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Relação entre qualidade de vida de idosos, estado nutricional e preferência alimentar

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Stricto Sensu em Gerontologia

RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS,

ESTADO NUTRICIONAL E PREFERÊNCIA ALIMENTAR

Brasília - DF

2011

(2)

DÉBORA MESQUITA GUIMARÃES FAZZIO

RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS, ESTADO NUTRICIONAL E PREFERÊNCIA ALIMENTAR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Profa. Dra. Gislane Ferreira de Melo

Co-orientadora: Profa. Dra. Carmen Jansen de Cárdenas

(3)

7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

10/04/2012

F287r Fazzio, Débora Mesquita Guimarães.

Relação entre qualidade de vida de idosos, estado nutricional e preferência alimentar. / Débora Mesquita Guimarães Fazzio – 2011.

101f. : il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2011. Orientação: Gislane Ferreira de Melo

Coorientação: Carmen Jansen de Cárdenas

1. Qualidade de vida. 2. Idosos - Nutrição. 3. Gerontologia. I. Melo Gislane Ferriera de, orient. II. Cárdenas, Carmen Jansen de, coorient. III. Título.

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Dissertação de autoria de Débora Mesquita Guimarães Fazzio, intitulada

“RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS, ESTADO NUTRICIONAL E PREFERÊNCIA ALIMENTAR”, apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, em ___/___/____, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

______________________________________________________________ Profa. Dra. Gislane Ferreira de Melo

Orientadora

Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia – UCB

______________________________________________________________ Profa. Dra. Cláudia Cristina Fukuda

Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia – UCB

______________________________________________________________ Profa. Dra. Estefânia Maria Soares Pereira

Curso de Nutrição da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – (UFTM)

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Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois Ele é quem dá sabedoria, inteligência e entendimento.

Ao meu esposo Thiago Fazzio e ao meu filho Nathan que aceitaram se privar da minha companhia pelos estudos, concedendo a mim a oportunidade de realizar esse sonho. Espero poder recompensá-los por todos os momentos de ausência. Amo vocês imensamente!

Aos meus pais Domingos Júnior e Tânia que mesmo morando distante, em Uberlândia – MG, se comprometeram a me ajudar nesta etapa vindo todos os meses para Brasília para cuidarem do neto enquanto eu me dedicava aos estudos. Muito obrigada!

À minha avó Elza, pela alegria de viver e pelas orações constantes. Estarás sempre dentro do meu coração.

À minha orientadora Gislane Ferreira de Melo por sua amizade, paciência, estímulo, conhecimentos e ensinamentos indispensáveis na organização e concretização do presente trabalho. Sem você eu não teria conseguido. Obrigada!

À todos os professores do Mestrado em Gerontologia, em especial a minha co-orientadora Profa. Dra. Carmen Jansen de Cárdenas, pelo convívio, pela atenção e presteza. Vocês foram muito importantes na minha vida acadêmica.

À Ana Lea Oliveira e Alline Cristina da Silva, coordenadoras da Universidade Paulista, que me incentivaram a iniciar o mestrado. Vocês fizeram parte deste sonho, o qual hoje se tornou realidade. Obrigada!

Às minhas grandes e eternas amigas Nádia, Franciele, Viviane, Márcia e Denise que sempre me apoiaram em todos os momentos e nunca me deixaram desistir deste sonho. Obrigada por terem enxugado minhas lágrimas e terem me incentivado a chegar até o fim. Agradeço por todos os momentos, alegres e difíceis que passamos juntas. Vocês são e sempre serão pessoas especiais. Amo muito todas vocês!

Às nutricionistas Fernanda Colares, Gisele e Cláudia, às estagiárias do curso de Nutrição da Universidade Paulista Jucélia, Ana Luiza, Mylena e Natália, aos alunos do curso de Educação Física da Universidade Católica de Brasília Juliana e Érick, e a Katarina do Centro de Convivência dos Idosos da UCB, que trabalharam incansavelmente no processo de coleta de dados. A vocês, muito obrigada!

(7)

“Se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria e da sua boca

vem a inteligência e o entendimento”.

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FAZZIO, Débora Mesquita Guimarães. Relação entre qualidade de vida de idosos, estado nutricional e preferência alimentar. 2011. 101 f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2011.

O processo de envelhecimento é acompanhado por diversas alterações (fisiológicas, psicológicas e sociais) que afetam o estado nutricional, que por sua vez se relaciona à saúde e conseqüentemente a qualidade de vida. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar as variáveis estado nutricional, qualidade de vida e a preferência alimentar de mulheres idosas a fim de verificar se há uma relação entre as mesmas. Para tanto, a amostra foi de 113 idosas praticantes de atividade física e integrantes do Centro de Convivência de Idosos (CCI) da Universidade Católica de Brasília (UCB). O estado nutricional foi mensurado por meio da bioimpedância elétrica (BIA) e do índice de massa corpórea (IMC). A qualidade de vida foi avaliada a partir da Escala Psicométrica para Avaliação da Qualidade de Vida (EQV) e a preferência alimentar foi avaliada por meio da Escala de Preferência Alimentar. Os resultados demonstraram que as idosas apresentaram elevada prevalência de excesso de peso, que foi melhor avaliado pela BIA quando comparado com os resultados do IMC. A partir da Escala de Qualidade de Vida, verificou-se que as idosas, em sua maioria, apresentaram atitudes positivas em relação à vida e conseqüentemente uma boa qualidade de vida. Em relação à preferência alimentar observou-se que as idosas preferiram os alimentos do grupo dos legumes e verduras, das frutas e ao café, sendo que, de uma forma geral, a maioria das idosas apresentaram atitudes positivas em relação à alimentação. O presente estudo verificou que a qualidade de vida, psicológica e comportamental, das idosas não foi influenciada pelo estado nutricional. A relação entre qualidade de vida e preferência alimentar mostrou que as idosas que apresentaram baixa qualidade de vida preferiam alimentos do grupo dos açúcares. Os resultados permitem concluir que o desenvolvimento de pesquisas sobre qualidade de vida, hábitos alimentares e estado nutricional, são imprescindíveis no campo da saúde pública e podem resultar em mudanças nas práticas assistenciais e na consolidação de novos modelos do processo saúde-doença de forma a considerar aspectos socioeconômicos, psicológicos e culturais nas ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação em saúde. Neste contexto, uma alimentação saudável, e a manutenção do estado nutricional adequado são fatores importantes para a saúde e, portanto, para um envelhecimento bem sucedido.

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FAZZIO, Débora Mesquita Guimarães. Relationship between life quality of elderly, nutritional status and food preference. 2011. 101 f. Thesis (Master‟s in) –

Catholic University of, Brasília, 2011.

The ageing process is marked by several changes (physiological, psychological and social) that affect the nutritional status, which in turn is related to health and consequently to life quality. In this context, the present study aimed to evaluate the nutritional status, life quality and food preference in elder women, in order to verify a possible relationship between these variables. Therefore, the sample was comprised 113 women from the Elderly Center (CCI) at Catholic University of Brasilia (UCB). Nutritional status was measured through bioimpedance (BIA) and body mass index (BMI). Life quality was assessed through the Psychometric Scale for Life Quality Assessment (EQV) and the food preference was assessed through the Scale of Food Preference. The results demonstrated a high prevalence of overweight among the elder women, better assessed through BIA than BMI. From the Life Quality Scale, it was observed that most of the women presented positive life-related attitudes and consequently a good life quality. Regarding the Food Preference Scale it was observed that the elderly preferred the food groups of vegetables, fruits and coffee and also that they often presented positive food-related attitudes. Thus, the present study verified that life quality, considering both psychological and behavioral aspects, were not influenced by nutritional status. The relationship between life quality and Food Preference suggest that those women who showed lower life quality preferred the group of sugars. It can be concluded that the development of researches on life quality, eating habits and nutritional status are crucial in the field of public health as they may result in changes of healthcare practices and also in the consolidation of new models to explain the health-disease process that consider socioeconomic, psychological and cultural aspects as basis for health promotion and rehabilitation as well as disease prevention and treatment. In this context, the intake of healthy food, as well as the maintenance of a proper nutritional status are important to health and, therefore, to a successful aging.

(10)

Quadro 1. Domínios e facetas do WHOQOL-100... 21

Quadro 2. Domínios e itens do WHOQOL-BREF... 22

Quadro 3. Domínios (facetas) e itens do WHOQOL-OLD... 24

Quadro 4. Fatores e itens da EQV... 26

Figura 1. Representação do predomínio de um fator x magnitude dos fatores... 46

Figura 2. Localização proximal e distal dos eletrodos... 50

Figura 3. Distribuição das idosas em seis grupos tipológicos, segundo predomínio e magnitude dos fatores comportamental e psicológico... 66

Figura 4. Distribuição simplificada das idosas em relação à qualidade de vida... 67

(11)

Tabela 1. Classificação do Índice de Massa Corporal segundo a OMS, 1998.... 36

Tabela 2. Classificação do Índice de Massa Corporal segundo LIPSCHITZ, 1994... 36

Tabela 3. Classificação do Índice de Massa Corporal segundo PERISSINOTTO e cols (2002)... 36

Tabela 4. Percentis de IMC (Kg/m2) de acordo com a idade para idosas... 37

Tabela 5. Equações de predição de massa livre de gordura para idosos pelo método da bioimpedância... 38

Tabela 6. Valores de referência de gordura corporal a partir da classificação de Lohman (1992)... 38

Tabela 7. Distribuição das idosas segundo faixa etária. Distrito Federal, 2011... 53

Tabela 8. Estado nutricional das idosas segundo classificação do IMC proposta por Lipschitz (1994) e faixa etária. Distrito Federal, 2011... 54

Tabela 9. Estado nutricional das idosas segundo classificação do IMC proposta pela OMS (1998) e faixa etária. Distrito Federal, 2011... 56

Tabela 10. Comparação entre diferentes critérios de classificação do IMC das idosas participantes. Distrito Federal, 2011... 57

Tabela 11. Classificação da porcentagem de gordura corporal das idosas segundo critério proposto pela OMS (1995) e faixa etária. Distrito Federal, 2011... 60

Tabela 12. Classificação da porcentagem de gordura corporal das idosas segundo critério proposto por Lohman (1992) e faixa etária. Distrito Federal, 2011... 60

Tabela 13. Comparação entre diferentes critérios de avaliação do estado nutricional utilizados para identificar excesso de peso em idosas. Distrito Federal, 2011... 61

Tabela 14. Medidas descritivas dos fatores que envolvem a qualidade de vida das idosas, avaliada a partir da EQV. Distrito Federal, 2011... 64

Tabela 15. Fatores com respectivas categorias na Pirâmide Alimentar demonstrando a Preferência Alimentar. Distrito Federal, 2011... 72

Tabela 16. Medidas descritivas dos grupos de alimentos pertencentes a Escala de Preferência Alimentar. Distrito Federal, 2011... 73

Tabela 17. Relação entre preferência alimentar e qualidade de vida das idosas. Distrito Federal, 2011...

(12)

%GC – Porcentagem de gordura corporal AAB – Área adiposa do braço

AL – Altura

BIA – Bioimpedância C – Circunferência CE – Ceará

CEP – Comitê de Ética e Pesquisa

CMB – Circunferência muscular do braço

DEXA – Absortometria radiológica de dupla energia DP – Desvio-padrão

EQV – Escala de Qualidade de Vida

EuroQOL – Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida Fator2 – Fator psicológico

HDL-c – Lipoproteína de alta densidade

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC – Intervalo de confiança

IMC – Índice de Massa Corpórea

LDL-c – Lipoproteína de baixa densidade MLG – Massa livre de gordura

NAI – Núcleo de Atenção ao Idoso

NHANES III –National Health and Nutrition Examination Survey OMS – Organização Mundial de Saúde

PC – Peso corporal

PCT – Prega cutânea tricipital

(13)

SF-36 – Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida SISVAN – Sistema de vigilância Alimentar e Nutricional SPSS –Statistical Package of the Social Sciences SUS – Sistema Único de Saúde

SV – Satisfação com a vida

UCB – Universidade Católica de Brasília

WHOQOL-100 – Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da OMS

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 OBJETIVOS ... 17

2.1 OBJETIVO GERAL ... 17

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 17

3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 18

3.1 QUALIDADE DE VIDA ... 18

3.2 INSTRUMENTOS QUE AVALIAM A QUALIDADE DE VIDA ... 19

3.2.1 Escala WHOQOL-100 ... 19

3.2.2 Escala WHOQOL-bref ... 21

3.2.3 Escala WHOQOL-old ... 23

3.2.4 Escala de Qualidade de Vida (EQV) ... 25

3.3 QUALIDADE DE VIDA E ENVELHECIMENTO ... 26

3.4 ESTADO NUTRICIONAL E REPERCUSSÕES PARA A SAÚDE DO IDOSO . 29 3.5 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ... 33

3.6 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ... 34

3.6.1 Índice de Massa Corpórea (IMC) ... 34

3.6.2 Bioimpedância (BIA) ... 37

3.7 PREFERÊNCIA ALIMENTAR E DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM IDOSOS ... 38

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS ... 44

4.1 DELINEAMENTO ... 44

4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 44

4.2.1. Critério de Inclusão da Amostra ... 44

4.2.2 Critério de Exclusão da Amostra ... 45

4.3 INSTRUMENTOS ... 45

4.3.1 Avaliação nutricional ... 45

4.3.1.1 Balança e Estadiômetro ... 45

4.3.1.2 Bioimpedância ... 45

4.3.2 Qualidade de vida ... 46

4.3.3 Preferência Alimentar ... 48

4.4 PROCEDIMENTOS ... 48

4.4.1 Procedimento geral de coleta de dados ... 48

4.4.2 Procedimentos de aplicação dos instrumentos ... 49

4.4.2.1 Avaliação nutricional ... 49

(15)

4.4.2.1.2 Bioimpedância (BIA) ... 50

4.4.3 Qualidade de vida ... 52

4.4.4 Preferência Alimentar ... 52

4.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ... 52

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 53

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 54

5.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ... 54

5.2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ... 64

5.3 QUALIDADE DE VIDA E ESTADO NUTRICIONAL ... 70

5.4 PREFERÊNCIA ALIMENTAR... 72

5.5 PREFERÊNCIA ALIMENTAR E QUALIDADE DE VIDA ... 77

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 80

7 REFERÊNCIAS ... 82

APÊNDICE A ... 95

ANEXO A ... 97

ANEXO B ... 98

(16)

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento natural é um somatório de alterações orgânicas, funcionais, fisiológicas, anatômicas e psicológicas, que se manifestam em mudanças estruturais e funcionais (WELLS; DUMBRELL, 2006; CARDOSO, 2009).

Estas alterações estão ainda acompanhadas por problemas de ordem social, como precária condição socioeconômica, perda de autonomia e independência, isolamento e marginalização, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, o que tem contribuído para a necessidade de se conhecer os determinantes das condições de saúde e de vida dos idosos (NETTO, 2006).

Neste contexto, vale ressaltar a importância da Gerontologia, uma disciplina científica multi e interdisciplinar, cujas finalidades são o estudo das pessoas idosas as características da velhice enquanto fase final do ciclo de vida, o processo de envelhecimento e seus determinantes biopsicossociais (NETTO, 2006).

A partir desta perspectiva, o envelhecimento pode ser entendido como um processo individual, influenciado pela interdependência de vidas, que envolve ganhos e perdas, não podendo ser avaliado apenas pela idade, mas sim por meio de uma visão biológica, psicológica e social (GUIMARÃES, 2006).

Em relação as perdas associadas ao envelhecimento, através de uma perspectiva bio-psico-social, observa-se que a população idosa está propensa a apresentar problemas de ordem nutricional devido a fatores relacionados com as alterações fisiológicas e sociais, ocorrência de doença crônica, uso de várias medicações, problemas na alimentação (comprometendo a mastigação e deglutição), depressão e alterações da mobilidade com dependência funcional (AMARANTOS; MARTINEZ; DWYER, 2001; ACUÑA; CRUZ, 2004; WELLS; DUMBRELL, 2006; AHMED; HABOUBI, 2010).

(17)

A relação direta entre qualidade de vida e estado nutricional é um assunto sobre o qual não existem muitos artigos, porém está se tornando uma questão cada vez mais importante. A maneira pela qual a qualidade de vida relacionada à saúde é afetada pelo estado nutricional é um assunto de interesse constante e debate permanente (WANDEN-BERGHE et al., 2009).

A melhoria dessa relação, como conseqüência de uma intervenção nutricional adequada, permite a redução do número de complicações pós-operatórias, encurta o tempo de recuperação e o tempo de permanência hospitalar, melhora a tolerância ao tratamento e ainda aumenta a taxa de sobrevivência, e com isso há uma diminuição geral da morbidade. Além disso, o aconselhamento e acompanhamento nutricional dado por profissionais está diretamente relacionado à melhoria do estado nutricional, e consequentemente a melhoria da qualidade de vida (WANDEN-BERGHE et al., 2009).

Alimentação e nutrição são componentes essenciais para uma "boa vida", sendo uma boa comida, um prazer sensorial e psicológico em seu próprio direito (AMARANTOS; MARTINEZ; DWYER, 2001). A alimentação é um fator fundamental para a promoção, manutenção e/ou recuperação da saúde em todas as fases da vida, adquirindo especial relevância na velhice (SILVA; CÁRDENAS, 2007).

Os efeitos da alimentação inadequada, tanto por excesso como por déficit de nutrientes têm expressiva representação, o que reflete num quadro latente de má nutrição em maior ou menor grau, resultando em elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa, onde a desnutrição, o sobrepeso e a obesidade predominam sobre os indivíduos que apresentam adequado estado nutricional (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000).

Neste contexto, uma alimentação saudável, e conseqüentemente a manutenção do estado nutricional adequado são fatores importantes para a saúde e, portanto, para um envelhecimento bem sucedido (WELLS; DUMBRELL, 2006).

(18)

promover o bem-estar dos que envelhecem, visto que muitos aspectos dietéticos estão relacionados com o ambiente, a socialização e o envelhecimento.

(19)

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a relação entre qualidade de vida de idosos, estado nutricional e preferência alimentar.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Avaliar o estado nutricional dos idosos por meio da bioimpedância elétrica (BIA) e do índice de massa corpórea (IMC);

 Relacionar o estado nutricional identificado pela BIA com o IMC;

 Avaliar a qualidade de vida em idosos, por meio da Escala Psicométrica para Avaliação da Qualidade de Vida;

 Avaliar a preferência alimentar, por meio da Escala de Preferência Alimentar;

 Relacionar estado nutricional e qualidade de vida dos idosos, e;

(20)

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 QUALIDADE DE VIDA

Ao se falar em qualidade de vida observa-se que não existe uma definição única e específica, mas sim conceitos e abordagens diferentes que são construídas a partir da percepção e da vivência de cada sujeito.

Esta expressão, no seu sentido atual, foi empregada por Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos, pela primeira vez em 1964 ao afirmar que os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos, mas sim através da qualidade de vida que estes proporcionam às pessoas (VIEIRA, 2010).

Já por volta dos séculos XVIII e XIX, com o nascimento da medicina social, surgiu a preocupação com a relação entre este conceito e a saúde, sendo que na maioria dos estudos são utilizados os termos: condições de vida, estilo de vida, situação de vida (VIEIRA, 2010).

Entende-se por qualidade de vida “a percepção do indivíduo na vida, no

contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus

objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (THE WHOQOL GROUP, 1995, p.

1404).

De acordo com Santos et al. (2002), esta pode se basear em três princípios fundamentais: capacidade funcional, nível socioeconômico e satisfação, podendo ainda estar relacionada com capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica e autoproteção de saúde.

Segundo Soares (2004):

Qualidade de vida, de uma forma geral, é uma condição subjetiva dinâmica, relacionada ou não com o processo de doença, onde fatores emocionais, sociais e físicos, adquirem maior ou menor relevância para longevidade e bem-estar, a partir da habilidade pessoal de enfrentar questões cotidianas de maneira positiva, com respeito a dignidade, expressa através do grau de satisfação frente ao momento atual de vida e/ou expectativas futuras (SOARES, 2004, p.32).

(21)

saúde, este conceito pode ser considerado por parâmetros objetivos que indicam avaliações que levam em conta parâmetros externos de natureza biológica, clínica e epidemiológica; ou subjetivos, que consideram as avaliações de indivíduos e de grupos, a partir de parâmetros internos, embora referenciados a normas e a expectativas sociais de bem-estar.

Segundo Philippi (2008), qualidade de vida é aquilo que é bom, desejável, saudável e compensador nas áreas pessoal, social, afetiva e profissional, e para que o indivíduo tenha uma boa qualidade de vida, torna-se necessária a integração de todas as áreas, inclusive a nutrição, considerando-se a alimentação saudável uma condição essencial para a promoção da saúde.

A Qualidade de Vida tem representado uma preocupação constante para o ser humano, desde o início de sua existência e, atualmente, constitui um compromisso pessoal a busca contínua de uma vida saudável, desenvolvida à luz de um bem-estar indissociável das condições do modo de viver, como: saúde, moradia, educação, lazer, transporte, liberdade, trabalho, auto-estima, entre outras (SANTOS, et al., 2002).

Desta forma, verifica-se que existem divergências quanto ao conceito de Qualidade de Vida, porém, todas estão centralizadas na avaliação subjetiva do paciente, e necessariamente ligadas ao impacto do estado de saúde sobre a capacidade do indivíduo viver.

3.2 INSTRUMENTOS QUE AVALIAM A QUALIDADE DE VIDA

3.2.1 Escala WHOQOL-100

(22)

Este instrumento avalia a qualidade de vida a partir seis domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, ambiente e espiritualidade, os quais são constituídos por facetas que são subdivididas em quatro questões, estruturadas por escala Likert de cinco pontos. Este instrumento é composto por vinte e quatro facetas específicas (Quadro 1) e uma faceta geral que inclui avaliação global da qualidade de vida (FLECK et al., 1999a; CHACHAMOVICH; FLECK, 2008a).

Ele está disponível em mais de 20 (vinte) idiomas, inclusive em português, versão desenvolvida pelo Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil. Sua versão em português foi validada a partir de sua aplicação em 250 pacientes provenientes de quatro grandes áreas médicas (psiquiatria, clínica, cirurgia e ginecologia) de um hospital de clínicas de Porto Alegre, RS, e em 50 voluntários-controles (FLECK et al., 1999a; FLECK et al., 1999b; CHACHAMOVICH; FLECK, 2008a).

De forma geral, verifica-se que o WHOQOL-100 apresentou um bom desempenho psicométrico com características satisfatórias de consistência interna (coeficiente de fidedignidade de Cronbach de 0,82 a 0,93), validade discriminante (p<0,01, exceto para o domínio 6 que obteve nível de significância limítrofe (p=0,06)), validade concorrente e fidedignidade teste-reteste, apresentando-se em condições de ser usado no Brasil (FLECK et al., 1999a).

O estudo de Jóia, Ruiz e Donalisio (2007), utilizando diferentes instrumentos de avaliação da qualidade de vida, incluindo o WHOQOL-100, demonstrou que a maioria dos idosos (51,1%) estavam muito satisfeitos com sua vida em geral, e isso

se associou a situações relacionadas com o “bem-estar” e a não referência de

Diabetes Mellitus.

Domínios e facetas do WHOQOL-100 Domínio I Domínio físico

1 Dor e desconforto

2 Energia e fadiga

3 Sono e repouso

Domínio II Domínio psicológico 4 Sentimentos positivos

5 Pensar, aprender, memória e concentração

6 Auto-estima

(23)

8 Sentimentos negativos

Domínio III Nível de Independência 9 Mobilidade

10 Atividades da vida cotidiana

11 Dependência de medicação ou de tratamentos

12 Capacidade de trabalho

Domínio IV Relações sociais 13 Relações pessoais

14 Suporte (Apoio) social

15 Atividade sexual

Domínio V Ambiente

16 Segurança física e proteção

17 Ambiente no lar

18 Recursos financeiros

19 Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade

20 Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades

21 Participação em, e oportunidades de recreação/lazer

22 Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima)

23 Transporte

Domínio VI Aspectos espirituais/Religião/Crenças pessoais 24 Espiritualidade/religião/crenças pessoais

Quadro 1. Domínios e facetas do WHOQOL Fonte: FLECK et al. (1999a)

3.2.2 Escala WHOQOL-bref

O WHOQOL-bref é um instrumento proposto pela Organização Mundial de Saúde que corresponde a uma versão abreviada do WHOQOL-100. Surgiu mediante a necessidade de utilização de instrumentos curtos que exigissem pouco tempo para seu preenchimento, mas com características psicométricas aceitáveis (FLECK et al., 2000). Compreende vinte e seis itens que são divididos em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (Quadro 2), com respostas estruturadas por escala Likert de cinco pontos, destinado a avaliar a qualidade de vida do adulto jovem (CHACHAMOVICH; FLECK, 2008b).

(24)

Alegre, RS, e em 50 voluntários-controles (FLECK et al., 2000; CHACHAMOVICH; FLECK, 2008a).

Observa-se que este instrumento, avaliado a partir do coeficiente de fidedignidade de Cronbach, apresenta boa consistência interna para os domínios (0,77) e questões (0,91). Quando os domínios são avaliados individualmente, verifica-se que o domínio 1- físico (0,84), domínio 2 - psicológico (0,78) e o domínio 4 - meio ambiente (0,71) apresentaram valores satisfatórios, sendo que apenas o domínio 3 - relações sociais (0,69) não apresentou características satisfatórias de consistência interna (FLECK et al., 2000).

De forma geral, verifica-se que o WHOQOL-bref apresentou características satisfatórias de consistência interna, validade discriminante, validade de critério, validade concorrente e fidedignidade teste-reteste. Esse bom desempenho psicométrico aliado com a praticidade de uso confere a esse instrumento uma alternativa útil para ser usado em estudos que se propõe a avaliar qualidade de vida no Brasil (FLECK, 2000).

A partir da utilização deste instrumento, os estudos de Farenzena et al. (2007), Gordia et al. (2011) e Braga et al. (2011), demonstraram que, de uma maneira geral, os idosos apresentaram uma boa qualidade de vida. Nos três estudos verificou-se que o domínio social apresentou média superior aos demais, indicando sua grande influência na determinação da satisfação e qualidade de vida.

Domínios e itens do WHOQOL-BREF

Domínio 1 Físico

Item 03 Dor e desconforto

Item 10 Energia e fadiga

Item 16 Sono e repouso

Item 15 Mobilidade

Item 17 Atividades da vida cotidiana Item 04 Dependência de medicação Item 18 Capacidade de trabalhar

Domínio 2 Psicológico

Item 05 Sentimentos positivos

Item 07 Pensar, aprender

Item 09 Auto-estima

Item 11 Imagem corporal

Item 26 Sentimentos negativos

Item 06 Espiritualidade

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Item 20 Relações pessoais

Item 22 Apoio social

Item 21 Atividade sexual

Domínio 4 Meio ambiente

Item 08 Segurança física

Item 23 Ambiente no lar

Item 12 Recursos financeiros

Item 24 Cuidados de saúde

Item 13 Informação

Item 14 Recreação e lazer

Item 09 Ambiente físico

Item 25 Transporte

Quadro 2. Domínios e itens do WHOQOL-BREF. Fonte: CHACHAMOVICH; FLECK (2008b)

3.2.3 Escala WHOQOL-old

O WHOQOL-old foi desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde com o intuito de avaliar a qualidade de vida de pessoas idosas. Este instrumento pode ser utilizado em estudos de avaliações transculturais, pesquisas de base epidemiológica, monitoração do estado de saúde, desenvolvimento e avaliação de serviços de saúde e estudos de intervenções clínicas, bem como em pesquisas que avaliem o impacto de distintas condições físicas e psicológicas relacionadas ao envelhecimento e de intervenções de saúde e qualidade de vida do paciente (CHACHAMOVICH et al., 2008).

Esse módulo compreende vinte e quatro itens relevantes e complementares aos coletados no WHOQOL-100 ou no WHOQOL-bref, com respostas estruturadas por escala Likert de cinco pontos, divididos em seis facetas: funcionamento dos sentidos; autonomia; atividades passadas, presentes e futuras, participação social, morte e morrer, e intimidade (Quadro 3) (FLECK; CHACHAMOVICH; TRENTINI, 2006; CHACHAMOVICH et al., 2008).

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Este instrumento apresentou um bom desempenho psicométrico com características satisfatórias de consistência interna (Coeficientes de Cronbach de 0,71 a 0,88), validade discriminante (p<0,01), validade concorrente (Coeficientes de correlação entre -0,61 e -0,50) e fidedignidade teste-reteste (Coeficientes de correlação entre 0,58 a 0,82). Quanto a validade de critério há necessidade de futuras investigações, visto que, as facetas intimidade e funcionamento dos sentidos não apresentou significância estatística. De forma geral, verifica-se que este instrumento representa uma alternativa útil e com bom desempenho psicométrico na investigação de qualidade de vida em idosos brasileiros (FLECK; CHACHAMOVICH; TRENTINI, 2006; CHACHAMOVICH et al., 2008).

O estudo de Maués et al. (2010) ao avaliar e comparar a qualidade de vida de idosos jovens (60 – 70 anos) e muito idosos (≥85 anos), utilizando o instrumento

WHOQOL-OLD, observaram que a população estudada apresentou boa qualidade de vida, não sendo constatado declínio da qualidade de vida com a idade.

Facetas e itens do WHOQOL-OLD Faceta 1 Funcionamento dos sentidos

1 Perda dos sentidos afetam a vida diária 2 Avaliação de funcionamento dos sentidos

3 Perda de funcionamento dos sentidos interfere na participação em atividades 4 Problemas com o funcionamento dos sentidos interferem na habilidade de

interagir

Faceta 2 Autonomia

5 Liberdade para tomar suas próprias decisões 6 Sente que controla seu futuro

7 Consegue fazer coisas que gostaria de fazer 8 Pessoas ao seu redor respeitam a sua liberdade

Faceta 3 Atividades passadas, presentes e futuras

9 Feliz com as coisas que podem esperar daqui para frente

10 Satisfeito com as suas oportunidades para continuar alcançando outras realizações

11 Recebeu o conhecimento que merece na vida 12 Satisfeito com aquilo que alcançou em sua vida

Faceta 4 Participação social

13 Satisfeito com a maneira com a qual usa o seu tempo 14 Satisfeito com o seu nível de atividade

15 Tem o suficiente para fazer em cada dia

16 Satisfeito com as oportunidades para participar de atividades na comunidade

Faceta 5 Morte e morrer

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19 Medo de morrer

20 Teme sofrer dor antes de morrer

Faceta 6 Intimidade

21 Tem um sentimento de companheirismo em sua vida 22 Sente amor em sua vida

23 Oportunidade de amar 24 Oportunidade de ser amado

Quadro 3. Domínios (facetas) e itens do WHOQOL-OLD Fonte: CHACHAMOVICH et al. (2008)

3.2.4 Escala de Qualidade de Vida (EQV)

A Escala de Qualidade de Vida proposta por Soares (2004) compreende dois fatores: comportamental e psicológico, os quais são constituídos de nove e quatorze itens (Quadro 4), respectivamente, estruturados por escala Likert de cinco pontos. A partir do coeficiente de fidedignidade de Cronbach, observa-se que a EQV apresenta boa consistência interna para o fator comportamental (0,83) e fator psicológico (0,85), encontrando-se devidamente validada para a cultura brasileira.

Além da consistência dos fatores, verifica-se que os aspectos emocionais refletem diretamente no bem-estar dos indivíduos, o que pode ser comprovado a partir do predomínio do fator psicológico (Fator 2) como determinante da “satisfação com a vida” (a análise de regressão múltipla do tipo Stepwise demonstrou que o Fator 2 explica 17,40% da “satisfação com a vida”), sendo este um outro aspecto relevante que torna a EQV válida para o estudo da qualidade de vida das populações (SOARES, 2004).

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Fatores e itens da EQV Fator 1 Fator Psicológico

1 Estou mais irritado ultimamente

2 Venho me sentindo mal (cansado e sem energia)

3 Sinto dificuldade de desligar-me de preocupações do dia-a-dia

4 Sinto um vazio em minha vida

5 Sinto intensa solidão

6 Acordo cansado

7 Sinto dificuldade de concentração

8 Estou ansioso sem motivo

9 Sinto-me culpado pelo rumo que minha vida levou

10 Irrito-me facilmente

11 Estou angustiado sem motivo

12 Estou mais pessimista

13 Tenho me sentido mais infeliz ultimamente

14 Venho chorando com maior freqüência

Fator 2 Fator Comportamental

15 Consumo bebidas alcoólicas mais que três vezes por semana

16 As pessoas criticam a quantidade de bebida alcoólica que costumo beber

17 Uso drogas

18 Sinto-me rejeitado por amigos e familiares

19 Minha vida está sem sentido

20 Faço uso de medicação controlada

21 Ultimamente tenho utilizado medicação para dormir

22 Sou fumante

23 Quero me isolar dos amigos e familiares

Quadro 4. Fatores e itens da EQV Fonte: SOARES (2004)

3.3 QUALIDADE DE VIDA E ENVELHECIMENTO

A avaliação da qualidade de vida do idoso implica na adoção de múltiplos critérios de natureza biológica, psicológica e socioestrutural, pois vários elementos são apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar na velhice: longevidade, saúde biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo, competência social, produtividade, atividade, eficácia cognitiva, status social, renda, continuidade de papéis familiares, ocupacionais, continuidade de relações informais com amigos, dentre outras (SANTOS et al., 2002).

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manutenção de uma qualidade de vida que vem atrelada a fatores como integridade mental, emocional e social (GIGLIO, 2003).

O envelhecimento bem sucedido enfatiza a nutrição como fator determinante para que o indivíduo possa manter uma inter-relação harmoniosa de variados fatores que moldam e que diferenciam o seu cotidiano, como saúde física e mental, satisfação no trabalho e nas relações familiares, disposição, dignidade, espiritualidade e longevidade (GIGLIO, 2003).

Nos estudos sobre o processo de envelhecer, com freqüência, os aspectos negativos (perdas e doenças) se sobressaem aos comentários sobre os ganhos associados à velhice (sabedoria, experiência e habilidade nos relacionamentos sociais). Isto ocorre devido à crença de que as perdas só ocorrem na velhice e de que os ganhos estão restritos às fases iniciais do desenvolvimento, o que é uma idéia errônea, visto que perdas e ganhos ocorrem em todas as etapas da vida (LUZ; AMATUZZI, 2008). A abordagem do processo de envelhecimento tem apresentado uma perspectiva positiva, permitindo a valorização da identidade pessoal, bem como a experiência de vida dos indivíduos idosos (TEIXEIRA, 2002).

O termo envelhecimento bem-sucedido surgiu na Gerontologia nos anos 60, associado a uma importante mudança ideológica, que consistiu em considerar que a velhice e o envelhecimento não são sinônimos de doença, inatividade ou uma retração geral do desenvolvimento humano (LUZ; AMATUZZI, 2008).

No contexto do envelhecimento bem-sucedido, vale a pena destacar o

conceito de resiliência, que se refere a processos que explicam a “superação” de

crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações, sendo considerado um fenômeno indicativo de uma vida saudável (YUNES, 2003),

Atualmente, devido ao avanço nas teorias e pesquisas, pode-se falar em

“envelhecimento satisfatório”, que depende da constante interação do indivíduo com

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Segundo Baltes e Smith (2003), o envelhecimento bem-sucedido pode ser alcançado por uma seqüência de seleção, otimização e compensação. A etapa da seleção consiste no direcionamento eletivo do desenvolvimento, incluindo a escolha das estruturas disponíveis para a obtenção satisfatória de metas. Essas metas são redefinidas conforme a repercussão das perdas nas atividades individuais e sociais. A otimização é o processo de potencializar os meios selecionados para o percurso, envolvendo o uso de recursos internos e externos para que o resultado seja eficiente. A compensação associa-se à otimização e se caracteriza pela aquisição ou ativação de novos meios e aprendizagens para compensar o declínio que coloca em risco a funcionalidade efetiva.

De acordo com a teoria da perspectiva do ciclo de vida ou “Life Span”, o desenvolvimento e envelhecimento são visualizados como processos correlatos, onde em todas as etapas da vida existem ganhos e perdas (TEIXEIRA, 2002).

A partir disso, o desenvolvimento pode ser pensado como uma trajetória de mudanças, que conduz o organismo à maior organização e maior hierarquização, sendo um processo multidimensional e multidirecional, que pode ser influenciado pelos recursos do organismo e pelo meio, sendo que estudos sobre desenvolvimento demonstram que a motivação dá significado a vida, enfocando que a busca de uma autonomia na velhice está associada a conteúdos emocionais e afetivos, favorecidos por uma rede de relações sociais (TEIXEIRA, 2002).

Os relacionamentos sociais são interações freqüentes, com certa durabilidade no tempo e certo padrão, que envolvem sentimentos positivos e negativos, percepção de si e do outro, diferentes graus de envolvimento afetivo e infindáveis intercâmbios fazem parte de uma boa qualidade de vida. Há uma proximidade de familiares, amigos e vizinhos que proporciona uma troca afetiva, de valores, informações, confidências, auxiliando a interação social. Desta forma, nota-se que a vida em sociedade é de suma importância, pois ensina que na convivência grupal há regras, normas, possibilidades de aprender formas de comunicação, troca de experiências adquiridas ao longo da vida, conhecimento de si mesmo e do mundo e construção da própria identidade (ERBOLATO, 2006).

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programas geriátricos quanto em políticas sociais gerais, no intuito de promover o bem-estar dos que envelhecem (PEREIRA et al., 2006).

Desta forma, sendo a alimentação um fator fundamental para a promoção, manutenção e/ou recuperação da saúde em todas as fases da vida, adquirindo especial relevância na velhice (SILVA; CÁRDENAS, 2007), torna-se necessário compreender a influência do estado nutricional na saúde dos indivíduos idosos, uma vez que isso repercutirá diretamente no bem estar e na qualidade de vida destes.

3.4 ESTADO NUTRICIONAL E REPERCUSSÕES PARA A SAÚDE DO IDOSO

A presença de co-morbidades associadas às perdas relacionadas ao envelhecimento não deve ser entendida como envelhecimento mal-sucedido, visto que a qualidade de vida não enfoca apenas a perda de capacidade funcional, estando associada ao bem-estar físico, mental e social. O que se faz necessário é administrar bem essas perdas, evitando, adiando ou compensando suas limitações (VERAS, 2006).

Assim, o conhecimento das características e das transformações por que passam os indivíduos com o avanço da idade, sejam elas sistêmicas, fisiológicas ou anatômicas, além dos fatores relacionados à saúde que resultam do estilo de vida, assume um papel relevante no cuidado ao idoso (RAUEN et al., 2008).

O envelhecimento populacional traz repercussões para a saúde da população, na medida em que ocorre a chamada transição epidemiológica. Esta transição é caracterizada pela mudança na incidência e prevalência das doenças, bem como nas principais causas de morte, resultando em uma maior prevalência no aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis em decorrência da redução da capacidade funcional, cognitiva e nutricional dos idosos (SAMPAIO; REIS; OLIVEIRA, 2007).

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corporal em decorrência da taxa metabólica basal, resultando no aumento da gordura corpórea principalmente na região abdominal e depleção do tecido muscular, podendo afetar vários órgãos, como coração, rins, fígado (SAMPAIO, 2004).

Alterações no estado nutricional em idosos também se associam às modificações sensoriais como a redução da sensibilidade para os gostos primários doce, amargo, ácido e salgado, que, juntamente com eventual perda da acuidade visual, audição e olfato, são um dos fatores mais relevantes na diminuição do consumo alimentar dos idosos (MONTEIRO, 2009). Além disso, o uso de medicamentos pode interferir na ingestão, no sabor, na digestão e na absorção dos alimentos (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008).

Fatores como patologias na cavidade oral e no trato gastrointestinal podem causar dificuldades de mastigação, deglutição e absorção, sendo que alguns tipos de doenças crônicas, como demência, doença de Parkison, seqüelas de acidentes vasculares cerebrais e artrite, podem interferir no consumo alimentar por causar dificuldade no manuseio de talheres (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008). Essas alterações nutricionais podem contribuir ou ainda, exacerbar doenças crônicas e agudas, acelerando o desenvolvimento de doenças degenerativas e dificultando o prognóstico desse grupo etário (GARCIA; ROMANI; LIRA, 2007).

O distúrbio nutricional mais importante observado em idosos é o baixo peso. Ele está relacionada com a redução da qualidade de vida e a elevados índices de mortalidade e de susceptibilidade às infecções (SOUSA; GUARIENTO, 2009), bem como alta incidência de osteoporose, fraturas, problemas respiratórios e cardíacos e a altas taxas de mortalidade relacionada com a gravidade das deficiências nutricionais (CAMPANELLA et al., 2007).

Uma das dificuldades de se diagnosticar este distúrbio nutricional é que ele é facilmente confundido com as modificações orgânicas naturais ao processo de envelhecimento, de forma que as intervenções muitas vezes apresentam-se inadequadas e menos potentes do que poderiam ser, contribuindo para o agravamento de manifestações clínicas associadas a inúmeras doenças crônicas e aumento da mortalidade (SOUSA; GUARIENTO, 2009).

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física ou imobilização, isolação social e depressão; uso de medicamentos que ocasionam perda de massa corporal pela diminuição do apetite, má absorção, aumento do metabolismo ou pela combinação de anorexia e metabolismo aumentado (CAMPANELLA et al., 2007).

Outras situações que contribuem para redução da ingestão de alimentos são: diminuição na sensibilidade e menor capacidade de identificar cheiros e sabores; dentição prejudicada, causando restrições dietéticas por meio da dificuldade de mastigar; e ingestão de dietas monótonas associadas com problemas dentários e alterações do estado mental (CAMPANELLA et al., 2007).

Segundo estimativas feitas no início da década passada, o Brasil apresentava uma proporção de baixo peso entre homens idosos em torno de 20,7%, e de 17% para as mulheres na mesma faixa etária. Em números absolutos, o país tinha, nesse período, cerca de 1.300.000 idosos com baixo peso. Os dados atuais apontam para uma prevalência de desnutrição em idosos residentes em domicílios em nível de 1% a 15%; para idosos internados em hospitais essa proporção oscila entre 35% e 65% e; para os idosos institucionalizados, detecta-se desnutrição em 25% a 60% (SOUSA; GUARIENTO, 2009).

De acordo com o IBRANUTRI, estudo multicêntrico, transversal e epidemiológico, realizado em doze estados brasileiros e no Distrito Federal, com o objetivo de detectar o estado nutricional de pacientes hospitalizados atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), constatou-se uma maior prevalência de desnutrição está associada à idade, verificando que 52,8% dos indivíduos com idade superior a 60 anos apresentavam-se desnutridos (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001).

Campanella et al. (2007), ao avaliarem a ingestão alimentar de 260 idosos hospitalizados e sua relação com o estado nutricional verificou que 60,62% destes apresentavam-se desnutridos ou com risco de desnutrição. Esta estava associada a diminuição crônica da ingestão, a redução do apetite e dificuldade física de ingestão alimentar, concluindo que a desnutrição nos idosos avaliados foi elevada e estava relacionada com o padrão qualitativo e quantitativo de ingestão alimentar.

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(2003), pesquisa realizada a partir dos dados do SUS – Sistema Único de Saúde no Brasil demonstra que o país tem um contingente de 70 milhões de pessoas acima do peso, sendo que desse total, 5 milhões sofrem de obesidade grave. Desta forma, nota-se que os obesos também representam um problema de saúde, pois assim como os desnutridos, necessitam de cuidados médicos.

O estado nutricional dos idosos tem se modificado nos últimos anos, o que pode ser explicado pelo alto consumo alimentar de calorias provenientes de gorduras, principalmente as de origem animal, açúcar e alimentos refinados, em detrimento de outros nutrientes de baixa densidade energética como as frutas e verduras, bem como pela forma de obtenção e preparo dos alimentos (AMADO et al., 2007).

Verifica-se que a mudança no consumo alimentar além de contribuir para o excesso de peso corporal e o aumento expressivo da obesidade, constitui um dos fatores mais importantes para explicar o aumento na prevalência das doenças crônicas não transmissíveis, de grande morbi-mortalidade como diabetes mellitus, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e câncer e vem se constituindo como risco para a saúde dos idosos (AMADO et al., 2007).

De acordo com Da Cruz et al. (2004), a prevalência de obesidade e sua associação com fatores de risco e morbidades cardiovasculares em 116 idosos longevos (com idade > 80 anos) residentes em Veranópolis-RS, foi 23,3% pelo critério da Organização Mundial de Saúde (OMS) (sem diferença entre os sexos, p=0,124) e 45,6% pelo critério do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III) (significativamente maior entre as mulheres, p=0,05).

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Moleiro e Bennemann (2008) ao avaliarem o estado nutricional e o risco para doenças cardiovasculares de 26 mulheres idosas insitucionalizadas verificaram que 26,9% e 34,6% das idosas apresentaram, respectivamente, excesso de peso e obesidade, quando avaliadas pelo índice de massa corpórea. Bonilha et al. (2008) avaliando o risco nutricional de idosos usuários de Unidades Básicas de Saúde da região centro-oeste da cidade de São Paulo, verificaram risco elevado de excesso de peso de idosos, sendo observado que 41,1% e 24,9% dos idosos apresentaram, respectivamente, sobrepeso e obesidade.

A partir dos trabalhos apresentados verifica-se que o estado nutricional leva a repercussões diretas para a saúde do idoso. Desta forma, vale ressaltar que o estado nutricional ao interferir na saúde reflete diretamente na qualidade de vida destes indivíduos, o que pode ser confirmado pelos estudos de Vetta et al. (1999), Maaravi (2000), Isenring et al. (2003), Keller (2004), Eriksson et al. (2005), Wanden-Berghe et al. (2009), Garcia (2010) e Hankey e Leslie (2011).

3.5 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

O estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiológicas por nutrientes estão sendo alcançadas para manter a composição e funções adequadas do organismo, resultando do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes, com o objetivo de identificar distúrbios nutricionais e possibilitar uma intervenção dietoterápica adequada (ACUÑA; CRUZ, 2004), de forma a prevenir prejuízos a saúde dos idosos e evitar o óbito desse grupo etário (EMED; KRONBAUER; MAGNONI, 2006).

O ser humano ganha peso até por volta dos 60 anos e, a partir desse momento observa-se que a massa corporal tende a diminuir por causa da perda de massa magra e óssea. Estas alterações repercutem no estado nutricional do idoso, seja por aspectos emocionais, nutricionais ou sociais (SCHNEIDER; MARCOLIN; DALACORTE, 2008).

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um importante indicador nutricional, mas pode ser afetada por diversos fatores que dificultam a avaliação, tais como a idade, a diminuição da estatura e fatores biológicos e fisiológicos (AZEVEDO; MELO; CABRAL, 2009).

Diante dessas alterações do envelhecimento, é necessário que haja avaliação das mesmas, no sentido de identificar se são comuns do envelhecimento ou resultantes de doenças que acometem o idoso (MENEZES; MARUCCI, 2007).

3.6 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

3.6.1 Índice de Massa Corpórea (IMC)

O IMC, também conhecido como índice de Quételet, é utilizado na avaliação do estado nutricional de populações, sendo obtido a partir da divisão da massa corporal em quilogramas, pela estatura em metro, elevada ao quadrado (kg/m2)

(ACUÑA & CRUZ, 2004). É o indicador antropométrico mais utilizado para avaliação do risco nutricional por ser uma medida de fácil aplicabilidade, baixo custo, e pouca diferença entre examinadores. No entanto essa medida é muito questionada no idoso, principalmente quanto à sua classificação, por não considerar as mudanças de distribuição regional de gordura no envelhecimento (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008).

Mudanças na composição corporal ocorrem com o avanço da idade resultando na diminuição da massa livre de gordura e no aumento da massa gorda, a qual é armazenada intra-abdominal e intramuscularmente, em vez de subcutaneamente, como no adulto jovem. Alterações no conteúdo de minerais da massa livre de gordura e na quantidade de água intra e extracelular também são observados, sendo que estas afetam os parâmetros de avaliação antropométrica do idoso, levando a uma provável mudança na relação entre adiposidade corporal e IMC, com o avanço da idade (CERVI; FRANCESCHINI; PRIORE, 2005).

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cifose dorsal, lordose ou escoliose, e também do arqueamento dos membros inferiores e do achatamento do arco plantar, além da redução da massa corporal, em função da diminuição da água corporal e da massa muscular (BRASIL, 2004; COELHO; PEREIRA; COELHO, 2004; SAMPAIO, 2004; COELHO; AMORIM, 2007). Essas alterações levam a mudanças no IMC que são menores do que seriam nos grupos mais jovens com uma estatura estável, nos quais as mudanças no IMC refletiriam principalmente alteração na massa corporal (CERVI; FRANCESCHINI; PRIORE, 2005).

Outro aspecto a ser considerado diz respeito à obtenção dos dados de massa corporal e estatura, visto que é comum indivíduos idosos apresentam problemas para caminhar até as balanças e antropômetros, ou mesmo manter o equilíbrio postural, dificultando ficarem em posição correta, parados ou em pé um certo tempo, para uma boa aferição das medidas antropométricas (COELHO; PEREIRA; COELHO, 2004).

Desta forma, a literatura tem considerado que o IMC deve ser analisado simultaneamente a outros indicadores, tendo em vista que o mesmo não reflete a distribuição regional de gordura, a massa muscular ou qualquer outra mudança na distribuição de gordura ocorrida com o processo de envelhecimento (PERISSINOTTO et al., 2002; SAMPAIO, 2004; CERVI; FRANCESCHINI; PRIORE, 2005).

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Tabela 1. Classificação do Índice de Massa Corporal segundo a OMS, 1998.

IMC (kg/m²) Classificação

< 18,5 Baixo peso

18,5 – 24,9 Eutrofia

25,0 – 29,9 Sobrepeso

≥ 30,0 Obesidade

Fonte: OMS (1998)

Tabela 2. Classificação do Índice de Massa Corporal segundo LIPSCHITZ, 1994.

Classificação IMC (Kg/m2)

Baixo peso < 22

Eutrofia 22 – 27

Sobrepeso > 27

Fonte: LIPSCHITZ (1994)

Tabela 3. Classificação do Índice de Massa Corporal segundo PERISSINOTTO e cols (2002).

Classificação IMC (Kg/m2)

Baixo peso < 20

Eutrofia 20 – 30

Sobrepeso > 30

Fonte: PERISSINOTTO e cols (2002).

Observa-se ainda que o IMC para indivíduos idosos pode ser avaliado segundo os percentis de referência de NHANES III, considerando como normalidade os valores encontrados entre P10 – P90 (KUCZMARSKI; KUCZMARSKI; NAJJAR, 2000).

Tabela 4. Percentis de IMC (Kg/m2) de acordo com a idade para idosas.

Idade 5 10 25 Percentis 50 75 90 95

70-74 18,4 20,2 23,1 26,3 29,5 32,4 34,2

75-79 18,1 19,8 22,8 26,1 29,4 32,4 34,1

80-84 17,1 19,0 22,1 25,5 28,9 32,0 33,9

85+ 16,7 18,2 20,8 23,6 26,4 29,0 30,5

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3.6.2 Bioimpedância (BIA)

A BIA é um método simples, rápido, não invasivo e relativamente barato para avaliar a composição corporal, sendo adequado para indivíduos idosos por causa da pouca demanda física para a realização da avaliação (COELHO; DE AMORIM, 2007; COELHO; PEREIRA; COELHO, 2004).

É um método de determinação da composição corporal baseado no princípio da condutividade elétrica, que consiste na passagem de uma corrente elétrica de baixo nível (500 a 800 A e 50kHz) através do corpo do cliente e a impedância (z), ou oposição ao fluxo da corrente, é medida com um analisador de BIA. A partir da medição da impedância pode-se estimar a água corporal total, que possibilita o cálculo da quantidade de massa corporal magra (esqueleto, músculo, colágeno, tendões e derme), considerada boa condutora de corrente elétrica por conter grande quantidade de água e eletrólitos condutores, e massa corporal gorda, que se comporta como isolante, oferecendo resistência a passagem da corrente elétrica (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000; HEYWARD, 2004).

Existem aparelhos de BIA em que os percentuais de água, gordura e massa magra já saem calculados e outros que vêm acompanhados de software para avaliação corporal, sendo que em ambos estes percentuais podem ser calculados diretamente através das equações (Tabela 4). Para idosos até 70 anos recomenda-se as equações de Lohman (1992) e Gray et al. (1989) e para indivíduos muito idosos, de 65 a 94 anos, a equação de Baumgartner et al. (1991) (COELHO; DE AMORIM, 2007; COELHO; PEREIRA; COELHO, 2004).

Tabela 5. Equações de predição de massa livre de gordura para idosas pelo método da bioimpedância.

Mulheres Equação Referência

50 – 70 anos MLG (Kg)=0,474 (AL2/R)+0,180(PC)+7,3 Lohman,1992 22 – 74 anos MLG (Kg)=0,00151 (AL2) – 0,0344 ( R) + 0,140(PC) –

0,158(Idade) + 20,387

Gray e Cols., 1989 65 – 94 anos MLG(Kg) = 0,28 (AL2/R) + 0,27 (PC) + 0,31 ( C. coxa) –

1,732

Baumgartner e cols., 1991 Fonte: Adaptado de Heyward & Stolarczyk, 2000.

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A classificação do percentual de gordura corporal pode ser avaliada a partir dos valores de referência de Lohman (1992), conforme demonstrado na tabela 6, ou a partir do valor preconizado pela OMS (1995), que considera obesidade, em mulheres, valores de porcentagem de gordura corporal superior a 35%.

Tabela 6. Valores de referência de gordura corporal a partir da classificação de Lohman (1992).

Classificação da % GC %GC em mulheres

Risco de doenças associadas à desnutrição ≤ 8

Abaixo da média 9 – 22

Média 23

Acima da média 24 – 31

Risco de doenças associadas à obesidade ≥ 32

Fonte: Lohman (1992).

3.7 PREFERÊNCIA ALIMENTAR E DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM IDOSOS

A alimentação desempenha na vida das pessoas um papel abrangente que envolve não apenas uma simples incorporação de material nutritivo necessário para a sobrevivência, mas algo que possui um profundo significado subjetivo, social e cultural (SILVA; CÁRDENAS, 2007), ligado ao simbólico e ao imaginário (PHILIPPI, 2008).

A nutrição é um fenômeno pluridimensional, que envolve o corpo, os sentidos (prazer), a vida de relação (ritual), o intelecto, o afeto, a sociabilidade e as relações sociais (BOSI, 1994).

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A análise da prática alimentar cotidiana não se restringe aos alimentos apropriados em si mesmos, mas aos seus usos e modos de consumo, que envolvem seleção e escolhas, quem consome, como são adquiridos e preparados, quando e por quem são consumidos, ocasiões e adequações de consumo, juntamente com regras, valores, normas, crenças e significados que acompanham o consumo alimentar e a própria alimentação, sempre carregados culturalmente (CANESQUI, 2005).

A partir desta perspectiva cultural e ideológica sobre as práticas alimentares vale destacar o conceito de segurança e insegurança alimentar. Segurança alimentar refere-se ao acesso por meios socialmente aceitáveis a uma dieta qualitativa e quantitativamente adequada às necessidades humanas individuais para que todos os membros do grupo familiar se mantenham saudáveis, enquanto insegurança alimentar engloba desde a percepção de preocupação e angústia ante a incerteza de dispor regularmente de comida, até a vivência de fome por não ter o que comer em todo um dia, passando pela perda da qualidade nutritiva, incluindo a diminuição da diversidade da dieta e da quantidade de alimentos, sendo estas as estratégias para enfrentar essa adversidade (MARÍN-LEÓN et al., 2005).

O agravo do estado nutricional pode ser causado pela insegurança alimentar, acarretando maior risco de complicações no curso de doenças agudas ou crônicas e maior proporção de internações, sendo verificado que o grupo de idosos nesta situação tem um risco de apresentar estado de saúde referido como regular ou ruim 2,3 vezes maior (MARÍN-LEÓN et al., 2005).

No Brasil, cerca de 46 milhões de indivíduos apresentam situação de risco nutricional por apresentarem renda insuficiente para que eles possam se alimentar nas quantidades recomendadas e com a qualidade e regularidade necessária. (BELIK, 2003).

Do ponto de vista econômico, observa-se ainda que recursos financeiros insuficientes, decorrentes de aposentadorias e/ou pensões, e alto custo de medicamentos e planos de saúde interferem na alimentação por induzir ao consumo de alimentos de baixo custo e de fácil preparo e, conseqüentemente, à monotonia alimentar (GUEDES; GAMA; TIUSSI, 2008), que pode afetar a população idosa em grande magnitude.

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falta de cuidado consigo mesmo, resultando em um consumo elevado de alimentos industrializados (como doces e massas) ou de fácil preparo (como chás e torradas) que pode predispor a inadequações alimentares do ponto de vista qualitativo e quantitativo. O estado de ânimo do idoso para ingerir alimento muitas vezes pode ser modificado por simples atitudes como posicionar-se confortavelmente à mesa em companhia de outras pessoas (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000; AMARANTOS; MARTINEZ; DWYER, 2001).

Existem também fatores psicológicos que influenciam o comportamento alimentar. De acordo com Guedes, Gama e Tiussi (2008) a perda do cônjuge, morar sozinho ou em instituições, sensação de abandono, perda de autonomia e auto-cuidado, perda do papel social decorrente da aposentadoria e quadros de depressão são responsáveis pelo isolamento social e pelo desinteresse das atividades diárias, entre elas o preparo de refeições e o ato de se alimentar. Porém, por outro lado, a ansiedade pode desencadear o aumento excessivo do peso (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000).

Essas perspectivas agrupadas expõem a influência dos fatores econômicos, sociais, nutricionais e culturais na determinação do tipo de consumo alimentar de uma população (OLIVEIRA; THEBAUD-MONY,1997).

Os hábitos e preferências alimentares são aspectos fortemente arraigados, sendo que sua formação não se deve apenas ao sensório, mas sim à freqüência diferenciada no consumo de certos alimentos, começando desde a tenra idade ao incentivar e formar o paladar da criança, envolvendo dessa forma, sentimentos regionalistas e recordações afetivas ligadas à família e ao meio social (TURANO; ALMEIDA, 1999).

A comida traz sobre si um profundo significado simbólico, é algo mais que nutrientes; família, história e cultura estão espelhadas inconscientemente na prática do hábito alimentar (WOORTMANN,1985), que reflete diretamente o gosto e a preferência dos grupos sociais em que os indivíduos estão inseridos (BURGESS; DEAN,1963).

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Neste contexto, o estudo da preferência alimentar torna-se essencial, visto que para o idoso, comer é um ato prazeroso, principalmente quando se come o que se gosta e o que está habituado a comer. Desta forma, a aderência a dieta estará condicionada a presença dos alimentos listados como preferidos no planejamento alimentar, sendo que, por mais adequado que o cardápio esteja, do ponto de vista nutricional, se ele contiver alimentos que não sejam preferidos, dificilmente haverá aderência a dieta e satisfação deste indivíduo, uma vez que estes alimentos provavelmente não serão inseridos na sua alimentação habitual.

Melo et al. (no prelo) ao utilizarem a Escala de Preferência Alimentar verificaram que as idosas preferiam os alimentos dos grupos dos legumes e verduras, e das frutas, evidenciando que de uma forma geral as idosas apresentam atitudes positivas em relação à alimentação.

As tentativas de convencimento para mudanças de hábitos alimentares em idosos são muitas vezes sem sucesso, pois quando se trata de mudar hábitos prazerosos da alimentação é necessário que as razões para isso sejam explicadas por meio de uma abordagem acolhedora e cuidadosa. Deve haver um vínculo de confiança estabelecido, para que se possa observar uma possível não adesão às orientações recomendadas que podem ser devido a fatores externos ao alimento em si (DUARTE; NASCIMENTO, 2000)

Atualmente, um dos focos de atenção à saúde do idoso está relacionado à questão das comorbidades, visto que o envelhecimento pode estar associado tanto a alterações fisiológicas inerentes a este processo, como a alterações fisiopatológicas. Neste contexto, entende-se que fatores de ordem social, tais como, renda, moradia, educação, entre outros, contribuem para o desenvolvimento do envelhecimento patológico, a medida que as doenças crônico-degenerativas são resultantes, em parte, dos fatores de risco à saúde, acumulados ao longo dos anos (AHMED; HABOUBI, 2010; WOO, 2011).

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Porém, para a pessoa idosa, a motivação para a mudança de seus hábitos neste estágio da vida, deve ser bastante forte e contundente, além de abordagens e orientações extremamente humanizadas. É importante saber o contexto sociocultural em que o indivíduo está inserido para então adequar as devidas orientações propostas. Para um adulto, as mudanças de hábitos são encaradas com maior facilidade. Os idosos, porém, não costumam admitir argumentações que acarretem alterações em seus hábitos de vida, principalmente os de natureza alimentar, hábitos estes, que estão fortemente arraigados à cultura e a tradições muitas vezes mantidas por várias gerações (DUARTE; NASCIMENTO, 1996)

No entanto, uma vez elucidada a razão pela qual essas alterações são necessárias e os resultados destas alterações na qualidade de vida dos mesmos, eles se tornam ávidos em aprender cada vez mais com o intuito de assegurar-lhes mais independência e melhor saúde (DUARTE; NASCIMENTO, 1996).

Mudanças são muitas vezes necessárias, mas nem sempre agradam o paladar ou outras dimensões da vida humana. Procurar realizá-las respeitando padrões culturais, compatibilizando prazer e saúde, constitui um desafio para os profissionais da área (PRADO; TAVARES; VEGGI,1999)

A partir desta perspectiva, observa-se que um dos papéis do nutricionista é o de ajudar as pessoas a modificarem seus hábitos para que seja assegurada uma boa alimentação, através da assistência nutricional a indivíduos e grupos populacionais, uma vez que o processo de orientação nutricional tem o objetivo de auxiliar os indivíduos a selecionarem e implementarem comportamentos desejáveis de nutrição e estilo de vida.

De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2005; BRASIL, 2009), a orientação nutricional deve ser um dos componentes da atenção à saúde da pessoa idosa, uma vez que a alimentação saudável contribui para promoção da saúde e para a prevenção de doenças.

Uma alimentação saudável deve ser baseada nas Leis da Alimentação que enfocam que a alimentação normal deve ser quantitativamente suficiente, qualitativamente completa, além de ser harmoniosa em seus componentes e adequada à sua finalidade e ao organismo a que se destina, visto este equilíbrio é essencial para promoção da saúde e redução do risco de doenças.

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Tabela 2. Classificação do Índice de Massa Corporal segundo LIPSCHITZ, 1994.
Tabela  5. Equações  de  predição  de  massa  livre  de  gordura  para  idosas  pelo  método  da       bioimpedância
Tabela 6. Valores de referência de gordura corporal a partir da classificação de Lohman (1992)
Figura 1. Representação do predomínio de um fator x magnitude dos fatores
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Referências

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