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O ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NAS UNIVERSIDADES: ANÁLISE DE CASOS ATENDIDOS EM UM EQUIPAMENTO INSTITUCIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Academic year: 2023

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O ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NAS UNIVERSIDADES:

ANÁLISE DE CASOS ATENDIDOS EM UM EQUIPAMENTO INSTITUCIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Tatianne Silva Ferreira

Aprovado em 07/12/2022

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Profª. Drª. Valéria Machado Rufino - UFPB Orientadora

______________________________________________

Joseane da Silva Leite (Assistente Social da CoMu) Examinadora

______________________________________________

Lis Carolinne Lemos (Vice-coordenadora da CoMu) Examinadora

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O ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NAS UNIVERSIDADES: ANÁLISE DE CASOS ATENDIDOS EM UM EQUIPAMENTO

INSTITUCIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Tatianne Silva Ferreira1 Valéria Machado Rufino2 Resumo

As universidades têm se apresentado como um local de intensas violências de gênero, atingindo principalmente mulheres. Trata-se de pesquisa exploratória descritiva de caráter documental e abordagem quantitativa que buscou discutir sobre a violência contra as mulheres nas universidades e caracterizar o perfil sociodemográfico, os principais tipos de violência e os encaminhamentos dados às mulheres atendidas pelo Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à violência contra as mulheres (CoMu) da UFPB. Foram selecionados 15 estudos para compor a revisão bibliográfica e analisados 88 atendimentos realizados pela CoMu entre fevereiro de 2019 a outubro de 2022. As mulheres eram, em sua maioria, estudantes, jovens, solteiras, pardas e pretas, heterossexuais, cisgênero com renda até 2,5 salários mínimos. A violência psicológica prevaleceu e os principais agressores foram estudantes. Os casos foram encaminhados para a Ouvidoria e serviços externos especializados. Faz-se necessário o combate a todas as formas de reprodução de poder e o desenvolvimento de estratégias que convertam as universidades em um espaço seguro e equitativo para as mulheres.

Palavras-chave: violência; mulheres; universidade; política institucional; CoMu.

Abstract

Universities have presented themselves as a place of intense gender violence, affecting mainly women. This is an exploratory descriptive research of documentary and quantitative approach that sought to discuss violence against women in universities and characterize the sociodemographic profile, the main types of violence and referrals given to women assisted by the Committee on Policies for Prevention and Confrontation of Violence against Women (CoMu) of UFPB. Fifteen studies were selected to compose the literature review and 88 consultations carried out by the CoMu between February 2019 and October 2022 were analyzed. The women were mostly students, young, single, brown and black, heterosexual, cisgender with income up to 2.5 minimum wages. Psychological violence prevailed and the main aggressors were students. The cases were referred to the Ombudsman and specialized external services. It is necessary to combat all forms of power reproduction and to develop strategies to turn universities into a safe and equitable space for women.

Keywords: violence; women; university; institutional policy; CoMu.

INTRODUÇÃO

A violência de gênero é um fenômeno comum ao redor do mundo e se manifesta sob diversas formas e intensidades em ambientes domésticos, sociais, laborais e educacionais. No cenário nacional e internacional, as mulheres, interseccionadas com marcadores de classe e raça/etnia, formam um dos grupos mais atingidos pela problemática (BANDEIRA, 2017). Quando

1Estudante de graduação em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

2Professora do departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

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se fala em violência contra a mulher, é importante reconhecer que ela “está presente em todo o tecido social de uma sociedade estruturalmente patriarcal-racista-capitalista” (FERREIRA;

MODESTO; BARROSO, 2021, p. 153).

Entre as expressões da violência baseada no gênero, a violência contra as mulheres é a face mais brutal e explícita do patriarcado. É construída na relação desigual entre homens e mulheres, arraigada em uma ordem social que se entrelaça com a subordinação feminina e que busca, no campo simbólico, afirmar a superioridade masculina (ALMEIDA, 2017). Tal violência tem se constituído como um fato social capaz de influenciar sobremaneira o modo de viver, adoecer e morrer das mulheres (MOURA; NETTO; SOUZA, 2012).

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2022), no Brasil, os registros de feminicídio diminuíram durante os anos de 2020 e 2021. Essa diminuição não pode ser tratada como algo positivo, pois, por estarem em isolamento social devido a pandemia, muitas mulheres passaram a conviver mais tempo em suas residências e ficaram impossibilitadas de acessar serviços de apoio. Apesar da queda de crimes letais, a violência não diminuiu. Entre 2020 e 2021, houve um acréscimo significativo de 23 mil novas chamadas de emergência para o número 190 denunciando casos de violência doméstica (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2022).

No campo universitário, de acordo com a pesquisa realizada sobre violência contra as mulheres nas instituições de ensino superior (IES) do Amazonas, das 1.166 participantes, 445 afirmaram que foram vítimas de algum tipo de violência na universidade nos últimos cinco anos (ANDRADE; MARTINS; MEDEIROS, 2021). Conforme expõe a pesquisa feita pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular (SCAVONE, 2015) com estudantes de IES do país, 67% das mulheres entrevistadas relata que já sofreram algum tipo de violência no ambiente universitário, 42% das mulheres já sentiram medo de sofrer violência e 36% já deixaram de fazer alguma atividade na universidade por medo de sofrer violência.

Os índices de violência contra mulheres no país reforça a ideia que, assim como em outros espaços da sociedade, as instituições públicas e particulares de ensino não estão isentas da violência, pelo contrário, o espaço universitário tem sido perigoso para as mulheres (GAMA;

BALDISSERA, 2022; ANDRADE; MARTINS; MEDEIROS, 2021). Ademais, é preciso destacar que diversos marcadores sociais atravessam as experiências de ser mulher, apontando maiores desigualdades entre grupos vulneráveis.

O presente estudo trata-se de um Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia. Pretende-se abordar as facetas da violência de gênero em espaços acadêmicos e considerar a importância e

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necessidade em ter um equipamento institucional de prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres dentro da universidade. Entendendo que a violência contra a mulher é um problema cultural e de saúde pública, ainda há poucas evidências disponíveis acerca do perfil das mulheres em situação de violência no Brasil, especificamente das notificações em espaços acadêmicos. Em vista disso, urge a necessidade de novos estudos que contemplem a caracterização do perfil das mulheres em situação de violência (CARNEIRO et al., 2022) na intenção de transversalizar a perspectiva de gênero na manutenção e construção de políticas públicas nas universidades.

Busca-se revelar a temática da violência de gênero, com destaque para a violência contra as mulheres no contexto das universidades, e refletir sobre o que se percebe na execução de uma política específica, o Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à violência contra as mulheres (CoMu) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Diante do exposto, emerge os seguintes questionamentos: a partir do que se produz na literatura, como se opera a violência contra a mulher nas universidades? Quais as principais características das demandas e do perfil sociodemográfico das mulheres assistidas pelo Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à violência contra as mulheres da UFPB - CoMu?

Com base em tais questionamentos, tem-se como principais objetivos discutir sobre a violência contra as mulheres nas universidades e caracterizar as demandas das mulheres atendidas pela CoMu3. Como objetivos específicos, destacam-se: I. discutir, a partir de um levantamento bibliográfico, o cenário sobre a violência contra as mulheres nas universidades; II. apontar as diferentes manifestações de violência nesses espaços; III. identificar possibilidades de intervenção frente ao fenômeno; IV. apresentar a CoMu e descrever o perfil sociodemográfico, os principais tipos de violência e os encaminhamentos dados às mulheres atendidas.

METODOLOGIA

Trata-se de pesquisa exploratória descritiva de caráter documental e abordagem quantitativa, realizada a partir das contribuições teóricas e empíricas do tema da violência contra as mulheres nas universidades e da descrição dos dados das fichas de registro do Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à violência contra as mulheres da UFPB - CoMu, de fevereiro de 2019 a outubro de 2022.

3 A escolha da utilização do artigo “a” para se referir a CoMu deriva de um ato político e coletivo por ser um equipamento que trabalha com e pelas mulheres. Sabe-se que a escrita também é uma fonte de representação de poder e, por isso, a utilização do artigo “a” é uma forma de contemplar uma escrita gendrada, colocando em evidência “o feminino como presente na construção linguística e na produção subjetiva” (CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA, 2015). Por isso, a sigla “CoMu” está sendo tratada no feminino ao longo do texto.

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Foi realizada a pesquisa bibliográfica (LIMA; MIOTO, 2007) voltada à violência contra as mulheres nas universidades. A busca foi feita em duas bases de dados, o Portal SciELO e o Periódicos eletrônicos em psicologia (Pepsic). Foram utilizados os seguintes descritores e operador booleano AND: “violência”, “mulher”, “universidade”. A seleção foi realizada sem recorte temporal. Com esse parâmetro de pesquisa, no portal SciELO foram encontrados 49 artigos e no Pepsic obteve-se 120 resultados.

Buscou-se identificar nas publicações o que se entende por violência contra as mulheres nas universidades, os tipos de violência caracterizados e possíveis estratégias de intervenção. Dentre os 169 artigos elencados a partir das palavras-chaves nas duas plataformas, foi utilizado como critério de seleção aqueles estudos que tivessem como objetivo central tratar sobre a violência contra as mulheres no contexto universitário. Para tal, foram lidos os títulos e resumos de artigos para fazer esse refinamento. Após essa etapa foram selecionados 12 e 3 artigos nos portais SciELO e Pepsic, respectivamente. Estes 15 estudos foram selecionados para compor a revisão bibliográfica, tendo sido lidos na íntegra.

Além do levantamento bibliográfico, utilizou-se a pesquisa descritiva (TRIVIÑOS, 1928) para abordar, de forma mais exata possível, os dados e fenômenos descobertos através da análise documental realizada a partir das fichas de cadastro coletadas na CoMu. É importante salientar que na análise documental os conteúdos encontrados não tiveram nenhum tratamento analítico anterior e foi a partir destes que se desenvolveu a investigação e análise. Em concordância com o procedimento metodológico, foi utilizado o método quantitativo (GÜNTHER, 2006) para expor e explicar, de forma objetiva, os dados encontrados através da coleta realizada.

A coleta foi realizada entre setembro e novembro de 2022. As informações coletadas foram organizadas em planilha e divididas em três categorias: dados de identificação (mês/ano, situação do cadastro, categoria, campus, idade, estado civil, autodeclaração racial, orientação sexual, identidade de gênero e renda familiar); informações sobre o caso (tipificação da violência, local da ocorrência e tipo de envolvimento com o agressor); e informações do atendimento (forma de acesso a CoMu, encaminhamento interno e externo). Após montagem do banco de dados, as informações foram analisadas e descritas no formato de tabelas de frequência.

Em termos institucionais e éticos, foi apresentada uma Carta de Anuência para realização da coleta de dados, assegurando o sigilo do acesso ao material e aprovação do núcleo gestor do serviço. A pesquisa não precisou passar pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (sistema

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CEP/CONEP) seguindo o Art. 1° da Resolução N° 510/2016, parágrafo único, que estabelece os critérios de isenção de registro e avaliação de pesquisas em Ciências Humanas e Sociais:

V - pesquisa com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de identificação individual;

VII - pesquisa que objetiva o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional, desde que não revelem dados que possam identificar o sujeito.

(CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2016).

VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NAS UNIVERSIDADES

A universidade é considerada o extrato mais elevado da educação. Para Teixeira (1964) a universidade tem como funções centrais a formação profissional para carreiras de base intelectual, científica e técnica, a aquisição e expansão do conhecimento, o desenvolvimento de mentes humanas proativas para o pleno exercício da cidadania e a transmissão de uma cultura comum.

Logo, a universidade não é apenas um espaço formativo, mas também é a expressão concreta da cultura da sociedade em que estiver inserida (TEIXEIRA, 1964; RIBEIRO; SCHLEGEL, 2014).

Sabe-se que a cultura brasileira é marcada por um processo histórico colonial violento, apoiado em um viés civilizatório que, na verdade, mascara o propósito maior de domínio econômico e comercial. Os efeitos do processo de colonização, marcado pelo racismo, classismo e sexismo ganha novas nuances e sustenta discursos e práticas cotidianas que, consequentemente, reverberam e fazem parte do ambiente universitário (ALMEIDA; ZANELLO, 2022). Em face do exposto, Porto (2017, p. 403) afirma que “[...] a universidade ainda é vista como um espaço onde não há esse tipo de violência. Lugar onde as mulheres estariam protegidas, por ser um lugar de intelectuais, pessoas que estudam e pesquisam”.

Levando em conta que a universidade está dentro de uma sociedade capitalista que possui valores, representações e preconceitos atravessados pela misoginia e sexismo, torna-se, então, um espaço de reprodução das estruturas sociais, sobretudo da violência contra as mulheres. Apesar da alta escolaridade dos sujeitos que a compõem, também é alto o desconhecimento sobre o que são violências de gênero, os casos que ocorrem nos campi e as diferentes formas de intervenção (GAMA; BALDISSERA, 2022).

As primeiras universidades do mundo foram criadas na Idade Média e, como expõe Estanque (2017), a população estudantil que as constituíam era exclusivamente masculina. Baseado na ciência moderna, mecanismos legais eram utilizados para a exclusão das mulheres de espaços de

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poder e de construção de saberes. Ao discutir sobre a temática, Almeida e Zanello (2022) destacam que há décadas mulheres de várias partes do mundo vêm se empenhando para integrar espaços acadêmicos e centros de pesquisa através de movimentos feministas apoiados na crítica à neutralidade, imparcialidade e aos binarismos que ancoravam o saber científico. Na América Latina, por sua vez, epistemologias feministas questionavam o viés eurocêntrico que imperava os modelos educacionais, com traços percebidos através da desigualdade de gênero, que impossibilita o acesso das mulheres, em especial de mulheres negras, pobres e indígenas nesses espaços.

Após anos de luta, apenas em 1879, a partir do Decreto n° 7247/1879, mulheres foram autorizadas a ingressar no ensino superior no Brasil (ALMEIDA, 2017). Ainda assim, a matrícula deveria ser realizada pelos pais ou maridos. Dessa maneira, percebe-se que a relação entre as mulheres e a universidade é historicamente permeada por lutas, tensões e desafios devido ao impedimento à educação formal e as dificuldades de aceitação e legitimação (BARROSO, 2021).

Segundo o Censo da Educação Superior 2021, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e pelo Ministério da Educação (MEC), as mulheres são predominantes tanto em cursos de graduação presencial como à distância. Do ponto de vista do marcador gênero, embora as mulheres sejam numericamente predominantes nesses espaços, é comum a perpetuação da deslegitimação de falas, da produção acadêmica, do assédio e das diversas violências em diferentes áreas e ambientes acadêmicos (BARROSO, 2021). Além disso, mulheres brancas e negras seguem concentradas em cursos historicamente feminilizados como pedagogia, enfermagem e serviço social, sendo minoria nas diferentes engenharias e na área de exatas (RIBEIRO; SCHLEGEL, 2015).

No plano jurídico, com desdobramentos de importantes conquistas de direitos e oportunidades pelos movimentos feministas, em 1994 a Organização dos Estados Americanos (OEA) criou o primeiro tratado internacional que reconhece a violência como fenômeno generalizado. O art. 1 do Decreto N° 1.973/1996, que trata da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, a “Convenção de Belém do Pará”, define violência contra a mulher como “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”.

Em meados de 1960 ocorre a expansão do movimento feminista no Brasil a partir de discussões a respeito das relações de gênero, igualdade de direitos entre homens e mulheres e especificidades acerca do universo feminino que antes eram estabelecidos como assuntos pessoais e

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privados, passam a ser tratados como questões políticas e públicas através de organizações de coletivos (PEREIRA et al., 2022). Em 1998, a partir da denúncia de violência doméstica e tentativa de feminicídio cometidas contra Maria da Penha Maia Fernandes por seu ex-companheiro, a corte internacional da OEA condena o Brasil por negligência e omissão diante do caso e obriga o país a criar mecanismos para combater, coibir e erradicar a violência contra as mulheres em âmbito nacional. Nesse cenário surge a Lei n° 11.340/06, conhecida popularmente como Lei Maria da Penha (BRASIL, 2006), que corresponde a maior conquista jurídica do país no combate à violência contra a mulher. A Lei engloba medidas de assistência e proteção às mulheres considerando como violência contra a mulher as situações de violência doméstica e familiar.

A partir do movimento histórico das convenções e tratados de direitos humanos, a violência contra a mulher é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos (OMS, 2015). Denúncias de violência às mulheres passam a constituir bandeiras de luta por diversas instituições, além de campos teóricos de estudos sobre gênero e sexualidade que começam a se formar em diversos países. Apesar dos avanços acerca do reconhecimento da equidade de gênero em várias cartas magnas e de intervenções para prevenir e enfrentar as múltiplas violências sofridas e compartilhadas pelas mulheres ao redor do mundo, pouco se descortinou sobre os casos nas universidades (ALMEIDA; ZANELLO, 2022).

As violências enquanto fenômeno social, de ordem institucional e estrutural, praticadas contra alunas, docentes e funcionárias começaram a ganhar maior visibilidade a partir dos anos 2000 e apenas em 2015 as denúncias começaram a se intensificar através de mecanismos e equipamentos de acolhimento às mulheres em algumas universidades brasileiras (PORTO, 2017).

Através da pesquisa bibliográfica foi possível identificar diferentes contextos de perpetuação da violência e machismo nas universidades, dentre eles: festas universitárias (SANTOS; SILVA;

ZARPELLON, 2021), jogos universitários, alojamentos estudantis, práticas de tradições acadêmicas (trote) (PEREIRA et al., 2022; ESTANQUE, 2017; MARIN; ARAÚJO; ESPIN NETO, 2008);

banheiros, salas de aula, elevadores, escritórios, refeitório, espaços comuns, espaços de lazer, paradas de transporte público (ALANEZ et al., 2021).

TIPIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO ESPAÇO ACADÊMICO A violência é uma característica significativa do Estado brasileiro. Em vista disso, o artigo 7° da Lei Maria da Penha n° 11.340/2006 caracteriza cinco formas de manifestação da violência contra a mulher: violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, definidas a seguir:

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I. Por violência física, entende-se qualquer atitude contra a integridade ou saúde corporal da mulher;

II. A violência psicológica, por sua vez, ocorre quando há qualquer conduta que cause dano emocional, diminuição da autoestima, ações que perturbem ou que visem degradar ou controlar o pleno desenvolvimento da mulher através de ameaça, constrangimento, manipulação, humilhação, isolamento, chantagem, violação da intimidade, ridicularização, exploração, limitação do direito de ir e vir, entre outros;

III. A violência sexual refere-se a conduta que envolva constrangimento ao presenciar, manter ou participar de relação sexual forçada, mediante “intimidação, ameaça, coação ou uso da força”, que a induza a utilizar ou comercializar a sua sexualidade, que a impeça de usar método contraceptivo ou limite o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos;

IV. A violência patrimonial é entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração ou destruição de objetos, instrumentos de trabalho, recursos eletrônicos, documentos ou bens e valores;

V. Por fim, a violência moral refere-se a atos de calúnia, difamação ou injúria contra a mulher. Pode-se caracterizar pela a acusação de fatos que não são verdadeiros.

(BRASIL, 2006).

A Lei Maria da Penha é uma importante referência para compreender as características que definem as diversas violências que as mulheres podem ser submetidas. Outro avanço jurídico significativo no combate à violência contra as mulheres é a Lei n° 14.188/2021, que define o programa de cooperação Sinal Vermelho e reforça, no Art. 147-B, a violência psicológica como crime, com multa e pena de seis meses a dois anos, a depender da gravidade da ocorrência (BRASIL, 2021). Apesar de não existir lei específica que trate da temática nas universidades, as legislações citadas também são aplicáveis ao âmbito universitário.

Assim, entendendo que as universidades não estão deslocadas da sociedade, há reprodução de comportamentos violentos em seus ambientes. Valls et al. (2016) identifica quatro razões para perpetuação da violência contra as mulheres no contexto universitário: a existência de estruturas de poder hierárquicas, dinâmicas permissivas que reforçam a hostilização e culpabilização da vítima, naturalização da violência nas relações e dinâmica sexista da instituição e da sociedade.

A pesquisa de Scavone (2015) elencou uma lista criada por especialistas, coletivos feministas e estudantes, formando seis grupos de manifestação de violências praticadas no ambiente universitário. Dentre elas pode-se mencionar: assédio sexual (cantadas ofensivas, comentários com apelos sexuais), coerção (ingestão forçada de bebidas, ser drogada sem consentimento), violência sexual (estupro, ser tocada sem consentimento, ser forçada a beijar alguém), violência física (sofrer agressão física), desqualificação intelectual (piadas ofensivas ou desqualificação apenas por ser mulher) e agressão moral/psicológica (humilhação por professores e alunos, ofensas, xingamentos).

Ao avaliar a prevalência de violência de gênero e sexual entre discentes, Zotareli et al.

(2012) identificou que 56,3% das mulheres já sofreram algum tipo de violência e 9,4% sofreram violência sexual na universidade. Alanez et al. (2021), em uma universidade da Bolívia, expõem que 6 em cada 10 pessoas souberam de casos de assédio sexual no ambiente universitário em que os

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sujeitos assediadores eram, em sua maioria, professores e alunos do sexo masculino. O assédio sexual é frequentemente citado nos estudos que abordam violências contra as mulheres em ambientes acadêmicos (PEREIRA ET AL, 2022; HERNANDEZ-ROSETE; GÓMEZ-PALACIOS, 2021; ALANEZ ET AL., 2021; HERNÁNDEZ-RAMIREZ, 2021). É um tipo de violência difícil de ser reconhecido pelas instituições e de ser denunciado pelas vítimas. Isso pode ser explicado por distintos motivos, entre eles: o fato das vítimas e agressores não considerarem a situação vivenciada como assédio sexual, a naturalização da violência, a falta de mecanismos adequados para formalizar a denúncia e a crença que a denúncia vai piorar a situação (HERNANDEZ-ROSETE; GÓMEZ- PALACIOS, 2021).

Recentemente foi instituído pelo governo federal, através da Medida Provisória N° 1.140, de 27 de outubro 2022, o Programa de Prevenção e Combate ao Assédio Sexual nos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e distrital. São objetivos do programa: prevenir e combater a prática do assédio sexual nas instituições de ensino; capacitar docentes e equipes pedagógicas na intenção de discutir, orientar e solucionar a problemática nas instituições; implementar campanhas educativas sobre a conduta de assédio sexual; instruir e orientar os familiares a partir da identificação da vítima e do agressor (BRASIL, 2022). A medida traz avanços quanto as estratégias para facilitar a identificação da violência e a adoção de medidas resolutivas para a prática do assédio sexual nas instituições de ensino.

A violência psicológica, por sua vez, se desdobra em várias formas de manifestação, como é o caso do gaslighting, o mansplaining e o manterrupting, entendidos como casos de desqualificação intelectuais recorrentes nas universidades (PORTO; CHAVES, 2022). O gaslighting é utilizado para referir-se à manipulação psicológica em que o agressor distorce os fatos e omite situações que leva a mulher e as pessoas ao seu redor a acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz, passando a duvidar do seu senso de realidade (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2016). O mansplaining se refere a uma fala didática do homem, direcionada à mulher, como se ela fosse incapaz de compreender ou executar determinada tarefa pelo fato de ser mulher. Muitas vezes o mansplaining está associado ao manterrupting que se caracteriza por frequentes interrupções do homem na fala da mulher na intenção de invalidá-la de forma impositiva e incontestável (KOSAK;

PEREIRA; INÁCIO, 2018).

O espaço acadêmico também é marcado pela ocorrência de outros tipos de violência que não estão citadas na Lei Maria da Penha, como a violência simbólica, institucional e estrutural.

Desde a origem das universidades que a violência simbólica está presente no sistema de ensino

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superior. Tal violência prende-se à marca masculina e a segregação sexista em coletividades de convívio entre ambos os sexos (ESTANQUE, 2017) e é identificada através de piadas e brincadeiras sexistas, comentários e críticas sobre o corpo das mulheres, modos de vestir, crenças e identidade (ALANEZ et al., 2021).

De acordo com o artigo 15-A da Lei nº 14.321/2022 o crime de violência institucional ocorre quando há ação e/ou omissão de situações que prejudiquem a mulher, levando-a a reviver sem necessidade a situação de violência enfrentada ou outras situações potencialmente geradoras de sofrimento em instituições prestadoras de serviços públicos (BRASIL, 2022). Já a violência estrutural é, na verdade, a base de todas as outras configurações de violências, pois está relacionada às diferentes formas de manutenção das desigualdades, sejam elas sociais, culturais, de gênero, etárias e étnicas que se expressam na injustiça, exploração e submissão dos sujeitos que não fazem parte da classe dominante da sociedade (ANDRADE; MARTINS; MEDEIROS, 2021).

A universidade não se trata apenas de um espaço físico, mas também emocional e simbólico de relações de poder que extrapola os muros e passa a ocupar outros espaços, como as redes sociais.

Durante a pandemia houve um crescimento de casos de perseguição e de ataques cibernéticos em salas virtuais. A Lei 14.132/2021, que prevê o crime de perseguição, inclui ocorrências no ambiente virtual, sobretudo de condutas conhecidas como stalking, levando ao aumento da pena para casos de violência contra a mulher (BRASIL, 2021). Ainda no âmbito virtual, a Lei N° 13.185/2015 categoriza como crime virtual o cyberbullying, quando são realizadas intimidações sistemáticas que depreciem, incite a violência e crie meios de constrangimento psicossocial.

Ainda que o aspecto punitivo não seja o primário e central no enfrentamento à violência de gênero, ele também é um componente, já que a sistemática tolerância de um comportamento transmite a mensagem de sua normalidade à aceitação, reforçando outros comportamentos semelhantes (ÁVILA, 2022, p. 394).

As leis são importantes estratégias para a desnaturalização e responsabilização do agressor pelas violências cometidas contra mulheres. Entretanto, ainda é dificultosa a obtenção de dados referente a violência no ambiente acadêmico, pois não existem indicadores oficiais nesse contexto.

POSSÍVEIS ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO NAS UNIVERSIDADES

Objetivando encontrar caminhos para enfrentar casos de violência de gênero nos espaços universitários, diversos estudos descrevem estratégias e planos de intervenção utilizados. O estudo de Maito et al. (2019) apresenta o processo para elaboração e construção do documento Diretrizes gerais para ações institucionais de intervenção diante de situações de violência e discriminação de

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gênero e orientação sexual no qual apresenta princípios norteadores e procedimentos que devem ser seguidos por comissões de gênero e direitos humanos no enfrentamento a violência nas universidades.

A pesquisa de Pereira et al. (2022) aponta a importância das diretrizes (MAITO et al., 2019) para o desenvolvimento de políticas de enfrentamento à violência contra a mulher e descreve a experiência de um projeto chamado “Conte Comigo” que se propõe a acolher mulheres vítimas de violência durante os jogos universitários entre as Faculdades de Medicina do Centro-Oeste. O projeto oferece ações de acolhimento e capacitação continuada para discentes de dezenas de faculdades da região.

Há também estudos que relatam estratégias coletivas através de projetos de extensão na prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres no cenário acadêmico. O estudo de Santos, Silva e Zarpellon (2021) revela estratégias curativas através da realização de atendimento psicológico e acompanhamento de mulheres que sofreram alguma situação de violência, além de intervenções preventivas com proposta de redução de danos em festas universitárias por meio de cartilhas sobre direitos da mulher, estratégias de autocuidado, cuidado coletivo e informações sobre espaços para procurar ajuda em caso de situações de violência ou abuso de álcool e outras drogas.

Já Santos e Irineu (2019) discutem propostas de formação profissional para estudantes, servidores e professores da universidade com especial atenção para gênero, sexualidade, raça/etnia, classe social e direitos humanos.

Alanez et al. (2021) destaca que, na Universidade Boliviana, há pouca resposta referente a violência contra as mulheres e reforça a necessidade de trabalhar ativamente na construção de masculinidades não violentas e na garantia da equidade entre os gêneros dentro e fora da comunidade universitária. Nesse sentido, os espaços universitários podem se tornar “motores de transformação social” (p. 17) reconhecendo a alta prevalência de violência contra a mulher na sociedade e trabalhando arduamente para superá-la.

Na falta de um posicionamento legítimo das instituições para lidar com tal problemática, ressalta-se a importância de organizações estudantis na denúncia coletiva de violências contra mulheres no espaço acadêmico, reconhecendo que o silêncio e a impunidade são formas de submissão e a luta pelo direito à educação livre se constitui, também, como um processo formativo pouco documentado (HERNANDEZ-ROSETE; GÓMEZ-PALACIOS, 2021).

COMU: UMA POLÍTICA DE ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA DE GÊNERO

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O Comitê de Políticas de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra as Mulheres - CoMu da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foi uma importante conquista da luta e mobilização massiva de discentes, docentes e técnicas administrativas da universidade. Foi a partir do seminário “Mulheres e Universidade: por uma política institucional de combate às opressões”, realizado em 01 abril de 2017, que centenas de mulheres elaboraram e encaminharam a minuta de criação da CoMu à Reitoria. O documento foi aprovado em 28 de setembro de 2018, em audiência pública, a partir da Resolução n°. 26/2018 de criação e regulamentação do órgão (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2018).

Oficialmente as atividades foram iniciadas em 05 de novembro de 2018, através de uma reunião de apresentação da CoMu à Pró-Reitoria de Extensão (PROEX). Ademais, os atendimentos realizados pelo Setor de Acolhimento e Orientação começaram a ser realizados de forma gradativa em fevereiro de 2019, pois até então o espaço não havia estrutura física adequada bem como equipe especializada para realizá-los (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2020).

De acordo com o art. 3° da Resolução n°. 26/2018 a CoMu tem por finalidade “construir, implementar e promover coletivamente uma Política de Prevenção e Enfrentamento à violência contra as mulheres na UFPB, em todos os campi” (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2018). A CoMu atua no acolhimento, orientação e atendimento às mulheres em situação de violência, no acompanhamento dos processos administrativos gerados por denúncias, no desenvolvimento de propostas e articulações de projetos acadêmicos (extensão, pesquisa e ensino) e na discussão de políticas de gênero para o contexto universitário (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2020).

É um espaço composto por uma equipe especializada, formada apenas por mulheres.

Atualmente conta com apenas três servidoras, sendo uma coordenadora, uma vice-coordenadora e uma assistente social. A CoMu também conta com um Conselho Gestor (CGCoMu), composto por mulheres que estudam e trabalham na UFPB, que tem por objetivo assegurar que a gestão realize um trabalho compatível com as necessidades das mulheres da universidade. Desde o início das atividades da CoMu a coordenação solicita uma psicóloga e duas assistentes administrativas para compor a equipe, mas o pedido ainda não foi atendido. Considerando a natureza do serviço, essa situação acaba prejudicando os atendimentos, além de gerar acúmulo de funções para a equipe (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2018)

Assim, como dispõe a Resolução n°. 26/2018 (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2018), além dos cargos de representação política e administrativa exercidos pela

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coordenação, a CoMu é dividida em três setores: o setor de prevenção, acolhimento e orientação, e de enfrentamento. O setor de prevenção é responsável por desenvolver campanhas educativas, formação de profissionais da universidade, apoio institucional aos projetos acadêmicos e desenvolvimento de estratégias de comunicação. Já o setor de acolhimento e orientação realiza atendimento com escuta ativa e sigilosa, registro interno, encaminhamento interno e externo, acompanhamento durante a denúncia e apuração dos casos. Por fim, o setor de enfrentamento faz notificação e monitoramento das denúncias feitas à Ouvidoria e aos setores competentes, articulação política direta com Pró-Reitorias e Corregedoria do meio acadêmico e, quando necessário, realiza assessoria às Direções de Centro para compor sindicâncias (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2020). Apesar de cada setor ter suas competências, as funções são articuladas e discutidas em conjunto entre a equipe.

Devido à dimensão do serviço e ao aumento de demandas, o espaço enfrenta dificuldades referentes à insuficiência de equipamentos, como computadores e impressora, pouco espaço nos setores do ambiente físico e sobrecarga de trabalho devido à falta de novas profissionais. Apesar das adversidades, torna-se indispensável a atuação da CoMu a medida que é uma política que promove, com responsabilidade e afeto, uma atuação comprometida com a autonomia e com os direitos das mulheres (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2020).

COMU: CARACTERIZAÇÃO DAS DEMANDAS, TIPIFICAÇÃO DAS VIOLÊNCIAS E PRINCIPAIS ENCAMINHAMENTOS

Foram realizados 88 atendimentos entre fevereiro de 2019 a outubro de 2022. Dentre os atendimentos, 3 são de mulheres que retornaram ao serviço posteriormente com nova demanda.

Ademais, dos 88 atendimentos realizados, 87 possui cadastro, mas 2 deles são de casos que tiveram o atendimento inicial, mas não houve o acolhimento, portanto não foram contabilizados no total de casos atendidos. Dentre os cadastros, 8 não possui ficha de atendimento preenchida e 2 não possui ficha nem relatório de atendimento, além de cadastros que possuem fichas, mas estão com informações incompletas. No que corresponde aos cadastros sem fichas, a maioria são de casos atendidos durante a pandemia, no período de isolamento social.

Pelo fato dos atendimentos terem sido realizados de forma remota, foi difícil o controle de preenchimento das fichas, pois a equipe enviava para a usuária e aguardava a mesma devolver preenchida, mas em alguns casos não houve devolução. Dessa forma, somam-se 88 atendimentos

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realizados pelo serviço, contando com 22 cadastros ativos com monitoramento contínuo até o presente momento.

Dentre o total de casos atendidos, 68% são estudantes, 8% são técnicas-administrativas, 14%

são docentes, 6% funcionárias terceirizadas, 1% convive na UFPB e 3% não informou. Tal porcentagem coincide com diversos estudos que trazem as discentes como o principal alvo da violência nas universidades (PEREIRA ET AL., 2022; ALANEZ, 2021; HERNANDEZ-ROSETE;

GÓMEZ-PALACIOS, 2021; ZOTARELI ET AL., 2012). A UFPB conta com 4 campi distribuídos em diferentes municípios, sendo o Campus I a sede principal da universidade, localizado na capital da Paraíba. Cerca de 86% das mulheres acolhidas são do Campus I e 13% de outros campi. Embora a maior parte das demandas seja do campus sede, a atuação da CoMu não se limita a ele, mas abarca a universidade como um todo.

As mulheres atendidas estão em idade entre 18 e 65 anos. É possível observar na Tabela 1 que a faixa etária predominante foi de 18 a 31 anos e a maioria das mulheres declararam-se solteiras (65%). O resultado se assemelha com a idade de inserção de estudantes no ensino superior que varia entre 19 e 24 anos (PEDUZZI, 2020). Além disso, a pesquisa de Moura, Netto e Souza (2012) aponta que mulheres entre 15 e 44 anos são as que mais vivenciam a violência de gênero. A situação demonstra preocupação por ser alto o número de mulheres jovens que sofrem violência e pelos impactos duradouros que podem gerar à saúde mental, à integridade física e ao rendimento acadêmico. O custo das violências sofridas no espaço universitário tem dificultado o acesso a direitos e a possibilidade das mulheres investirem na própria educação, gerando altas taxas de evasão escolar, atraso no tempo de graduação e mudanças de carreira (PORTO, 2017;

HERNÁNDEZ-RAMIREZ, 2021; HERNANDEZ-ROSETE; GÓMEZ-PALACIOS, 2021).

Quanto à autodeclaração étnico-racial, as categorias preta e parda compõem, juntamente, pouco mais da metade dos casos (54%). Considerando os dados do grupo de pertencimento étnico- racial, é válido afirmar que há uma intersecção entre gênero e raça que intensifica as experiências de violência na universidade, pois, como afirma Martins, Bandeira e Dias (2022, p. 419) os dados

“[...] trazem à tona a relevância do componente racial enquanto estruturante das desigualdades sociais, econômicas e políticas no Brasil assim como da violência de gênero e contra as mulheres”.

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Tabela 1 – Características sóciodemográficas das mulheres atendidas na CoMu - UFPB (2019-2022) Características sócio-demográficas N %

Faixa etária

18-31 50 57%

32-45 17 19%

46-59 4 5%

60 ou mais 2 2%

Sem informação 15 17%

Estado civil

Solteira 57 65%

Casada 12 14%

União estável 3 3%

Em separação 1 1%

Divorciada 1 1%

Sem informação 14 16%

Autodeclaração étnico-racial

Branca 24 27%

Preta 17 19%

Parda 31 35%

Sem informação 16 18%

Orientação sexual

Heterossexual 38 43%

Bissexual 23 26%

Lésbica 2 2%

Sem informação 25 28%

Identidade de gênero

Cisgênero 53 60%

Transexual 5 6%

Travesti 4 5%

Sem informação 26 30%

Renda familiar

Até 1 salário mínimo 15 17%

1 a 2,5 salários mínimos 17 19%

3 a 4,5 salários mínimos 6 7%

5 salários mínimos ou mais 17 19%

Não sabe 2 2%

Sem informação 31 35%

Fonte: fichas de cadastro da CoMu

Ao cruzar os dados de orientação sexual e identidade de gênero nota-se que prevalece entre as mulheres a heterossexualidade e a cisgeneridade, respectivamente. Tais categorias são bases do patriarcado e concebem o masculino e o feminino como classes naturais, fixas e complementares, seguindo os padrões impostos pela sociedade e sendo, consequentemente, atravessadas pelas

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violências sobre os corpos e as formas de existir das mulheres (BANDEIRA, 2017). Contrapondo os índices da categoria orientação sexual, estudiosas (MARTINS; BANDEIRA; DIAS, 2022) mostram que, de um total de 827 estudantes que vivenciaram violência de gênero na universidade, há maior incidência de violência entre mulheres bissexuais e lésbicas. Desse modo, é necessário discutir sobre a presença da violência em outras orientações sexuais, pois mulheres que se relacionam afetivamente com outras mulheres encontram-se expostas tanto pela discriminação de gênero como pela vivência da orientação sexual.

Ainda na Tabela 1, com relação à renda familiar, 36% recebem até 2,5 salários mínimos.

Ainda que a maioria das mulheres seja de classe baixa, há um percentual significativo de mulheres com renda maior, entre 5 salários mínimos ou mais que são, na maioria, docentes. Dentre as usuárias do serviço, o maior quantitativo das que possuem renda até 2,5 salários mínimos são de estudantes, que também representam o maior número de casos atendidos. Isso indica que a violência ocorre nos diversos estratos, mas o nível de renda determina maior exposição das mulheres devido a vulnerabilidade econômica (MARTINS; BANDEIRA; DIAS, 2022).

Quanto à caracterização dos casos de violência, observa-se na Tabela 2 que prevalece a violência psicológica com 30% dos casos. É importante mencionar que dos 88 casos analisados, 60 se referem a mulheres que vivenciaram mais de um tipo de violência. Os indicadores apontam que a violência contra as mulheres traz várias sequelas, entre elas o sofrimento psíquico. O reconhecimento da violência psicológica é um dado importante, pois demonstra que as mulheres estão reconhecendo um tipo de violência subjetiva, muitas vezes difícil de ser categorizada.

Infere-se que o fato de ter casos com mais de um tipo de violência corresponda à tendência das relações violentas obedecerem a uma escala progressiva, comumente percebida em casos de violência doméstica, que acaba se moldando em outros contextos, como o acadêmico. O ciclo inicia através de agressões verbais e passam para a violência psicológica, física e/ou sexual, podendo chegar ao caso extremo de feminicídio, que é o assassinato da vítima (MOURA; NETTO; SOUZA, 2012) . É importante destacar que raramente a mulher sofre apenas um tipo de violência, uma vez que, na maioria dos casos, sempre surgem outros tipos. Trata-se da vivência de múltiplas violências, podendo ou não serem reconhecidas pela mulher ou mobilizadas em um único ato.

Dentre as demandas atendidas, as principais queixas se referem à ameaça (23%), assédio moral (20%), assédio sexual/importunação sexual (17%) e desqualificação intelectual (14%). As queixas apresentadas foram as mais frequentes em casos de mulheres que trabalham na universidade, seja servidora técnica-administrativa, funcionária terceirizada ou docente.

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O fato coincide com o cenário brasileiro ao revelar que os registros de crimes de assédio sexual e importunação sexual cresceram 6,6% e 17,8%, respectivamente. Além disso, 76% de mulheres trabalhadoras reconhecem já ter passado por um ou mais episódio de violência e assédio no trabalho (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2022). Os resultados levam a considerar que “a universidade se apresenta como um espaço hierárquico onde podem ser gerados comportamentos e atitudes que, com o desejo de manter a distinção de categorias, marca superioridade, mesmo à custa do desconforto que geram em seus interlocutores” (ALANEZ et al., 2021, p. 341, tradução nossa).

Chama-se atenção para a presença de casos de LGBTQIA+Fobia e ataques virtuais, pouco mencionados e discutidos em estudos sobre a temática da violência de gênero no âmbito acadêmico.

No que se refere à LGBTQIA+Fobia, ressalta-se os casos de transfobia que envolvem a vivência de diferentes tipos de violência como a violência institucional, psicológica e simbólica, variando entre comportamentos de desqualificação intelectual, obstáculos para o uso do nome social pelos professores, pelos sistemas da universidade e impedimentos voltados ao uso dos banheiros. Faz-se necessário medidas destinadas a garantir direitos à população trans e travesti, através da execução de resoluções – no que se refere à UFPB a efetivação da Resolução n° 39/2013 – para o uso do nome social e para o uso dos banheiros conforme identidade de gênero (MARTINS; BANDEIRA;

DIAS, 2022) na intenção de reconhecer essas demandas e minimizar a intensidade dos casos.

A respeito dos ataques virtuais, durante a pandemia as instituições de ensino e organizações tiveram que se adequar ao meio remoto para continuar seus programas pedagógicos e operações diárias. Diante dessa nova configuração, surgiram também novas formas de violência, como ataques de grupos organizados a salas virtuais com ofensas direcionadas a mulheres, pessoas negras, minorias religiosas e outros grupos marginalizados. Tais ataques são vistos como assédio virtual, apontado como a principal violência (38%) sofrida por mulheres e meninas no meio digital durante a pandemia (ACCIOLY, 2019). O assédio virtual é tipificado na lei como cyberbullying, pois tem intenção de constranger, intimidar, hostilizar, ridicularizar e ofender pessoas através de meios eletrônicos (BRASIL, 2015).

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Tabela 2 – Caracterização dos casos atendidos na CoMu, conforme tipo de violência, ambiente em que ela ocorreu e tipo de vínculo do agressor com a vítima (2019-2022)

Caracterização dos casos N %

Tipo de violência

Física 24 16%

Psicológica 46 30%

Moral 22 14%

Sexual 23 15%

Patrimonial 7 5%

Simbólica 8 5%

Institucional 16 10%

Estrutural 5 3%

Sem informação 3 2%

Principais queixas

Ameaça 23 23%

Assédio moral 20 20%

Assédio sexual/Importunação sexual 17 17%

Coerção 8 8%

Desqualificação intelectual 14 14%

LGBTQIAP+Fobia 6 6%

Ataques virtuais 10 10%

Ambiente onde ocorreu a violência

Sala de aula 6 7%

Local de trabalho na universidade 12 14%

Local externo à universidade 18 21%

Laboratório 3 3%

Espaços comuns da universidade 21 24%

Residência universitária 9 10%

Serviços de saúde da universidade 2 2%

Âmbito virtual 16 18%

Tipo de vínculo com o agressor

Chefe de trabalho 10 11%

Estudante 17 18%

Professor 12 13%

Ex-companheiro 16 17%

Grupo virtual 5 5%

Serviço/Instituição 5 5%

Servidor técnico 6 7%

Desconhecido 6 7%

Outros 6 7%

Sem informação 9 10%

Fonte: fichas de cadastro da CoMu

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Com relação ao ambiente da ocorrência, percebe-se a variabilidade de espaços que a violência pode acontecer. Espaços comuns da universidade (21%) foram os mais citados dentre os ambientes, seguido por local externo à universidade (18%). A violência não se restringe às dependências da universidade, mas acaba tendo desdobramentos em outros locais. Isso significa que as relações entre estudantes, técnicas/os e professoras/es excedem os muros das universidades e as violências precisam ser enfrentadas, conjuntamente, em outras esferas.

Os principais agressores são estudantes (18%), ex-companheiros (17%) e professores, (13%), levando em consideração que o mesmo agressor pode ter mais de um tipo de vínculo com a vítima, como estudantes que são, também, ex-namorados. Ademais, o mesmo caso também pode ter mais de um agressor, como os casos que envolvem professores e estudantes, técnicos e chefe de trabalho. Os índices se assemelham a pesquisa realizada por Alanez et al. (2021) e Martins, Bandeira e Dias (2022) em que os agressores eram, principalmente, estudantes do sexo masculino e professores. Casos envolvendo ex-companheiros também coincide com o fato de que os agressores geralmente são pessoas conhecidas das vítimas e, em situações de violência em locais externos à universidade, especialmente no ambiente doméstico, os principais agressores são homens que possuem ou possuíram algum vínculo afetivo com a vítima, como ex-companheiros/maridos, namorados ou cônjuges (MOURA; NETTO; SOUZA, 2012).

Na Tabela 3 a forma de acesso das mulheres ao Comitê revela a importância do conhecimento do serviço por todas as pessoas que compõem a universidade. A divulgação da CoMu é também uma forma de fortalecê-la e uma das principais fontes de divulgação das atividades realizadas pelo serviço são as redes sociais, sobretudo a plataforma Instagram.

Tabela 3 – Formas de acesso à CoMu pelas usuárias atendidas (2019-2022)

Atendimento N %

Formas de acesso à CoMu

Busca ativa 7 8%

Encaminhamento interno 23 26%

Encaminhamento externo 5 6%

Indicação 28 32%

Procura espontânea 16 18%

Sem informação 9 10%

Fonte: fichas de cadastro da CoMu

Dentre os casos que tiveram encaminhamento interno, cerca de 52% foram para registro de denúncia na Ouvidoria e 28% para serviços de apoio em saúde mental oferecidos pela e para a

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comunidade acadêmica. É importante destacar que a denúncia é o primeiro passo para romper com o ciclo de violência e é a única via pelo qual a instituição toma conhecimento da ocorrência e oferece a vítima apoio e possibilidades legais para responsabilizar o agressor (HERNÁNDEZ- RAMIREZ, 2021).

No que tange aos casos que houve registro de encaminhamento externo, cerca de 73% foram encaminhados para serviços especializados no atendimento à mulher vítima de violência, entre eles a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, o Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra e a Patrulha Maria da Penha. O enfrentamento à violência requer ação conjunta e articulada, em especial dos serviços envolvidos com a problemática, na intenção de garantir a integralidade e qualidade do atendimento. Tendo em vista a rota crítica percorrida pela mulher em situação de violência, é dever da rede de atendimento “[...] prestar uma assistência qualificada e não-revitimizante” (BRASIL, 2011, p. 30). Portanto, torna-se crucial investimentos públicos em serviços e capacitação de profissionais que compõem os serviços da rede para que garanta, efetivamente, a saúde integral, o bem-estar e a autonomia das mulheres.

O percentual de ausência de informações em diversas categorias é algo a se refletir. Além das dificuldades enfrentadas durante o isolamento social, podem-se citar outras possíveis razões para o não preenchimento das informações: a mulher não quis responder, a mulher não soube informar, houve dificuldades de preenchimento por parte da equipe (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou contribuir com o debate sobre violências de gênero contra mulheres nos espaços universitários levando em consideração o perfil, principais tipos de violência e encaminhamentos dados às mulheres atendidas por uma política institucional da UFPB, a CoMu.

Foi possível perceber que a violência contra as mulheres é um fenômeno histórico, cultural e social que ganha novas nuances em diferentes contextos. As relações de poder, as hierarquias e estigmatizações existentes nas universidades são chaves explicativas para a permanência de desigualdades estruturais de gênero, classe, raça e sexualidade. Nesse sentido, não é possível pensar no enfrentamento à violência de gênero nas IES sem considerar a interseccionalidade entre categorias para compreender a maneira como os sistemas de discriminação se cruzam.

Através da análise dos casos, o perfil característico das mulheres atendidas pela CoMu é de jovens, estudantes, solteiras, pardas e pretas, heterossexuais, cisgênero com renda até 2,5 salários

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mínimos. A violência psicológica prevaleceu entre os tipos de violência citados e as principais queixas foram ameaça, assédio sexual/importunação sexual e desqualificação intelectual em espaços comuns da universidade, sendo os principais agressores estudantes, professores e ex- companheiros. As principais formas de acesso das usuárias à CoMu foi por indicação. Dentre os casos que tiveram encaminhamentos, a maioria foi para registro de denúncia na Ouvidoria e para serviços externos especializados no atendimento à mulher vítima de violência.

Um impasse encontrado para a execução do estudo, que também coincide com uma das dificuldades do trabalho da CoMu, diz respeito a contabilização dos atendimentos. O atendimento vai além do acolhimento inicial, transformando-se em um trabalho contínuo que se desdobra em várias demandas. Assim, durante o acompanhamento do caso, pode ocorrer novos atendimentos e até mesmo o surgimento de queixas que precisarão de outros encaminhamentos. Esse é um fato importante para futuras pesquisas sobre violências nos campi universitários brasileiros, pois indica a dificuldade em se traduzir em números a demanda real, sendo necessário complementar com análises qualitativas os desdobramentos de um mesmo caso e as múltiplas agressões que estudantes, técnicas, docentes e mulheres que convivem na universidade podem sofrer em apenas uma denúncia.

Portanto, a atuação de uma política institucional de prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres torna-se indispensável no contexto universitário, uma vez que é através dela que se dá visibilidade aos casos que ocorrem nos campi, que se intensifica a busca por respostas formais da instituição e que torna visível e acessível o reconhecimento dos direitos das mulheres. Nesse contexto, a CoMu representa um espaço de luta e resistência a todas as formas de violência, opressão e violação de direitos, bem como de busca pela transformação das hierarquias de gênero, raça, sexualidade e classe.

Contudo, o funcionamento de uma política isolada não é suficiente para combater e erradicar as violências nas universidades. É preciso institucionalizar uma perspectiva de gênero em todo o âmbito universitário, criando espaços de reflexão e crítica com as atividades de ensino, pesquisa e extensão para estudantes, técnicos e docentes sobre temáticas acerca da violência de gênero e do reconhecimento das manifestações da violência contra as mulheres nas universidades, desde sua expressão explícita a expressão velada.

REFERÊNCIAS

ACCIOLY, Beatriz. Muito além do cyberbullying: a violência real do mundo virtual. Instituto Avon e Decode, 2020. Disponível em: https://institutoavon.org.br/pesquisa/

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http://www.scielo.org.bo/pdf/rap/v19n2/v19n2_a04.pdf.

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C.; ZANELLO, V. (org.). Panoramas da violência contra mulheres nas universidades brasileiras e latino-americanas. Brasília: OAB Editora, 2022, p. 17-32.

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ÁVILA, Thiago Pierobom. Violência sexual no ambiente universitário: análise a partir da experiência de uma Audiência Pública no Distrito Federal. In: ALMEIDA, T. M. C.; ZANELLO, V. (org.). In: ALMEIDA, T. M. C.; ZANELLO, V. (org.). Panoramas da violência contra mulheres nas universidades brasileiras e latino-americanas. Brasília: OAB Editora, 2022, p. 383-414.

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BANDEIRA, L. M. Violência, gênero e poder: múltiplas faces. In : STEVENS, C. et al. (org.).

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