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A RELAÇÃO MIMÉTICA DO PROCON-SP COM ORGANIZAÇÕES CONSUMERISTAS INTERNACIONAIS

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A RELAÇÃO MIMÉTICA DO PROCON-SP COM ORGANIZAÇÕES CONSUMERISTAS INTERNACIONAIS

Aluno: Letícia Reis Silva Orientador: Marcus Hemais

Introdução

O consumerismo é um movimento que surgiu de uma necessidade de proteger os direitos dos consumidores de problemas de consumo, especialmente com empresas privadas, em uma tentativa de igualar a relação de poder entre as partes, já que as segundas possuíam forte dominância no mercado (BROBECK, 1997). Esse movimento teve início nos Estados Unidos, no final do século XIX, sofrendo influência da Revolução Industrial, quando houve uma mudança no modelo de produção, fazendo a sociedade exigir uma melhor qualidade dos produtos e serviços sendo oferecidos a consumidores (CAVALIERI, 1991).

O movimento ganhou impulso em meados dos anos 1960, em um contexto marcado pela Guerra Fria, após ser criada, em 1960, a Consumers International (CI) - antigamente denominada de International Organization of Consumers Union (IOCU) -, responsável pela expansão global desse conceito. A CI é uma organização, inicialmente, formada por cinco organizações consumeristas dos Estados Unidos, Europa e Austrália, cujo objetivo era ajudar pessoas comuns ao redor do mundo a tomarem decisões melhores quanto aos produtos/serviços oferecidos por empresas. Com o passar do tempo, ganhou um papel de destaque no ambiente internacional oferecendo poder aos consumidores frente ao mercado.

Atualmente, essa organização é composta por mais de 240 organizações consumeristas de 120 países, inclusive de sete do Brasil.

No Brasil, consumerismo apenas começa a ser discutido com maior ênfase em 1970.

Essa década foi marcada pela organização de movimentos sociais em prol do consumidor, tais como o Movimento das Donas de Casa, e por diversas ações voltadas para a defesa do consumidor, tais como o boicote à carne, em 1979, adotada em todo o país (ZULZKE, 1991).

Um ponto crucial dessa década foi quando, em 1974, o governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, criou uma equipe para realizar uma pesquisa sobre os problemas consumeristas do Estado e descobriu a urgência de criar uma política de proteção ao consumidor. Esse grupo, então, criou o Sistema Estadual de Proteção ao Consumidor, em 1976, que foi denominado de Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) (IACOVINO, 2011).

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2 O Procon-SP é um órgão estadual vinculado à Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e tem como responsabilidade informar, defender e escutar os consumidores, mediando conflitos entre eles e organizações, agindo como um instituto de caráter jurídico também (PROCON-PR, 2012).

O Grupo de Defesa, ao criar o Procon-SP, inspirou-se em pessoas como Ralph Nader, defensor dos consumidores americanos, e em organizações consumeristas internacionais, principalmente a CI, buscando entender como encaminhavam seus procedimentos, para criar suas bases no Brasil (RABELO, 2011). A aproximação entre o consumerismo praticado pelo Procon-SP com a CI resultou, em 1982, em ambas as partes firmarem uma parceria, fortalecendo os laços entre as organizações, estabelecendo um intercâmbio de campanhas, seminários e encontros (VOLPI, 2007). Desde então, o Procon-SP tem seguido de perto as ações da CI, incorporando-as em sua prática consumerista diária.

Em marketing, a literatura de consumerismo pouco discute essa relação próxima entre organizações consumeristas no Brasil e organizações internacionais, especialmente a CI.

Diante desse contexto, a presente pesquisa tem por objetivo apresentar como as práticas do Procon-SP sofrem/sofreram influências de organizações internacionais, principalmente da CI, quanto à proteção ao consumidor, analisando como e por que isso acontece.

Metodologia

A presente pesquisa é classificada como exploratória, uma vez que consiste em explorar e examinar uma situação para se obter conhecimento e compreensão (MALHOTRA, 2011) e qualitativa já que se preocupa com esse aprofundamento teórico, ao invés da representatividade numérica (GOLDENBERG, 1997). Mais especificamente, é realizado um estudo de caso sobre o Procon-SP, para entender melhor sua relação com organizações consumeristas internacionais. Essa metodologia consiste em explicar a relação dos elementos do caso, seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados (YIN, 2001), de maneira que permita a detalhada compreensão de tal tópico (GIL, 1996). A adoção de tal metodologia é apropriada para o caso em questão uma vez que orienta e constrói teoria em uma área pouco estudada (YIN, 2001).

A coleta de dados secundários é feita por meio de pesquisas documentais e bibliográficas. A pesquisa documental é composta de materiais que ainda não receberam um tratamento analítico, podendo ser reproduzido de acordo com os objetivos da pesquisa (GIL, 2008). Essa abordagem permite ao pesquisador acesso à linguagem e as palavras do sujeito

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3 que compõe o fenômeno analisado (CRESWELL, 2010). Por sua vez, a pesquisa bibliográfica é constituída por um material já elaborado (GIL, 2008), que permite o alcance de uma ampla gama de informações que auxiliam na melhor definição dos conceitos que envolvem o objeto de estudo pesquisado (LIMA; MIOTO, 2007).

As informações necessárias para o desenvolvimento da pesquisa foram obtidas pela coleta de dados em artigos, livros, documentos, sites de internet, revistas e outras fontes desse tipo. Esses dados representam contribuições culturais ou científicas que já foram coletadas para alguma finalidade diferente do assunto em questão, fornecendo informações básicas de maneira econômica e rápida (MALHOTRA, 2011). Ainda foram coletados dados primários, por meio de entrevistas com Marcelo Sodré, em 23 de Março, e Daniel Fink, em 27 de Março de 2018.

Análise dos dados

A partir das pesquisas documentais e bibliográficas, foi possível fazer análises sobre o Procon-SP e sua relação com o consumerismo internacional, a fim de buscar práticas da organização brasileira que foram influenciadas por organizações consumeristas estrangeiras, principalmente a Consumers International (CI). Os dados analisados serão divididos em temas, de acordo com suas particularidades.

Eventos

Um tema importante a se observar é o de eventos realizados pelo Procon-SP. Esse tópico foi construído baseado nos principais seminários, encontros, reuniões, congressos, entre outros eventos, que foram marcantes na história da organização brasileira. Escolheu-se apresentar esses eventos de maneira cronológica, para facilitar o entendimento de como e quando ocorreram.

O primeiro evento analisado, ocorrido em 1982 - ano em que o Procon-SP tornou-se o único órgão governamental do mundo a se associar à CI (IOCU na época) -, foi o chamado

"1º Intercâmbio Internacional". Esse é um evento significativo, uma vez que foi a primeira vez em que ocorreu uma troca de informações oficial entre os dois órgãos. Até então, ambos o Procon-SP e a CI faziam intercâmbios de informações esporádicos, mas sem que isso fosse oficializado. Tal acordo, firmado nesse evento foi considerado um grande passo para o Procon-SP, já que se uniu a uma grande organização internacional com a qual acreditava que poderia cambiar as melhores práticas consumeristas (IACOVINO, 2011).

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4 O segundo evento relevante para o caso analisado foi o “10º Congresso da IOCU”, que aconteceu em 1984. Nesse, foi percebida a necessidade de tornar o movimento consumerista realmente global e, para isso, a organização internacional deveria atingir a América Latina.

Assim, um de seus primeiros passos foi a publicação de um jornal contendo problemas que os consumidores da região enfrentavam, a fim de fomentar possíveis parceiros. Mais especificamente no Brasil, a IOCU contou com a ajuda de Arturo Lomeli da AMEDC (Asociacion Mexicana de Estudios para la Defensa del Consumidor), sendo o coordenador de networking durante o 5º Encontro Nacional dos Consumidores Brasileiros, em Curitiba. Nesse evento, foi apresentada a iniciativa da IOCU em ampliar suas práticas globais, chegando à América Latina, a qual foi incentivada e comemorada pelas agências consumeristas nacionais, que desejavam fortalecer a proteção ao consumidor. Por último, a organização consumerista internacional ainda contou com o apoio de um de seus membros espanhóis, o Instituto Nacional del Consumo, que produziu e distribuiu revistas mensalmente, além de conduzir treinamentos para líderes consumeristas do Brasil, Argentina, Equador e Uruguai. (SIM, 1991)

Outro evento que marcou as iniciativas da IOCU na América Latina foi a I Conferência Regional do Movimento de Consumidores da América Latina e do Caribe, realizada em 1986, em Montevideo, no Uruguai. Nesse evento, foram discutidos temas consumeristas, a fim de aproximar a relação entre as organizações locais com a internacional através da proteção ao consumidor. Foram abordados temas como: a pobreza da região, alinhamento quanto as diretrizes de Defesa do Consumidor, adotadas pela ONU, entre outros relacionados aos direitos do consumidor (SIM, 1991).

Em 1991, ocorreu o 1º Seminário Internacional de Defesa do Consumidor, organizado pelo próprio Procon-SP e sediado no salão nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tal evento contou com palestras sobre diversos temas consoantes aos adotados pela CI na época, tais como: o Consumo e a Cidadania; Publicidade e Consumidor; Qualidade e Código de Defesa do Consumidor. Nesse mesmo ano, também houve o 7º Encontro Estadual de Defesa do Consumidor, em São Paulo, também organizado pelo Procon-SP, no qual se debateu temas relacionados ao Código de Defesa do Consumidor, um ano após sua promulgação. Ambos os eventos demonstram como o órgão brasileiro buscava se alinhar à CI, no primeiro buscando estar harmônico quanto aos temas desenvolvidos pela organização internacional e, no segundo, debatendo sobre o CDC, elogiado pela CI (IACOVINO, 2011).

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5 No 1º Seminário Internacional de Educação para o Consumo, em 1993, foi apresentado um plano que definia a maneira como a educação para o consumo deveria se inserir no ensino formal. Foi elaborado um material que buscava tirar as principais dúvidas sobre o universo consumerista. De acordo com o Procon-SP, o projeto foi selecionado e aprovado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento e patrocinado pela Fapesp – Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Esse tema é valorizado pela CI, uma vez que o objetivo principal da organização é proteger os consumidores, além de estar contido em um dos oito direitos fundamentais definidos pela própria organização: o de oferecer informação (IACOVINO, 2011).

A III Conferência Regional do Movimento de Consumidores da América Latina e do Caribe, sediada em São Paulo, em 1995, contou com a presença do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), da Brasilcon, do Idec e do Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania e o Governador do Estado de São Paulo. Também estiveram presentes representantes de Chile, Peru, Argentina, México, El Salvador, Porto Rico, Uruguai, Cuba e Caribe. Mesmo sendo um evento dos países da América Latina e do Caribe, a CI esteve presente, com o objetivo de fortalecer a integração entre as organizações. Nesse evento, as entidades promovem um intercâmbio de informações, além de terem a oportunidade de aprender com as experiências relatas pelas organizações internacionais (IACOVINO, 2011).

Outro evento relevante na história do Procon-SP foi a Reunião Regional da Consumers International, sediada pela primeira vez no Brasil, em 1996, e organizada pelo Procon-SP, que participou de diversos painéis em parceria com o Idec e o Centro de Informação, Defesa e Orientação ao Consumidor (Cidoc). Tal reunião contou com a presença de cerca de 60 representantes de organizações consumeristas da América Latina e do Caribe. Essa reunião deu destaque para o tema da Educação para o Consumo, já discutido outras vezes, demonstrando, portanto, a importância desse assunto para a CI (IACOVINO, 2011).

Nos anos 2007 e 2010, ocorreram o 23º e o 26º Encontro Estadual de Defesa do Consumidor, realizados em São Paulo, respectivamente. O 23º Encontro é importante uma vez que foi realizada uma homenagem a uma figura importante tanto para o Procon-SP como para a CI: Marilena Lazzarini, que foi ex-diretora-executiva do Procon-SP entre 1983 e 1987 e, na época do encontro, era a presidente da CI. No 26º Encontro, também houve uma homenagem, mas dessa vez foi aos criadores do Código de Defesa do Consumidor. O encontro contou com a presença de diversas figuras brasileiras importantes, tais como o diretor-executivo do Procon-SP, Roberto Pfeiffer, e também com o Coordenador da CI na

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6 América Latina e Caribe, Juan Trimboli, que esteve presente em um painel que fez um balanço dos últimos anos do Código de Defesa do Consumidor e debateu seus próximos desafios, como pode ser observado na figura a seguir:

Um dos eventos mais importantes para entender a relação entre o Procon-SP e a CI é o Seminário de 20 anos do Código de Defesa do Consumidor, no ano de 2010, realizado pelas duas organizações, além do Idec e do Brasilcon. A principal finalidade do evento era discutir a defesa do consumidor no Brasil, os direitos que já haviam sido conquistados e os desafios para os próximos anos, em busca de continuar preservando os consumidores. Para discutir tais temas, foi formada uma mesa composta pelo então diretor-executivo do Procon-SP, Roberto Pfeiffer, o presidente do Conselho Diretor do Idec, Vidal Serrano Júnior, o presidente do Brasilcon, Hector Valverde Santana, e o diretor-geral da Consumers Internacional, Joost Martens. Este último teve participação importante no evento, fazendo um discurso de incentivo para o consumerismo brasileiro; em sua fala, ele diz considerar o Código de Defesa do Consumidor como um instrumento que deveria servir de modelo para o resto dos países na América Latina: "Ele trouxe o princípio constitucional para o país". Além disso, Joost também esteve no evento para celebrar os 50 anos da Consumers International, participando de um painel, cujo tema era “Avanços e Desafios na Proteção dos Direitos do Consumidor”, como pode-se ver na Figura 2, a seguir:

Durante sua palestra, Joost reitera a importância da CI como uma voz global para os consumidores e em como deixou de ser uma informadora de produtos para ser uma

Figura 1: Painel do 26º Encontro Estadual de Defesa do Consumidor

Fonte: PROCON-SP - 26º Encontro Estadual de Defesa do Consumidor

Figura 2: Painel Seminário de 20 anos do CDC

Fonte: PAZ, 2010.

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7 organização que busca mudar e facilitar a vida do consumidor. Em todo discurso, Joost frisa a necessidade de união entre os órgãos e os governos, fortalecendo a Consumers International, para que essa possa realizar sua tarefa de dar força aos consumidores, a fim de tornar sua relação com o mercado mais equilibrada (PAZ, 2010).

Por último, mas não menos importante, têm-se o Congresso Mundial da Consumers International, que é realizada de quatro em quatro anos, sendo o último em 2015, sediado em Brasília. O tema desse ano foi "Potencializando o poder do consumidor: uma nova visão para o mercado global”, com o objetivo de debater não só as responsabilidades, como também os direitos do consumidor nesse mundo cada vez mais tecnológico. Um dos motivos dessa escolha para ser sede, segundo Juliana Pereira, secretária Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, pode ser a questão do Brasil ser uma referência na proteção ao consumidor: "São 25 anos do Código de Defesa do Consumidor, uma lei que serviu de exemplo para outros países". O evento contou com vários membros da CI e buscou promover uma discussão a fim de criar um roteiro para as práticas consumeristas de todos, inspirando ações, campanhas e eventos. Foram realizadas diversas rodas de debate, seminários, palestras, entre outros eventos (WORLD CONGRESS CI, 2015).

Esses eventos discutidos no presente item podem servir como momentos de significativa influência à maneira de atuação do Procon-SP, uma vez que quando a CI encontra-se presente, a organização exerce poder sobre as demais, conciliando os debates entre os membros, a fim de se chegar a soluções que a CI acredita serem mais adequadas.

Além disso, a organização internacional busca ajustar os temas que seus membros abordam com os de seu interesse, a fim de criar uma padronização consumerista, que pode ser percebida mesmo nos eventos em que a CI não está presente. Pode-se perceber, portanto, que uma das variáveis mais relevantes a se considerar é a dos eventos, que contando ou não com a presença do órgão internacional, continuam demonstrando fatores relevantes para a análise do caso.

Ações

O outro tópico a ser analisado será denominado de “Ações”, que consistem nas leis, campanhas, programas, sistemas, práticas, entre outros semelhantes, desenvolvidos pelo Procon-SP. Esse tema também seguirá uma ordem cronológica na qual tais ações ocorreram, para facilitar a compreensão dos dados analisados.

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8 A primeira ação a ser analisada consiste na criação do Sistema Estadual de Defesa do Consumidor, que depois seria nomeado de Procon, criado em 1976, o qual tinha como missão orientar os consumidores e tentar equilibrar a relação entre as empresas e os seus compradores. Seu fundador, Pérsio Junqueira, admite ter buscado inspiração para a forma de atuação de tal Sistema a partir de organizações do exterior: “Procurei no exterior as informações sobre os órgãos de defesa do consumidor e elaborei um relatório sobre como eles encaminhavam os procedimentos”. Uma das principais inspirações externas foram os princípios discutidos pelo advogado e político estadunidense Ralph Nader, um renomado ativista, famoso por suas campanhas a favor dos consumidores. Além de Nader, Junqueira também buscou inspiração na Federal Trade Comission, uma agência independente dos EUA cuja principal missão consiste em promover os direitos dos consumidores, a fim de protegê- los da relação abusiva com as empresas. Essa organização estadunidense ficou famosa por vetar modelos de carro e alimentos que não eram seguros. Assim, percebe-se como, desde o início, o Procon-SP sofria influências por parte de organizações internacionais, buscando adequar-se ao seus sistema e práticas (RABELO, 2011).

Em 2009, o Procon-SP firmou sua relação de proximidade com a CI através da criação da Lei Antifumo nº 12.546/2011. Tal lei proibia o consumo de cigarro em locais totalmente fechados. Todavia, a partir de 2011 quando foi revista, expandiu-se a restrição para lugares parcialmente fechados também. Essa lei já vigorava nos Estados Unidos, na Califórnia, por exemplo, desde 1996, onde é proibido fumar em bares e restaurantes. Essa lei está consoante com o conjunto de oito direitos fundamentais definidos pela CI, que foram inspirados nos direitos básicos definidos pelo presidente estadunidense John Kennedy: direito à saúde, à segurança, à informação, à escolha e a serem ouvidos, relacionados na tabela a seguir:

Figura 3: Direitos dos consumidores - CI

Fonte: ZAUPA, 2009.

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9 Percebe-se, portanto, que a lei está consoante a alguns dos oito direitos definidos pela organização internacional, principalmente o direito à segurança e a um ambiente saudável.

No ano de 2011, em Genebra, ocorreu a cúpula anual do Codex Alimentarius, comissão criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que desenvolve códigos de conduta, recomendações e diretrizes relacionadas a alimentos. Durante esse encontro, foi discutido o tema da rotulagem de alimentos geneticamente modificados, algo que, até então, os Estados Unidos se opunha. Com a ação dos EUA de retirar sua oposição, foi possível mais bem informar consumidores quanto aos alimentos, uma mudança que foi comemorada pela CI e, consequentemente, o Procon-SP, uma vez que considera qualquer vitória da CI como sua própria. Importante ressaltar o fato de que, no Brasil, já vigorava, desde 2005, a Lei de Biossegurança nº 11.105/2005, que estabelecia que alimentos destinados tanto ao consumo humano quanto animal que contivesse OGM (organismos geneticamente modificados) ou derivados deveriam conter informações no rótulo (IACOVINO, 2011).

No Relatório Anual e Demonstrações Financeiras que a CI realiza todo ano, é feita uma análise dos principais objetivos da organização internacional para os próximos anos, e dos resultados e ações do ano em questão. Nesse documento, é apresentado o “Consumers International’s Priority Programmes”, que consiste nos quatro principais problemas referentes ao consumidor, os quais a organização irá focar sua atenção, uma vez que foram analisados por terem um grande impacto na vida do consumidor.

De acordo com o Relatório, ainda em 2013, as ações da organização focaram nos serviços financeiros justos, na proteção e justiça ao consumidor, nos direitos do consumidor na era digital e em comida saudável e segura. No primeiro ponto, é relevante citar que a CI é o único órgão que representa a voz do consumidor na G20, grupo formado por ministros de finanças e chefes dos bancos, com o objetivo de promover debates quanto à economia global.

Além disso, os membros da América Latina, incluindo o Brasil, imitaram a lei sobre insolvência familiar da CI, a fim de melhorar esse sistema financeiro, um dos programas prioritários da organização internacional.

O segundo programa que deve ser destacado do Relatório de 2013 é o que se refere à tentativa de acabar com o abuso sofrido pelos consumidores de empresas de tecnologia. A CI fez campanhas, recomendações e eventos na África do Sul, Índia e Brasil. No mesmo ano, foi publicado o Decreto nº7.962/13 que regulamenta o comércio eletrônico brasileiro, percebendo então o alinhamento do Brasil com os principais temas abordados pelo órgão consumerista internacional.

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10 O Dia Mundial dos Direitos do Consumidor em 2013 foi marcado pela tentativa em chamar a atenção de todos para a importância desses direitos para uma sociedade mais segura e justa. Diversos membros da CI participaram dessa ação, sendo que o Brasil, por exemplo, realizou campanhas relacionadas ao acesso a serviços de internet, pré-pagamento de energia e transparência dos supermercados, temas sempre consoantes aos oito direitos fundamentais determinados pela CI (CONSUMERS INTERNATIONAL, 2013).

Ainda em 2013, a organização internacional começou um projeto que tinha como objetivo conscientizar consumidores sobre a proteção de dados em união ao GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), empresa especializada em projetos de cooperação técnicos e de desenvolvimento sustentável ao redor do mundo. Esse projeto foi desenvolvido pensando em economias emergentes, com foco na China e no Brasil (CONSUMERS INTERNATIONAL, 2013).

Os programas prioritários do Relatório da CI de 2014 continuaram com o mesmo foco nos serviços financeiros, proteção e justiça ao consumidor, a alimentação saudável e segura e os direitos dos consumidores na era digital. No mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.965/2014, que estabelece princípios, garantias e direitos para o uso da rede no Brasil.

Muitas empresas declararam sua “interpretação” do texto dizendo que ao disponibilizarem a mesma oferta (de acesso diferenciado) para todos, não há infração da lei (WISIACK, 2014).

Assim, coube ao Procon oferecer orientações quanto ao uso da internet para oferecer informações aos seus consumidores, de modo que não sofressem abusos por parte das empresas.

Em 2015, a CI disponibilizou ferramentas modelo em seu site, a fim de auxiliar as campanhas digitais de seus membros, facilitando, portanto a criação de campanhas uma vez que já se existe um padrão a ser copiado. Um exemplo foi desenvolvido na América Latina, onde foi realizada uma campanha relacionada à segurança no carro e outra sobre a excessiva quantidade de antibióticos em redes de fast food. Além disso, a CI passou a distribuir ainda uma revista mensal para seus membros, na qual compartilha suas campanhas e políticas, a fim de atualizá-los sobre os temas consumeristas mais relevantes (CONSUMERS INTERNATIONAL, 2015).

Percebe-se, portanto, como o Procon busca estar alinhado às ações da CI, buscando estar a par com os seus planos de campanha e políticas de atuação, algo que é incentivado pela organização internacional. Joost Martens, ex-diretor geral da entidade, conta que "A CI trabalha com parceiros na América Latina há cerca de 30 anos e auxilia órgãos governamentais, como o Procon, promovendo campanhas de conscientização, fornecendo

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11 materiais de apoio e, ainda, convidado-os a fazer parte de nossos objetivos globais de promoção e defesa dos direitos dos consumidores" (PAZ, 2010, p.26).

Cartilhas e Publicações

Esse tópico disserta sobre a análise feita das cartilhas e publicações, tanto do Procon- SP, quanto da Consumers International, buscando uma semelhança entre os temas abordados.

A Fundação Procon-SP disponibiliza, através de seu site, materiais de orientação para os consumidores, assim como a organização consumerista internacional, os quais serão estudados a seguir.

A primeira cartilha que merece destaque é a “Guia do Comércio Eletrônico” elaborado em 2017 pela própria Fundação. Este material contém orientações para a segurança e proteção dos consumidores expostos à era digital, sobre os cuidados que devem ter ao contratar um serviço virtual e as possíveis formas desta oferta, as intermediadoras do pagamento e os direitos dos usuários, como pode-se ver na Figura 4.

Figura 4: Capa e sumário cartilha "Guia do Comércio Eletrônico"

Fonte: PROCON-SP. Guia do Comércio Eletrônico, 2017

Este tema têm se tornado grande foco para a Consumers International, que já fez diversas publicações dessa natureza, a fim de orientar os consumidores sobre a era digital, principalmente no ano de 2017. Nesse mesmo ano, o Dia Mundial do Consumidor teve como tema "Construindo um mundo digital em que os consumidores possam confiar", determinado pela organização consumerista internacional. É verdade que o mundo tecnológico pode trazer diversos benefícios aos seus usuários, como a facilidade de realizar uma compra e o maior acesso a informações. Entretanto, ainda é um território perigoso, o qual nem todos têm acesso.

Segundo entrevista feita pelo Idec em 2017 com a chefe da advocacia digital da CI, Liz Coll, o objetivo da campanha foi dividido em quatro áreas: acesso e inclusão, a fim de oferecer o

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12 serviço a todos com qualidade; reparação, para identificar os responsáveis a escutar as reclamações, a criar as leis; segurança dos dados e a transparência das informações (Publicação Idec, 2017). Além disso, a organização ainda publicou diversas matérias durante o ano alertando sobre os riscos que os consumidores de produtos digitais podem sofrer, que estão consoantes a um de seus programas prioritários: o direito do consumidor na era digital.

Assim, percebe-se que o Procon-SP acompanhou o tema em foco da CI, oferecendo o

"Guia do Comércio Eletrônico", o qual contém informações que estão alinhados aos objetivos da CI, como a segurança online e os direitos do consumidor dos produtos digitais (CONSUMERS INTERNATIONAL, 2016).

O segundo material a ser analisado consiste na cartilha de "Serviços Bancários", realizado também em 2017 pelo Procon-SP, que teve como objetivo ajudar os consumidores a entenderem melhor o funcionamento do banco e suas atividades como o pagamento de contas, depósitos à vista, poupança, recebimento de salário, cheques, conta corrente e as tarifas pagas.

O objetivo dessa cartilha foi permitir que o utilizador desses serviços bancários reivindique seus direitos, para ter um serviço de qualidade, como é ilustrado na Figura 5.

Figura 5: Cartilha "Serviços Bancários"

Fonte: PROCON-SP. Serviços Bancários, 2017

Em 2014, a CI publicou a cartilha "Risky business: The case for reform of sales incentives schemes in banks", um material sobre o inapropriado esquema de incentivos de vendas dos bancos e como podem afetar a estabilidade financeira do consumidor, oferecendo recomendações para evitar isso, como pode ser visto na Figura 6, abaixo.

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13 Figura 6: Publicação da CI sobre esquemas de incentivos de venda

Fonte: Site da CI

Ambas as publicações estão relacionadas, uma vez que objetivam deixar os consumidores mais informados quanto aos esquemas de bancos. Além disso, ainda se tem o programa prioritário anual da CI, que, de acordo com o Relatório Anual de 2016, são os serviços financeiros justos. Esse tema está presente também em outras publicações do Procon- SP, dentro da subcategoria “Educação Financeira”; como as “5 Ações para Sair do Vermelho”, “Cartão de Crédito”; “Crédito - Dicas e Orientações”; “Décimo Terceiro Salário”;

“Educação Financeira”; “Empréstimo e Cartão Consignado”; “Encerramento de Conta Corrente”; “Multas por atraso”; “Orçamento Doméstico” e “Serviços Bancários”. Assim, percebe-se a adequação entre os órgãos com esse tema, buscando orientar os consumidores a terem uma melhor educação financeira para poderem exigir um serviço financeiro mais justo e de maior qualidade.

Por último, têm-se as cartilhas da subcategoria “Direitos básicos do consumidor”, composta por itens como “CDC de bolso”; “Direitos do Consumidor Idoso”; “Passagem Gratuita para Idosos - Transporte Coletivo Rodoviário”; “Guia de Defesa do Consumidor”;

“Noções Básicas sobre os Direitos do Consumidor” e “Recall”. Esses estão alinhados a um dos programas prioritários da CI, de acordo com os quatro últimos Relatórios Anuais, o de proteção e justiça ao consumidor, que de certa maneira engloba todas as publicações, uma vez que todas têm esse mesmo objetivo.

Interações

Esse tópico disserta sobre as interações pessoais que ocorreram entre as duas organizações consumeristas, a Consumers International e o Procon-SP. São analisados

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14 encontros, palestras e entrevistas, a fim de encontrar uma reciprocidade cultural, comercial ou informacional entre as partes.

Nesse momento, vale destacar personagens importantes na história do Procon-SP que estudaram fora do Brasil. O primeiro seria Marcello Gonella de Andrade, atual Diretor Adjunto de Administração e Finanças, que fez uma especialização em Macroeconomia pelo Cabrillo College nos Estados Unidos em 1994, interrompendo-a em 1996 (PROCON, 2018).

Em segundo, destaca-se Nelson Nery Júnior, coautor do Código de Defesa do Consumidor, que realizou seu doutorado em Direito em 1987 na Universidade de Erlangen-Nuremberga, Alemanha. Em 1992, Nery foi responsável pelo Curso de Treinamento e Aperfeiçoamento para Técnicos do Procon (FAPESP, 2018). O terceiro é Antônio Herman de Vasconcellos Benjamin, com mestrado em Direito na University of Illinois College of Law finalizado no ano de 1987. Benjamin em 1983, devido a uma parceria entre o Ministério Público e o Procon-SP, auxiliou a organização consumerista na análise de reclamações, verificação de indícios de crime contra a economia, saúde, fraudes e estelionatos. Em 1988, Benjamin participou da comissão de estudos para elaboração do anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor (PROCON, 2018). Por último, vale destacar a ativista Marilena Lazzarini, que foi diretora-executiva do Procon-SP entre 1983 e 1987 e, de 2003 a 2007, foi presidente da Consumers International (50 YEARS OF THE GLOBAL CONSUMERS MOVEMENT, 2010).

Daniel Roberto Fink, por sua vez, teve seu primeiro contato com o Procon em 1983 quando era do Ministério Público de São Paulo e prestou serviços de assessoria ao Procon-SP.

Em março de 1987, foi chamado para ser diretor executivo do órgão e ficou até outubro de 1988, quando integrou a comissão que auxiliou na elaboração do anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor. Na época em que foi presidente da organização, relata que a relação com a IOCU, como a CI era chamada na época, era intensa, por meio de troca de informações, participação em congressos, cursos e seminários. Fink relata que o Procon-SP replicava os discursos da CI, desde orientações de atendimento a até cartilhas escritas. Fink cita que participou de um curso realizado pela CI no México sobre o teste de qualidade dos produtos de casa, que mais tarde se tornou uma cartilha explicativa oferecida aos consumidores.

Marcelo Sodré é outro jurista que trabalhou no Procon-SP e teve grande contato com a CI. Em 1985, o Procon-SP pediu assessoria ao Ministério Público de São Paulo e o procurador geral designou Sodré como consultor jurídico. No final de 1988, Sodré foi convidado para ser diretor executivo da organização, ocupando esse cargo até o ano de 1994.

Durante sua carreira, sempre manteve uma relação intensa com a CI, participando dos

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15 Congressos Mundiais da organização internacional, além de seminários e cursos oferecidos pela mesma. Seu primeiro contato com a CI foi em 1985 durante a Assembleia Geral das Nações Unidas sobre as diretrizes de proteção aos consumidores. Admite que o apoio da CI (principalmente do escritório do Chile) foi essencial para o crescimento do movimento no Brasil, uma vez que o país ainda estava no início do seu desenvolvimento consumerista, enquanto a CI já possuía uma maior estruturação, oferecendo temas, materiais, estudos e pesquisas a partir dos quais o Procon-SP se baseou. Atualmente, Sodré é conselheiro consultivo do CI representando o Idec.

Outra interação internacional que pode ser citada é relacionada a Roberto Pfeiffer, diretor-executivo do Procon-SP de 2007 a 2011. Em abril de 2003, Pfeiffer participou da 9ª Conferência Internacional de Direito do Consumidor na International Association of Consumer Law (IACL) na Grécia. Seu seminário foi sobre “Seguro de Saúde Privado:

Escolhas e Competição” (PPGDIR./UFRGS, 2014). Além disso, participou de outro seminário internacional, “Integração econômica regional e proteção ao consumidor nas Américas e na Europa”, realizado em outubro de 2007 na Universidade de Quebec, em Montreal. Nessa, palestrou sobre o “Direito do Consumidor no Mercosul: mudanças recentes”.

Em primeiro, vale ressaltar o encontro que ocorreu no “Seminário de 20 anos do Código de Defesa do Consumidor”, realizado no Brasil, em 2010 (já explicado no item 3.1 - Eventos), no qual o diretor da Consumers International, Joost Martens, dividiu mesa com Roberto Pfeiffer, diretor-executivo do Procon-SP, Vidal Serrano, presidente do conselho diretor do Idec, e Hector Santana, presidente do Brasilcon. Ainda em 2010, Boris Wolf, Coordenador Global de Serviços aos Membros da CI encontrou-se com organizações consumeristas da Argentina, Brasil e Chile, a fim de entender melhor a situação desse grupo da América Latina após seu pedido por solidariedade (CONSUMERS INTERNATIONAL, 2010).

No dia 24 de Agosto de 2011, a Fundação Procon-SP recebeu a visita de Juan Trimboli, diretor da Consumers International na América Latina. Esse encontro teve como principal objetivo a troca de informações entre as duas entidades, como se pode ver na figura 7 (PROCON, 2011).

Em 2016, Antonio Serra Cambaceres, Gerente Global de Programa para Justiça e Proteção ao Consumidor, veio ao Brasil com o objetivo de mostrar a importância do controle de estabilidade (ESC) no carro para evitar acidentes, que são responsáveis por um grande número de mortes no mundo inteiro. Mesmo que muitos países, tais como Estados Unidos,

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16 Irlanda, Japão, Rússia, entre outros, já obriguem fabricantes de carros a comercializarem seus veículos com o ESC, o Brasil ainda não possui tal obrigatoriedade. Sendo assim, Cambaceres foi convidado a participar de um teste de corrida em São Paulo, em um veículo que estava com o sistema e o outro sem. Relatou a todos a diferença e importância de se adotar o controle de estabilidade para diminuir a ocorrência de acidentes devido a derrapamentos (CONSUMERS INTERNATIONAL, 2016).

Figura 7: Foto da visita de Juan Trimboli ao Procon-SP

Fonte: Site do Procon

Linha do Tempo

Este item tem por objetivo apresentar os acontecimentos mais relevantes em relação à história do Procon-SP, que foram citados ao longo do projeto, de maneira cronológica, a fim de resumi-los em uma linha do tempo.

Figura 8: Linha do Tempo

Fonte: Produzida pela pesquisadora, 2018.

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17 Considerações Finais

A presente pesquisa buscou apresentar, por meio de dados primários e secundários, o movimento consumerista no Brasil, mais especificamente as práticas de defesa do consumidor adotadas pelo Procon-SP e como essas sofreram, e ainda sofrem, influência de organizações consumeristas internacionais, em particular da Consumers International.

O movimento de proteção ao consumidor global ganhou impulso em meados dos anos 1960, com a criação da Consumers International. Essa organização buscava internacionalizar o conceito consumerista em escala global, oferecendo, portanto, apoio aos seus membros. No Brasil, esses ideias de proteção ao consumidor foram ganhando mais força nos anos 1970, com a criação do Procon-SP. Como o órgão não possuía a infraestrutura nem conhecimento necessários para alavancar-se sozinho, acabou por adotar um modelo similar aos órgãos consumeristas estadunidenses.

Tal influência pode ser vista por meio da forte presença em eventos, congressos e seminários de ambas as organizações, comprovando esse forte intercâmbio de informações.

Além disso, ações e publicações do órgão brasileiro foram guiadas por o que a Consumers International considera mais importante em seus programas, sem que necessariamente isso seja algo prioritário para o Brasil. Vale mencionar também as interações recorrentes entre funcionários de ambas, como diretores trabalhando para ambas, e as reuniões, os eventos, os palestrantes e os cursos que o Procon organizou ou participou, sempre em linha com os interesses da Consumers International.

Pode-se perceber que essa troca ocorre desde a criação do Procon-SP, por buscar seguir esse modelo consumerista internacional, e essa relação entre ambas ocorre até os dias de hoje. O Brasil, por exemplo, foi sede do Congresso Mundial da Consumers International em 2015.

Diante dos fatos destacados, entende-se o estudo como um modo de entender melhor a influência de modelos de organizações consumeristas internacionais para o movimento de proteção ao consumidor no Brasil, dando foco na relação entre a Consumers International e o Procon-SP.

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Referências

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