Atualizado no dia 8 de abril de 2022
Material produzido pelo time da
IPCA
Lucas Xavier
Lucas.xavier@warren.com.br CNPI-P 2707
Celson Placido
celson.placido@warren.com.br CNPI 1577
Nosso time
Frederico Nobre
frederico.nobre@warren.com.br CNPI-P 2745
O IBGE divulgou nesta sexta-feira (08/04) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 1,62% em março, o maior valor para o mês desde 1994.
O indicador oficial ficou bem acima da mediana das estimativas do mercado (1,30%).
Com o resultado, a inflação oficial acumulada de 12 meses é de 11,30%.
IPCA sobe 1,62% em
março, muito acima das expectativas do mercado
Mar (% mom) Fev (% mom)
IPCA 1,62 1,01
Alimentação e bebidas 2,42 1,28
Habitação 1,15 0,54
Artigos de residência 0,57 1,76
Vestuário 1,82 0,88
Transporte 3,02 0,46
Saúde 0,88 0,47
Despesas pessoais 0,59 0,64
Educação 0,15 5,61
Comunicação -0,05 0,29
No mês 1,62%
Consenso ¹ 1,30 %
Mínima 1,06 %
Máxima 1,69 %
1Estimativas do consenso de mercado da Refinitiv
IPCA (% mensal)
Últimos 12m 11,30 % Consenso 10,98%
Mínima 10,57%
Máxima 11,36 %
IPCA (% 12m)
Meta 3,5%
1Estimativas do consenso de mercado da Refinitiv
Na última reunião do COPOM, a taxa Selic subiu 1,0 p.p., para 11,75%.
Naquela ocasião, a autoridade monetária disse que esperava outro aperto de igual magnitude para a reunião seguinte, que ocorrerá nos dias 03 e 04 de maio, indicando, inclusive, que este seria provavelmente o final do ciclo de aperto monetário.
Contudo, a deterioração das expectativas inflacionárias globais, puxada principalmente pelo choque no preço das commodities, que
dispararam com a guerra entre Rússia e Ucrânia, nos leva a crer que o cenário mudou bastante e o mercado segue revisando as projeções de inflação tanto para 2022, como também para 2023.
Conforme mencionado no relatório anterior, asexpectativas de inflação de 2023 continuam a ser uma variável importantíssima, dado que o BC mostrou uma preferência por alongar o ciclo ao invés de antecipá-lo, olhando mais para 2023.
Dessa forma, acreditamos que é pouco provável que o planejamento original do Banco Central permaneça como cenário base.
Overview
O ciclo de alta de juros deve continuar...Preços de commodities
Índice de custos de fretes –Baltic ExchangeChoque de oferta de commodities
● Preços de commodities energéticas, metálicas e agrícolas permanecem muito elevados
● Preços de fretes marítimos reduziram
comparativamente a fevereiro, mas seguem em patamares altos, acima da média histórica
● Inflação mais disseminada: o índice de difusão, que mede o percentual de itens que subiram de preço, atingiu 76,13%, maior valor desde fevereiro de 2016.
● Combustíveis: a alta no preço do petróleo (e consequentemente dos produtos refinados) acaba fluindo por outros canais e afetando a economia como todo. Estamos vendo neste momento uma disseminação generalizada da inflação por vários grupos de produtos e serviços.
Como estão se comportando os núcleos?
● Qualitativo permanece ruim: apesar das recentes elevações na taxa Selic, os núcleos continuam piorando pelo quinto mês
consecutivo, com média acumulada de 12 meses na casa de 7,2%.
● Perspectivas: a guerra na Ucrânia e a consequente elevação nos preços de
commodities trazem enormes efeitos colaterais sobre a atividade econômica e os preços devem continuar subindo por mais tempo do que se esperava.
Fonte: Banco Central / Elaboração: Warren Análise
Como se comportaram os componentes?
● Em março tivemos oito dos nove grupos do IPCA subiram, com destaque para transportes (+3,02%) e alimentação e bebidas (+2,42%). O único grupo que apresentou variação negativa nos preços foi comunicação (-0,05%).
● A gasolina puxou o IPCA e alavancou o índice como um todo. A inflação também segue mais disseminada a cada dado novo, algo que vem acontecendo desde o início deste ano.
Componentes do IPCA (% 12m)
Cesta básica – principais capitais
A perda de poder de compra do brasileiro é uma realidade
● Com a guerra, os preços de alimentos dispararam e os impactos podem ser sentidos principalmente nas famílias de mais baixa renda.
● Os preços da cesta básica nas principais capitais brasileiras continuam subindo consideravelmente e a inflação é apontada em pesquisas como a principal causa de rejeição ao governo atual.
Conclusão
As pressões inflacionárias seguem pesando sobre o BC. Em sua última decisão de política monetária, no dia 16 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 11,75% ao ano.
No comunicado da reunião, o BC antecipou novo aumento de mesma magnitude na taxa Selic para o encontro maio, indicando que este seria provavelmente o último movimento da autoridade monetária.
Considerando a piora no balanço de risco global com a guerra entre Rússia e Ucrânia e a deterioração nos núcleos de inflação , bem como as revisões no IPCA 2023, acreditamos que o cenário mais provável é que o ciclo de alta de juros não termine na próxima reunião, em 12,75% ao ano.
Sendo assim, nossa expectativa é de que a taxa Selic continue penetrando em território contracionista, além do patamar de juros terminal indicado previamente pelo Banco Central.
Nesse contexto, é cada vez mais provável um cenário de estagflação, um dos piores momentos do ciclo econômico e que consiste na combinação de baixo crescimento e inflação elevada.