Aqui começam alguns registros de todo o nosso percurso neste semestre, todas as percepções através do nosso olhar como professoras e através do olhar encantador de cada uma de nossas crianças do Maternal A. Viemos mostrar para vocês um pouco do que foi vivido, experimentado e queríamos que o que foi sentido também fosse sentido aqui, através de cada imagem, pois elas, mais do que nunca, fizeram com que a turma se formasse, se conhecesse e vivenciasse um pouco do nosso dia a dia, mesmo não estando presente.
Relatório de grupo – 1º semestre/2021
Turma: Maternal A Professora: Elizabeth Fontes Clemente de Souza
Professora auxiliar: Maria Cristina Moreira
Coordenadora: Lucy Ramos Torres
“A ideia da escuta não é escutar apenas com os ouvidos, mas também você poder entender o que a criança está expressando e colocando no mundo através das suas atividades de criança, o brincar, as artes, o movimento, o corpo, a música, a escrita, a palavra. O tempo inteiro a criança está descobrindo o mundo e se expressando, se colocando.” Antropóloga e pedagoga Adriana Friedmann
O início do semestre sempre é marcado pela alegria em receber as crianças e em especial este ano, entre medos, incertezas, euforia, choros, ansiedades e muita, mas muita confiança em todo o processo é que iniciamos este período de adaptação, que foi de grandes descobertas, o que nos leva a algumas semanas visando estruturar experiências positivas para que esta nova realidade seja conduzida de modo a construir afeição pela escola e pelos profissionais deste espaço, gerando um ambiente na qual se sintam seguras e acolhidas.
A primeira vez na escola (ou nesta escola), o que vamos descobrir? O que vai acontecer? Vou ficar sozinho? CADÊ MINHA MÃE?!
As crianças chegaram à escola demonstrando ansiedade e euforia em conhecer todo o espaço, os amigos e as professoras. Com o passar dos dias elas foram ficando menos tímidas e se aproximaram mais umas das outras.
Criar vínculos, laços de amizade, acreditar, escutar, confiar, são conquistas que diariamente acontecem um pouquinho. A escuta e o carinho são pontas principais para a formação destes laços de companheirismo e afetividade.
Laços que nos permitem dividir nossas alegrias, que nos dá conforto nos momentos de tristeza, que sustentam pela vida nos fazendo aprender o verdadeiro sentido de solidariedade, de cooperação, e que é descoberto através das brincadeiras e da convivência em grupo. Que nos faz perceber que para estar junto ao outro é necessário o respeito, onde cada criança passa a adquirir um conhecimento maior de si mesma e do mundo que a cerca a partir de seu amadurecimento.
Cada criança, do seu jeitinho, foi conseguindo se despedir de seus pais, alguns dias mais fáceis, outros mais apegados, mas sempre com muito cuidado e atenção, pois sabemos que o momento da despedida, algumas vezes é marcado pelo choro e frustração, porém com o vínculo criado com as professoras no dia a dia, se sentem seguras e acolhidas.
Percepções...
Perceber o outro, o seu olhar, suas expressões, suas vontades e acima de tudo, o tempo de cada um, respeitar este tempo e estimular a cada dia suas conquistas. A cada encontro (presencial ou online), a percepção da mudança, do crescimento, das descobertas, e da autonomia.
Estar presente e se fazer presente, mesmo que longe, foi um grande desafio para esta turma, mas assim nos percebemos, interagimos e a partir daí tudo aconteceu e vem acontecendo como magia.
E para esta magia acontecer tínhamos que ter a atenção de cada um. Como fazer isso?
Nós contamos com a ajuda da presença ilustre de uma amiga muito especial nos nossos primeiros encontros presenciais que foi a nossa querida e estimada FILÓ...nossa galinha de estimação e junto à ela seus OVOS, que inspiraram nossos dias, chamaram nossa atenção e conquistaram as crianças.
E as possibilidades? Elas vieram, e a cada dia a turma se apropriou e conquistou o seu espaço, se reconhecendo na escola, dentro da sua turma e com seus amigos, onde a criação de vínculo e formação de grupo foi uma conquista muito importante para cada um. O eu e o outro...e tudo à volta.
Segundo Piaget: “Aprendemos sobre o jeito de ser de cada criança através da forma como se relaciona com seus amigos, seus brinquedos, como manifesta suas vontades e afetos; tolera suas frustrações, através das primeiras expressões gráficas e da linguagem”.
Com sorrisos, vontades, choros, conflitos, abraços, uma empurradinha aqui, uma mão dada ali, um colinho lá (pois a Shirley também dá colo), um aceno acolá, cada uma das crianças foram aprendendo o jeitinho dos seus amigos, o que cada um gosta e como gosta, as brincadeiras preferidas, as identificações, os momentos em grupo, em pares ou sozinhos.
Dentro de todas estas descobertas, que causam grandes mudanças em cada uma delas, nossas rodas de conversas foram ganhando cada vez mais significado. A escuta se fez presente diariamente e o respeito pelo tempo de cada um.
Nossa rotina foi facilmente fazendo parte do nosso dia: o ACOLHIMENTO, onde a sala sempre está preparada para recebê-los e se sentirem seguros e à vontade em seu espaço escolar. As brincadeiras no PARQUE conquistam muito as crianças e ganham sua atenção nestes momentos de interação com o ambiente e com as outras turmas.
A tão esperada hora do LANCHE que causa grande euforia e ansiedade em lavar as mãos, preparar o espaço, se sentar e desfrutar de um delicioso lanche preparado sempre com muito carinho e dedicação. O momento das TROCAS onde o cuidado e carinho sempre estão presentes, enquanto a turma espera BRINCANDO EM SALA e interagindo uns com os outros neste ambiente desafiador, pois a disputa entre os brinquedos preferidos acontecem, e onde cada um aprende a dividir e respeitar o outro. As ATIVIDADES propostas que nos mostram o quanto cada um está disposto a participar e interagir com a diversidade de materiais que lhe são oferecidos. Nosso PROJETO DE LEITURA que acontece nas nossas rodas em sala e que chamam a atenção para este universo de imagens e textos que prendem a atenção de toda a turma. A esperada hora do ALMOÇO e DESPEDIDA, onde a ansiedade cresce com a expectativa de rever a família e contar todas as novidades do dia.
A turma do maternal este ano passou por idas e vindas, por encontros e desencontros, por desafios diversos entre o pode e não pode, mas vem se desenvolvendo plenamente e superando cada desafio. E com isso, nossos encontros presenciais passaram a ficar muito mais divertidos quando toda a turma passou a se encontrar e a interagir pessoalmente.
As brincadeiras foram diversas, exploramos os espaços da escola, cada cantinho, brincamos de festa do pijama e cineminha, piquenique, exploradores da natureza, astronautas, visitamos a horta, corremos atrás das galinhas, as alimentamos, cuidamos dos seus ovos, sentamos na areia e comemos muitos bolinhos, amassamos, amassamos e amassamos a massinha sem cansar, caímos no tijolinho, escorregamos na areia, pulamos nas poças, visitamos os peixinhos que só dormem no frio, pulamos dos brinquedos altos, escorregamos no túnel, fomos no parque dos grandes, corremos como nunca nas quadras, e ainda assim fizemos muitas atividades que nos levaram a muitas descobertas, aprendizados e conhecimento, além do desenvolvimento motor, cognitivo e emocional. Ah, e teve ARRAIÁ sim, vivaaaaaa!
Nossas brincadeiras foram ficando cada vez mais harmoniosas, o grupo passou a se reconhecer e começaram a surgir as afinidades de gostos e preferências, o que nos proporcionou ter um olhar diferenciado para cada um de nossos alunos e assim trabalharmos com propostas que tivessem significados para cada um deles.
Para Vigotski (2007), a criança ao nascer já está imersa em um contexto social, e a brincadeira se torna importante para ela justamente na apropriação do mundo, na internalização dos conceitos desse ambiente externo a ela.
Trabalhar com esta turma no desenvolvimento deste sutil projeto que ainda será finalizado, foi como proporcionar as habilidades artísticas de coordenação, participação e raciocínio. Tivemos muitos momentos significativos com os dias das pinturas, da música, da dança, das atividades ao ar livre, das colagens, trabalhando sempre para desenvolver a atenção e a percepção em cada um.
“O universo infantil é cheio de faz-de-conta e a criança sempre leva para o imaginário seu mundo real. Daí a importância de que desde pequenas sejam estimuladas a amarem os livros como forma de incentivar seu potencial criativo”.
http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacao-escolar/a-crianca-leitura.htm
Com esta turma podemos entender e saborear o significado de saber que o brincar e imaginar é o jeito mais gostoso e rico de se aprender, pois através da brincadeira descobrimos o mundo a nossa volta e conseguimos assim ampliar o conhecimento e concretizar nosso desenvolvimento, sem perder a essência da criança, onde ela pode expressar suas emoções, dúvidas, alegrias, sentimentos, anseios e medos, influenciando nos aspectos cognitivos, sociais e afetivos.
Trabalhando ativamente na construção do imaginário e dando suporte as emoções, despertamos o prazer na participação e no sucesso da proposta pedagógica, proporcionando a cada criança um ambiente realmente acolhedor e prazeroso, com muita dedicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL/MEC Parâmetros Curriculares Nacionais. 1998
DHOME, Vânia. Atividade lúdica na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado.
Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo, Cortez, 2003.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para educação infantil. Conceitos, orientação e práticas. Petrópolis, Vozes, 2008
PIAGET, Jean. A Psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar.
http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacao-escolar/a-crianca-leitura.htm
