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UMA CAMPANHA E SUAS PUBLICAÇÕES: A CADES E A REVISTA ESCOLA SECUNDÁRIA

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Academic year: 2021

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UMA CAMPANHA E SUAS PUBLICAÇÕES: A CADES E A REVISTA ESCOLA SECUNDÁRIA

Ivete Maria Baraldi, UNESP, ivete.baraldi@fc.unesp.br1 Rosinéte Gaertner, FURB, rogaertner.gmail.com2

RESUMO

A Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário – CADES – foi criada no governo de Getúlio Vargas a partir do Decreto nº 34.638, de 14 de novembro de 1953. Tinha como objetivo difundir e elevar o nível do ensino secundário, tornando a escola secundária eficaz e acessível. Para atingir esse objetivo, uma das ações realizadas foi a publicação de periódicos e manuais destinados à formação dos professores. A Revista Escola Secundária foi uma das publicações da Campanha e, neste trabalho, serão abordados alguns de seus aspectos, principalmente sobre os referentes às orientações para o ensino da matemática.

Palavras chave: Ensino de Matemática, CADES, Revista Escola Secundária.

ABSTRACT

The Campaign for the Improvement of Secondary Education and Dissemination - CADES – was created in the government of Getulio Vargas from Decree No. 34638 of November 14, 1953. Aimed to disseminate and raise the level of secondary education, making the school effective and affordable. To achieve this goal, one of the actions taken was the publication of periodicals and manuals for the training of teachers. The Revista Escola Secundária was one of the publications of the Campaign, this work will be addressed some of its aspects, especially on the on the guidelines for the teaching of mathematics.

Keywords: Mathematics Teaching, CADES, Revista Escola Secundária.

1 – Introdução

Este trabalho é parte resultante de uma pesquisa em História da Educação Matemática, cujo objetivo era o de investigar a CADES (Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário), utilizando tanto a história oral quanto a pesquisa bibliográfica e documental.

1 Professora do Departamento de Matemática – Faculdade de Ciências – UNESP – Bauru – SP. Orientadora nos programas de Pós Graduação em Educação Matemática – UNESP de Rio Claro e em Educação para Ciências – UNESP de Bauru.

2 Professora e Orientadora do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática – FURB – Blumenau – SC.

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Essa pesquisa surgiu após nossos trabalhos de doutoramento, Baraldi (2003) e Gaertner (2004), pois percebemos que, embora tivéssemos trabalhado com professores de matemática de duas regiões bastante distintas de nosso país (Bauru – interior do Estado de São Paulo e Blumenau – interior de Santa Catarina), eles (professores) receberam a mesma formação inicial remedial – que, muitas vezes, procurava apenas regulamentar uma prática docente que já existia – nas décadas de 1950 e 1960, por meio da CADES:

Campanha de Aperfeiçoamento e Desenvolvimento do Ensino Secundário.

Embora em Baraldi (2003) possa ser encontrada uma discussão sobre a CADES, ainda esta Campanha se mostrava bastante desconhecida, pois é pouco explorada no contexto da história da educação brasileira.

Dessa maneira, de total desconhecida à multifacetada, a CADES mostrou-se como um importante veículo dos ideais da época no que diz respeito à formação de professores e uma maneira dos docentes se aperfeiçoarem, discutirem e formalizarem sua prática, num momento que em nosso país era raro um lócus para tal exercício. Ainda, esse nosso estudo evidencia e mostra que essa Campanha, até os dias atuais, foi quase que totalmente ignorada pelos pesquisadores da História da Educação (Matemática), o que nos leva a acreditar que, muitas vezes, quando se estuda a formação de professores no Brasil, se adota uma postura elitista e centralizadora, focando somente os grandes centros e partindo de instituições de ensino consideradas tradicionais. Hoje em dia, ousamos afirmar que, mediante a dimensão continental do Brasil, quem for se embrenhar nos estudos relacionados à formação de professores, principalmente nas regiões interioranas e no período dos anos de 1950 a 1970, não pode deixar de olhar para a CADES.

Nesta investigação, uma das metas era a de identificar e de fornecer referenciais e fontes, por intermédio da recuperação de obras e coleta de documentos, sobre a legislação, os programas curriculares, os catálogos de editoras e a produção didática da CADES, desenvolvida no Brasil no período de 1953 ao início da década de 1970. Para tanto, foram identificados e analisados os documentos que regeram a Campanha e localizadas obras publicadas durante a sua existência.

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Quanto a essas últimas, no total, foram localizados3 e referenciados:

sete livros da área de Matemática; oitenta e seis livros das mais diversas áreas educacionais; dez livros que discorrem sobre a CADES e suas finalidades;

dezenove edições da Revista Escola Secundária – periódico produzido e distribuído sob a chancela da Campanha no período de 1957 a 1965. Estas obras orientavam os professores do ensino secundário nos aspectos curriculares, legais e didáticos.

Essa pesquisa (finalizada) trata sobre os cursos oferecidos, os livros e as revistas publicadas e das impressões dos professores que vivenciaram o tempo desta Campanha. No entanto, nesta oportunidade, trataremos sobre alguns aspectos da Revista Escola Secundária, publicação periódica e trimestral, por vários anos consecutivos, dos primeiros cursos até a extinção da CADES.

2 – A Revista Escola Secundária

A Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundária (CADES) foi criada na gestão de Armando Hildebrand na Diretoria do Ensino Secundário e no governo de Getúlio Vargas a partir do Decreto nº 34.638, de 14 de novembro de 1953. Declarava como sendo seus objetivos difundir e elevar o nível do ensino secundário, ou seja, tornar a educação secundária mais ajustada aos interesses e necessidades da época, conferindo ao ensino eficácia e sentido social, bem como criar possibilidades para que os mais jovens tivessem acesso à escola secundária. Para atingir esses objetivos, realizou cursos e estágios de especialização e aperfeiçoamento para professores, técnicos e administradores de estabelecimentos de ensino secundário; concedeu bolsas de estudo a professores secundários para realizarem cursos ou estágios de especialização e aperfeiçoamento, promovidos por entidades nacionais ou estrangeiras; criou o serviço de

3 Nossa intenção foi a de localizar esses livros e, na medida do possível, adquiri-los para que pudéssemos, primeiramente, descrevê-los. Vislumbramos que outros estudos de cunho mais analítico poderão ser desenvolvidos futuramente, o que não se configura como objetivo neste momento da nossa pesquisa. A busca pelos livros se deu via rede mundial de computadores e presencialmente nas bibliotecas de algumas universidades do país.

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orientação educacional nas escolas de ensino secundário, entre tantas outras ações.

Uma ação de fundamental importância foi a publicação de periódicos e manuais destinados à formação dos professores. Os livros publicados não eram de conteúdos específicos das disciplinas escolares. Eram manuais de

“como ensinar”, ou seja, a preocupação era com “as didáticas”, o que de certo modo, servia como forma de regulação do que deveria ser o ensino secundário e da ação do professor que nele atuaria. A importância dessa produção bibliográfica só pode ser devidamente avaliada a partir da sua articulação com as precárias condições daquela época, quando a indústria editorial era incipiente e não havia disponibilidade de publicações voltadas para a área pedagógica.

Dentre as muitas publicações da Campanha, havia a Revista Escola Secundária, cujo primeiro exemplar foi lançado em junho de 1957. Era uma publicação trimestral publicada pela CADES, em conjunto com a Diretoria do Ensino Secundário e o MEC. À época, o diretor do Ensino Secundário era o professor Gildásio Amado, o coordenador da CADES era o professor José Carlos de Mello e Souza (irmão de Malba Tahan, que foi professor por oito anos pela CADES, em diversas localidades do país) e o redator-chefe da revista era o professor Luiz Alves de Mattos.

Foram publicados dezenove números da Revista, sendo a primeira edição de 1957 e a última não tem data específica, embora seja observado que, em suas primeiras páginas, estava pronta em 1963 “mas somente agora publicada”, que possibilita supormos que foi publicada na segunda metade da década de 1960.

Na apresentação feita por Gildásio Amado no primeiro número são explicitados os objetivos da revista: divulgar as mais importantes realizações e experiências de educadores nacionais e estrangeiros com a finalidade de estimular e facilitar o aperfeiçoamento técnico do trabalho docente bem como o de possibilitar a compreensão do papel da educação secundária brasileira.

Nas dezenove edições, são encontrados artigos referentes às seguintes áreas e temas: didática geral, orientação educacional, língua vernácula, latim, línguas estrangeiras, matemática, ciências naturais, história do Brasil,

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geografia, trabalhos manuais e economia doméstica, desenho, física, química, filosofia e educandários nacionais. Com exceção das duas últimas edições, são encontradas as mesmas características de composição: notas ou mensagens da redação e um artigo de cunho geral ou legislativo relativo à escola secundária; os artigos das áreas específicas; e para finalizar, o relatório ou noticiário da CADES, seção que eram descritas as atividades da Campanha e ocorria a divulgação de datas de eventos. Em algumas edições encontramos o Consultório da CADES, seção destinada às respostas das correspondências de professores que expressavam suas dúvidas sobre conteúdos específicos de suas disciplinas.

Em nossa pesquisa, com relação à Revista Escola Secundária, a intenção foi a de identificar os artigos referentes ao ensino de matemática, bem como outros que tratavam indiretamente do assunto ou era escrito por algum professor de matemática. Resenhamos todos esses artigos e, em breve, publicaremos essas resenhas. Abaixo foram elencados os artigos relacionados ao ensino de matemática.

- 01 Jun/1957 – A Matemática na Escola Secundária – Profª Eleonora Lobo Ribeiro

- 02 Set/1957 – Voltemos ao mercador de vinho – Prof. Malba Tahan - 03 Dez/1957 – Plano de Curso de Matemática – Profª Eleonora Lobo Ribeiro; Ensinando Matemática e contando história – Prof. França Campos

- 04 Mar/1958 – A definição da Matemática – Prof. Malba Tahan; Sobre o ensino da Geometria na Escola Secundária – Prof. Thales Mello Carvalho

- 05 Jun/1958 – A Aritmética e a Psicologia da Aprendizagem – Prof.

João de Souza Ferraz; A Demonstração Matemática na Educação do Adolescente – Profª Eleonora Lobo Ribeiro

- 06 Set/1958 – O Período Primitivo da Matemática – Prof. Thales Mello Carvalho; O Material Didático no Ensino da Matemática – Prof. Manoel Jairo Bezerra

- 07 Dez/1958 – Sugestões Para o Ensino da Geometria Dedutiva –Prof.

Antonio Rodrigues; Provas Parciais de Matemática – Diversos Autores

- 08 Mar/1959 – O Ensino da Geometria Dedutiva na Escola Secundária – Profª Martha Blauth Menezes

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- 09 Jun/1959 – A Suposta Aridez da Matemática – Prof. J.C. de Mello e Souza; A Matemática e a História Natural – Profª Neusa Feital

- 10 Set/1959 – Programa de Matemática para as Classes Experimentais do Colégio de Aplicação da F.N.Fi. – Profª Eleonora Lobo Ribeiro; O Material Didático no Ensino da Geometria – Prof. José Teixeira Baratojo

- 11 Dez/1959 – Aprendei as Matemáticas – Monsenhor Bruno de Colares; Uma Experiência do Estudo Dirigido em Matemática – Profª May Lacerda de Brito Monnerat

- 12 Mar/1960 – Estudo Dirigido em Matemática – Profª Sylvia Barbosa;

Exemplos de Estudo Dirigido em Matemática – Profª Anna Averbuch; Círculo e Circunferência – Professores Pedro Pinto e Malba Tahan

- 13 Jun/1960 – O Ensino de Estatística nas Escolas Holandesas – Prof.

Lucas N.H. Bunt; Ainda a Geometria Euclidiana para os atuais ginasianos? – Prof. Osvaldo Sangiorgi

- 14 Set/1960 – O Medo da Matemática – Prof. J.C. de Mello e Souza;

Análise de Provas Parciais de Matemática – Comissão de Professores

- 15 Dez/1960 – Sistemas de Equações Lineares – Prof. Leônidas Hegenberg; Matemática para a 3ª e 4ª Séries Ginasiais – Prof. Luiz Alberto dos Santos Brasil

- 16 Mar/1961 – O Ensino das Médias Aritmética, Geométrica e Harmônica – Prof. Sylvio de Souza Borges; Estudo Dirigido na 1ª Série Ginasial – Prof. Martinho da Conceição Agostinho

- 17 Jun/1961 – O Ensino da Matemática por caminhos concretos – Profª Ladyr Anchieta da Silveira; Exposição de Material Didático para o Ensino da Matemática – Prof. Manoel Jairo Bezerra; Plano Experimental de Estudo Dirigido – Prof. Jair Leite Marins

- 18 Sem data – Problemas de Aprendizagem da Matemática – Prof.

João Baptista da Costa

- 19 Sem data – O Método do Laboratório em Matemática – Prof. Malba Tahan

3 – Sobre o ensino de matemática na Revista Escola Secundária

O ensino de matemática sofreu reformas significativas que puderam ser

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vivenciadas (e que ainda repercutem nos dias de hoje) nas décadas de 1930 e 1940 e, posteriormente, nas de 1960 e 1970. Quando a CADES foi efetivada, estava em vigor a Reforma Capanema, a Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942. Segundo Dassie (2001), esta reforma conservou muitas das diretrizes da Reforma Francisco Campos (RFC), de 1931, em relação ao ensino de matemática. De acordo com este autor, na RFC foram “impostas” as idéias de Euclides Roxo sobre a modernização4 do ensino secundário de matemática, que desde 1928 foram defendidas no Colégio Pedro II, bem como a junção das disciplinas aritmética, álgebra e geometria, numa só intitulada matemática.

Embora muitos caracterizassem o ensino secundário, à época, como enciclopedista e julgavam que seu currículo era muito “inchado” em comparação aos de outros países, os programas pretendiam inovar o ensino também propondo outros métodos.

As orientações para o ensino de matemática, no desenrolar da CADES, portanto, eram provenientes da RFC, do início da década de 1930. Pautando- se nos que preconizava essa reforma, a metodologia em sala de aula deveria ser diferenciada, pois o aluno deveria participar do processo de aprendizagem.

Um método bastante enfatizado pelos artigos da Revista era o do Estudo Dirigido, não somente para o ensino de matemática. Diante do estudo dos artigos, verifica-se que o primordial para o método do ensino dirigido era procurar dar aos alunos condições ambientais e de horário de estudo que, muitas vezes, não encontravam em seus lares, além de também pretender modificar o “fazer” do professor em sua aula. Pretendia-se que o professor deixasse de ser apenas um expositor dos conteúdos que os alunos, posteriormente, deveriam estudar sozinhos, e passasse a ser mais ativo em sala de aula, organizando tarefas que deveriam ser executadas sob sua assistência ou de outros professores contratados para isso. “Chamamos de

‘estudo dirigido’ ao tipo de estudo, realizado na escola, onde o professor deve dar efetiva e real assistência ao aluno, orientando-o no bom método de estudar.” (BEZERRA, 1959, p. 31). Em diversos números da Revista, é insistente o chamado ao professor para adotar tal método, como também

4 Modernização é entendida, neste contexto, diferentemente de quando se trata da Matemática Moderna.

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sempre é enfatizado que se faz necessária uma revisão de sua metodologia e que o ensino secundário deve ser renovado.

Com a intenção de tornar o ensino de matemática inovador, mostrando ao professor do ensino secundário algumas outras possibilidades para sua sala de aula, existiam artigos que tratavam sobre o uso da história (da matemática) como forma de ensinar. Destacamos dois artigos: Voltemos ao mercador de Vinho de Malba Tahan, da Revista nº 2; e o artigo do professor França Campos, Ensinando Matemática e contando histórias, da Revista nº 3.

Em seu artigo, Malba Tahan faz duas perguntas: “Qual a origem do sinal + (mais, da adição) e do sinal – (menos, da subtração)?” e “ Como surgiram essas notações matemáticas tão práticas e tão simples?” . Ao tentar respondê- las, o autor apresenta uma lenda, não muito aceita pelos historiadores, de como teriam surgido estes símbolos e suas vinculações. Posteriormente, apresenta outras considerações com mais prestígios na área de matemática.

Dessa maneira, conta como surgiu o emprego dos sinais de adição e subtração, valendo-se de várias fontes bibliográficas. Este artigo, como tantos outros que conhecemos do Prof. Julio César, possui uma linguagem de fácil acesso e valoriza aspectos da história da matemática. O autor tenta mostrar que são duas as maneiras de se ensinar o emprego dos sinais, julgando que “a lenda para o estudante, é sempre mais sugestiva. E, sendo sugestiva, é altamente motivadora. Voltemos, pois, ao mercador de vinho”.

O professor França Campos, em seu artigo, admite que a história da matéria é recurso para motivar a aprendizagem, ou seja, a

História, com suas informações preciosas e seu lado humano, facilita a compreensão de fatos e processos, aguça a curiosidade, desperta o sentimento, aponta estímulos e lança desafios. Convence a todos de que a ‘venerável ciência’, embora sujeita a mudanças, é, em verdade, uma espécie de ‘casa construída sobre a rocha’. Saiba, pois, o professor enriquecer as suas aulas, contando, de quando em quando, segundo as oportunidades, um pouco da história da Matemática. (França, 1957, p. 58)

O professor apresenta exemplos de como relacionar os conteúdos com tópicos históricos. Dessa maneira, trata os padrões de medidas, relacionando- os ao corpo humano e às civilizações antigas, tais como: egípcia, babilônica, hebraica, romana e árabe. Ainda, discute sobre os padrões modernos

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utilizados nos EUA, na Inglaterra e no Brasil e a grande variedade de nomes e dimensões usadas por esses diferentes países, por vezes, para se referirem às mesmas coisas, reforçando a necessidade do sistema único de medidas (SI).

França Campos também faz referências históricas sobre as medidas monetárias, discutindo o surgimento do dinheiro e dos termos pecúnia e moeda. Por fim, discorre sobre as medidas do tempo, citando a invenção do relógio, do calendário e dos nomes referentes à semana e ao mês.

De um modo geral, podemos dizer que o foco desta Revista era a

“didática”, ou seja, apresentar orientações para a formação do professor, desde sua postura em sala de aula até a organização de seus planos de ensino. Os artigos também tratavam da aprendizagem como um todo, levando em consideração outras questões que não somente as de ordem metodológica, além de apontar o descontentamento em relação às políticas públicas educacionais.

4 – Algumas considerações finais

As dezenove edições da Revista Escola Secundária circularam entre o professorado da escola secundária brasileira. Tal afirmação justifica-se no fato de que exemplares da Revista foram encontrados em bibliotecas particulares de professores que atuaram à época. Publicações direcionadas para a formação continuada de professores são reconhecidas como construtoras e atualizadoras de saberes. Todavia, não podemos determinar o grau de influência dos artigos publicados pela Revista Escola Secundária na ação educativa dos profissionais atuantes no ensino secundário no momento em que se dava a CADES.

No ensino da Matemática constatou-se que uma das orientações dadas em vários artigos, a da utilização do método do estudo dirigido como técnica de ensino desapareceu das instituições escolares. Os motivos não foram determinados por esta pesquisa, pois não era um dos objetivos propostos. Este tema ficará como sugestão para a realização de outras pesquisas. Outra orientação, a utilização da história nas aulas de matemática, é uma sugestão ainda dada aos professores das escolas de educação básica atualmente como uma ferramenta para a compreensão dos conceitos matemáticos e também

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como agente motivacional.

O desenvolvimento da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário no período de 1953 a 1971 permitiu que centenas de professores tivessem acesso à formação profissional para atuarem no ensino secundário. Numa época em que ocorreu um aumento significativo de estudantes no nível secundário, principalmente nas cidades do interior do Brasil, e concomitantemente a falta de professores formados em cursos superiores de graduação para atender a essa demanda, a formação oferecida pelos cursos da CADES atendeu às necessidades das escolas secundárias espalhadas pelo país, ou seja, a qualificação dos seus professores.

Considerando as condições do país e da educação escolar em particular, à época em que se deu a CADES, não podemos deixar de reconhecer que esta campanha, com seus cursos e publicações, pode ser considerada um espaço bastante oportuno para a formação de professores.

Apenas uma parte da pesquisa realizada foi descrita neste texto.

Esperamos que sua publicação integral futuramente forneça novos e necessários saberes acerca do ensino de Matemática e da formação de professores de Matemática, num período em que, no Brasil, ainda existiam poucas faculdades ou universidades para formá-los. Ainda, fomentará outras pesquisas temáticas em História da Educação (Matemática).

5 – Referências

BARALDI, I.M. Retraços da Educação Matemática na Região de Bauru:

uma história em construção. 2003. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP, Rio Claro, 2003.

BEZERRA, M. J. Como ajudar o aluno estudar. Escola Secundária, Rio de Janeiro, ano III, n. 11, p. 31-35, 1959

CAMPOS, F. Ensinando Matemática e contando história. Escola Secundária, Rio de Janeiro, ano I, n. 3, p. 58-61, 1957

DASSIE, B. A. A matemática do curso secundário na reforma Gustavo Capanema. 2001. 170f. Dissertação (Mestrado em Matemática Aplicada) – Departamento de Matemática, PUC, Rio de Janeiro, 2001.

GAERTNER, R. A matemática escolar em Blumenau (SC) no período de 1889 a 1968: da Neue Deutsche Schule à Fundação Universidade Regional de Blumenau. 2004. 227 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP, Rio Claro, 2004.

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AGRADECIMENTOS

À FUNDUNESP, pelo financiamento para participação no evento.

Referências

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