• Nenhum resultado encontrado

Rede de atenção à saúde e à assistência social a pessoa idosa em Boa Vista RR : percepção dos usuários e gestores

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Rede de atenção à saúde e à assistência social a pessoa idosa em Boa Vista RR : percepção dos usuários e gestores"

Copied!
91
0
0

Texto

(1)

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Stricto Sensu em Gerontologia

REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE E À ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA IDOSA

EM BOA VISTA/RR: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS E GESTORES

Brasília - DF 2010

(2)

JANESKA M. T. RAPOZO

REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE E À ASSISTÊNCIA SOCIAL À

PESSOA IDOSA EM BOA VISTA/RR: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS

E GESTORES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília como requisito para obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Orientador: Profº. Drº. Vicente de Paula Faleiros.

(3)

Dissertação de autoria de Janeska M. T. Rapozo, intitulada REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE E À ASSISTÊNCIA SOCIAL À PESSOA IDOSA EM BOA VISTA/RR: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS, apresentada como requisito para obtenção do grau de Mestre em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, em _____/____/2010, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________________

Profº. Drº. Vicente de Paula Faleiros

Orientador

_______________________________________________

Profa. Drª. Tânia Mara Campos Almeida

Examinadora Externa

________________________________________________

Profª. Drª. Carmen Jansen Cardenas

Examinadora

_________________________________________________

Profº. Drº. José Telles

Suplente

(4)

Dedico esta Dissertação.

Para a minha mãe, que é a um exemplo de mulher e de superação e minha guia na estrada da vida.

Para meu pai, que com a luz da sua utopia me inspira.

Para o meu amor, Anaximandro, que desde o início foi um companheiro maravilhoso e um grande incentivador. Para meus irmãos, sinônimo de lealdade

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros, pelo apoio fundamental, pelo crédito durante o desenvolvimento desse trabalho, por ser excelente orientador e amigo, pela presteza no atendimento às solicitações sempre emergenciais.

À Profª. Drª. Tânia Mara Campos de Almeida, Profª. Carmen Jansen Cardenas e ao Prof. Dr. José Telles, pelas orientações recebidas na qualificação do projeto e nas disciplinas cursadas no decorrer do curso.

Aos idosos do Grupo de Convivência Cabelos de Prata e aos idosos freqüentadores das unidades de Saúde de Boa Vista/RR.

Aos companheiros de curso, em especial ao Elmam, que foram fundamentais no apoio e na amizade.

(6)

Aquele que envelhece e que segue atentamente esse processo poderá observar como, apesar de as forças falharem e as potencialidades deixarem de ser as que eram, a vida pode, até bastante tarde, ano após ano e até o fim, ainda ser capaz de aumentar e multiplicar a interminável rede das suas relações e interdependências e como, desde que a memória se mantenha desperta, nada daquilo que é transitório e já se passou se perde.

(7)

RESUMO

Sabe-se que o procedimento de envelhecimento é inexorável e intrínseco a todos. Envelhecer é um processo tão vital quanto nascer, desenvolver e mudar, modificar no sentido de passar por transformações seguidas das alterações que vão desde o aspecto físico, conduta e papéis sociais. Na sociedade moderna, a idade avançada é vista ao

mesmo tempo como conquista e como “fora de lugar”, não benquista pela sociedade, então,

é nesse tempo que grande parcela da população idosa vivencia o processo de exclusão social. Nesse processo de exclusão e de riscos em que os idosos estão colocados, localizamos sujeitos ativos e participantes de movimentos associativos e de grupos da terceira idade, lutando contra a exclusão social na velhice; no entanto, eles não estão sós nessa batalha, pois há profissionais e aliados, que juntos promovem os direitos sociais dos idosos e estabeleçam junto a eles o direito de envelhecer saudavelmente e com dignidade. Este trabalho trata dos direitos da pessoa idosa nas constituições brasileiras e nas leis federais, numa perspectiva histórica e crítica sobre a demarcação desses direitos. A questão da efetivação desses direitos é considerada na relação entre cidadania e envelhecimento nas suas diferentes expressões: direito à velhice, cobertura das necessidades, proteção, reciprocidade familiar e protagonismo da pessoa idosa. A pesquisa buscou avaliar a efetividade desses direitos na rede de proteção aos idosos nas áreas da saúde e da assistência social, construindo um mapa dos serviços em Boa Vista e recolhendo as falas dos gestores e usuários dessas instituições por meio de entrevistas e grupos focais. Os resultados mostraram que há pouca conexão entre os serviços em rede e predomina uma rede informal fundada nas relações pessoais e não na lógica institucional.

(8)

ABSTRACT

One knows that the aging procedure is inexorable and intrinsic to all. To age is a so vital process how much to be born, to develop and to move, to modify in the direction to pass for followed transformations of the alterations that go since the physical aspect, save and social papers. In the modern society, the advanced age is seen at the same time as conquest and

as “it are of place”, not well-liked for the society, then, it is in this time that great parcel of the aged population lives deeply the process of social exclusion. In this process of exclusion and risks where the aged ones are placed, we locate active and participant citizens of associative movements and groups of the third age, fighting against the social exclusion in the oldness; however, they are not alone in this battle, therefore she has professionals and allies, who together promote the social rights of the aged ones and establish next to them the right to age healthfully and with dignity. This work deals with the rights of the elderly in the Brazilian constitutions and the federal laws, in a historical and critical perspective on the landmark of these rights. The question of the effectuation of these rights is considered in the relation between citizenship and aging in its different expressions: right to the oldness, covering of the necessities, protection, familiar reciprocity and protagonism of the elderly. The research searched to evaluate the effectiveness of these rights in the net of protection to the aged ones in the areas of the health and of the social assistance, constructing a map of the services in Boa Vista and collecting you say of the managers and users to them of these institutions by means of focal interviews and groups. The results had shown that it has little connection it enters the services in net and it predominantly an informal net established in the personal relations and not in the logic institutional.

(9)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...09

CAPÍTULO 1: OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO...13

1.1 OBJETIVOS...13

1.1.1 Objetivo Geral...13

1.1.2 Objetivos Específicos...13

CAPÍTULO 2: A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E EM BOA VISTA...14

2.1 PROCESSO DO ENVELHECIMENTO EM BOA VISTA/RR...23

CAPÍTULO 3: DIREITOS SOCIAIS NAS PRINCIPAIS ABORDAGENS TEÓRICAS...26

3.1 DIREITOS SOCIAIS DA PESSOA IDOSA NO BRASIL...32

3.2 PROTEÇÃO SOCIAL À PESSOA IDOSA NO BRASIL...37

3.3 LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO SOCIAL À PESSOA IDOSA EM BOA VISTA....47

3.3.1 DIREITOS À PARTICIPAÇÃO...46

3.3.2 DIREITO À CONVIVÊNCIA, SERVIÇOS, AUTONOMIA E ACESSO...47

3.3.3 DIREITO À PRIORIDADE...49

CAPÍTULO 4: REDE DE PROTEÇÃO...51

CAPÍTULO 5: METODOLOGIA E INSTRUMENTOS DA PESQUISA DE CAMPO...56

5.1 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA E MÉTODOS DE PESQUISA...56

5.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA...60

CAPÍTULO 6: : A REDE NO TERRITÓRIO E NA PERSPECTIVA DOS GESTORES E USUÁROS...61

6.1 A REDE NO TERRITÓRIO...61

6.2 A RDE NA PERSPECTIVA E EXPRESSÃO DOS GESTORES...65

6.2.1 GESTÃO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE...65

6.2.2 GESTÃO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E TRABALHO DE BOA VISTA/RR...68

(10)

6.3.1 AS FALAS DAS PESSOAS IDOSAS SOBRE OS SERVIÇOS DA SAÚDE QUE ELAS UTILIZAM E A FORMA DE ATENDIMENTO E ENCAMINHAMENTO...71 6.3.2 SERVIÇOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL QUE OS IDOSOS USAM E A FORMA DE ATENDIMENTO E ENCAMENHAMENTO...73 6.4 ASPECTOS CONVERGENTES E DIVERGENTES NOS DEPOIMENTOS DOS PARTICIPANTES...74 CONCLUSÃO...76 REFERÊNCIAS...79 ANEXOS

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO

ANEXO B – ROTEIRO DE PERGUNTAS PARA A APLICAÇÃO DO GRUPO FOCAL ANEXO C – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

(11)

INTRODUÇÃO

O modo como a sociedade aborda a questão do envelhecimento apresenta-se de forma conflituosa e diversa. Na visão dominante da sociedade de consumo, a velhice é vista de forma negativa, pois traz e reproduz a ideia de que a pessoa vale o quanto sua imagem é valorizada e o quanto pode estar na esfera produtiva. Por isso, os mais envelhecidos que se encontram fora do mercado de trabalho e, em sua maioria, ganhando uma pequena aposentadoria, são considerados inúteis ou peso morto.

Há, entretanto, uma visão positiva do envelhecimento e da velhice: aquela que vem do convívio e da valorização da pessoa idosa por sua história, sabedoria e aporte às famílias e à sociedade. No entanto, os próprios idosos incorporam ou internalizam a discriminação dominante, considerando-se em uma etapa de inutilidade. Todavia, há os que não se acomodam com a perda de poder; mas outros, que só existiram para o trabalho, sentem sua própria identidade se desmanchando ao se aposentarem e diversos se prendem num isolamento desnecessário (CARVALHO, 1998).

Na sociedade brasileira há definição, como no Estatuto do Idoso de 2003, dos direitos da pessoa idosa que se referem tanto à vida familiar, como à vida social e às políticas públicas, como de assistência, trabalho, saúde, previdência. Também estão implícitos na área dos direitos decorrentes da solidariedade e da reciprocidade, como de cobertura de prestações (não contributivos) e em resultado da contribuição e do trabalho.

No desenvolvimento deste trabalho, iremos detalhar essas definições presentes na Constituição de 1988, com preeminência para a consideração do envelhecimento e da velhice na relação entre necessidades, defesa da dignidade, proteção social e protagonismo.

Com efeito, o processo de envelhecimento deve ser visto de forma multidimensional nos aspectos biopsicossocioculturais articulados. O conceito de velhice, coligado negativamente a perdas, ou positivamente a ganhos e conquistas, faz parte da visão diversificada da velhice.

(12)

previsibilidade de uma dinâmica complexa de reequilibração das diferentes dimensões implicadas nas perdas biológicas, no desenvolvimento pessoal e nas condições sociais (FALEIROS, 2007).

A construção de redes sociais de proteção à pessoa idosa é um processo complexo que está vinculado à política, à sociedade e à organização do território, dependendo da pactuação dos atores e do fluxo dos serviços implicados. Entretanto, na atual cultura política, muitas vezes são criados serviços fragmentados por área, apenas com contato informal entre seus dirigentes, contrariando o previsto na Política Nacional do Idoso (PNI).

A rede de proteção faz parte do pacto democrático que, territorialmente, foi erguido pelo compromisso dos atores e gestores do sistema, com participação dos sujeitos e da sociedade organizada.

O pacto constitucional que conforma a proteção está especificado na lei que avaliza os direitos, mas só se efetiva no pacto de cuidados e serviços articulados, com participação (protagonismo) do sujeito, com recursos e pessoal, e com compromissos dos gestores do sistema. A sociedade só se torna com menos distância se existir efetividade do pacto de direitos na diminuição das desigualdades e das iniquidades. Nesse sentido, a proteção social implica uma dinâmica permanente (ou permanência de uma dinâmica, mesmo paradoxal) de contratualização dos atores e agentes sociais para garantir e efetivar direitos estabelecidos (RODRIGUES, 2005)

A proteção cidadã é fundamentalmente participativa, implica o re-conhecimento do sujeito no deciframento comum de suas necessidades e de seus direitos para o compromisso verdadeiro de efetivá-los. A proteção social visa à vida digna, com diminuição das incertezas e dúvidas procedentes da própria desigualdade capitalista, dos ciclos familiares e individuais e dos conflitos sociais com a satisfação das precisões fundamentais dentro de um padrão normativo democrático de cidadania.

(13)

No entanto, como a rede de proteção implica uma mulidimensionalidade maior que se possa abarcar em uma dissertação de mestrado, vamos nos concentrar na relação entre as políticas de saúde e de assistência. A escolha dessas políticas se deve à sua importância para as pessoas idosas frente à necessidade de atendimento à saúde e à proteção da renda. São duas dimensões que se relacionam, por um lado, às perdas funcionais e, por outro, às perdas de rendimentos ou maior necessidade de atendimento às demandas do cotidiano.

Em realidade buscamos responder à questão da integração ao menos da inter-relação entre saúde e assistência em Boa Vista-RR, no âmbito da saúde e da assistência.

O presente estudo apresenta a seguinte estrutura: O primeiro capítulo traz os objetivos da dissertação.

O segundo faz um levantamento sobre a produção bibliográfica acerca do processo de envelhecimento social. Inicialmente, como fundamentação teórica, são descritos alguns conceitos e conclusões que contribuem para o estudo do envelhecimento focado na concepção do cidadão idoso, enfatizando a importância do seu protagonismo na sociedade. Em seguida, procede-se um breve relato do processo de envelhecimento em Boa Vista/RR.

O terceiro capítulo traz um breve histórico dos direitos sociais nas principais abordagens teóricas, assim como descreve os direitos sociais da pessoa idosa no Brasil e seus modelos de proteção social. Além disso, faz um breve levantamento de alguns direitos reconhecidos em lei, em Boa Vista/RR.

O quarto capítulo aborda a questão do conceito de rede e de sua integração de serviços A princípio descreve os conceitos de rede social numa perspectiva histórica, objetivando definir o que mais se aproxima da rede de proteção à pessoa idosa. Para a discussão de redes sociais foram pesquisados alguns autores, que forneceram referenciais teóricos de grande relevância para a compreensão do tema estudado.

(14)

secretarias supracitadas –, com o intuito de colher suas opiniões acerca dos serviços ofertados bem como a relação entre eles.

Os procedimentos adotados, no conjunto da pesquisa, para a coleta de dados foram: análise documental para os direitos de idosos existentes no município, entrevista semiestruturada, grupo focal e mapeamento dos serviços no território

No sexto capítulo apresentamos os resultados da pesquisa quanto aos vínculos entre serviços no território por meio de um mapeamento da cidade para situar os serviços no território e a relação entre esses serviços.

(15)

CAPÍTULO 1:

OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

1.1 Objetivo Geral

A presente dissertação tem como objetivo geral investigar e analisar a rede de proteção da pessoa idosa, no que se refere à Saúde e à Assistência Social, em Boa Vista/RR, enquanto direito e em sua implementação, na perspectiva de gestores municipais e de pessoas idosas usuárias desses serviços.

1.1.2 Objetivos Específicos

1) Analisar a legislação local referente aos direitos das pessoas idosas, em especial quanto aos serviços de saúde e assistência na relação entre direitos e serviços de saúde e assistência à pessoa idosa;

2) Mapear e analisar o processo de integração dos serviços de saúde e de assistência social de proteção ao idoso residente de Boa Vista, na perspectiva dos gestores municipais de assistência social e saúde;

(16)

CAPÍTULO 2:

A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E EM BOA VISTA

Neste capítulo, trataremos da pessoa idosa enquanto sujeito de direito num contexto neoliberal e, para nos aproximarmos do tema, desenvolveremos algumas reflexões sobre a interação sujeito/idade que se inscreve no envelhecimento ativo, ou seja, é necessário substituir a visão de uma gestão ligada somente às perdas e às incapacidades por uma gestão vinculada à participação da pessoa idosa na construção de sua vida e da vida social, de acordo com seus projetos. Em seguida, trataremos da questão do envelhecimento em sua particularidade, em Roraima.

No objetivo de romper com o paradigma de que a velhice é sinônimo do fim da vida, trabalharemos a inserção da pessoa idosa na sociedade contemporânea como autora e protagonista de sua história de vida em articulação com sua classe, sua cultura e seu grupo social.

O envelhecimento populacional vem sendo um fenômeno bastante discutido na sociedade contemporânea. Nessa perspectiva, é preciso considerar o envelhecimento um processo heterogêneo, diversificado, social, político, econômico e culturalmente estruturado.

(17)

representação de 124 países de todo o mundo, incluindo o Brasil. Neste fórum foi formado um Plano de Ação para o Envelhecimento, depois publicado em Nova Iorque, em 1983 (RODRIGUES, 2001; 3:149-58).

No contexto da modernidade, a classe dominante para qualificar as pessoas de maior idade é referenciá-las à falta do trabalho em suas vidas e colocá-las como não fecundas, especialmente para os homens. Em relação à mulher, o envelhecimento está coligado a não reprodução, em função da menopausa. Já em sociedades mais tradicionais, existia o que foi batizado de gerontocracia, com valorização dos papéis conferidos aos idosos, de aconselhamento, de transmissão da experiência e de cuidado. Participavam até mesmo,da decisão de se gerar ou não a guerra, por causa da experiência acumulada. Com isso, criou-se entre nós o que podemos chamar, paradoxalmente, de um estereótipo positivo do velho, portador da sabedoria, visão decorrente do papel social dominante em muitas dessas sociedades clássicas (LEBRÃO, 2003).

O envelhecimento humano é um procedimento universal, progressivo e gradual. Trata-se de uma prova diversificada entre os indivíduos, para a qual compete uma abundância de fatores de ordem genética, biológica, social, ambiental, psicológica e cultural. Não existe uma relação linear entre idade cronológica e idade biológica.

A variabilidade individual e os compassos caracterizados de envelhecimento tendem a acentuar-se segundo as oportunidades e compulsão vigentes sob dadas classes sociais (FERRARI, 1999)

(18)

pensionistas, na metade da década de 80, evidencia a tarefa dos idosos no espaço político (GOLDMAN, 2000).

Considerando velhice e envelhecimento como fatos heterogêneos, Néri e Cachioni (1999) garantem as prováveis variações em sua compreensão e vivência conforme tempos históricos, culturas, classes sociais, histórias pessoais, condições educativas, estilos de vida, gêneros, profissões e etnias, dentre outros. Ressalta a importância de abranger tais processos como acumulação de fatos anteriores, em constante influência mútua com múltiplas extensões do viver. A observação de padrões diferenciados de envelhecimento e a procura por abranger os determinantes da longevidade com qualidade de vida têm determinado estudos na linha de concepção do que formaria o bom envelhecer.

Até o século XIX, a velhice era combinada como uma questão de mendicidade, porque sua essencial qualidade era a não probabilidade que uma pessoa oferecia de se garantir financeiramente. Assim, a noção de velho remete à inaptidão de produzir, de trabalhar. Dessa forma, segundo Peixoto (1998), era designado velho (vieux) ou velhote (veillard) aquele sujeito que não usufruía de status social – muito embora, o termo velhote também fosse usado para chamar o velho que trazia sua imagem marcante como bom cidadão.

Quase um século antes de Cristo, afirmava-se que a velhice só é íntegra à medida que luta, afirma seu direito, não deixa nenhuma pessoa lhe roubar seu poder e mantém sua ascendência sobre os familiares até o último suspirar. Gosto de descobrir o verdor num velho e sinais de velhice num adolescente. Aquele que abranger isso envelhecerá quem sabe em seu corpo, nunca em seu espírito. Nunca nos exigem ir além de nossas forças, permitem-nos mesmo continuar aquém (CÍCERO, 2002, p. 30-32).

De acordo com Rodrigues (2005), o significado da noção de envelhecimento, de velho e de velhice não é um tanto definitivo, estruturado para sempre, nem para os grupos sociais, nem para o sujeito individual, uma vez que o sentido e a significação referentes a estes construtos são efeitos de uma recorrente edificação social e histórica. A construção da velhice acontece nas relações sociais, nos empenhos ideológicos e até econômicos.

(19)

noção é tratada pelos indivíduos pertencentes a determinado grupo social. É importante citar que as atitudes de discriminação em relação à velhice por vezes são expressas por meio de reações de afastamento, desgosto e ridicularização, de modo que, ainda na sociedade moderna, o velho é visto como uma pessoa impossibilitada e inútil. Tais dados de cunho preconceituoso são presentes na edificação e preparação das representações sociais entre os idosos pesquisados.

Dentro de um entendimento parecido, Haddad (1989), em sua análise da produção científica a propósito da velhice, apronta que, estes saberes, visivelmente neutros, se formavam de uma ideologia. Esta ideologia, por meio da criação de um conjugado de representações e normas objetivas, procurava instruir as pessoas a agir segundo algumas imposições. Sua função era a de reorganizar os comportamentos, de maneira a diminuir o custo social da manutenção destas pessoas. A sinonímia entre doença e velhice consentiu explicar a exclusão da pessoa idosa, mediante a responsabilização unicamente dos aspectos biológicos do envelhecimento. Em outras palavras, a lógica influente asseverava que a pessoa idosa não podia tomar parte da sociedade pela categoria natural de incapacidade física e mental.

Esta lógica consentiu esconder os aspectos políticos e econômicos presentes na marginalização impostos à grande parte deste grupo de população. Estas ideias foram robustecidas por outros estudos que verificaram que a maior parte das pessoas internadas em asilos e residências geriátricas não apresentava enfermidades que evitassem suas atividades quotidianas. A segregação antes incitada pelo discurso dominante, portanto, não se catalogava com as categorias físicas destas pessoas. A concepção que predominou é que à medida que se passavam os anos, a pessoa idosa se removia mais dos aspectos da vida. Relacionava-se envelhecimento com decadência. No entanto, finaliza o autor, estas ideias estão se tornando arcaicas.

(20)

vezes, sinta receio de mostrar suas precisões e perder os cuidados, se não forem dados pelo Estado. Precisam ser considerados o território e o processo de referência e contrarreferência, colocando-se ao alcance da pessoa idosa atenção de caráter social, de saúde preventiva e curativa, agregando as probabilidades de convívio e de criação de ligamentos. Ao lado do atendimento à saúde, deve haver grupos de idosos que possam fazer ginástica, passeios e atividades conjuntas, possibilitando-lhes a criação de laços e de vínculos, atendendo também às precisões de manutenção de cidadania, garantindo reforma justa, além de deveres e direitos (GOLDFARB, 1998).

O Plano de Ação para o Envelhecimento (2002) foi considerado um importante apontamento de estratégias e indicações prioritárias nos aspectos econômicos, sociais e culturais do processo de envelhecimento de uma população, e precisaria ser fundamentado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Estabeleceram-se, então, alguns princípios para a implementação de políticas para o envelhecimento sob responsabilidade de cada país. Destes princípios, destacam-se os destacam-seguintes: a estipulação da família, nas suas diferentes formas e estruturas, como a unidade essencial mantenedora e protetora dos idosos; cabe ainda às políticas sociais aprontarem as populações para os estágios mais tardios da vida, assegurando subsídio integral de ordem física, psicológica, cultural, religiosa/espiritual, econômica, de saúde, entre outros aspectos.

Ainda como constituído, aos idosos necessita ser proporcionada a oportunidade de contribuição para o desenvolvimento dos seus países, bem como a participação funcional na formulação e implementação de políticas, incluindo aquelas a eles direcionadas; os órgãos governamentais, não-governamentais e todos que têm responsabilidades com os idosos carecem dispensar atenção especial aos grupos vulneráveis, individualmente aos mais pobres, mulheres e habitadores em áreas rurais (COSTA, 2002).

A democratização ocorrida no Brasil, que culminou com a Constituição Federal de 1988, e, sobretudo, com as garantias e direitos nela inseridos, possibilitou a força política dos idosos e aposentados, indicando avanço significativo em relação à conquista da legislação para a defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.

(21)

apreciação e comunicação do impacto do envelhecimento sobre os países em desenvolvimento na tentativa de estimulá-los a tomarem medidas para o enfrentamento dessa realidade. Entre essas medidas, duas traziam ênfase especial: no campo da saúde, promover o envelhecimento saudável e, no campo social, batalhar pelo envelhecimento com direitos e dignidade (GOLDMAN, 2004, p.61-81).

O discurso contemporâneo estabelece a produtividade e a constante responsabilidade dos idosos sobre a sua problemática. Por detrás das alegações alarmistas a respeito do envelhecimento populacional, se lança a ideia de que elas podem e precisam procurar sua sobrevivência econômica. O discurso que atualmente tende a imperar transforma estas pessoas em seres obrigatoriamente benéficos e produtivos. Este fato exclui a heterogeneidade deste grupo social e a vivência de problemas característicos que atormentam muitas destas pessoas. Por exemplo, em associações com elevados índices de desemprego, como é o caso do Brasil, se pode concluir que resulta muito mais difícil a estas pessoas conseguir outros meios para manter-se que não seja por meio de suas pensões. Deve-se também ponderar a conotação que as sociedades industriais dão ao trabalho, ou seja, o sentido do valor pessoal e do prestígio está profundamente atrelado ao desempenho ocupacional. A saída do mercado de trabalho condiciona profundamente a redução do status da pessoa e de seu processo de inserção social (CAMARANO, 1999). Paradoxalmente, observa-se certa reação contra os idosos que estão agregados na estrutura de produção.

A democracia abre espaço para manifestações das pessoas idosas, como, por exemplo, a luta pelos 147% de reajuste nas aposentadorias durante o governo Collor, e para a organização de idosos que passaram a implementar fóruns, conselhos e centros (FALEIROS, 2006).

(22)

Assim, nos encontramos em face de uma contradição: a efetivação dos direitos num contexto neoliberal, o que implica refletir sobre as condições de possibilidade de uma gestão desses direitos. Por um lado, temos direitos e, por outro, falta de recursos, falta de pessoal, bem como uma realidade de condições precárias.

Faleiros (2006) lembra que é necessário substituir a visão de uma gestão ligada somente às perdas e às incapacidades por uma gestão vinculada à participação da pessoa idosa na construção de sua vida e da vida social, de acordo com os seus projetos. Nessa perspectiva, o autor mostra que a gestão por sujeito/idade é articulação social, do mercado e dos serviços, com a possibilidade de acesso universal do idoso a centros onde se torne protagonista de sua identidade, de sua cultura, de seus direitos. A gestão por sujeito/idade estabelece não só diálogo, mas também a conexão da família, do mercado e da proteção social dentro de um contexto e de um território, onde o idoso encontra-se inserido. É um conjunto articulado de perspectivas e de relações consideradas pela heterogeneidade dos indivíduos que envelhecem.

A terceira idade, mostra Guillemard (1986), manifesta metaforicamente essa nova condição; não é sinônimo de decadência, pobreza e enfermidade, mas um tempo elevado para prestezas livres da compulsão do mundo profissional e familiar. Com o prolongamento da esperança de vida, a cada um é dado o direito de vivenciar uma nova fase relativamente longa, um tempo de lazer em que se formam novos apegos coletivos. Por isso, para autores como Dumazedier (1974), a aposentadoria consentiria vislumbrar o que seria civilização do lazer. Para Laslett (1987), a invenção da terceira idade sugeriria de um experimento singular de envelhecimento, cuja abrangência não pode ser diminuída aos apontadores de prolongamento da vida nas sociedades modernas. De acordo com esse autor, essa invenção requer a existência de uma "comunidade de aposentados" com peso satisfatório na sociedade, demonstrando dispor de saúde, independência financeira e outros meios amoldados para tornar reais as expectativas de que essa fase da vida é promissora à concretização e contentamento pessoal.

(23)

direitos dos idosos: a primeira foi a quebra da centralidade do trabalho como valor maior na visão de mundo da sociedade (aspecto influente na sociedade industrial), o que consentiu ao idoso erguer sua identidade numa ótica de não trabalho, mas de proveito e significado da vida; a segunda é o pluralismo de ideias, de comportamento e de atividades, como valor, quebrando estereótipos ideológicos e comportamentais; a terceira é a valorização da subjetividade como um plano importante a ser abrangido em todos os graus da vida, da ciência e das políticas (MINAYO, 1997, p.169-181).

Pires (1993), em sua apreciação sobre esses periódicos, mostra que imagens caracterizadas do envelhecimento são dadas. Nos contextos em que as mudanças físicas desse tempo são abordadas, as revistas tendem a convidar todas as mulheres, mesmo as que ainda não adentraram na idade adulta, para uma verdadeira ação contra o avanço da idade, oferecendo uma série de procedimentos capazes de impedir ou espaçar o envelhecimento. Contudo, nos contextos em que os velhos ou a velhice são limitados como uma conjuntura de fato, trata-se de apontar que esse é um tempo especial para a prática pessoal dos indivíduos. Homens e mulheres de mais idade são oferecidos aos leitores como indivíduos que, depois de velhos, descobriram uma nova carreira profissional ou conseguem uma série de atividades, concretizando sonhos sustentados desde a juventude e adiados diante dos compromissos que a vida adulta atribui. A mulher, principalmente com uma série de atividades que abrangem a manutenção corporal, como dança e ginástica, redescobre seu próprio corpo e sente-se rejuvenescida.

(24)

fragilizados, mas não é esse o perfil dos velhos que essas ações movimentam e que ganha visibilidade na mídia (PRATA, 1990).

Na verdade, o que está em jogo na velhice é a autonomia, ou seja, a competência de determinar e realizar seus próprios desígnios. Qualquer pessoa que chegue aos oitenta anos, capaz de conduzir sua própria vida e determinar quando, onde e como se apresentarão suas as atividades de lazer, convivência social e trabalho (produção em algum nível), com certeza será apreciada como uma pessoa saudável. Pouco importa saber que essa mesma pessoa é hipertensa, diabética, cardíaca e que toma remédio para depressão – infelizmente uma combinação bastante comum nessa idade. O importante é que, como resultante de um tratamento bem-sucedido, ela traz sua autonomia, é feliz, agregada socialmente e, para todos os efeitos, uma pessoa idosa saudável (FILLENBAUM, 1984).

Giubilei (1993, p.113) expressa seu conceito sobre envelhecimento, como:

Aquele que vê no futuro a continuação do trabalho do agora, aquele que não está à espera do repouso eterno, que vai à luta, que procura completar os espaços da vida, que se vê como componente útil à sociedade. Por fim, aquele que crê e demonstra que tem conhecimentos a serem contados e que, acima de tudo, é ainda capaz de grandes concretizações.

Como menciona Moragas (1999), o processo de envelhecimento da população mundial com independência, autonomia e consequente qualidade de vida, pode ser uma das novidades do terceiro milênio. Deste modo, faz-se imprescindível atenção especial do poder público e das instituições de pesquisas/intervenções no sentido de apresentar serviços que colaborem para uma velhice bem-sucedida, ativa e com autonomia.

(25)

Sendo assim, é dever de todos – gestores, pesquisadores e cidadãos (independentemente da idade ou do papel social) – que se preocupam com a velhice em sua integralidade (aspectos sociais, econômicos, biológicos e psicológicos, cultural e político), propor a implantação e a implementação de políticas públicas, fiscalizar e avaliar sua correta execução, para que se garanta que o idoso seja cidadão de direito e de fato evidenciar considerações relativas às perdas e aos ganhos significativos para sua vida.

2.1 Processo de Envelhecimento em Boa Vista/RR

Em relação ao processo de envelhecimento, Roraima e Amapá eram os estados brasileiros que possuíam a população mais jovem do país, segundo dados do IBGE (2000), com índice de envelhecimento de 10,4 e 10,5, respectivamente. Em 2006, os estados de Roraima e Amapá permaneceram entre os mais jovens, com aumento nos índices de envelhecimento apenas de 10,9 e 11,0, respectivamente.

O processo do envelhecimento é contínuo. A proporção de idosos na população está relacionada a uma transição demográfica que depende tanto da diminuição da taxa de fecundidade como da redução da taxa de mortalidade.

O envelhecimento pela base demarca o início do envelhecimento, enquanto que o envelhecimento pelo topo consagra o processo de envelhecimento populacional, sabendo que os níveis das taxas de mortalidade também se tornam importantes desde que apresentem uma redução considerável entre os idosos (MOREIRA, 2000).

A migração também contribui para o processo do envelhecimento, entendendo que lugares que atraem uma população jovem experimentam um rejuvenescimento populacional, enquanto aqueles locais abandonados por essa população passam por um processo de envelhecimento, pois o peso da população idosa se torna mais notável do que a população jovem (MOREIRA, 2000).

(26)

ponto máximo na década de 1990, com um novo modelo de migração, motivado pela expansão agrícola. Com a criação e institucionalização do Estado de Roraima, esses migrantes fixaram residência, contribuindo assim para o desenvolvimento da capital, paralelamente à expressiva presença das populações indígenas e estrangeiros, procedentes da Venezuela e da Guiana Inglesa (países de fronteira).

Sua população – segundo dados estimativos do IBGE para 2006, baseados no censo do ano 2000 – é de 249.654 habitantes; destes, 124.890 são do sexo masculino e 124.764 do sexo feminino.

A pirâmide etária tem característica de população que expressa um equilíbrio entre gêneros (masculino e feminino), taxa de natalidade moderada e taxa de mortalidade geral baixa.

Segundo projeções demográficas do Datasus1, o número de pessoas idosas em Boa Vista vem aumentando, visto que, em 2000, os idosos representavam 3,8% da população e, em 2006, 4,1%.

No que se refere ao índice de envelhecimento, em relação a cada 100 indivíduos jovens, também houve um aumento: em 2000, o índice era de 10,6; em 2006 aumentou para 12,1. Conforme a contagem do IBGE da população em 2007, o número de idosos era de 10.983, sendo 5.304 do sexo masculino e 5.679 do sexo feminino. Além disso, em Roraima, ainda segundo o Datasus, a espectativa de vida aos 60 anos de idade também vem aumentando: em 2000 era de 18,53 anos, passando em 2006 para 18,98 anos. É relevante ressaltar que a população idosa de Boa Vista representa mais de 70% da população de idosos do Estado de Roraima.

Apesar do aumento no índice de envelhecimento, as capitais mais jovens da região Norte do Brasil são Palmas, Boa Vista e Macapá. Não por acaso, elas pertencem à região mais jovem do país, tendo em 2006 o índice do envelhecimento de 9,8, 12,1 e 12,1, respectivamente. Dentre as capitais da região Norte, todas possuíam, até 2006, uma população jovem, quadro semelhante ao da região. Todavia, Belém difere dessa situação, pois, desde 1991, sua população foi considerada intermediária, com índice do envelhecimento de 16,2, sendo que em 2006, passou a ser de 28,4.

Como nossa pesquisa busca olhar a rede de atenção à saúde e à assistência, vamos dar relevância a essa dimensão no que segue.

1

(27)

No âmbito da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde, em 2009 tínhamos 9.733 idosos cadastrados no Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB, o que caracteriza idosos atendidos por profissionais da Estratégia Saúde da Família, caracterizando cobertura de mais de 89% da população idosa de Boa Vista.

No âmbito da Assistência Social, em 2009 tínhamos 1.598 idosos recebendo os benefícios, tanto de prestação continuada (BPC) como os eventuais que compõem a Proteção Social Básica (acompanhamento pelo CRAS e participação em grupos de convivência).

A participação social dos idosos em órgãos de controle social ainda é incipiente, uma vez que, só agora, em 2010, tivemos a implantação dos Conselhos Estadual e Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa.

Podemos considerar que a gestão local está articulada às dimensões de garantia de direitos, mas apesar da inclusão de grande parte dos idosos no atendimento, as condições ainda são insuficientes.

(28)

CAPÍTULO 3:

DIREITOS SOCIAIS DAS PESSOAS IDOSAS COMO BASE DA EFETIVAÇÃO DAS REDES

Desde o século XVII, já se discutia sobre os direitos sociais. Para Jean-Jacques Rousseau, em seu Contrato Social, de 1762, os homens, no estado de natureza, não teriam moralidade e nem maldade. É a conhecida ideia de que o homem é naturalmente bom, enquanto a sociedade civil seria o retrato de sua realidade. A sociedade para Rousseau (1983) é imperfeita: corrompida pela propriedade, produto da voracidade do homem, obra dos mais ricos e poderosos que querem proteger os interesses próprios. Deste modo, o Estado teria sido, até aquele momento, uma criação da minoria (os ricos) para manter a desigualdade e a propriedade, contribuindo para o aumento da concentração de renda. A solução encontrada por Rousseau, para o impasse da desigualdade social e da política na sociedade civil, seria um Estado cujo poder residisse no povo, na cidadania, por meio da vontade geral.

O contrato social do autor Jean-Jacques Rousseau diferencia-se do Locke (1978), para quem o pacto não é apenas dos proprietários, mas envolve o conjunto da sociedade, por meio da democracia direta (BOBBIO, 1992). Assim, apenas o Estado de Direito, fundado pela vontade geral, seria capaz de limitar a concentração de renda que gera desigualdades extremas, contribuindo para o aprofundamento da questão social presente na sociedade civil, e de promover a educação pública para todos, meio decisivo para a livre escolha.

(29)

No contexto do liberalismo, no século XIX, a forma de pensar a Economia e a Sociedade partia de uma perspectiva questionadora da ordem aristocrática, diferenciando-se das ideias anteriores; tratava-se de romper com as dificuldades geradas pela aristocracia e pelo clero. O cenário de uma burguesia hegemônica, do ponto de vista econômico, mas não consolidada como classe politicamente dominante, propiciava o antiestatismo radical presente no pensamento de Adam Smith (1983), que via no mercado um mecanismo natural de regulação das relações sociais, recuperado pelos neoliberais de hoje, embora num contexto bastante diferenciado (BEHRING, 2000).

Para o liberalismo, a inserção social dos indivíduos define-se por mecanismos de seleção natural. Para Malthus (1988), a legislação social revertia as leis da natureza e recusava totalmente as leis de proteção, responsabilizando-as pela existência de um número de pobres que ultrapassava os recursos disponíveis.

Nesse ambiente intelectual e moral, não se devia desperdiçar recursos com os pobres (COUTINHO, 1989). Mas vigiá-los e puni-los como bem demonstrou o estudo de Foucault (1987). Essa relação se manteria para os trabalhadores: não se deveria regulamentar salários, ou seja, interferir no preço “natural” do trabalho, definido nos chamados movimentos naturais e equilibrados da oferta e da procura no âmbito do mercado.

Na segunda metade do século XIX e início do século XX, ocorreram, dentre outros, dois processos político-econômicos: o primeiro foi o crescimento do movimento operário que passou a ocupar espaços políticos importantes, obrigando a burguesia a reconhecer direitos de cidadania política e social cada vez mais amplos para esse segmento. O segundo, e não menos significativo, foi o processo da concentração e monopolização do capital, acabando com a utopia liberal do indivíduo empreendedor, orientado por sentimentos morais.

(30)

ele situa a questão no centro dos debates político, econômico e sociológico, fornecendo argumentos importantes em sua defesa, embora Barbalet (1989) o considere pouco consistente do ponto de vista explicativo.

Na seara do direito, vigora uma ideia de “cidadania fossilizada”, sendo o conceito de cidadania abrangido exclusivamente por meio de uma visão abrandada da ideia de status, que satisfaz à titularidade, por parte dos sujeitos, de direitos e compromissos formalmente estabelecidos por asseverações de direitos e/ou textos de cidadania abrangida. Segundo preconizado pela dogmática jurídica, entusiasmada pelo pensamento kantiano, reconhece-se como cidadão todo sujeito suscetível ao exercício de direitos políticos – ao menos o de votar –, assim promovendo-se a eqüidade de todos perante a lei e garantindo-se uma pretensa universalidade da obtenção dos direitos em regimes de apoio universal (TORRES, 1999, p. 244, 248).

Na doutrina moderna do direito, especialmente no contexto brasileiro, tem-se percebido que apenas uma abordagem jurídica pura – quando muito incorporada a uma reflexão pela filosofia do direito – é capaz de abranger e equacionar a questão da cidadania na chamada “era dos direitos”. Deste modo, relega-se a um segundo nível, ou mesmo desconsideram-se, as extensões da participação e do pertencimento – de caráter político, sociológico e histórico – da cidadania. Para tanto, alega-se uma suposta escassez desses elementos para o enfrentamento da temática diante de um novo contexto, no qual se distingue formalmente todas as divisões clássicas de direitos (civis, políticos e sociais) e exige-se uma aposta total na sua concretização por meio dos tribunais (BOBBIO, 1992).

(31)

A transformação do ciclo econômico, a partir de 1973, dá uma nova dimensão às teses neoliberais. Esses atribuem a crise ao poder excessivo dos sindicatos os quais, com sua pressão sobre os salários e os gastos sociais do Estado, estimulariam a destruição dos níveis de lucro das empresas, ou seja, a crise seria um resultado do keynesianismo2 e do Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social.

A solução apontada pelos neoliberais para sair da crise pode ser resumida em algumas proposições básicas, dentre as quais, podemos destacar a contribuição para a ideia de Estado Mínimo para os gastos sociais e o desmonte dos direitos sociais, acabando com a relação entre política social e esses direitos, estabelecidos no pacto político do período anterior.

Apenas no final dos anos 70 e início dos 80, tais indicações transformaram-se em programas de governo (Inglaterra, 1979; EUA, 1980 e Alemanha Ocidental, 1982). A partir de então, é possível identificar mudanças em direção a essas proposições no capitalismo avançado, guardadas as particularidades de cada país, inclusive nos governos da social-democracia européia.

Para Anderson (1995), as promessas do neoliberalismo foram cumpridas apenas em parte. Argumenta o autor que o Welfare State não diminuiu, como previsto, constata-se que o crescimento do desemprego tem levado ao aumento da demanda da proteção social por maiores gastos públicos.

Para Sônia Draibe (1998), historiadora brasileira, o neoliberalismo cumpriu uma primeira fase de ataque ao Kenesianismo e ao Welfare State. Na segunda fase, esta mais propositiva, visando à focalização, privatização e descentralização dos direitos sociais, tratar-se-ia de “desuniversalizar” e “assistencializar” as ações, cortando gastos sociais, contribuindo assim para o equilíbrio financeiro do setor público e estabelecendo uma política social residual que solucione apenas o que não puder ser enfrentado pela via do mercado, da comunidade e da família.

Para Barbalet (1989), a relação entre cidadania e política social não é imediata, mesmo sendo desejada pelos segmentos democráticos, observa-se uma contradição entre a formulação, entre a execução dos serviços sociais e a concessão de direitos, principalmente onde a seletividade trai o princípio da

(32)

universalidade que rege o Direito Social. Boaventura S. Santos (2002) questiona que o princípio da cidadania seja o mecanismo regulador da tensão provocada pela limitação dos poderes do Estado, a partir da universalização e equidade dos direitos sociais, pelos mecanismos do controle social.

A moderna cidadania – compreendendo direitos civis, políticos e sociais universais – não é apenas complexa como também se encontra repleta de tensões internas, à medida que os direitos que constituem tendem a gerar diferentes pressões, por vezes contraditórias (BARBALET, 1989).

Nos anos 90, o governo brasileiro, ao propor a redução da política social, mostrou-se decepcionante. Em relação ao aspecto social, constata-se o aprofundamento da questão social (crescimento da pobreza e da exclusão), como também a intensificação da concentração de renda no mundo.

Colocar os direitos na ótica dos sujeitos que os pronunciam significa, de partida, recusar a ideia corrente de que esses direitos não são mais do que a resposta a um suposto mundo de necessidades e carências (TELLES, 1999, p. 181). Desta feita, a palavra que diz o justo e o injusto está carregada de positividade, é por meio dela que os princípios universais da cidadania singularizam-se no registro do conflito e do dissenso quanto à medida de igualdade e à regra de justiça, que devem prevalecer nas relações sociais. Para além das garantias formais inscritas na lei, os direitos estruturam uma linguagem pública que baliza os critérios pelos quais os dramas da existência são problematizados em suas exigências de equidade e justiça.

Diante da disposição de distanciamento da realidade social entre a maior parte dos estudiosos dos direitos fundamentais, têm-se a escassez da abordagem exclusivamente jurídica e a incompletude da abordagem filosófica da cidadania e dos direitos sociais, os quais estão previstos em normas autoaplicáveis, mas dependem de categorias políticas, sociais, econômicas e culturais para a sua realização no plano fático. Não se trata de limitar as prestações sociais do estado, mas de abranger a cidadania numa expectativa multidimensional, congregando as noções de participação política, pertencimento sócio-cultural e de status de direitos, considerando-se a história das relações sociais dos direitos de cidadania e as relações de poder que permeiam a sua efetuação (MAUS, 2000, p. 183-202).

(33)

humanos, considerando a ação dos direitos sociais e da precisão de se reconfigurar a gestão a partir dos problemas provenientes das transformações no mercado de trabalho e na proteção social. Segundo ela, há sentido em se ampliar uma política de gestão por idades, ou seja, uma gestão de recursos humanos para a idade, atendendo à pessoa em diversos momentos e nas suas trajetórias individuais e sociais. Deste modo, o envelhecimento passivo precisa ser trocado por diferentes processos reflexivos do sujeito, em diversos períodos da sua vida.

Segundo Jessé Souza (2000, p. 268), o processo brasileiro de modernização tem duas etapas fundamentais de mudanças políticas e sociais. A primeira é marcada por um modelo de organização social calcado numa lógica de poder pessoal, concebida pela figura do senhor de terras e coligada com o patriarcalismo e a escravidão. Na segunda, coligada por maiores níveis de implementação do aparato burocrático e de desenvolvimento do mercado, tem-se uma modificação de eixo com a paulatina adoção de uma lógica de poder impessoal, típica da modernidade européia. Mesmo antes de 1888, formava-se no Brasil uma nova classe social intercessora aos senhores de terras e aos escravos, composta pelos “agregados” ou “dependentes”, nos campos urbanos e rurais. Eis a concepção da chamada “ralé estrutural” – a classe social da condição de subcidadania. Para conceber a condição desses indivíduos, apontada por uma “cultura política da dádiva”, de total confusão entre público e privado, Teresa Sales fala numa “cidadania outorgada”

Os direitos sociais de cidadania foram agrupados ao ordenamento jurídico brasileiro “de cima para baixo”. Não obstante, entende-se válida a tese de Ângela de Castro Gomes (2005), que sustenta ter sido a consagração de direitos sociais no Brasil fruto de um método de permutas políticas, desencadeado por grupos revoltosos e dominado por Vargas, primeiramente por meio de coibição punitiva e depois por meio de políticas sociais clientelistas. Diante das características desse modelo de cidadania estabelecido no contexto brasileiro, Wanderley Guilherme dos Santos (1979, p. 75) formulou o conceito de “cidadania regulada”

(34)

e energizada nas últimas décadas do século XX, que evidencia a escassez da dimensão jurídica e a necessidade de se instituir categorias políticas para a consolidação desses direitos na prática social (DAGNINO, 1999, p. 407).

Levando em conta toda a história de construção e desconstrução da cidadania, cabe concluirmos que, apesar de existir os direitos constituídos, sua efetivação é ainda um desafio. Desse modo, os brasileiros – neste projeto em particular, a pessoa idosa – deve conhecer as leis, conquistar espaços e participar dos movimentos políticos e sociais para que seus direitos sejam efetivados, dependendo assim de sua atuação e da busca de consolidação do Estado de Direito, para viver com liberdade, igualdade, justiça e equidade, fundamento e cidadania.

3.1 Direitos Sociais da Pessoa Idosa no Brasil

O objetivo desta parte do discurso é articular o conceito de cidadania, mencionado anteriormente, no contexto da sociedade brasileira e dos direitos sociais da pessoa idosa.

A discussão a respeito dos direitos sociais da população idosa é premente. Diferentes batalhas têm sido implementadas, como forma de afiançar o que está formado na legislação social. Identificam-se, no tocante a população idosa, dois termos legais: a Constituição de 1988, que forma, nos artigos 229 e 230, a obrigação de adicionar na agenda política as precisões e os direitos desta população; o Estatuto do Idoso, que define os direitos e o estabelecimento da rede de proteção e acolhimento direcionados aos idosos. A legislação social fortalece o quanto é necessário debater e depositar na agenda política o debate sobre o lugar social tomado pela população idosa na realidade brasileira (CAMARNO, 2004).

(35)

reflexo do conjugado das relações sociais de produção.” Para ele, o processo dialético provoca uma reciprocidade entre a estrutura e a superestrutura.

O primeiro ponto que parece essencial é proporcionar a legislação específica: a Política Nacional do Idoso, Lei 8842/94; Política Nacional de Saúde do Idoso, Portaria 2528 de 19 de outubro de 2006; o Estatuto do Idoso, Lei 10.741/ 2003. Este conjunto de leis permite distinguir o lugar social desse idoso, bem como coligar o significado da categoria de cidadania dessa parte populacional. Esse modo de perceber as categorias de vida da população idosa associa-se a um acordo de cidadania; reconhecendo que essa “é exercício, é movimento” [...] “um processo de aprendizagem social na edificação de novas formas de relação, contribuindo para a formação e a composição de cidadãos como sujeitos sociais ativos” (BRUNO, 2003). A garantia de proteção – cobertura de necessidades – está proferida à autonomia e à participação. Conforme a Lei nº. 8.842, de 4 de janeiro de 1994, a Política Nacional do Idoso (PNI) “tem por desígnio garantir os direitos sociais do idoso, criando qualidades para promover sua autonomia, consistência e participação real na sociedade” (art. 1º), com articulação da família, do Estado e da sociedade, “defendendo sua decência, bem-estar e o direito à vida” (art. 3º). Para isso, a PNI conjetura a participação no relacionamento intergeracional e por meio de organizações representativas num sistema descentralizado, segundo o que prevê a Constituição (GODINHO, 2007).

O direito formado pelo Estado, no entanto, não satisfaz, por si só, para determinar e garantir a cidadania de todos, pois se registra numa determinada ligação de forças socioeconômicas. Formar direitos pode denotar a cristalização do poder de um grupo dominador ou dirigente em detrimento de outros grupos, posicionando-se como uma parte predominante acima de outra parte da sociedade, fragmentando a própria sociedade entre os “com cidadania” e os “sem cidadania”, ou estabelecendo somente direitos formais para todos e reais para alguns. Esse é o eixo da crítica à cidadania burguesa, divulgado por Marx (2005). Em 1843, ele disse que é imprescindível emanciparmo-nos politicamente como seres humanos para podermos ligar o direito formalmente constituído às condições reais existentes, ou seja, é sucinto rescindir com a separação entre sociedade política e sociedade civil.

(36)

trabalho excedente. Ao legitimar o capitalismo, cria estratégias que muitas vezes se materializam num direito ou num beneficio social:

A sociedade compreende o reconhecimento dos indivíduos coletivos como sujeitos na construção da história, pela participação política, pela garantia que lhes é dada no Estado de direito, das condições e meio de vida, tanto como direitos individuais, políticos sociais(FALEIROS, 2000, p. 43).

O sistema de garantia de diretos envolve Estado e Sociedade Civil, sofrendo embates sociais, políticos, econômicos e culturais, justificando a emergência de políticas como: educação, habitação, saúde e mínimos sociais3. Logo, o entendimento sobre os direitos sociais está vinculado “ao acesso a bens e serviços que visem atender às necessidades historicamente determinadas em cada sociedade, possibilitando um patamar mínimo de bem-estar econômico e social” (GUEIROS, 1991).

Transportando a discussão sobre direitos sociais para a arena brasileira, observa-se que estão vinculados ao contexto histórico emergente em cada época, frutos de conquistas ou de cooptação. Constata-se que o reconhecimento dos diretos sociais dos cidadãos brasileiros surge na década de 30, sendo a Constituição de 1934 a primeira a introduzir princípios sobre a ordem econômica e social que compete ao Estado preservar.

O governo de Getúlio Vargas (1930-1945) privilegiou a integração do mercado interno e o desenvolvimento da industrialização, incidindo sobre a classe trabalhadora e ao trabalho propriamente dito, o controle das greves e dos movimentos operários, bem como estabelecer um sistema de seguro social por meio de uma “política trabalhista”.

Em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, órgão responsável pela administração dos direitos trabalhistas, afirmados com a implementação da Constituição de 1934, que dispunha sobre os direitos do trabalhador, quais sejam: salário mínimo, jornada de trabalho, férias, repouso remunerado, trabalho do menor, indenização por dispensa sem justa causa, assistência médica, previdência social nos casos de velhice, invalidez e morte, além da assistência social aos necessitados.

Faleiros (2007, p. 40) lembra que a Constituição de 1934 se referia à velhice como uma etapa improdutiva que merecia favor e apoiava a filantropia das

(37)

instituições de caridade para idosos. Somente haveria direito, se a pessoa tivesse sido inscrita na produção. Assim, os direitos da pessoa idosa foram inscritos da Constituição de 1934 (art. 121, alínea h) como direitos trabalhistas, na implementação da previdência social “a favor da velhice”. Ao se tornar improdutivo, na era industrial, o sujeito passava a ser considerado velho, a partir do pressuposto de sua exclusão da esfera do trabalho, como operário. Ao trabalhador rural de então não foram reconhecidos direitos trabalhistas, pois ficava na esfera do “aluguel de mão de obra”, sob a tutela da oligarquia rural. A Constituição de 1937 (art. 137) reafirmava o seguro de velhice para o trabalhador.

Durante o Estado Novo (1937-1943), Vargas governou sob ditadura e realizou investimentos na área social, criando a Legião Brasileira de Assistência (LBA) que, no primeiro momento, prestou assistência às famílias de pracinhas envolvidos na guerra e, posteriormente, passou a se dedicar às outras demandas sociais. Tal modelo de proteção social dispunha de alguns benefícios (alguns programas para idosos, como o apoio a asilos) sem, contudo, perder o caráter assistencialista que predominou até o regime militar.

Como lembra Faleiros, a Constituição de 1946 (art. 157) dispunha sobre a formulação de previdência “contra as consequências da velhice”, a ampliação da ideia de um seguro social somente para trabalhadores industriais; já a Constituição de 1967 estabelecia a previdência social “nos casos de velhice” (art. 158).

Em 1963, o Serviço Social do Comércio (SESC), que até então desenvolvia suas atividades visando o bem-estar dos comerciários e de suas famílias, deu início a um trabalho, considerado revolucionário para época, em prol dos idosos. O primeiro grupo reuniu-se na cidade de São Paulo. Pode-se afirmar que o SESC, no Brasil, foi pioneiro nessa área.

(38)

Confederação Brasileira de Aposentados (COBAP), que se aplicou na luta pelos valores das aposentadorias, pelos direitos sociais e pela cidadania da pessoa idosa.

Com o Plano de Ação Internacional de Viena, promovido pela Organização das Nações Unidas e aprovado na Assembléia do dia 6 de agosto de 1982, os países em desenvolvimento e os desenvolvidos firmaram um acordo comprometendo-se a executar e implantar políticas de atenção ao idoso.

Os países integrantes dessa assembléia definiram as diretrizes e recomendações prioritárias voltadas para as políticas sociais direcionadas ao idoso, afirmando que estas deveriam garantir os fundamentos Universais dos Diretos Humanos. Em consequência desse processo de discussão, advertiu-se também que a qualidade de vida é tão importante quanto à longevidade. Na medida do possível, os idosos devem desfrutar, com as famílias e comunidade, de uma vida plena, segura e saudável.

Na realidade do contexto social de muitos países, os idosos apresentam poucas perspectivas em relação ao futuro. Embora o progresso industrial e tecnológico tenha conquistado avanços, identifica-se outro problema concernente ao idoso, à dificuldade em lidar com esses avanços, pois o mercado exige modernos equipamentos e profissionais mais capacitados para manter-se produtivo. Encerra-se assim o Encerra-seu ciclo produtivo e fica a esperança de receber uma apoEncerra-sentadoria que as políticas previdenciárias lhe proporcionam, insuficiente para suprir todas as necessidades para a sua sobrevivência. Em nossa sociedade, o ser humano está intimamente ligado ao processo de trabalho, produção, construção de família e ganhos. Diante disto, aposentar-se pode significar uma fase ameaçadora e até desastrosa (BARROS, 2000).

(39)

3.2 Proteção Social à Pessoa Idosa no Brasil

O Brasil até pouco tempo era considerado um país jovem e diante dessa nova realidade, a do envelhecimento populacional, faz-se necessária uma preparação voltada para as necessidades e potencialidades dessa faixa etária. Urgindo se pensar ações que respondam a demanda proveniente do acelerado crescimento da população idosa, uma vez que o processo de envelhecimento é complexo e envolvem aspectos biológicos, políticos, econômicos, cultuais, educativos, psicológicos e sociais. Desta forma, passam a ser apreensões firmes da sociedade contemporânea as ações de saúde no envelhecimento. Numa expectativa voltada não só para os anos que poderão ser adicionados na perspectiva de vida, mas também, atenta para a qualidade de vida e as qualidades de saúde com que estes anos serão existidos. Assim, a qualidade de vida, os costumes saudáveis para obter a longevidade, os programas de promoção a saúde do idoso são cada vez mais assuntos essenciais de revistas, documentários, jornais e programas de televisão; o que evidencia que a longevidade com qualidade está na pauta dos debates sociais (YAZBEK, 1999, p. 89, 99).

A Seguridade Social é um conceito bastante extenso que abrange todo um conjugado de políticas públicas que visam garantir a proteção social do indivíduo. Os povos ancestrais já traziam presente esta medida, em que as sociedades, mesmo que preparadas em castas preocupavam-se com a proteção de seus membros. No entanto, somente depois da Revolução Industrial, especialmente na Alemanha e na Inglaterra, os governos tomaram consciência da precisão de formar políticas de seguridade social, no sentido de gerar a devida proteção aos seus cidadãos visando o fortalecimento do Estado e a segurança social. Em nossos dias, a proteção social impetra desenvolvimento além do previsível em décadas passadas. As provisões seguidas no passado não conformavam um sistema protetor, nem concretizava um direito afirmado ao cidadão protegido (MORAES, 2002).

(40)

mecanismo de proteção, quando o dano decorrente do risco já está dado em sua vida, como é o caso da velhice (COIMBRA, 2001).

A inclusão social é temática, bastante extensa e complexa. Relaciona-se à questão da proteção social e do lugar social tomado pela população em nosso país. Destaca-se que habitamos em uma sociedade onde os direitos sociais são aproximados como favor, como tutela, como um melhoramento e não prerrogativa para o estabelecimento de uma vida social virtuosa e de qualidade. Mesmo constituídos em lei, a direção dada pelos responsáveis pela garantia dos direitos nem sempre é direcionada para sua concretização. O caminho da inclusão social corre paralelo à discussão do direito e da proteção social. Por proteção social entende-se o conjugado de ações que visam prevenir riscos, diminuir impactos que podem trazer danos à vida das pessoas e, portanto, à vida em sociedade. A exclusão social acontece quando um determinado grupo, ou parcela da sociedade é de alguma forma desviada dos seus direitos, ou ainda, tem seu acesso denegado por falta de informação, por estar fora do mercado de trabalho, entre outras coisas. A inclusão, deste modo, denota fazer parte, se sentir pertencente, ser envolvido em sua qualidade da vida e humanidade. É se sentir pertencente como pessoa humana, individual e ao mesmo tempo grupal (BRUNO, 2003, p. 74-83).

A rede de proteção também faz parte do pacto democrático que, territorialmente, foi estabelecido pelo compromisso dos atores e gestores do sistema, com participação dos sujeitos e da sociedade preparada. O pacto constitucional que estabelece a proteção se demonstra na lei que garante direito, mas só se ativa no pacto de cuidados e serviços proferidos, com participação (protagonismo) do sujeito, com recursos e pessoal, e com pactos dos gestores do sistema. A sociedade só se torna menos errada se existir efetividade do pacto na diminuição das desigualdades e das injustiças. Nesse sentido, a proteção social alude uma dinâmica permanente (ou permanência de uma dinâmica, mesmo paradoxal) de contratualização dos atores e agentes sociais para afiançar e efetivar direitos formados (RODRIGUES, 2005, p.84-90).

(41)

O art. 203 estabelece que a Assistência Social seja prestada a quem necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social e tem por objetivos:

I – A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II – A garantia de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la promovida por sua família, conforme dispuser a lei.

Uma das características acentuadas da população que envelhece no Brasil é a pobreza. Aposentadorias e pensões compõem a central fonte de ganhos da população idosa. Se por um lado o número de benefícios conferidos a cada ano é crescente, por outro, as despesas médias com o prestação desses benefícios pela Previdência vêm apresentando, com importantes exceções, mudanças negativas. Em 1988, aproximadamente 90% dos idosos aposentados no Brasil ganhavam subsídios de até 2,5 salários-mínimos. Em conseqüência do baixo valor dos benefícios, 1/3 dos brasileiros com 60 anos ou mais se sustentavam em atividades produtivas em 1995. O retorno ou a permanência no mercado de trabalho, no entanto, se dá, sobretudo, no mercado informal, em atividades mal recompensadas e com jornadas de trabalho amplas. Em 1993, 46,9% dos trabalhadores com 60 anos ou mais não tinham carteira firmada (e seguranças trabalhistas). A valorização profissional torna-se complicada em parte devido às condições de alfabetização dessa população; em 1991, 44,2% dos maiores de 59 anos não sabiam ler e escrever. Na RMBH, em 1988, a maior parte dos idosos integrados à população economicamente ativa possuía renda procedente do trabalho inferior ou igual a dois salários- mínimos, e desempenhava atividades pouco compatíveis com a idade, como o serviço de pedreiros e serventes, empregadas domésticas, passadeiras e lavadeiras (LITVAK, 1990).

Referências

Documentos relacionados

Vale lembrar que a atenção à saúde dos homens privados de liberdade deve incluir não apenas o tratamento para condições específicas, mas a prevenção de doenças e a

Como profissional de saúde, você deve lembrar que o homem privado de liberdade também é um paciente. Portanto, deve ter sua confidencialidade respeitada, assim como ser informado dos

Posteriormente, a luz da revisão, foi elaborada uma proposta de Programa de Atenção ao Idoso abordando, entre outros aspectos: a capacitação da equipe técnica de

Este Projeto de Intervenção foi embasado em uma revisão de literatura a partir de artigos científicos e Cadernos do Ministério da Saúde publicados entre os anos de 2001 e 2013, sobre

12 Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Atenção Integral à Saúde do Adulto Amante, Cutolo, Padilha, Miranda Medicina A Atenção Integral à Saúde do Adulto possui

Através dessas diretrizes, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem pretende promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil,

Para tanto, estudaremos a importância das atividades de grupo para a população adulta, atividades de sala de espera e visita domiciliar, atenção integral à saúde do adulto

12 Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Atenção Integral à Saúde do Adulto Amante, Cutolo, Padilha, Miranda Medicina A Atenção Integral à Saúde do Adulto possui