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A POLÍTICA PÚBLICA DE INSERÇÃO DO BIODIESEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SEUS REFLEXOS SÓCIO-AMBIENTAL E ECONÔMICO

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ECONÔMICO

* HERALDO FELIPE FARIA

1 INTRODUÇÃO... 2

2 A POLÍTICA PÚBLICA DE INSERÇÃO DO BIODIESEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SEUS REFLEXOS SÓCIO-AMBIENTAL E ECONÔMICO... 3

2.1 Um Panorama Mundial da Política de Uso do Biodiesel... 3

2.2 O Biodiesel e o Brasil... 4

2.3 Vantagens Trazidas com a Inserção do Biodiesel no Brasil... 6

2.4 A Cadeia Produtiva do Biodiesel no Brasil... 7

2.5 Melhorias Ambientais... 9

2.5.1 Créditos de Carbono... 10

CONCLUSÃO... 11

REFERÊNCIAS... 13

* Mestrando em Direito pela Universidade de Marilia – SP – Brasil.

(2)

1 INTRODUÇÃO

Desde a emergência do movimento ambientalista e, principalmente, após a crise do petróleo da década de 1970, vem-se discutindo alternativas energéticas em substituição às de origem fóssil. Nesse sentido, o Programa Nacional do Álcool (PROALCOOL) no Brasil representa uma iniciativa com um relativo sucesso.

Na mesma corrente de política pública do PROALCOOL foi pensada a inserção do biodiesel na matriz energética brasileira em 2004. Combustível com características físico-químicas semelhantes ao diesel do petróleo, que pode ser produzido a partir de óleos e gorduras vegetais ou animais, in natura ou residuais, através do processo de transesterificação.

Oficialmente regulamentado através das Medidas Provisórias nº. 214 e 227, convertidas nas respectivas Leis nº. 11.097/05 e 11.116/05, representando mais um avanço na política energética nacional.

Essas medidas e seus desdobramentos estão contidos no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), voltado para o atendimento de aspectos socioeconômicos em sua concepção, não discutindo os aspectos ambientais que envolvem a produção e consumo de combustíveis no Brasil, em especial do diesel, derivado fóssil que pode ser substituído pelo biodiesel.

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2 A POLÍTICA PÚBLICA DE INSERÇÃO DO BIODIESEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SEUS REFLEXOS SÓCIO-AMBIENTAL E ECONÔMICO

2.1 Um Panorama Mundial da Política de Uso do Biodiesel

A utilização do biodiesel na Europa começa em 1991, como conseqüência da política agrícola comunitária, desse ano, que oferece subsídios para a produção agrícola não alimentar, com o que se busca descongestionar os mercados de alimentos, saturados por causa dos generosos subsídios agrícolas. A Alemanha se encontra em plena utilização do biodiesel como combustível, sendo que atualmente ela pode ser considerada a maior produtora e consumidora desse tipo de combustível. As empresas autorizadas pelo governo a utilizar biodiesel, tanto no segmento de carros de passeio, quanto de máquinas agrícolas e veículos de carga são: Audi, BMW, Citroen, Mercedes, Peugeot, Seat, Skoda, Volvo, VW.

A utilização do biodiesel nos EUA generalizou-se a partir da motivação americana em melhorar a qualidade do meio ambiente, com várias iniciativas, entre as que encontramos o programa intitulado de “Programa Ecodiesel”. O mesmo prevê a utilização de biodiesel, nos ônibus escolares das grandes cidades. Considerando que um litro de biodiesel equivale em capacidade energética veicular a 2,5 litros de álcool etílico, o programa americano de biodiesel equivale a 7 vezes o máximo atingido do programa brasileiro do álcool.1

Na Argentina a aprovação pelo Congresso de uma lei (Decreto Governamental 129/2001) isentando de impostos por 10 anos toda a cadeia produtiva do biodiesel é uma conseqüência do preço baixo das oleaginosas, no inicio da década de 2000. A implantação de várias fábricas de biodiesel comprova o interesse dos usuários pelos combustíveis alternativos.

1 PARENTE, E. J.de S. et al. Biodiesel: uma aventura tecnológica num pais engraçado. Fortaleza: Tecbio, 2003.

68p.

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2.2 O Biodiesel e o Brasil

Os combustíveis no Brasil, e em especial o óleo diesel, vêm tendo seu preço descolado da variação internacional de preços do barril de petróleo, já que sua influência sobre o nível de inflação interna impede que as flutuações desse mercado sejam transferidas ao mercado interno, dados seus impactos na matriz produtiva brasileira, a qual é dependente, principalmente, de transporte terrestre para escoar a produção (agrícola e industrial).

Embora não seja notado isso pelos consumidores finais de combustível, tanto o preço interno da gasolina, quanto do álcool e do diesel tem variado muito pouco em relação ao mercado internacional de petróleo.

A idéia de utilizar o biodiesel no Brasil surgiu na Universidade do Ceará, nos últimos anos da década de 70 e o biodiesel insere-se na matriz energética brasileira a partir da criação de seu marco regulatório, através da lei 11.097/2005, publicada no Diário Oficial da União em 13/01/2005.

A principal diretriz do programa é implantar um modelo de energia sustentável, a partir da produção e uso do biodiesel obtido de diversas fontes oleaginosas, que promova a inclusão social, garantindo preços competitivos, produto de qualidade e abastecimento.De acordo com o PNPB, a partir de janeiro de 2006 torna-se obrigatório a adição de 2% de biodiesel ao óleo diesel, sendo que esse percentual deverá ser ampliado ao longo dos anos.2

Existem diversas fontes potenciais de oleaginosas no Brasil para a produção de biodiesel, dada a ampla diversidade de nosso ecossistema. Essa é uma vantagem comparativa que o país possui em relação a todos os outros produtores de oleaginosas.3

Justifica-se teoricamente o programa de produção de biodiesel no Brasil por meio dos benefícios energéticos, econômicos, sociais e ambientais advindos da sua produção e uso, como pode ser observado no trecho da Medida Provisória que deu origem ao programa.4

2 MCT. O Programa. O programa nacional de produção e uso de biodiesel. Brasília, jul. 2005. Disponível em:

<http://www.biodiesel.gov.br>. Acesso em: 18 setembro 2007.

3 LABORATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS LIMPAS, 2005 (LADETEL / USP-RP).

Biodiesel: estratégias para produção e uso no Brasil. In: BIODIESEL: ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO E USO NO BRASIL, 2005, São Paulo: Unicorp, 26-27, abr. 2005. Anais... v.1, p. 34-37.

4 BRASIL. Presidência da República – Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil. EM nº. 44/MME.

2004. Disponível em: <http://www. presidencia.gov.br>. Acesso em: 18 setembro 2007.

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(...) cumpre ressaltar que a medida ora proposta representa uma oportunidade para demonstrar que o Brasil atua fortemente na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias energéticas, capazes não só de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do País, gerando empregos, oportunidades e renda, para uma parcela importante da nossa sociedade, mas também, permitir que tais descobertas e soluções sejam mais um recurso que tornará o meio ambiente mais saudável e menos poluente, melhorando a qualidade de vida da população.

No documento é enfocada, também, a geração de emprego e renda na região Nordeste do país decorrente da produção de oleaginosas para obtenção de biodiesel, especialmente a produção de mamona no semi-árido.

Com a criação do mercado de biodiesel, sua definição e as regras de produção claramente definidas, para atingir os objetivos sociais e de geração e melhoria na distribuição de renda no Brasil, destacados pelo governo federal desde o início do programa, coube então conceder incentivos para que essa proposta se tornasse realidade.

Tais incentivos foram definidos nos Decretos 5.297 e 5.298 de 06/12/20055, que estabelecem coeficientes de redução das alíquotas de tributos incidentes na produção e comercialização do biodiesel.

Observa-se que os benefícios tributários concedidos dirigem-se, apenas, à produção de oleaginosas, prioritariamente mamona e dendê (palma), adquirida da agricultura familiar ou localizada no Norte, Nordeste e Semi-árido do Brasil.

Por outro lado, os benefícios facultados a outras matérias-primas que proporcionem benefícios ambientais, a exemplo dos óleos e gorduras residuais (OGR), e outras oleaginosas produzidas nas demais regiões do país são comparativamente menores.

Também não são concedidos incentivos à utilização do biodiesel em um percentual superior ao definido na lei, bem como não é estimulado o consumo desse combustível nas regiões metropolitanas, onde existe uma maior concentração de poluentes atmosféricos que podem ser reduzidos com o biodiesel, como os particulados e os hidrocarbonetos, entre outros poluentes.

Observa-se também que a população nos grandes centros urbanos do Brasil enfrentam problemas agudos e crônicos de saúde pública, como por exemplo, o aumento da incidência de doenças respiratórias, principalmente em crianças e idosos.6

5 BRASIL. Presidência da República, op cit.

6 MARTINS, L. et al. Poluição atmosférica e atendimentos por pneumonia e gripe em São Paulo, Brasil. Rev. de Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 1, set. 2002. Disponível em: <http://www.scielosp.org.br>. Acesso em: 20 setembro 2007.

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O cultivo de matérias-primas, a produção industrial de biodiesel (conhecido como B100 em sua forma pura, antes da adição ao petrodiesel para ser vendido aos consumidores), sua adição ao diesel de petróleo e suas operações logísticas de distribuição (tanto na forma B100 como B2) constituem, grosso modo, aquilo que se pode denominar como cadeia produtiva do biodiesel. O conjunto dessas atividades, por razões inequívocas, apresenta grande potencial de geração de trabalho e renda no país, especialmente as atividades no setor primário e de beneficiamento inicial das matérias-primas vegetais, como as de seleção/ limpeza e de esmagamento primário das sementes, que podem ser realizadas ainda no campo por meio das cooperativas e associações de produtores familiares.

2.3 Vantagens Trazidas com a Inserção do Biodiesel no Brasil

- Vantagens Ecológicas:

A emissão de gases da combustão dos motores que operam com biodiesel não contém óxidos de enxofre, principal causador da chuva ácida e de irritações das vias respiratórias. A produção agrícola que origina as matérias primas para o biodiesel capta CO2 da atmosfera durante o período de crescimento, sendo que apenas parte desse CO2 é liberada durante o processo de combustão nos motores, ajudando a controlar o “efeito estufa”, causador do aquecimento global do planeta;

- Vantagens Macroeconômicas:

A expansão da demanda por produtos agrícolas deverá gerar oportunidades de emprego e renda para a população rural; a produção de biodiesel poderá ser realizada em localidades próximas dos locais de uso do combustível, evitando o custo desnecessário de uma movimentação redundante; o aproveitamento interno dos óleos vegetais permitirá contornar os baixos preços que predominam nos mercados mundiais aviltados por práticas protecionistas.

- Diversificação da Matriz Energética, através da Introdução dos Biocombustíveis:

È necessário definir uma metodologia específica para os estudos de alternativas de investimentos na introdução de novas tecnologias para a produção e distribuição e logística dos biocombustíveis.

(7)

- Vantagens Financeiras:

A produção de biodiesel permitirá atingir as metas propostas pelo Protocolo de Kyoto, através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, habilitando o País para participar no mercado de “bônus de carbono”.

- Desenvolvimento regional:

A dinâmica da globalização é renovar-se continuamente, sendo uma realidade que todo padrão de consumo capitalista é ditado pelas escalas mais elevadas, ou seja, por aqueles países detentores do padrão tecnológico mais avançado. Logo é vital uma reestruturação do sistema produtivo, demonstrando a necessidade por inovações produtivas, inserindo-se aí a constituição de uma cadeia competitiva do biodiesel como resposta de desenvolvimento local ante ao desafio global.

- Economia de Divisas:

No ano de 2004 o Brasil gastou com importações de óleo diesel, aproximadamente US$ 826 milhões, em dólares correntes.. Assim se estima que a diminuição de importações com petróleo e derivados, proveniente da mistura de biodiesel a 2% no óleo diesel (B2), geraria uma economia em divisas de US$ 160 milhões / ano, enquanto que para a mistura de biodiesel a 5% no óleo diesel (B5) haveria uma economia de US$ 400 milhões / ano.7

2.4 A Cadeia Produtiva do Biodiesel no Brasil

O biodiesel é obtido através do processo de transesterificação, o qual envolve a reação do óleo vegetal (obtido através do processamento / esmagamento de uma

7 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Dados Estatísticos. Disponível em: <http://www.anp.gov.br>. Acesso em: 20 setembro 2007. AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Biodiesel: estratégias para produção e uso no Brasil. In: BIODIESEL: ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO E USO NO BRASIL, 2005, São Paulo:

Unicorp, 26-27, abr. 2005. Anais... v.1, p.1-23.).

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oleaginosa), com um álcool, utilizando como catalisador a soda cáustica. O resultado dessa reação é um éster (biodiesel), e o seu principal subproduto é a glicerina.8

A mistura do biodiesel ao óleo diesel, segundo as normas da ANP, somente pode ocorrer, no caso do Brasil, junto a refinarias da Petrobrás, por conseguinte sendo vedada a comercialização do produtor do biodiesel diretamente ao revendedor.

A autorização da produção em escala comercial de biodiesel na proporção de 2% deste a 98% de óleo diesel criaria, a principio, uma demanda de 782 milhões de litros de biodiesel ao ano.9

Entretanto cabe ressaltar que essa demanda não se realizaria imediatamente, pois as industrias poderão demorar a instalar fábricas de biodiesel, assim como para desenvolver as cadeias para os subprodutos. A disseminação do uso do biodiesel se daria gradativamente, não sendo assim realizada de forma instantânea. Entretanto essa demanda passaria a realizar-se integralmente a partir de 2008, pois neste ano passa a ser obrigatória a mistura de 2% de biodiesel ao óleo diesel, sendo proibida a comercialização do óleo diesel puro a partir desse ano.10

Assim haverá uma necessidade fixa de disponibilidade de oleaginosas para obtenção do biodiesel, ou seja, a cadeia produtiva deverá garantir, de forma constante e uniforme, o fornecimento de insumos básicos (oleaginosas). Estudos já apontam esse problema como um futuro “gargalo”, pois se estima que até o ano 2050 deverá dobrar o uso mundial de biomassa disponível. Estes ainda apontam que ocorrerão tensões no que tange ao uso de terra agriculturável para fins de apropriação da biomassa.11

Ainda nesse setor da cadeia uma outra pergunta que surge é se existiria capacidade interna de processamento de oleaginosas para extração do óleo necessário à produção deste biocombustível, pois como foi citado anteriormente o consumo de biodiesel junto ao óleo diesel, a partir de 2008, será obrigatório.

As dúvidas dos agentes envolvidos com o biodiesel são muitas. Os questionamentos envolvem tributos, matérias-primas, marco-regulatório e avaliação dos diferentes projetos. Em um mundo em permanente mutação é natural que, os empresários se

8 PLÁ, J. A. Perspectivas do biodiesel no Brasil. Indicadores Econômicos FEE, Porto Alegre, v.30, n.2, p.179- 190, set. 2002. PIRES, A. A Energia Além do Petróleo. In: Anuário Exame 2004-2005, infra-estrutura. Editora Abril, 2004.

9 AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP), op cit..

10 BRASIL. Presidente da Republica. Lei N° 11.097, De 13 de Janeiro de 2005. Disponível em:

<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-06/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em: 20 setembro 2007.

11 FISCHER, G.; SCHRATTENHOLZER, L. Global bioenergy potencials through 2050. Biomass &

Bioenergy, Pergamon, v.20, n.3, p. 151-159, mar., 2001; GOLDEMBERG, J. et al. Ethanol learning curve – the Brazilian experience. Biomass & Bioenergy, Pergamon, v.26, n.3, p. 301-304, jun., 2005.

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sintam receosos em investir em setores considerados recentes e de alto risco para o capital. A incerteza que permeia suas considerações demonstra que ainda tem-se um longo caminho a percorrer para atender os anseios dos empresários e demais envolvidos.

2.5 Melhorias Ambientais

A geração de riqueza no mundo está assentada sob um padrão industrial intensivo em energia, sendo que a principal fonte energética – o petróleo, deve ter suas reservas exauridas em um período entre 40 e 50 anos. As empresas hoje têm o desafio de produzir energia retirando da natureza o mínimo possível. Nossas fontes não são inesgotáveis, como se pensava a 150 anos ou menos. Os últimos 300 foram marcados por três grandes ciclos de fonte de energia. No século XIX foi o carvão, no século XX foi o petróleo e agora tem-se o ciclo da biomassa.12

A economia ambiental, pautada nos fundamentos da teoria neoclássica, tem como principal característica a tentativa de internalização das externalidades, reduzindo os recursos naturais à lógica do mercado, valorando-os de acordo com os princípios da escassez da oferta e da demanda.

A economia ecológica questiona esses fundamentos, demonstrando os limites físicos do planeta e a sinergia energética entre diversos componentes ambientais. Essa visão é um contraponto ao método de análise clássica, que se fundamenta nos aspectos físicos da produção e consumo dos recursos naturais.

Existem diversas economias em questão, e poucos estudos conclusivos sobre o tema: diminuição dos gastos públicos com tratamento de doenças respiratórias, redução dos custos das refinarias para adequar o diesel veicular às normas mundiais de emissões de gases, prejuízos ambientais irreversíveis, uso da polpa resídual da extração do óleo vegetal como adubo orgânico não tóxico, entre outros. O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com 35,9% dela sendo composta por energia renovável, enquanto que a média mundial é de apenas 13,5%.

12 CASA CÍVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2005. Biodiesel: estratégias para produção e uso no Brasil. In: BIODIESEL: ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO E USO NO BRASIL, 2005, São Paulo: Unicorp, 26-27, abr. 2005. Anais... v.1, p. 24-33.

(10)

O consumo de combustíveis fósseis apresenta um impacto significativo no meio ambiente, como mudanças climáticas, poluição do ar, derramamentos de óleo e geração de resíduos tóxicos durante seu processo de produção. Tais combustíveis são responsáveis pela emissão de monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), gases orgânicos reativos, material particulado e dióxido de enxofre. Ocorre também durante sua queima a forte emissão de Dióxido de Carbono (CO2), principal responsável pelo aquecimento mundial.

2.5.1 Créditos de Carbono

O mercado de créditos de carbono nasceu em dezembro de 1997 com a assinatura do Protocolo de Kyoto. Nele foram estabelecidas metas de redução de gases poluentes pelos países desenvolvidos, que se comprometeram em reduzir as emissões, em média, 5% abaixo dos níveis registrados em 1990, para o período entre 2008 e 2012.

Caso seja impossível atingir as metas estabelecidas por meio da redução das emissões dos gases, os países poderão comprar créditos de outras nações que possuam projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O MDL é um instrumento de flexibilização que permite a participação no mercado dos países em desenvolvimento, ou nações sem compromissos de redução, como o Brasil.

Os benefícios gerados pela produção de biodiesel no Brasil podem ser convertidos em vantagens econômicas, pelo acordo estabelecido no Protocolo de Kyoto e nas diretrizes do MDL. O ganho decorrente da redução da emissão de CO2, por queimar um combustível mais limpo, pode ser estimado em cerca de 2,5 toneladas de CO2 por tonelada de biodiesel. No mercado europeu, os créditos de carbono são negociados por volta de US$ 9,25 por tonelada. Portanto, 348 mil toneladas de biodiesel de mamona geram uma economia de 870 mil toneladas de CO2, podendo ser comercializada por US$ 8 milhões.

(11)

CONCLUSÃO

A base legal e técnica que norteiam as medidas de inserção do biodiesel na matriz energética nacional indicam que o programa não priorizou na prática os aspectos ambientais, mesmo se tratando de um programa interministerial com a participação, inclusive, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

O PNPB não discute questões centrais que envolvem o padrão de produção e de consumo de combustível no país, aspecto central em qualquer programa que pretenda atacar a raiz dos problemas sócio-ambientais associados à produção e uso de combustíveis.

O programa não propõe medidas que propiciem uma racionalização ambiental e de gestão dos recursos naturais do uso do diesel, renovação da frota de veículos, discussão do modelo de transporte, dentre outros tópicos, restringindo-se a reproduzir o atual modelo energético, ancorado no petróleo.

Assim denota-se que é preciso manter e aumentar os investimentos nos projetos de biodiesel, inserindo o Brasil no que há de mais moderno em termos de combustíveis, pois em se mantendo o atual ritmo de uso do petróleo as atuais reservas se esgotarão, logo, sendo necessária, a inserção de novas formas de geração de energia.

Não se pode deixar de considerar os impactos sociais que a inserção desta nova cadeia proporcionará, a qual pode levar à geração de emprego e renda. Estimativas iniciais apontam para a inclusão de 250.000 famílias com emprego no meio rural, por meio tanto da agricultura familiar, quanto pelo desenvolvimento da indústria nacional de pesquisa e equipamentos.

Essa inserção social, através de empregos, realizar-se-á basicamente nas regiões com maior potencial para produção de oleaginosas, especialmente as regiões Norte e Nordeste.13

Daí decorre a necessidade de se avaliar os impactos de forma agregada, descolando da análise puramente financeira. Também não se deve deixar de mencionar os ganhos ambientais, sejam eles advindos da redução direta das emissões de gás carbônico, como da fixação de carbono atmosférico pela fotossíntese, durante o crescimento das culturas que produzem óleo.14

13 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Seminário Biodiesel no Rio Grande do Sul. In:

SEMINÁRIO BIODIESEL NO RIO GRANDE DO SUL, 2005, Canoas: Refap, 30, mai. 2002. Anais... v.1, p.

13-22.

14 PLÁ, op cit., p.179-190.

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O Brasil deve se beneficiar deste cenário como vendedor de créditos de carbono, e também como alvo de investimentos em projetos engajados com a redução da emissão de gases poluentes, como é o caso do biodiesel. Segundo estimativas do Banco Mundial, o país poderá ter uma participação de 10% no mercado de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), equivalente a US$ 1,3 bilhões em 20.07.2019.

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REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Dados Estatísticos. Disponível em: <http://www.anp.gov.br>. Acesso em: 20 setembro 2007;

AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Biodiesel: estratégias para produção e uso no Brasil. In: BIODIESEL:

ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO E USO NO BRASIL, 2005, São Paulo: Unicorp, 26- 27, abr. 2005. Anais... v.1, p.1-23.).

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Seminário Biodiesel no Rio Grande do Sul. In: SEMINÁRIO BIODIESEL NO RIO GRANDE DO SUL, 2005, Canoas:

Refap, 30, mai. 2002. Anais... v.1, p. 13-22.

______. Presidência da República – Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil. EM nº. 44/MME. 2004. Disponível em: <http://www. presidencia.gov.br>. Acesso em: 18 setembro 2007.

______. Presidente da Republica. Lei N° 11.097, de 13 de Janeiro de 2005. Disponível em:

<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-06/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em: 20 setembro 2007.

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FISCHER, G.; SCHRATTENHOLZER, L. Global bioenergy potencials through 2050.

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BIODIESEL: ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO E USO NO BRASIL, 2005, São Paulo:

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MARTINS, L.; LATORRE, M.; CARDOSO, M.; GONÇALVES, F.; SALDIVA, P.;

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MCT. O Programa. O programa nacional de produção e uso de biodiesel. Brasília, jul.

2005. Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br>. Acesso em: 18 setembro 2007.

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