010

ESP. 6 7 ESP. 2 4

DIV. 11 10 DIV 10 8

TOTAL: 17 FAMÍLIAS TOTAL: 12 FAMÍLIAS

A B B B

2005 2010 2005 2010

ESP. 7 10 ESP. 9 17

DIV 21 18 DIV 28 20

TOTAL: 28 FAMÍLIAS TOTAL: 37 FAMÍLIAS

Figura 3. Quadrante representativo da trajetória do número de famílias especializadas e diversificadas segundo o pertencimento às categorias de Alta e Baixa Renda.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Perondi (2007) e Perondi (2013).

 

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A Figura 3 acima está dividida em quatro cenários. O primeiro quadrante apresenta as famílias que permaneceram na categoria de Alta Renda nos anos 2005 e 2010, simbolizadas por AA. O segundo quadrante, no sentido horário, descreve as famílias que passaram da categoria de Baixa Renda para Alta Renda, simbolizadas por BA. O terceiro quadrante descreve as famílias que permaneceram na categoria de Baixa Renda em ambos os anos, simbolizadas por BB e o último quadrante descreve a trajetória das famílias que passaram da categoria de Alta Renda para Baixa Renda, simbolizadas por AB.

O primeiro quadrante AA representa a trajetória comum de 17 famílias que em 2005 eram seis delas especializadas e 11 diversificadas e em 2010 foram encontradas sete especializadas e 10 diversificadas. O segundo quadrante BA representa a trajetórias de 12 famílias, que em 2005 eram duas especializadas e 10 diversificadas e em 2010 foram encontradas quatro especializadas e oito diversificadas. O terceiro quadrante BB representa a trajetória de 37 famílias, que em 2005 eram nove especializadas e 28 diversificadas e em 2010 foram encontradas 17 especializadas e 20 diversificadas. O quarto quadrante AB representa a trajetória de 28 famílias, sete especializadas e 21 diversificadas em 2005e 10 especializadas e 18 diversificadas em 2010.

Pode-se observar na trajetória das 94 famílias que existe dois grandes cenários: um positivo, quando a família se manteve na categoria de alta renda ou quando se inseriu nele.

Um segundo cenário negativo, quando a família não saiu da categoria de Baixa Renda ou quando passou a pertencer.

O primeiro cenário otimista contém 29 famílias e suas trajetórias denotam uma migração tênue entre ser especializado e diversificado, visto que somente três famílias fizeram a opção pela especialização.

O segundo cenário pessimista contém 65 famílias e suas trajetórias denotam uma forte migração do sentido da renda diversificada para ser especializada, visto que onze famílias fizeram a opção pela especialização, quase o dobro percentual do grupo anterior. Parte deste fenômeno pode ser explicado pela diminuição da disponibilidade da mão de obra, pois como já foi apontado em Kiyota et al (2012), que analisou os mesmos bancos de dados, em 2005 encontrou a média de 3,47 UTH total por família e 2,48 em 2010, ou seja uma redução média de uma UTH por família em cinco anos.

5. Considerações Finais

Este ensaio permitiu perceber que a estratégia de especialização cresceu em número no período considerado, bem como, que a tendência de concentração da renda coincidiu com um maior pertencimento à categoria de Baixa Renda.

Também foi possível perceber a existência de dois grandes cenários: um positivo,

quando a família se manteve na categoria de Alta Renda ou quando nela se inseriu, bem

como, um cenário negativo, quando a família não se emancipou da categoria de Baixa Renda

ou quando deixou de pertencer a categoria de Alta Renda. Neste caso, observou-se uma

migração tênue de especialização das famílias que pertencem ao cenário positivo e o dobro

percentual de famílias que especializam a renda ao mesmo tempo que permanecem ou passam

a pertencer a categoria de Baixa Renda.

(11)

 

As atividades que tendem a dar maior retorno na renda, são aquelas mais intensivas em mão de obra, isto é que demandam maior quantidade de UTH. Assim, a redução da disponibilidade de mão de obra teve como consequência a especialização e esta se concentrou em atividades mais extensivas, fazendo com que muitas famílias tivessem um redução significativa de renda.

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Referências

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