UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DISSERTAÇÃO
Valores pessoais e valores do trabalho:
Um estudo com estudantes de enfermagem
Acadêmico: André Luiz Souza de Jesus Orientador: Dr.Álvaro Tamayo Co-orientadora: Dra. Juliana B. Porto.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DISSERTAÇÃO
Valores pessoais e valores do trabalho:
Um estudo com estudantes de enfermagem
Acadêmico: André Luiz Souza de Jesus Orientador: Dr.Álvaro Tamayo Co-orientadora: Dra. Juliana B. Porto.
Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Psicologia.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
Termo de aprovação
Esta dissertação de mestrado foi aprovada pela seguinte Banca Examinadora:
______________________________________________ Dr. Álvaro Tamayo
Presidente da Banca Examinadora
Departamento de Psicologia – Universidade Católica de Brasília
______________________________________________ Dra. Maria das Graças Torres Paz
Departamento de Psicologia Universidade Católica de Brasília
Dra. Ana Magnólia Bezerra Mendes Departamento de Psicologia
Universidade de Brasília
________________________________________________
Agradecimentos
Na caminhada de alguém várias pessoas atuam como uma espécie de “fermento”, contribuindo para que se cresça e se tome formato, como bússola dando orientação e rumo, como flor embelezando e perfumando o caminho trilhado, como espinho ensinando a se ter cuidado com as passagens pelas quais cada um se envereda para que se aprenda a não se machucar.
Cada um deixa um quê como uma espécie de contribuição para se poder refletir e por isto gostaria de agradecer àqueles que fazem da vida, deste cenário apresentado, desta grande aula diária. É quase impossível nomear todos, mas fundamental não esquecer de alguns.
Em primeiro lugar a Deus, pelos inúmeros eventos aos quais alguém poderia qualificar como acasos, coincidências, sorte, etc...
Professor Álvaro Tamayo, paciência, bom humor, compreensão, palavras ditas espontaneamente, em momentos preciosos, Dra. Juliana Porto, alavanca de decolagem, ponto de apoio, comprometimento, seriedade.
Dra. Ana Magnólia Mendes e Doutora Graça Paz pelas contribuições para um recorte de pesquisa mais exeqüível.
Meirilza, ouvido, carinho, otimismo, fé, cumplicidade, companheirismo. Ao meu filho, que no ano passado estava iniciando o ensino médio, mas disse que queria dar-me algumas idéias para ajudar neste trabalho.
O grupo de valores. O nome é perfeito! Contribuições de grandes pensadores, mentes ávidas pelo saber. Suporte, alicerce... Particularmente Cláudia Marques, daquelas pessoas que realizam sorrindo o que solicitamos aos prantos, Renata, contribuição silenciosa e eficaz, Marcelo Nepomuceno, estudioso, talentoso, prestativo.
Minha turma maravilhosa alto astral e elevação, solidariedade, incentivo... Eternos residentes do meu coração.
Colegas de trabalho e chefes pelo que puderam compreender e apoiar no sentido de favorecer tempo, trocas de horário, etc., particularmente Margareth Bicalho Moreira e Maria Luíza Sampaio.
SUMÁRIO
Agradecimentos... –IV
Resumo... – VIII Abstract... – X
Introdução...–12
Capítulo 1... – 19
Valores...–19
1.1 Aspectos histórico-conceituais... –20
1.2 Pressupostos da Teoria dos Tipos Motivacionais... – 23
1.3 Modelo gráfico proposto por Schwartz... – 30
Capítulo 2...– 34
Valores relativos ao trabalho...– 34
Capítulo 3...– 40
A enfermagem e os valores... – 40
3.1 O perfil Histórico da enfermagem... – 40
3.2 Traços Contemporâneos... – 44
Capítulo 4... – 46
Método... – 46
4.1 Variáveis de estudo... – 46
4.2 Amostra...–46
4.3 Instrumentos... – 47
4.4 Procedimentos... – 49
4.5 Análise dos dados... – 50
Capítulo 5... – 51
Resultados e discussão... – 51
5.1 Diferenças na hierarquia e importância entre V.P. e V.T... – 51
5.2 Diferenças de Média para valores do trabalho entre as amostras... – 54
5.3 Correlações entre valores pessoais e valores do trabalho... .– 57
5.4 Conclusão... – 58
5.5 Agenda de pesquisa... – 59
Referências bibliográficas... – 61
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.Valores terminais e instrumentais de Rokeach...– 22
TABELA 2..Tipos Motivacionais de Valores e Valores do Trabalho...– 36
TABELA 3....Variáveis demográficas... – 46
TABELA 4... Ocupação Amostra 1 ...– 47
TABELA 5...Tipos motivacionais e Alpha de Cronbach...– 48
TABELA 6...Fatores dos valores laborais... – 49
TABELA 7... Hierarquia de valores do trabalho para estudantes de enfermagem das IES...– 52
TABELA 8... Hierarquia de valores pessoais para estudantes de enfermagem das IES. – 53 TABELA 9...Anova para valores do trabalho...– 54
TABELA 10...Correlação entre V.P e V.T... – 57
ANEXOS Anexo I: PQ... – 68
Anexo II – Escala de valores do trabalho... – 69
Resumo
A teoria de base utilizada para nortear este trabalho foi a teoria sobre os tipos
motivacionais de valores humanos de Schwartz da qual emergiram algumas outras, que buscaram explicar diversas áreas do comportamento tais como a dos valores relativos ao trabalho. A partir da teorização de Ros e Graci, que
estabeleceram correlações entre as referidas áreas e o estudo de Porto e Tamayo que desenvolveram a Escala de valores do trabalho é possível compreender-se
fenômenos relacionados a prioridades axiológicas pessoais e do trabalho. Esta pesquisa realizou a descrição dos valores pessoais e do trabalho de uma amostra
de estudantes universitários de enfermagem duma faculdade particular e a outra uma Universidade pública. O objetivo geral foi o de comparar os tipos de valores pessoais e relativos ao trabalho predominantes em estudantes de enfermagem de
uma faculdade privada do entorno do Distrito Federal. Como objetivos específicos buscou-se: a) verificar o tipo de correlação existente entre os valores pessoais e
do trabalho em estudantes de enfermagem; b) Comparar os tipos de prioridade ou preferências próprias de estudantes de enfermagem do entorno e duma universidade do DF. A amostra final constituiu-se de 101 participantes, os quais
foram comparados com outros 64 advindos dos dados da pesquisa secundária citada. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram o Potrait questionaire (PQ) e
a Escala de valores do trabalho (EVT). Os resultados revelaram uma hierarquia igual para valores do trabalho, mas com diferenças significativas para três das suas quatro médias. No que concerne aos valores pessoais houve coincidência no
entre as amostras. As médias foram mais altas para a dimensão autotranscendência e mais baixas para autopromoção. Os estudos relativos à
correlação entre valores do trabalho e valores pessoais se confirmaram em apenas uma dimensão bipolar autotranscendência X autopromoção e seus
Abstract
The basic theory used for the orientation of this work was that of Schwartz
regarding the types of motivacional of human values, from which other theories emerge, all seeking to explain the diverse areas of behavior such as those relating
to work. From the theorizing of Ros and Graci, who established correlations between areas of reference and the study conducted by Porto and Tamayo who developed the Scale of Work Values, it is possible to understand phenomena
related to personal and work-related axiological priorities. This research described personal and work values in a sample of university nursing students of a private
facility and another in a public university. The general objective was to compare the types of personal and work values operative among nursing students of a privative school in the territory around the Federal District of Brazil. The specific objectives
were: a) to verify the type of correlation existing between the personal and work values of nursing students; b) to compare the types of priorities or preferences
proper to nursing students in a university in the vicinity of the Federal District. The final sample was made up of 101 participants, who were compared with another 64
proceeding from the above-mentioned secondary research. The instruments used in the study were a Portrait Questionaire (PQ) and a Scale of Work Values (EVT = Escala de Valores de Trabajo). The results reveal an equal hierarchy for work
values, there was congruence between the samples in the establishment of axiological priorities for three of the ten steps of the scale. The scores were higher
promotion and their correlatives. The work concluded that demographic variables can bring about great differences with respect to the axiological priorities of similar
INTRODUÇÃO:
O trabalho revela ter importância muito diferenciada na vida do ser humano e,
distintamente de épocas passadas, nos dias atuais trabalhar é algo que tem status de
nobreza, de honra, de realização pessoal, de sentido de vida. Gonçalves e Coimbra
(2002) afirmam que, a partir da revolução industrial, o trabalho passou a ser de
interesse de análise de várias áreas do saber, como as ciências humanas e sociais,
desde a Economia até a Psicologia, etc. dado certamente ao papel que passou a
desempenhar na sociedade.
Mas, afinal, o que é trabalho? Esta simples palavra talvez tenha significados
tão variados e distintos quantas sejam as modalidades do mesmo. Pode-se fazer uma
alusão à forma como o termo é utilizado pela Física, na atividade do parto, no cuidar
de uma criança, ou de um paciente hospitalar ou de qualquer situação que envolva
algum esforço. O sentido deste empenho, no entanto, pode ter uma conotação tanto
positiva quanto negativa, dependendo de qual a ótica pela qual este é vislumbrado.
Um trabalho é percebido, por vezes, como uma obra que alguém realizou, no
sentido de um grande feito. Há, inclusive, uma valorização social atribuída às coisas
que são auferidas após o investimento de muito esforço e contrariamente uma
espécie de demérito ao que não oferece obstáculo para a sua consecução.
Bastos et. al. (1995) pontuam estas diferentes formas como o trabalho é
referido em contextos diferenciados. Um primeiro eixo que o qualifica com a noção de
“sacrifício, de esforço incomum, de carga, de fardo, algo esgotante para quem o “Um homem se humilha
se castram seus sonhos. Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho E sem o seu trabalho O homem não tem honra...”.
realiza” (p.22). Os mesmos autores declaram que este tipo de interpretação origina-se
do sentido etimológico desta palavra, designada a partir do termo latino “tripalium”,
instrumento de tortura; o termo trabalhar vem de “tripaliare” ou “martirizar com o
tripalium”.
De outra parte, a heurística do trabalho é observada por um eixo de valoração
positiva como “aplicação das capacidades humanas para propiciar o domínio da
natureza” (Bastos et. al. 1995, p. 22), domínio este no sentido do bem-estar da própria
espécie. Na chamada Ética protestante a atividade laboral passa a ter um papel de
salvação, de realização da vontade de Deus, também mais uma perspectiva favorável
desta atividade.
Atualmente, leis relativas ao trabalho, programas de saúde e bem-estar vêm
sendo incrementados nas organizações e na sociedade como forma de fazer com que
se possa oferecer uma oportunidade de obter prazer neste tipo de atividade,
satisfação profissional e realização como pessoa (Tamayo 2005). Em síntese,
favorecer a ocorrência do trabalho com o fim de causar sentimentos positivos naquele
que o pratica.
Mas o que pode trazer estes sentimentos de adequação e satisfação ao ser
humano? A partir de vários estudos na Psicologia, na Administração e outras áreas do
conhecimento e mesmo por meio de observações empíricas, não é difícil constatar
que as pessoas sentem-se motivadas por uma gama de estímulos multivariados a
realizarem atividades inerentes aos seres humanos.
Os estudos na área de valores também tomam parte em verificar que tipos de
fatores motivadores são importantes para os indivíduos, avaliando o que é prioritário e
pessoas, julgar ações, além de diferenciar nações e grupos”. Estes autores analisam
as diversas pesquisas que têm sido empreendidas com o intuito de relacionar os
valores a distintas áreas da vida das pessoas.
Se for possível levantar quais as prioridades axiológicas da pessoa em si e
desta mesma em relação ao seu trabalho, e isto já foi constatado em várias pesquisas
citadas, é provável que se possa buscar satisfazer a estes elementos motivadores do
trabalhador ou mesmo orientá-lo profissionalmente no sentido dele poder estar mais
bem adequado a cargos, funções e profissões que estejam de acordo com suas
aspirações e assim ser possível propiciar o seu bem-estar.
Os estudos dos valores pessoais, no campo da Psicologia, datam da segunda
metade do século XX, e serão apresentados de forma mais extensa em capítulo
posterior.
Este texto propõe-se a descrever, comparar e refletir sobre certos elementos
da pessoa do trabalhador e sua relação com os valores gerais e do trabalho.
O objetivo geral proposto para esta pesquisa é o de comparar os tipos de
valores pessoais e valores relativos ao trabalho predominantes em estudantes de
enfermagem de uma faculdade privada do entorno do Distrito Federal.
Como objetivos específicos buscaram-se: a) verificar a correlação existente
entre os valores pessoais e do trabalho em estudantes de enfermagem; b) Comparar
os tipos de prioridade ou preferências próprias de estudantes de enfermagem do
entorno e de uma universidade pública do Distrito Federal, estes últimos obtidos por
meio de dados secundários de estudo semelhante, realizada em momento anterior. A
pesquisa ora citado foi realizada por Porto (2004) e apresenta também dados relativos
a estudantes de enfermagem. A comparação parece significativa em razão de se
uma pública, outra privada; c) Identificar e apresentar dados demográficos da
população que realiza o curso de enfermagem no entorno do Distrito Federal.
É possível distinguir três tipos básicos de variáveis no estudo: As pessoais
demográficas, os valores pessoais, ou gerais, os valores do trabalho.
Dentre as variáveis pessoais estão: a idade dos respondentes, expressa em
anos, o gênero (masculino ou feminino), o estado civil (Solteiro, casado, separado,
outros), o grau de instrução, variando de segundo grau completo (1) a pós-graduação
(5), com suas variações de incompleto a completo, o tempo de serviços na
organização, mensurado em anos, o tipo de vínculo com a organização (empregado
efetivo ou temporário/terceirizado), curso que o estudante está realizando e sua
profissão, ou a atividade na qual está atuando no mercado de trabalho, ou outra que
tenha estabelecida, além daquela para a qual está se formando, ou mesmo seja
apenas estudante.
O estudo feito foi apenas comparativo e descritivo. Em razão disto não foram
apresentadas variáveis independentes e dependentes, mas somente as variáveis de
estudo, isto é, valores pessoais e valores relativos ao trabalho, que estão definidas da
seguinte forma: a primeira é conceituada por SCHWARTZ (1992, apud Porto &
Tamayo 2005, p. 130), como “metas desejáveis, transituacionais que variam em sua
importância e servem como princípios orientadores da vida das pessoas”, e a última
como “princípios ou crenças sobre metas ou recompensas desejáveis,
hierarquicamente organizados, que as pessoas buscam por meio do trabalho e que
guiam as suas avaliações sobre os resultados e contextos do trabalho, bem como o
seu comportamento no trabalho e a escolha de alternativas de trabalho” (Porto &
Conhecer estas faces dos valores pessoais e do trabalho pode possibilitar
fazerem-se orientações e escolhas mais bem embasadas tanto por parte das
organizações quanto das pessoas.
Embora se divulgue bastante a idéia de fim de emprego, segundo Bastos
(1994, p. xv): “As evidências indicam que os processos de transformação da
organização do trabalho no sistema produtivo capitalista tornam cada vez mais
explícita a importância do elemento humano para a consecução de objetivos
organizacionais”. Em razão disto, as organizações não devem furtar-se de conhecer
melhor estes elementos de compatibilidade dos profissionais com a demanda
organizacional.
Esta necessidade de melhor conhecimento das pessoas por parte da
organização é confirmada nas observações de KETCHUM e TRIST (1992 apud
MORIN 2001), os quais entendem que o desempenho inadequado na organização
está relacionado à maneira como o trabalho se configura, mais especificamente com
um nível insuficiente de “correspondência entre as características das pessoas e as
propriedades das atividades desempenhadas”.
Tanto as metas pessoais quanto as de valores relativos ao trabalho são
expressas por meio dos valores do indivíduo e dos grupos ou instituições às quais
prestam serviços ou realizam algum tipo de atividade laboral. O modo como tais
relações se estabelecem está apresentado, de maneira mais bem detalhada adiante.
No momento, parece pertinente apresentar as hipóteses de estudo deste
trabalho. Dada a toda complexidade dos fatores que determinam o comportamento
humano, o modo de lidar com seus valores pessoais e os do trabalho, é bastante
difícil prever, com exatidão o que leva uma pessoa a ter estabelecidas as suas
escolhas profissionais dos indivíduos parecem refletir valores pessoais. No estudo
realizado por Tamayo e col. (1998, p. 284), estes citam Huntley e Davis (1983) que
observaram alguns grupos profissionais e perceberam que “os médicos, por exemplo,
tiveram escores altos nos valores teóricos, estéticos e sociais e baixos nos valores
econômicos, políticos e religiosos, já professores do nível secundário foram
caracterizados por valores sociais”. Músicos quando comparados a advogados
revelam dar mais importância a tipos motivacionais como hedonismo e estimulação.
Ainda segundo Tamayo e cols (1998) “o perfil dos músicos é caracterizado pela
procura de mudança, de sensações novas e de prazer”. Advogados enfatizaram mais
três tipos motivacionais quando comparados aos músicos. Foram eles: Conformidade,
segurança e poder.
Na mesma pesquisa, os referidos autores citam Beech (1969) que estudou as
prioridades axiológicas de homens de negócio, cientistas e escritores e artistas
alcançou resultados que os primeiros valorizam: “vida confortável, segurança familiar,
felicidade, capaz, obediente e responsável”. Os escritores, por sua vez priorizavam os
valores “amor maduro, corajoso, e imaginativo”. Artistas, “mundo de beleza, paz e
autocontrole”.
Levando em consideração estes dados demonstrados, é provável que enfermeiros
revelem características peculiares à profissão e apresentem motivações pessoais e
valores relativos ao trabalho predominantemente de tipo coletivista, dado ao fato de
sua profissão envolver cuidados e melhoria do outro.
Porto (2004) em sua pesquisa com estudantes universitários encontrou dados
relevantes sobre estudantes de enfermagem que apresentaram os seguintes
da baixa média em relação ao valor prestígio, o que se esperava confirmar no atual
estudo. Acreditava-se também, com base na mesma pesquisa, que o tipo
motivacional conformismo se apresentasse com médias elevadas e autodeterminação
com médias baixas. Além disto, foi verificado pela pesquisadora que enfermeiros dão
importância à manutenção do status quo e Universalismo, o que também se imaginou
confirmar na atual pesquisa.
Este trabalho foi subdividido em quatro seções. A parte inicial trata sobre o
tema Valores, trazendo seus elementos históricos e constitutivos, definição e modelos
teóricos. A segunda explicita alguns modelos de estudo de valores relativos ao
Trabalho e suas relações com os valores gerais. A terceira parte destaca os
instrumentos para coleta de dados e o método de análise do referidos dados.
Finalmente a quarta e, última parte expõe os resultados e discussão, esclarecendo as
CAPÍTULO 1 Valores
Este capítulo visou apresentar a teoria dos valores humanos básicos e delinear a trajetória dos estudos sobre valores na Psicologia.
Conforme Vasquez(2002), “ter de escolher supõe, portanto, que preferimos
o mais valioso ao menos valioso...” O ato de fazer opções, sejam estas da espécie que forem, em qualquer área da existência humana, conjetura que alguém elege
ou prefere algo de maior valor em detrimento de outra coisa de valor secundário. É possível, contudo, observar que as mais diversas pessoas não apresentam
preferências idênticas. Em verdade, pode haver uma enorme dessemelhança entre as prioridades de cada indivíduo e suas orientações quanto às suas escolhas e metas. Pode-se concluir que os valores não estão “impressos” ou
sobrepostos às coisas e objetivos escolhidos, mas no cabedal axiológico de quem os escolhe. Esta posição, no entanto, não é unânime, há uma discussão filosófica,
citada pelo próprio Vasquez (2002) entre a subjetividade e objetividade dos valores.
A corrente que propõe que os valores são objetivos afirma que estes
existem, independentemente, de quem possa atribuir valor a alguma coisa e mesmo livre da existência desta dita coisa, isto é, o valor por si só tem sua própria
para as motivações, que são subjetivas e que orientam as prioridades e metas individuais.
Os valores têm sido largamente estudados em várias áreas do saber e, se pode dizer, que cada uma delas os examina sob uma ótica distinta. A psicologia
começa a se ocupar da construção de conhecimentos nesta área a partir da segunda metade do século passado.
Há nomes muito importantes na construção da teoria dos valores no campo
da Psicologia, e, certamente, um dos mais proeminentes, na atualidade, é Shalon Schwartz, que forneceu o principal suporte teórico a este empreendimento de
pesquisa, mas antes de prosseguir com a exposição sobre as bases de sua teoria parece relevante que seja feita uma explanação acerca do que se encontra na literatura sobre a conceituação de valores e sua evolução histórica para melhor
compreender o processo que serve de alicerce e antecedente para a moderna compreensão deste tema.
1.1 – Aspectos histórico-conceituais
Do ponto de vista cronológico, pode-se citar G. Allport, como o marco inicial, ou principal precursor das pesquisas sobre os valores, mas é em 1967, que
outro pesquisador, Rokeach inicia estudos relevantes na referida área, de maneira mais sistemática e estruturada. Em 1973, ele estabelece alguns pressupostos
para o estudo dos valores, a saber:
“(1) o número total de valores que uma pessoa possui é
lugares possuem os mesmos valores em diferentes graus; (3)
valores são organizados dentro um sistema de valores; (4) os
antecedentes dos valores humanos podem ser encontrados
nas culturas, nas sociedades, nas instituições, e na
personalidade das pessoas; (5) as conseqüências dos valores
humanos podem ser manifestadas em todos os fenômenos
considerados merecedores de investigação e estudo para as
ciências sociais”.
Estes pressupostos foram posteriormente verificados na pesquisa de
Schwartz, em 1992, e estão mais claramente discutidos no tópico de exposição da teoria deste autor.
O psicólogo, Rokeach (1973, apud Schwartz 2005, p.21) entende que “o
conceito de valor... possibilita unificar os interesses aparentemente diversos de
todas as ciências relacionadas ao comportamento humano” e, junto a vários
sociólogos enfatiza o papel central deste conceito.
O conceito formulado por aquele teórico diz que valores são:
Uma crença duradoura, um modo específico de conduta ou estado fim de existência que é pessoalmente ou socialmente preferível por um modo oposto ou contrário de conduta ou estado-fim de existência.
Um sistema de valores é uma organização duradoura de crenças em relação a modos de conduta preferíveis ou estados finais de existência ao longo de um contínuo de importância relativa.
ocorrência de valores instrumentais e terminais. Estes últimos são compostos pelas dimensões de ideais pessoais e sociais. Expressam condições a serem
atingidas, alcançadas, ditas estados-fins de existência. Já os valores instrumentais são constituídos por valores morais e de competência. Os primeiros enfatizam
características tais como honestidade, responsabilidade e os últimos, inteligência e imaginação.
A tabela abaixo apresenta a classificação dos valores proposta por
Rokeach:
Tabela 1 – Valores terminais e intrumentais de Rokeach
VALORES TERMINAIS VALORES INSTUMENTAIS
Amizade verdadeira Amor maduro Auto-respeito Felicidade Harmonia interior Igualdade Liberdade Prazer Reconhecimento social Sabedoria Salvação
Segurança da família Segurança nacional Sentimento de realização Um mundo de beleza Um mundo de paz Uma vida confortável Uma vida excitante
Honesto Responsável Capaz de perdoar Mente aberta Corajoso Prestimoso Elegante Competente Amoroso Alegre Auto-suficiente Polido Intelectual (inteligente) Obediente Racional Imaginativo Autocontrolado Ambicioso
Cada uma destas escalas constitui-se de dezoito valores e se origina de uma anterior que continha apenas doze para cada classificação de tipos de
valores instrumentais e terminais e é modificada em razão de muitos valores terem sido omitidos, conforme afirma o autor.
Posteriormente, Rokeach (1981) veio afirmar que a característica de humanidade é uma tipicidade dos valores, devido a estes representarem cognitivamente as necessidades dos seres humanos. Com isto é possível
perceber a relatividade e diversidade das motivações de valores.
O trabalho desenvolvido por Rokeach, na área de valores recebeu muitas
críticas. Dentre as mais severas, a que recai sobre o modelo ordinal da escala, porque os valores podem estar organizados de outra maneira, que não naquela espécie de ordem, conforme Tamayo (1997). Os critérios de seleção de valores da
escala foram obtidos de modo intuitivo, o que, por certo, pode ter comprometido a representatividade dos itens de sua escala. Diante dos pontos obscuros que se
evidenciavam nos estudos sobre valores e as demandas de conhecimento nesta área, novas perspectivas teóricas, naturalmente seriam abertas.
1.2 – Pressupostos da Teoria dos Tipos Motivacionais
estados de existência ou modelos de comportamentos desejáveis, que orientam a
vida do indivíduo e expressam interesses individuais, coletivos ou mistos”.
Schwartz e Bilsky (1987) passaram a desenvolver uma tipologia de aspectos motivacionais de valores derivada de três exigências básicas do ser
humano, percebidas como universais, que são: 1) as necessidades dos seres humanos como organismos biologicamente constituídos; 2) necessidades de interação social e 3) necessidades de manutenção da sobrevivência,
sócio-institucionais e bem-estar dos grupos.
A partir das exigências universais do ser humano, Schwartz e Bilsky (1987)
postularam, inicialmente, a existência de oito tipos motivacionais de valores (prazer, segurança, poder social, realização, autodeterminação, pró-social, conformidade restritiva e maturidade). As revisões feitas por Schwartz (1992),
nestes estudos, levaram à identificação de outros tipos motivacionais de valores e a alteração de termos atribuídos a alguns já existentes. O referido autor ora
postulou onze tipos motivacionais. Os resultados obtidos foram a confirmação de dez deles: Autodeterminação, estimulação, Hedonismo, realização, poder,
segurança, conformidade, tradição, benevolência e universalismo. O tipo espiritualidade não foi confirmado.
Este estudo feito por Schwartz (1992) foi realizado, no intuito de avaliar a universalidade da sua tipificação de valores e a dinâmica existente entre os tipos postulados. A verificação empírica da sua teoria se deu por meio de uma pesquisa realizada em vinte países, com amostras de professores e estudantes. Nove mil,
Esta era constituída por 56 itens relativos a valores que deveriam ser avaliados de acordo com a sua importância e ordem de prioridade para o indivíduo.
Posteriormente este estudo se estendeu por mais de sessenta países (Schwartz 1994). As amostras de cada país foram analisadas separadamente para verificar a
presença da estrutura de valores em cada um deles. Para as análises, o autor valeu-se da técnica estatística, SSA (Smalest Space Analysis) Análise das distâncias mínimas. Os resultados indicaram uma estrutura com 10 tipos
motivacionais, já mencionados, que serão agora apresentados com suas
respectivas definições:
Autodeterminação. É definido pelo tipo de pensamento e ação independentes por parte do sujeito. Tais motivações são reveladas pelas capacidades de “escolher, criar,“explorar”, etc. O perfil da pessoa que enfatiza
mais este tipo motivacional de valores, com elevado nível de prioridade é o de ser criativo, dar valor à liberdade, buscar os próprios objetivos, ser curioso,
independente, respeitar seus valores e destacar a importância da privacidade.
Estimulação. A meta deste tipo motivacional é saciar as necessidades de
excitação, novidades, situações desafiadoras, etc. Com base em variações biológicas, relacionadas à necessidade de estimulação e excitação, condicionadas
Hedonismo. Pode-se afirmar que o objetivo que o define são prazer ou gratificação sensual. Valores de hedonismo são oriundos de necessidades do
organismo e do prazer associado à sua satisfação.
Realização. O objeto deste tipo motivacional é atingir o sucesso pessoal, por meio de apresentação de competência nas mais diversas áreas de interesse da pessoa e dos padrões sociais vigentes. O modo de apresentar esta
performance de ser competente é dado por meio da capacidade de gerar ou adquirir recursos. Isto é necessário para que os indivíduos sintam-se vivos e para
que grupos, de uma maneira geral, cheguem a alcançar seus objetivos, de forma bem-sucedida. Os valores de realização focam a demonstração de capacidade, de competência em termos do que os padrões culturais ensejam e, por isto, são
apreciados socialmente.
Poder. O objetivo deste tipo motivacional fica mais bem delineado quando se diz que os “sinônimos” mais abrangentes são o status social e prestígio,
controle ou domínio sobre pessoas e recursos. Conforme menciona Parsons (1957), O funcionamento das instituições sociais exige algum grau de distinção de status. Tanto poder, quanto realização focam em apreço e estima social.
Segurança. O alvo desta é definido por uma orientação para a segurança,
por exemplo, a saúde; outros, a interesses mais amplos da coletividade, tais como a segurança pública. Embora não se possa dizer que esta última referência não
diga respeito à segurança do próprio indivíduo ou dos seus familiares, amigos, ou outros.
Conformidade. Este tipo motivacional pode ser definido como uma espécie de adequação às normas sociais, que limitam as ações individuais, inclinações e
arroubos que propendem a prejudicar ou incomodar os outros e que vão de encontro às expectativas da comunidade ou sociedade. Os valores de
conformidade enfocam a auto-restrição das ações do indivíduo na sua interação com os demais, Imagina-se que o indivíduo que „atende‟ prioritariamente a este tipo de valor seja alguém que tenda para ser obediente, autodisciplinado, polido,
respeitador, responsável leal, etc.
Tradição. É definida pela valorização de hábitos como respeito, aceitação dos costumes e idéias que a sociedade, a cultura, a religião do sujeito
apresentam, isto é, os valores apresentados pelo grupo são a regra, que não devem sofrer alterações. As mudanças são vivenciadas com resistência. As maneiras de expressão deste tipo motivacional tomam forma de ritos religiosos,
crenças e normas de comportamento, com freqüência. Pode-se acrescentar uma elevada importância dada à vida espiritual.
aos objetos aos quais o indivíduo se subordina. A Conformidade implica numa subordinação às pessoas com quem o indivíduo, amiúde se relaciona, tais como
os pais, os professores, as chefias profissionais. A tradição, por sua vez, implica em subordinação a elementos mais abstratos como os costumes e idéias culturais
e religiosas.
Benevolência. O alvo deste tipo motivacional é manter e fortalecer o bem-estar daqueles com quem o indivíduo tem contato pessoal mais assíduo. Os
valores de benevolência acentuam a preocupação voluntária com o bem-estar dos outros. Estes valores se expressam por meio de ações de uma pessoa que
percebe como positivas as ações de se ser prestativo, honesto, piedoso, responsável, leal, amigo. A benevolência e a conformidade estimulam relações sociais cooperativas. No entanto, aos valores subjaze uma base motivacional
internalizada para tal comportamento. Os valores de conformidade, por sua vez, promovem cooperação no intuito de impedir resultados negativos para o próprio
indivíduo.
Universalismo. O objetivo principal deste tipo motivacional está circunscrito
às ações de compreensão, tolerância e proteção do bem-estar das pessoas em geral e da natureza. Isto chega a opor-se à orientação intragrupal dos valores de benevolência. Deve-se acrescentar que os valores relativos ao universalismo são
também oriundos das necessidades de sobrevivência dos indivíduos e dos grupos. Estas necessidades, entretanto não são sempre percebidas antes que as pessoas
de maneira injusta poderá levar a conflitos que ameaçam a vida de todos. É possível que estas possam se dar conta de que não proteger o meio-ambiente
poderá, mais uma vez, levar à destruição dos principais recursos dos quais a vida depende.
O universalismo alia dois tipos básicos de preocupação. O primeiro está relacionado ao bem-estar da sociedade como um todo e do mundo, o segundo com a natureza. Estes valores se expressam por meio de conceitos como: justiça
social, igualdade, mente aberta, paz no mundo, unidade com a natureza, sabedoria, proteção do meio-ambiente, harmonia interior, uma vida espiritual.
A partir dos estudos realizados nesta área puderam-se verificar aspectos de compatibilidade e conflito quando há uma orientação simultânea para a busca e satisfação de tipos motivacionais distintos.
Pôde-se identificar nove agrupamentos destes tipos motivacionais de valores percebidos como compatíveis. Foram eles: 1) poder e realização têm
como alvo a auto-satisfação; 2) Realização e hedonismo – a auto-satisfação é a preocupação primordial de ambos; 3) Hedonismo e Estimulação são compatíveis
por se orientarem para uma espécie de estimulação agravável do ponto de vista afetivo; 4) Estimulação e Autodeterminação envolvem abertura à mudança e motivação interior para o domínio; 5) Autodeterminação e universalismo
manifestam segurança e confiança na sua própria capacidade de julgar e de bem-estar em relação à diversidade; 6) Universalismo e benevolência ultrapassam os
segurança e poder enfatizam dominar ou evitar as ameaças de incertezas por meio do controle das relações e dos recursos.
Por outro lado, foi possível distinguir outras três combinações de tipos motivacionais de valores que, quando perseguidos ao mesmo tempo,
apresentarão situação de conflito. São as seguintes: 1) Universalismo e benevolência versus poder e realização – aceitar os outros como iguais e se preocupar com o bem-estar destes apresenta incompatibilidade com a busca de
sucesso e domínio sobre os outros; 2) Estimulação e autodeterminação versus conformidade, segurança e tradição – ações independentes são a marca dos
primeiros tipos motivacionais descritos, ao passo que a proteção às práticas tradicionais, estabilidade e auto-restrição são motivações orientadas para um propósito bastante distinto, que são ocaso dos três últimos; 3) hedonismo versus
conformidade e tradição – neste caso a satisfação dos próprios desejos se contrapõe às restrições impostas por limites externos.
1.3 – Modelo gráfico proposto por Schwartz
A organização dos tipos motivacionais é expressa em torno de duas
dimensões bipolares: abertura à mudança versus conservação e autotranscendência versus autopromoção. A disposição dos dez tipos
motivacionais de valores é feita conforme um continuum motivacional, obtido por meio da análise das distâncias mínimas (SSA), estando aqueles que expressam interesses individuais, que são autodeterminação, realização, hedonismo, estimulação e poder social, “em uma área contígua e oposta àquela reservada aos
três conjuntos de valores que expressam primariamente interesses coletivos (benevolência, tradição e conformidade)”. Universalismo e segurança que
expressam interesses mistos, isto é, coletivos e individuais, simultaneamente, Autodeterminação
Universalismo Benevolência
Conformidade Tradição Segurança Poder Realização Estimulação Hedonismo
Autotranscendência
Autopromoção
C
o
n
s
e
r
v
a
ç
ã
o
A
b
e
r
t
u
r
a
à
M
u
d
a
n
ç
a
Schwartz e Bilsky (1987;1990) trataram de verificar as relações entre compatibilidade e conflito dentre os tipos motivacionais e o comportamento
humano, como foi citado acima e perante os achados constataram correlações que descrevem uma curva sinusóide, de acordo com a figura abaixo:
Conforme Tamayo et. al. (2001) e Schwartz (2005), o modelo sinusoidal
tem sido verificado através de numerosas pesquisas, realizadas comparando os mais diversos comportamentos com as prioridades axiológicas do indivíduo, no
Brasil e no mundo.
Dentre as pesquisas realizadas podem-se citar: Prioridades axiológicas e satisfação no trabalho (Tamayo 2000); Prioridades axiológicas e uso de
preservativo, (Tamayo & cols. 2001); Valores do trabalho e valores das organizações, (Tamayo & Borges 2001); prioridades axiológicas e regiões
sexo e da idade sobre o sistema de valores (Tamayo 1994); percepção social e valores culturais do brasileiro, (Tamayo 1987); prioridades axiológicas, atividade
física e estresse ocupacional, (Tamayo 2001); Valores organizacionais e prazer sofrimento no trabalho, (Mendes & Tamayo 2001); Prioridades axiológicas e
comprometimento organizacional, (Tamayo, Souza, Vilar, Ramos, Albernaz & Ferreira 2001); Valores e clima organizacional, (Paz & Tamayo 1999), prioridades axiológicas e escolhas acadêmico profissionais, (Tamayo & Mendoça 2001),
Relações entre Igreja-Estado e a associação da religiosidade com valores, (Roccas & Schwartz 1997).
CAPÍTULO 2 Os valores do trabalho
O capítulo anterior tratou do delineamento do conceito de valores gerais, dos aspectos históricos e teóricos a eles relacionados, mas, como se diria na
Física, estes valores não se mostram ou manifestam no vácuo, eles são expressos em situações cotidianas, de uma forma contextualizada, em diversos cenários do comportamento humano.
Schwartz(1992 apud Porto & Tamayo 2003) afirma que “as medidas dos valores em contextos específicos não têm o objetivo de revelar os valores básicos
do indivíduo, mas de clarificar diferenças entre pessoas e culturas que podem surgir quando valores são expressos em julgamentos e comportamentos específicos”.
De acordo com Paschoal (2003) os valores do trabalho vêm sendo pesquisados em várias esferas, ou campos de estudo e o argumento essencial
para que isto aconteça é o de que é fundamental compreender a importância dos valores para o entendimento e previsão de atitudes e comportamentos. “Partindo
do pressuposto de que o trabalho é um dos aspectos básicos na vida do ser humano, alguns estudos procuram enfatizar a relação entre comportamentos e valores relativos ao trabalho”. (p.40).
O presente capítulo desta pesquisa tratou de discutir os valores em relação à situação laboral, valores relativos ao trabalho e sua relação com valores gerais
ou pessoais.
no que tange a estes modelos teóricos utilizados para se ter um melhor entendimento do referido fenômeno. Além desta diversidade ora citada, Porto
(2004) declara que faltam modelos sólidos para a compreensão dos valores laborais. Muitos pesquisadores têm empreendido esforços à busca de
compreender o sentido do trabalho e identificar elementos significativos neste tipo de atividade, mas não se pode dizer que a questão esteja esgotada ou mesmo próxima de estar resolvida.
Borges (1999, p.109) cita vários estudos nesta área, tais como: Brief e Nord (1990) e outros que apontaram para a necessidade de ampliar o espectro dos
valores do trabalho e a incorporação de atributos negativos; por outro lado também menciona Kohn& Schooler, (1983); Jahoda, (1987); Codo (1984) (1993); Codo, Sampaio, Hitomi & Bauer (1995); Locke e Taylor (1990) que vêm estudando
o papel do trabalho como fator estruturante no desenvolvimento contínuo da identidade e da personalidade.
Kohn & Schooler (1983 apud Grad e cols 1993) percebem os valores do trabalho como conseqüência tanto da seleção, quanto do processo de
socialização ocupacional, ou seja, não é simplesmente a partir dos seus valores
“pré-orientados” para o trabalho que são estabelecidas as prioridades de uma
pessoa, mas a sua ocupação poderá influenciar no modo como tais valores são
organizados e priorizados.
Super (1957 apud Porto 2004) aponta três elementos fundamentais para a
parece haver uma dificuldade de discriminar valores laborais de satisfação no trabalho.
Sanchez & Beut (2000) mencionam os estudos realizados Holt e Keats em 1992 com grupos minoritários associados a grupos majoritários nas relações de
trabalho e concluem que na estrutura de cognições do trabalho, considerando o produto desta interação, os valores dos grupos majoritários tendem a ser assimilados pelos minoritários de modo que estes últimos os assumem.
Sagie e Elizur (1996 apud Porto 2004) definiram valores do trabalho como a importância dada pelas pessoas a certos resultados obtidos no contexto do
trabalho e os mesmos autores, mais recentemente integraram a estrutura dos valores Laborais ao modelo dos valores gerais de Schwartz.(1992). Este modelo é adotado por Ros et. al. (1999), integrando também a teoria dos valores gerais aos
valores laborais.
Ros e Graci (2005) afirmam que o trabalho pode estar associado a quase
qualquer motivação humana e fazem um paralelo com os tipos motivacionais de valores propostos por Schwartz, que parece necessário e interessante ser
mencionado neste local. Isto é feito por meio da tabela 2 apresentada a seguir:
Tabela 2 – Tipos Motivacionais de Valores e valores do trabalho
Segurança O trabalho contribui para a segurança física e material, pessoal e social das pessoas.
Realização O trabalho proporciona às pessoas oportunidade para demonstrar competição socialmente regulada ao aplicar destrezas que já possuem ou para adquirir novas habilidades.
Estimulação
“O trabalho implica a imposição de demandas situacionais, ritmos e desafios para o indivíduo, além de aumentar a variedade de esquemas de comportamento e de contextos ambientais e sociais em sua conduta”.
Autodeterminação
O controle e o domínio de atividades e acontecimentos, a independência e a criatividade são características intrínsecas ao ambiente de trabalho.
Universalismo A experiência do trabalho vincula as pessoas com metas e objetivos coletivos
Benevolência Uma função do trabalho é alcançar coletivamente metas difíceis de alcançar individualmente.
Conformidade O trabalho impõe uma estruturação temporal tanto externa quanto interna à atividade ocupacional.
Hedonismo Preferências por trabalhos que gerem agrado e conforto, com bons horários e condições de trabalho. Demandas sem pressão.
A associação do sentido do trabalho foi realizada com todos os tipos motivacionais, exceto tradição. De uma forma ou de outra, não parece lógico
falar-se em algo que tenha falar-sentido, falar-sem que tenha valor. A questão, como já foi vista, é a de se ter um modelo que abarque de uma forma universal, como o de Schwartz, os valores do trabalho.
Porto e Tamayo (2003) fizeram uma adaptação do modelo de Ros e cols. (1999) ao contexto brasileiro, construindo e validando uma escala de valores
relativos ao trabalho. Este trabalho utilizou como referencial o conceito de Porto (2004, p. 23) que define valores laborais como sendo ”crenças sobre metas ou recompensas desejáveis, hierarquicamente organizadas, que as pessoas buscam
por meio do trabalho e que guiam a sua vida no trabalho”.
Esta conceituação, segundo a mesma autora envolve três elementos
o cognitivo, revela as crenças sobre o que é ou não é desejável no trabalho; o seguinte expressa interesses e desejos do indivíduo em relação ao seu trabalho e
finalmente, o hierárquico são os valores avaliados ao longo de um continuum motivacional de importância.
Conforme Porto e Tamayo (2003) os valores relativos ao trabalho podem ser estudados em diversos níveis: pessoais, sociais e culturais. Estes são definidos respectivamente, como princípios que norteiam a vida do indivíduo no
trabalho, os primeiros; os seguintes referem-se à percepção do indivíduo sobre os princípios que são defendidos pelas outras pessoas do grupo de trabalho e,
finalmente os últimos são os valores definidos por líderes ou pessoas significativas, ou mesmo os princípios que são avalizados e promovidos por um determinado grupo. No presente estudo os valores do trabalho foram tratados no
nível pessoal.
A pesquisa realizada por Porto & Tamayo (2003) identificou quatro fatores
para os valores do trabalho. Foram eles: realização no trabalho, relações sociais, prestígio e estabilidade. O primeiro fator engloba a busca de prazer e realização
pessoal e profissional. A autonomia intelectual, a criatividade, o pensamento e a ação independentes no trabalho são valorizados neste fator. Ele apresenta uma correlação positiva com o pólo abertura à mudança na taxonomia dos valores
pessoais de Schwartz (1993). De modo semelhante o fator relações sociais associa-se a autotranscendência e se caracteriza pela busca de relações sociais
influência no trabalho. Estabilidade está relacionada ao interesse pela ordem e segurança advindas do trabalho, a busca de satisfazer as necessidades materiais
e procura a manutenção do status quo, o que caracteriza a dimensão conservação.
CAPÍTULO 3
A enfermagem e os Valores
Não há como dissociar os valores característicos de um grupo dos traços da cultura apresentados por este, isto é, de sua história, sua inserção social e
outros aspectos que são importantes para os seus integrantes individualmente e para o grupo como um todo.
Neste capítulo pretendeu-se retratar os caminhos percorridos pela
enfermagem ao longo da história e apresentar certos referenciais da atualidade de modo que se possa traçar uma espécie de perfil dos profissionais desta área a
partir de sua trajetória histórica e da cultura deste grupo.
3.1 – O perfil histórico da enfermagem
A enfermagem, reconhecida como profissão, é relativamente nova, e
pode-se dizer que data do final do século XIX. No entanto as atividades realizadas na atualidade pelos enfermeiros, não poderiam deixar de ter ocorrido desde os
primórdios da existência humana, pois os cuidados relativos à saúde sempre foram foco de necessidade e atenção da parte dos seres humanos e são tão antigos quanto a própria história da humanidade.
Os grupos humanos primitivos viviam de forma nômade, buscando alimentos e proteção para a sua subsistência. Passavam a se estabelecer de
Neste contexto a divisão de papéis entre os diferentes sexos começava a se delinear. As funções masculinas estavam orientadas para o provimento e
proteção do grupo, ao passo em que a mulher exercia atividades que estavam voltadas para o cuidar tanto do lar quanto de seus habitantes. Segundo os
mesmos autores supracitados esta tese é corroborada por historiadores e antropólogos.
Os referidos habitantes, que permaneciam no lar sendo cuidados, eram
basicamente crianças, idosos e doentes. Este dado histórico parece relevante para explicar a razão pela qual a esmagadora maioria dos profissionais desta área
de atuação é do sexo feminino. A sociedade atual também reforça este mesmo tipo de papel de cuidador para as mulheres em outros âmbitos, que não apenas o da enfermagem. Tradicionalmente, por exemplo, quando há separação entre
casais a guarda dos filhos é cedida, em caráter judicial, à mulher nos mais diversos países do mundo. De forma subliminar e tácita entende-se: “ela está mais
apta para cuidar”.
Há, no entanto, uma referência histórica que contradiz esta tese de a
profissão ter sido sempre feminina, mencionada em escritos atribuídos a Hipócrates, reconhecido como pai da Medicina, onde este refere que na ausência do médico seria necessário haver um profissional que além de administrar o
tratamento que fosse prescrito, deveria executar atividades técnicas que fossem necessárias. Estas atividades eram realizadas e supervisionadas por homens
(Oguisso, 2005, p. 33).
crenças religiosas e sacerdotais da época. Florence Nightingale vai realizar feito semelhante no século XIX, estabelecendo distinções entre a enfermagem e as
práticas caridosas da época, que vão dar um cunho profissional à atividade.
Apesar de terem manifestado papéis semelhantes na história de suas
profissões, Hipócrates e Nightingale fazem com que estas caminhem direções distintas, pois, por este perfil histórico, a enfermagem acaba tendo papel acessório, auxiliar.
Um outro aspecto que é interessante ser mencionado nesta construção acerca desta feição da enfermagem é como se constituíram as regras na área de
saúde. Oguisso (2005, p. 5) relata que uma das referências mais antigas sobre regras relacionadas a questões de saúde é o código de Hamurabi, compilado pelo Rei de mesmo nome, que viveu de 1792 a 1750 a.C., e este já regulamentava
uma série de atitudes e regras relativas ao tratamento e cuidado de um ser doente, estabelecendo sanções para aquele que cometesse algum erro no
tratamento de homens livres e escravos. Sendo que aquele que se utilizasse de uma terapêutica inadequada com os primeiros citados tinham a mão decepada. A
saúde é vista como algo de elevado valor desde a antiguidade e já era passível de punição aquele dela não cuidasse adequadamente.
Esta legislação não se referia à enfermagem propriamente, pois a atividade
de cuidar ainda tinha um status doméstico, contudo é interessante relatá-la, pois a atividade de cuidado com a saúde é função fundamental da área que está sendo
retratada.
costumes e idéias que a sociedade e a cultura difundem, conforme foi relatado no capítulo 1. Contudo os valores de tradição apresentam escores baixos na referida
pesquisa que serviu de base e sustentação teórica para o estudo atual e é possível que isto se deva ao fato que códigos e regras estejam mais voltados para
o médico na atualidade. Por exemplo: utiliza-se amplamente o termo “erro médico” para se falar de erro de procedimento hospitalar. Também como já foi dito a profissão de enfermagem é nova e é provável que por isto tradição não seja uma
motivação marcante.
O perfil histórico da enfermagem que vem sendo estudado é marcado por
ações de solidariedade e caridade. Esta atividade de cuidado já vista como assistencial e feminina, teve uma forte participação da igreja, sobretudo na idade média e Geovanni e cols. (2005 p.7) as denominam em primeiro plano como
práticas de saúde mágico-sacerdotais referindo-se à relação mística entre práticas de saúde e religiosidade e posteriormente como práticas monástico-medievais
focalizando aspectos políticos e religiosos também, pois o ato do cuidado com a saúde, neste período, era próprio dos sacerdotes ou clérigos. Partindo destes
traços culturais fica patente que os valores próprios deste tipo de atividade estão voltados para motivações relativas a benevolência e universalismo. Esta primeira tem como meta manter o bem-estar daqueles com quem o indivíduo tem contato
pessoal mais freqüente. Aquele último tem por objeto ações de compreensão, tolerância e proteção do bem-estar das pessoas em geral e da natureza, de
3.2 Traços contemporâneos
O cenário atual da enfermagem pode ser demarcado pelo surgimento de escolas de enfermagem ocorrido no século XIX. Dentre estas, a de Florence
Nightingale, que é um marco fundamental para a profissão, mas que teve como principais professores, mestres e divulgadores de conhecimentos e procedimentos, médicos, o que pode também pode favorecer para minimizar os
valores de tradição em relação à profissão, devido à construção de uma identidade que ainda está em formação.
Em meio a tudo isto, há algumas situações sociais relevantes que parecem ter sido as principais orientadoras dos valores da profissão para esta época mais atual. Em primeiro lugar pode-se dizer que a ocorrência de guerras em que
voluntárias foram ajudar a cuidar dos feridos propiciaram ocasiões como a da convenção de Genebra, em 1864, que cria a Cruz vermelha, órgão que realiza um
trabalho de assistência médico-hospitalar em guerras e localidades que vivem sob condições adversas e que parece guardar uma relação com metas motivacionais
de universalismo. A proposta desta convenção era de que todas as nações deveriam ter a sua Cruz vermelha e neste evento esta decisão foi ratificada por doze países. Em 1925 já havia cinqüenta e dois signatários (Oguisso, 2002).
Ocorrências como as citadas tiveram um poder catalisador para que a enfermagem se profissionalizasse. Atualmente, no Brasil, o ministério da saúde
com isto o salto reconhecido de importância da profissão, dada à necessidade prevista, mas por outro lado a grande carência que ainda existe para que os
resultados apresentados por estes profissionais tornem-se mais notórios.
É possível que os investimentos em formação e aperfeiçoamento dos
CAPÍTULO 4 MÉTODO
A presente pesquisa teve como população-alvo estudantes de uma Faculdade do chamado entorno do Distrito Federal, a bem da verdade, situada no
interior de Goiás, em proximidades da divisa Goiás–Distrito Federal. A referida instituição é também caracterizada por pertencer à iniciativa privada.
Ainda de forma introdutória, é necessário ressaltar que este grupo que foi
sujeito de pesquisa de campo foi comparado a outro de características muito semelhantes de outra faculdade do Distrito Federal levantado e caracterizado em
pesquisa anterior. 4.1. Amostra
A tabela 3 revela, de forma esquemática, os elementos de estudo
pesquisados em campo:
Tabela 3 –Variáveis Demográficas
VARIÁVEL AMOSTRA 1 AMOSTRA 2
Tamanho da amostra 101 64
Participantes do sexo feminino 84,2 84,4
Media de idade em anos 30,63 22,53
Estado civil (solteiros) 47% 85,7%
Possuem experiência de trabalho
88,1% 43,8%
A amostra da pesquisa de campo do atual estudo, é tratada por AMOSTRA
1, e constitui-se de 101 estudantes universitários do curso de enfermagem, sendo 84,2% do sexo feminino, com média de idade de 30,6 anos (dp= 7,63), 47%
viúvos. Vale destacar que 53,2% destes já atuam como técnico em enfermagem (ver tabela 4), 68,5 % tem emprego efetivo e 63,2% trabalham no serviço público.
Tabela 4 – Ocupação Amostra 1
OCUPAÇÃO ATUAL FREQÜÊNCIA PERCENTUAL
Auxiliar de enfermagem 14 13,9
Técnico de enfermagem 54 53,2
Outras profissões 33 32,9
TOTAL 101 100,0
N = 101
O grupo supracitado foi comparado, conforme os objetivos da pesquisa, a
uma outra amostra, doravante denominada AMOSTRA 2, cuja constituição é agora apresentada. Este grupo secundário compõe-se também de estudantes
universitários do curso de enfermagem, formado em 84,4% de pessoas do sexo feminino dos quais 85,7% são solteiros, com média de idade de 22,5 anos (dp= 6,21) e 43,8% com experiência de trabalho.
4.2. Instrumento.
No presente estudo foram utilizados os seguintes instrumentos: O Portrait Questionaire – PQ (Schwartz, 2001) (Anexo 1), Escala de valores do trabalho - EVT (Porto e Tamayo, 2003) (Anexo 2).
ao questionário informaram em que nível às pessoas descritas nas questões se assemelhavam a eles ou não.
A tabela 5, a seguir, trás os tipos motivacionais da versão do PQ, traduzida para o português e apresenta as seguintes definições dos referidos TMV e os
resultados para os seus índices de confiabilidade.
Tabela 5 – Tipos motivacionais, Alpha de Cronbach. Tipo
motivacional Definição Cronbach Alpha de
Poder Preservação de uma posição social dentro de um sistema social.
Realização Sucesso pessoal através da demonstração de competência, de acordo com as regras sociais. Hedonismo Prazer e gratificação para si mesmo.
Estimulação Novidade e estimulação na vida.
Autodeterminação Independência de pensamento e ação.
Universalismo Compreensão e proteção do bem-estar de todos e da natureza.
Benevolência Preocupação com o bem estar de pessoas próximas.
Tradição Respeito. Compromisso e aceitação dos costumes e idéias de uma cultura ou religião. Conformidade Restrição de ações e impulsos que podem magoar outros ou violar a expectativas sociais e
normas
Segurança Busca de segurança, harmonia e estabilidade da sociedade, dos relacionamentos e de self.
Fonte: - Porto, 2005.P. 105.
A EVT teve seu desenvolvimento e validação realizados por Porto e Tamayo(2003) e consta de 45 itens sobre valores laborais que devem ser
importante) a 5 (extremamente importante). Esta escala avalia os seguintes fatores: Realização no trabalho, Relações sociais, prestígio e estabilidade.
A seguir será apresentada uma tabela com as definições dos fatores apresentados e seus respectivos alphas de Cronbach:
Tabela 6 – Fatores dos valores laborais. Fator
Descrição Alpha
Fator 1
REALIZAÇÃO NO TRABALHO: Refere-se à busca de prazer, realização pessoal e profissional, bem como de independência de pensamento e ação no trabalho por meio da autonomia intelectual e da criatividade;
0,87
Fator 2 RELAÇÕES SOCIAIS: Refere-se à busca de relações sociais positivas no trabalho e de contribuição positiva para a sociedade por meio do trabalho;
0,86
Fator 3 PRESTÍGIO: Refere-se à busca de autoridade, sucesso profissional e poder de influência no trabalho;
0,85
Fator 4 ESTABILIDADE: Refere-se à busca de segurança e ordem na vida por meio do trabalho, possibilitando suprir materialmente as necessidades pessoais.
0,84
4.3. Procedimentos
A coleta de dados foi realizada diretamente pelo pesquisador na unidade educacional, que foi contatada antecipadamente, e ajustados os períodos em que
a referida atividade poderia acontecer.
O pesquisador visitou cada sala de aula e realizou o convite aos alunos
para responderem ao questionário, esclarecendo que não havia obrigatoriedade da parte dos mesmos de fazê-lo. Solicitou a colaboração de todos na resposta aos
instrumentos.
demográficos. A primeira seção do questionário se referiu aos valores pessoais e a segunda aos valores relativos ao trabalho.
Cada participante utilizou um período de cerca de 20 a 30 minutos para responder ao questionário, Em seguida o pesquisador recolheu o documento e
agradeceu a colaboração dos participantes. Os documentos foram agrupados em envelopes, conjuntamente, para evitar identificação dos participantes. Posteriormente os questionários receberam uma numeração própria e foram
anotados os períodos de curso que os estudantes estavam estudando com fins de análise de dados.
4.4 Análise de Dados
Os dados coletados foram transpostos para as planilhas de dados do
programa estatístico SPSS (Statistical Package of Social Science) e posteriormente feitas as análises.
CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados em três partes. A primeira demonstrou o modo com está configurada a hierarquia dos tipos motivacionais de valores gerais
e do trabalho para estes grupos; a segunda tratou da significação das diferenças de médias para os valores do trabalho entre as amostras estudadas e última parte expôs os dados resultantes dos estudos das correlações entre valores pessoais e
do trabalho.
5.1 – Diferenças na hierarquia e importância entre V. pessoais e V. do trabalho.
A hierarquia encontrada para os valores do trabalho nos dois grupos estudados, a AMOSTRA 1, esta que foi avaliada diretamente, por meio do instrumento utilizado na pesquisa e a AMOSTRA 2, verificada de forma
secundária, foi a mesma.
Isto, entretanto, não se constitui uma surpresa, dado ao fato de o mesmo
estudo secundário, realizado por Porto (2004), o qual está sendo relacionado ao atual, ter avaliado a hierarquia de valores do trabalho comparada também a outros
cursos em diferentes áreas do saber e a hierarquia ter-se mantido exatamente a mesma.
A tabela 5 expõe estes resultados na seqüência em que se manifestaram
Tabela 7 – Hierarquia de valores do trabalho para estudantes de enfermagem das duas IES
FATORES Média (dp)
AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 Real. Profissional 4,3 (0,50) 4,5 (0,41)
Estabilidade 4,2 (0,51) 4,1(0,51)
Relações Sociais 3,9 (0,57) 3,7 (0,65)
Prestígio 2,9 (0,80) 2,5 (0,65)
É possível supor, principalmente levando-se em consideração que as outras
áreas profissionais estudadas pela autora referida são muito distintas, que possa haver alguma forte influencia cultural intervindo nas prioridades axiológicas relativas aos valores trabalho do estudante do Distrito Federal e entorno. Nas
pesquisas de Schwartz relativas a hierarquia pancultural, este refere que o tipo motivacional Poder sempre é encontrado como o fator de menor prioridade entre
os estudados. Isto, entretanto, não impede que se levante a questão sobre este dado como uma tendência nacional que revela um traço da cultura brasileira naquilo que concerne ao trabalho, ou o que se deve “buscar” dele. Apesar deste
questionamento esta pesquisa não objetivou trazer uma resposta sobre este assunto
No que tange à hierarquia de valores pessoais as duas amostras apresentaram algumas diferenças, embora o primeiro, o terceiro e o último graus da ordem de prioridades sejam os mesmos. A tabela 8 demonstra as médias dos