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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 3ª Vara Federal de Curitiba

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Academic year: 2021

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Avenida Anita Garibaldi, 888, 4º andar ­ Bairro: Cabral ­ CEP: 80540­400 ­ Fone: (41)3313­­1751 ­ www.jfpr.jus.br ­ Email: prctb03dir@jfpr.jus.br

AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 5058653­82.2015.4.04.7000/PR

AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RÉU: CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA ­ 9ª REGIÃO/PR RÉU: CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

SENTENÇA

1.  Trata­se  de  ação  civil  pública  movida  pelo  Ministério  Público  Federal  em face  dos  réus  acima  mencionados,  cujo  escopo  é  fazer  cessar  a  diferenciação  entre  os licenciados e bacharéis em educação física para fins de exercício profissional.

Em  síntese,  defendeu  a  ilegalidade  das  restrições  administrativas,  estipuladas mediante  resoluções,  ao  exercício  da  atividade  de  educação  física  ­  eis  que  a  lei  não  prevê essas hipóteses. Assim, estaria havendo atentado ao livre exercício profissional.

Disse estarem presentes os requisitos para concessão de tutela antecipada.

Juntou documentos, e requereu:

Diante do exposto, o Ministério Público Federal requer: 

a)  a  concessão  de  tutela  antecipada,  inaudita  altera  pars,  determinando­se  ao  Conselho Regional de Educação Física da 9ª Região – CREF9/PR que suspenda a prática de atos que possam restringir a atuação dos profissionais licenciados em Educação Física, em especial, que  efetive  a  supressão  da  anotação  “Atuação:  Educação  Básica”,  sob  pena  de  multa pecuniária diária. 

b)  a  citação  dos  réus,  pelos  seus  representantes  legais,  para,  querendo,  responderem  a presente ação, sob pena de revelia; 

c) a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, não obstante a inicial já esteja instruída com provas pré­constituídas no Inquérito Civil Público n. 1.25.008.000837/2012­04;

d) a dispensa do pagamento de custas e emolumentos e outros encargos, em vista do disposto no artigo 18 da Lei n. 7.347/85; 

e)  a  condenação,  em  caso  de  descumprimento  das  obrigações  contidas  no  provimento  final, com fulcro no artigo 11 da Lei n. 7.347/85, em multa a ser fixada pelo prudente arbítrio desse respeitável Juízo Federal;

f) a declaração da ilegalidade e inconstitucionalidade do artigo 3° da Resolução do Conselho Federal  de  Educação  Física  (CONFEF)  em  afronta  aos  preceitos  da  Lei  9.696/1998  e  aos artigos  5º,  inciso  XIII,  e  22,  inciso  XVI,  da  Constituição  Federal.  g)  a  condenação  do Conselho Regional de Educação Física da 9ª Região – CREF9/PR a descontinuar a restrição na  atuação  dos  profissionais  licenciados  em  Educação  Física  e,  em  especial,  que  efetive  a supressão da anotação “Atuação: Educação Básica” da Cédula de Identidade Profissional. 

Deu à causa o valor de R$ 1.000,00(um mil reais).

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 3ª Vara Federal de Curitiba

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2. Indeferido o pedido de tutela antecipada, e determinada a citação dos réus.

3.  Devidamente  citado  o  CONSELHO  FEDERAL  DE  EDUCAÇÃO  FÍSICA contestou a ação(evento 11).

Em preliminares, sustentou a ilegitimidade passiva.

No mérito, defendeu a diferenciação, sob o argumento de exercício de dever de polícia, e das peculiaridades da formação de cada profissional.

Juntou documentos, e requereu:

Protesta  por  todas  as  provas  em  Direito  permitidas  e  a  vista  do  exposto,  espera  a  sua acolhida por ser de Direito e Justiça, seja julgada improcedente a Ação, com a condenação do Autor nas custas, verbas honorárias, cumpridas as necessárias formalidades legais.

4. Devidamente citado, o CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 9ª REGIÃO/PR contestou a ação.

Em preliminares, sustentou a ocorrência de coisa julgada.

No mérito defendeu as restrições e diferenciações, tendo em vista a formação de cada profissional.

Juntou documentos, e requereu:

Diante do exposto, requer­se a Vossa Excelência: 

a)  PRELIMINARMENTE,  requer  a  extinção  do  processo  sem  julgamento  de  mérito,  nos termos  do  art.  267,  inciso  V  (Coisa  Julgada)  do  Código  de  Processo  Civil,  conforme  ora exposto. 

b)  No  MÉRITO,  a  total  improcedência  da  presente  ação,  condenando  o  Ministério  Público Federal nas custas e despesas processuais e honorários advocatícios; 

c) A declaração confirmando a área de atuação de cada curso, Licenciatura e Bacharelado, conforme  as  Resoluções  do  Conselho  Pleno  do  Ministério  da  Educação,  bem  como  da  Nota TécnicaExplicativa da área de atuação, demais legislação em vigor e vasta jurisprudência; 

d) A declaração de que o CREF9/PR agi dentro da estrita legalidade no exercício do Poder de  Polícia  atribuído  constitucionalmente,  não  praticando  qualquer  ato  ilegal  e/ou inconstitucional; 

e)  A  declaração  da  área  de  atuação  a  qual,  cada  profissional  está  apto  a  exercer  a  sua profissão  no  campo  da  Educação  Física,  em  conformidade  com  sua  formação  profissional (Bacharel ou Licenciatura); 

f)  Protesta­se  o  alegado  por  todos  os  meios  de  prova  admitidos  em  direito,  especialmente  a prova documental.

5. Houve réplica(evento 22).

6. Vieram conclusos para sentença em 03/02/2016.

Fundamentação Preliminares Coisa Julgada

Pessoalmente, entendo que, de fato, não haveria legitimidade da DEFENSORIA PÚBLICA FEDERAL para ajuizamento de ações civis públicas fora do âmbito de proteção

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FEDERAL quando defende direito individual de parte específica(o que é comum em ação de medicamentos). 

De todo modo, a discussão teria de ser veiculada nos autos da primeira ação, e não nesta. Julgado o mérito da outra ação, aqui cumpre apenas verificar em que limite a coisa julgada se dá ­ e para tal, existe o art. 16 da Lei 7.347/1985:

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do  órgão  prolator,  exceto  se  o  pedido  for  julgado  improcedente  por  insuficiência  de  provas, hipótese  em  que  qualquer  legitimado  poderá  intentar  outra  ação  com  idêntico  fundamento, valendo­se de nova prova.     (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)

A  sentença  anterior,  nos  autos    5045341­44.2012.4.04.7000  não  foi  por insuficiência de provas, mas adentrou o mérito ­ como se verifica:

Dispõe o art. 5º, XIII, da Constituição da República:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo­se aos brasileiros  e  aos  estrangeiros  residentes  no  País  a  inviolabilidade  do  direito  à  vida,  à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

XIII ­ é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Assim, a lei pode determinar limites à liberdade para o exercício de profissão.

Dito  isso,  verifico  que  a  profissão  de  educação  física  foi  regulamentada  pela  Lei  9696/98.

Segundo os artigos 1º e 2º de referida lei:

Art.  1º  O  exercício  das  atividades  de  Educação  Física  e  a  designação  de  Profissional  de Educação  Física  é  prerrogativa  dos  profissionais  regularmente  registrados  nos  Conselhos Regionais de Educação Física.

Art.  2º  Apenas  serão  inscritos  nos  quadros  dos  Conselhos  Regionais  de  Educação  Física  os seguintes profissionais:

I ­ os possuidores de diploma obtido em curso de Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhecido;

II  ­  os  possuidores  de  diploma  em  Educação  Física  expedido  por  instituição  de  ensino superior estrangeira, revalidado na forma da legislação em vigor;

III  ­  os  que,  até  a  data  do  início  da  vigência  desta  Lei,  tenham  comprovadamente  exercido atividades próprias dos Profissionais de Educação Física, nos termos a serem estabelecidos pelo Conselho Federal de Educação Física.

Deste modo, para o exercício de atividades relacionadas à prática de educação física, faz­se necessária  a  conclusão  de  curso  superior  na  área  e  inscrição  junto  ao  Conselho  Regional respectivo.

A Lei 9394/96, ao tratar dos cursos superiores, estabelece distinção entre cursos destinados à formação  superior  em  graduação,  também  denominado  bacharelado  (art.  44,  II),  e  os destinados  à  licenciatura  (art.  62),  sendo  tal  distinção  também  aplicada  aos  profissionais  da área de educação física.

A  diferença  entre  licenciatura  e  bacharelado  no  âmbito  da  educação  física  é  tratada  na Resolução  n.  7/2004  do  Conselho  Nacional  de  Educação.  Dispõe  o  art.  4º  de  referida resolução:

Art.  4º  O  curso  de  graduação  em  Educação  Física  deverá  assegurar  uma  formação generalista,  humanista  e  crítica,  qualificadora  da  intervenção  acadêmico­profissional, fundamentada no rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética.

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§1º  O  graduado  em  Educação  Física  deverá  estar  qualificado  para  analisar  criticamente  a realidade  social,  para  nela  intervir  acadêmica  e  profissionalmente  por  meio  das  diferentes manifestações  e  expressões  do  movimento  humano,  visando  a  formação,  a  ampliação  e  o enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e saudável.

§2º  O  Professor  da  Educação  Básica,  licenciatura  plena  em  Educação  Física,  deverá  estar qualificado  para  a  docência  deste  componente  curricular  na  educação  básica,  tendo  como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como as orientações específicas para esta formação tratadas nesta Resolução.

Destarte, verifica­se que bacharelado e licenciatura são formações distintas, tendo cada qual seu âmbito próprio de atuação.

Dito  isso,  os  licenciados  em  educação  física  não  podem,  portanto,  exercer  atividades privativas de bacharel em educação física sem prévia formação específica.

Neste sentido, colaciono os seguintes precedentes:

MANDADO  DE  SEGURANÇA.  ENSINO  SUPERIOR.  EDUCAÇÃO  FÍSICA.

LICENCIATURA  E  BACHARELADO.  ÁREA  DE  ATUAÇÃO.  REGULAMENTAÇÃO.  1.  As resoluções  questionadas  nada  mais  são  do  que  exercício  do  poder  regulamentar,  não incorrendo  em  limitação  ao  exercício  profissional,  posto  que  a  limitação  foi  estabelecida  na Lei  9.394/96,  quando  diferenciadas  as  áreas  de  atuação.  2.  Os  cursos  de  bacharelado  e licenciatura  plena  foram  ofertados  conjuntamente  até  15/10/2005,  a  partir  dessa  data  os cursos de Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em Educação Física passaram a constituir  graduações  diferentes.  3.  O  curso  superior  na  modalidade  de  licenciatura  visa apenas  à  formação  de  docentes  para  atuarem  na  educação  básica,  não  habilitando  o profissional  para  o  exercício  outras  atividades  na  área.  4.  Para  averiguar­se  a  habilitação profissional  não  basta  o  cumprimento  de  carga  horária  superior  ao  limite  mínimo estabelecido,  é  necessário  comprovar­se  que  a  grade  curricular  cursada  corresponde  às diretrizes  fixadas  e  ao  perfil  exigido  do  profissional.  5.  Apelação  improvida.  (TRF4,  AC 5012813­88.2011.404.7000,  Terceira  Turma,  Relator  p/  Acórdão  Fernando  Quadros  da  Silva, D.E. 21/06/2012) (Sem destaque no original)

AGRAVO  DE  INSTRUMENTO.  ADMINISTRATIVO.  PROCESSO  CIVIL.  ANTECIPAÇÃO

DE  TUTELA.  ATIVIDADE  PROFISSIONAL.  VEROSSIMILHANÇA.  NÃO­

COMPROVAÇÃO. 1. O deferimento da antecipação da tutela é cabível quando os requisitos legais  autorizadores  ­  verossimilhança  do  direito  alegado  e  perigo  na  demora,  consoante  se depreende da leitura do art. 273, caput e inc. I, do CPC, estejam comprovados de plano. 2. O título  em  Educação  Física  ­  Licenciatura  admite  apenas  que  o  profissional  ministre  aulas na  educação  básica,  sendo  necessário  o  título  de  bacharel  para  o  exercício  de  outras atividades.  (TRF4,  AG  5001697­02.2012.404.0000,  Quarta  Turma,  Relator  p/  Acórdão  Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 25/04/2012) (Sem destaque no original)

Deste  modo,  ausente  o  fumus  boni  iuris  necessário  para  a  concessão  da  medida  liminar pleiteada.'

Como  bem  ressaltado,  ainda,  no  parecer  ministerial,  à  vista  das  diferenças  substanciais quanto  à  duração  mínima  e  quanto  ao  conteúdo  curricular  de  cada  curso,  não  há  direito  do graduado em licenciatura em obter o registro perante o Conselho Profissional na categoria de bacharel  ou  licenciatura  plena,  uma  vez  que  a  inscrição  do  profissional  no  respectivo Conselho deve ser de acordo com a sua formação.

POR TAIS FUNDAMENTOS, julgo improcedente o pedido.

Deixo de condenar a autora ao pagamento de honorários e custas processuais, nos termos do art. 18 da Lei n° 7.347/85.

Publique­se. Registre­se. Intimem­se.

Logo, não há como fugir da coisa julgada. Aponto, aliás, que o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL participou da ação, e não interpôs recurso da sentença.

Dispositivo

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5058653­82.2015.4.04.7000 700003039435 .V2 MHZ© MHZ

Decreto a extinção do feito sem resolução de mérito, em razão da coisa julgada nos autos 5045341­44.2012.4.04.7000(art. 485, V, do CPC).

Sem custas e sem honorários(art. 18 da Lei 7.347/1985).

Publique­se. Registre­se. Intimem­se.

 

 

Documento eletrônico assinado por MARCUS HOLZ, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento  está  disponível  no  endereço  eletrônico  http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,  mediante  o preenchimento do código verificador 700003039435v2 e do código CRC 2a29b302. 

 

Informações adicionais da assinatura: 

Signatário (a): MARCUS HOLZ  Data e Hora: 01/03/2017 15:11:31   

 

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