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Empreendedorismo académico em Portugal: estudo de caso das empresas spin-offs académicas

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ASSOCIAÇÃO DE POLITÉCNICOS DO NORTE (APNOR) INSTITUTO POLITÉCNICO DO CÁVADO E DO AVE

Empreendedorismo académico em Portugal: estudo de caso das empresas spin-offs académicas

Vanessa Patrícia Freitas Rodrigues

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do Grau de Mestre em Gestão das Organizações: Ramo Gestão de

Empresas

Orientada por

Professora Doutora Oscarina Conceição

Barcelos, fevereiro, 2019

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ASSOCIAÇÃO DE POLITÉCNICOS DO NORTE (APNOR) INSTITUTO POLITÉCNICO DO CÁVADO E DO AVE

Empreendedorismo académico em Portugal: estudo de caso das empresas spin-offs académicas

Vanessa Patrícia Freitas Rodrigues

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do Grau de Mestre em Gestão das Organizações: Ramo Gestão de

Empresas

Orientada por

Professora Doutora Oscarina Conceição

Barcelos, fevereiro, 2019

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Declaração

Nome: Vanessa Patrícia Freitas Rodrigues

Endereço eletrónico: vanessa.rodrigues_84@hotmail.com

Título da Dissertação: Empreendedorismo académico em Portugal: estudo de caso das empresas spin-offs académicas

Orientador: Professora Doutora Oscarina Conceição Ano de conclusão: fevereiro, 2019

Designação do Curso de Mestrado: Mestrado em Gestão das Organizações: Ramo Gestão de Empresas

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO, APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, ___/___/______

Assinatura: ________________________________________________

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Resumo

Apesar de ser um termo histórico-cultural, o empreendedorismo é um tema com uma popularidade renascida devido à sua crescente importância. A situação financeira é uma das principais justificações para o investimento na promoção do empreendedorismo, sendo encarado com uma alternativa ou um meio para diferentes percursos profissionais e combate ao desemprego.

Dada a sua relevância é importante perceber qual o papel das instituições de ensino superior na promoção do empreendedorismo e no apoio à criação de novas empresas com o intuito de comercializar o conhecimento gerado no seio académico (empresas spin-offs académicas).

O objetivo deste trabalho é analisar a evolução do empreendedorismo académico em Portugal, mais propriamente a criação de empresas spin-offs académicas nas cinco principais universidades portuguesas.

Neste sentido foi realizado um estudo comparativo com o intuito de analisar o número de empresas spin-offs académicas criadas em cada universidade, analisando os setores de atividades predominantes, as respetivas taxas de mortalidade e a localização das mesmas face à universidade de origem.

De modo complementar foi realizado um questionário detalhado aos promotores das empresas spin-offs académicas registadas na Universidade de Aveiro, na Universidade do Minho e na Universidade do Porto. Neste estudo de caso foram analisadas as características da equipa de promotores das empresas spin-offs académicas, do processo de transferência da tecnologia da universidade de origem, da estratégia e do modelo de negócio adotado por estas empresas.

O estudo permitiu perceber que existem características predominantes nas empresas spin-offs académicas como o intervalo de idades e o género dos promotores, o elevado nível de habilitação académica, a transferência formal da tecnologia da universidade de origem, a importância atribuída ao apoio da universidade no que respeita ao acesso a infraestruturas. Verifica-se ainda que a maioria das empresas spin-offs académicas tem como modelo de negócio o desenvolvimento e comercialização de um produto ou serviço.

Palavras-chave: Empreendedorismo; Empreendedorismo académico; Universidades;

Empresas spin-offs académicas.

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Abstract

Despite being a historical and cultural concept, entrepreneurship is a subject with a reborn popularity. The financial situation is one of the main reasons for the investment in the promotion of entrepreneurship since it is considered an alternative to some professional careers and also a solution to the current unemployment situation.

Because of its relevance, it is important to understand the role of educational institutions in promoting entrepreneurship and in supporting the creation of new companies in order to commercialize the knowledge generated within the academic world (academic spin-off companies).

The objective of this work is to analyze the evolution of academic entrepreneurship in Portugal, more specifically the creation of academic spin-off companies in the five main Portuguese universities.

In this sense, a comparative study was carried out to analyze the number of academic spin-offs created in each university, taking into account the predominant sectors of activity, their mortality rates and their location relatively to the university of origin.

In a complementary way, a detailed questionnaire was carried out to the promoters of the academic spin-off companies registered at the University of Aveiro, University of Minho and University of Porto. In this case study the characteristics of the academic spin-off companies promoters' team, of the technology transfer process of the university of origin, the strategy and the business model adopted by these companies were analyzed.

The study showed that there are predominant characteristics in academic spin-off companies such as the promoters' age range and gender, the high level of academic qualification, the formal transfer of technology from the university of origin, the importance of university support in terms of access to infrastructure. It is also noted that the majority of academic spin-offs companies have as their business model the development and commercialization of a product or service.

Keywords: Entrepreneurship; Academic entrepreneurship; Universities; Academic spin-offs companies.

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vii

Agradecimentos

Nesta etapa da minha formação académica gostava de deixar um obrigado aos meus pais, aos meus irmãos e ao meu namorado por todo o apoio e dedicação demonstrada.

Em especial quero agradecer à minha orientadora por toda dedicação, disponibilidade, empenho e auxílio ao longo desta longa etapa.

Aos diferentes intervenientes neste estudo desde as universidades, gabinetes de apoio ao empreendedorismo, incubadoras e promotores das diferentes empresas spin-offs académicas um obrigado pela disponibilidade e cooperação demonstrada uma vez que sem eles não era possível.

A todos que de uma forma direta ou indireta me ajudaram ao longo deste processo o meu muito sincero obrigada.

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Lista de Abreviatura e Siglas

DGIDC - Direção-Geral da novação e Desenvolvimento Curricular GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IAPMEI - Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação IEUA - Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro

IIIUC - Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra IMM - Instituto de Medicina Molecular

IPN - Instituto Pedro Nunes IST - Instituto Superior Técnico

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico TT@IST - Área de Transferência de Tecnologia do Instituto Superior Técnico UATEC - Unidade de Transferência de Tecnologia da Universidade de Aveiro UPTEC - Parque de Ciência e tecnologia da Universidade do Porto

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ix

Índice Geral

Índice de Figuras ... xii

Índice de Tabelas ... xiv

1. Introdução ... 1

2. O Empreendedorismo ... 3

A origem e a evolução do empreendedorismo ... 3

O empreendedor ... 4

O impacto do empreendedorismo ... 6

3. O Empreendedorismo académico ... 8

O empreendedorismo académico e a cultura empreendedora ... 8

A educação para o empreendedorismo: o papel das universidades ... 10

As empresas spin-offs académicas ... 11

Conceito e tipos de empresas spin-offs ... 11

As empresas spin-offs académicas e os seus determinantes ... 12

4. Metodologia ... 16

5. Estudo Comparativo das empresas spin-offs académicas portuguesas criadas entre 2005 e 2015 ... 17

Universidades ... 17

Universidade de Aveiro ... 17

Universidade de Coimbra ... 18

Universidade de Lisboa ... 19

Universidade do Minho ... 20

Universidade do Porto ... 21

Caracterização das empresas spin-offs académicas criadas entre 2005 e 2015 ... 22

Empresas spin-offs académicas por universidade... 23

Empresas spin-offs académicas por ano de criação ... 24

Empresas spin-offs académicas criadas por ano na Universidade de Aveiro ... 25

Empresas spin-offs académicas criadas por ano na Universidade de Coimbra ... 26

Empresas spin-offs académicas criadas por ano na Universidade de Lisboa ... 27

Empresas spin-offs académicas criadas por ano na Universidade do Minho ... 27

Empresas spin-offs académicas criadas por ano na Universidade do Porto ... 28

Empresas spin-offs académicas criadas por localização ... 28

Empresas spin-offs académicas criadas por setor atividade ... 29

Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas ... 30

Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade de Aveiro ... 31

Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade de Coimbra ... 32

Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade de Lisboa ... 33

(10)

x Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na

Universidade do Minho ... 34

Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade do Porto ... 35

6. Estudo de Caso ... 36

Amostra ... 36

Caracterização da equipa promotora à data da criação da empresa spin-off académica .. 37

Idades dos promotores ... 38

Idades dos promotores na Universidade de Aveiro ... 38

Idades dos promotores na Universidade do Minho ... 39

Idades dos promotores na Universidade do Porto ... 39

Habilitações académicas da equipa promotora ... 40

Equipa promotora em regime de exclusividade ... 41

Origem da tecnologia da empresa spin-off académica ... 42

Colaboração com a universidade de origem ... 43

Colaboração com a Universidade de Aveiro ... 43

Colaboração com a Universidade do Minho ... 44

Colaboração com a Universidade do Porto ... 44

Papel desempenhado pela universidade de origem ... 45

Modelo de negócio da empresa spin-off académica ... 46

Modelo de negócio da empresa spin-off académica na Universidade de Aveiro ... 47

Modelo de negócio da empresa spin-off académica na Universidade do Minho ... 48

Modelo de negócio da empresa spin-off académica na Universidade do Porto... 49

Tecnologia/produto em condições de ser comercializado pela empresa spin-off académica ... 50

Internacionalização da empresa spin-off académica ... 51

Exportação ... 51

Parcerias comerciais com organizações estrangeiras ... 52

Projetos desenvolvidos com instituições estrangeiras ... 53

Patentes ... 54

Pedido de patentes ... 54

Membros da equipa com patentes ... 55

Uso de patentes de terceiros ... 55

Estratégia de negócio ... 56

Medidas, a nível interno prioritárias para os próximos três anos... 57

Considerações finais ... 57

7. Conclusão ... 59

Referências Bibliográficas ... 61

Anexos ... 65

Anexo 1 – Regulamento da Propriedade Intelectual do Instituto Superior Técnico ... 66

Anexo 2 – Regulamento de empresas spin-off da Universidade do Porto ... 70

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xi Anexo 3 – Regulamento de empresas de base tecnológica da Universidade de Aveiro ... 73

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xii

Índice de Figuras

Figura 1 - Os quatro aspetos principais do empreendedorismo ... 3

Figura 2 - Características do empreendedor ... 4

Figura 3 - Princípios do ensino empreendedor ... 9

Figura 4 - Competências-chave do empreendedorismo ... 9

Figura 5 - Educação para o empreendedorismo ... 11

Figura 6 - Fatores de influência na criação e performance das empresas spin-offs académicas ... 13

Figura 7 - Fases de desenvolvimento das empresas spin-offs académicas ... 13

Figura 8 - “Conjunturas críticas” no processo de desenvolvimento das empresas spin-offs académicas ... 14

Figura 9 - Universidade de Aveiro ... 18

Figura 10 - Universidade de Coimbra ... 19

Figura 11 - Universidade de Lisboa ... 20

Figura 12 - Universidade do Minho ... 21

Figura 13 - Universidade do Porto ... 22

Figura 14 - Distribuição de empresas spin-offs académicas criadas por universidade ... 24

Figura 15 - Distribuição de empresas spin-offs académicas por ano de criação ... 24

Figura 16 - Distribuição de empresas spin-offs académicas por ano de criação da Universidade de Aveiro ... 26

Figura 17 - Distribuição de empresas spin-offs académicas por ano de criação da Universidade de Coimbra ... 26

Figura 18 - Distribuição de empresas spin-offs académicas por ano de criação da Universidade de Lisboa ... 27

Figura 19 - Distribuição de empresas spin-offs académicas por ano de criação da Universidade do Minho ... 27

Figura 20 - Distribuição de empresas spin-offs académicas por ano de criação da Universidade do Porto ... 28

Figura 21 - Distribuição das empresas spin-offs académicas por distrito e concelho em relação à universidade ... 29

Figura 22 - Distribuição de empresas spin-offs académicas por setor de atividade ... 30

Figura 23 - Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade de Aveiro ... 32

Figura 24 - Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade de Coimbra ... 33

Figura 25 - Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade de Lisboa ... 34

Figura 26 - Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade do Minho ... 35

Figura 27 - Empresas spin-offs académicas ativas e encerradas por setor de atividade na Universidade do Porto ... 35

Figura 28 - Caracterização dos promotores ... 37

Figura 29 – Idades dos promotores na Universidade de Aveiro ... 39

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xiii

Figura 30 – Idades dos promotores na Universidade do Minho ... 39

Figura 31 - Idades dos promotores na Universidade do Porto ... 40

Figura 32 - Habilitações académicas da equipa promotora ... 40

Figura 33 - Equipa promotora em regime de exclusividade ... 41

Figura 34 - Origem da tecnologia da empresa spin-off académica ... 42

Figura 35 - Colaboração com a universidade de origem ... 43

Figura 36 - Colaboração com a Universidade de Aveiro ... 44

Figura 37 - Colaboração com a Universidade do Minho ... 44

Figura 38 - Colaboração com a Universidade do Porto ... 45

Figura 39 - Modelo de negócio da empresa spin-off académica ... 47

Figura 40 - Modelo de negócio da empresa spin-off académica na Universidade de Aveiro .... 48

Figura 41 - Modelo de negócio da empresa spin-off académica na Universidade do Minho ... 48

Figura 42 - Modelo de negócio da empresa spin-off académica na Universidade do Porto ... 49

Figura 43 - Tecnologia/produto em condições de ser comercializado pela empresa spin-off académica ... 50

Figura 44 - Tecnologia/produto em condições de ser comercializado pela empresa spin-off académica ... 51

Figura 45 – Empresas spin-offs académicas com processos de exportação ... 51

Figura 46 – Peso da exportação na atividade das empresas spin-offs académicas ... 52

Figura 47 - Parcerias comerciais com organizações estrangeiras ... 52

Figura 48 - Projetos desenvolvidos com instituições estrangeiras ... 53

Figura 49 - Pedido de patentes ... 54

Figura 50 - Membros da equipa com patentes ... 55

Figura 51 - Uso de patentes de terceiros ... 55

Figura 52 - Estratégia de negócio ... 56

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xiv

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Taxa de mortalidade das empresas spin-offs académicas criadas entre 2005 e

2015 ... 31

Tabela 2 - Taxa de mortalidade das empresas spin-offs académicas por setor de atividade .... 31

Tabela 3 - Taxa de resposta por universidade ao questionário ... 36

Tabela 4 - Número médio de promotores nas empresas spin-offs académicas ... 37

Tabela 5 - Idades dos promotores das empresas spin-offs académicas... 38

Tabela 6 - Apoio desempenhado pela universidade de origem ... 46

Tabela 7 - Classificação das medidas prioritárias ... 57

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1

1. Introdução

Numa era caracterizada por uma crescente evolução tecnológica, transformações e desafios constantes que exigem uma necessidade de adaptação a novos comportamentos e conceitos, tem- se intensificado o interesse pelo empreendedorismo (Duarte e Esperança, 2014).

Mas em que consiste o empreendedorismo? Quem é o empreendedor e quais as suas características? Qual o papel das universidades na promoção de uma cultura empreendedora?

O termo empreendedorismo não é de todo um tema novo no entanto devemos realçar que provavelmente nunca se falou tanto de empreendedorismo e em empresas spin-offs como nos dias de hoje.

O empreendedorismo apresenta-se como alternativa ao emprego assalariado, como uma forma de realização pessoal e profissional e o empreendedor é um motor do sistema de economia de mercado, criando ou melhorando produtos, processos e tecnologias, entrando em novos mercados e arriscando em novas áreas (Ferreira et al., 2010).

Uma educação empreendedora pode ser uma maneira de aumentar a taxa de prevalência de empreendedores e, assim, estimular o crescimento económico (Rauch e Hulsink, 2015). Diversos autores têm refletido e debatido a importância da redefinição do papel das instituições universitárias para responder adequadamente às necessidades económicas e de emprego (Bucha, 2009; Gaspar, 2009; Sarkar, 2010). Neste sentido as universidades revelam-se importantes instrumentos para a inovação e competitividade local e regional, ao incluírem na sua missão, além do ensino e da pesquisa, também o desenvolvimento económico e social (Filho e Coelho, 2013; Marques, 2010;

Parreira et al., 2011).

O objetivo deste trabalho é analisar a evolução do empreendedorismo académico em Portugal, mais propriamente a criação de empresas spin-offs académicas nas principais universidades portuguesas.

Tento em consideração o objetivo proposto a dissertação está estruturada em 6 capítulos.

O capítulo I introduz a dissertação, contextualizando o tema em estudo e evidenciando os objetivos e metodologia de investigação.

Nos capítulos II e III é realizada uma revisão de literatura relativa ao empreendedorismo, nomeadamente, a sua definição, evolução e as suas principais características e ao empreendedorismo académico, o ensino empreendedor e a vertente das empresas spin-offs académicas.

No capítulo IV é apresentada a metodologia do estudo empírico, evidenciando o objetivo, o método de recolha de dados e a amostra do estudo.

No capítulo V é realizado um estudo comparativo, relativo às empresas spin-offs académicas criadas entre 2005 e 2015 nas seis principais universidades portuguesas de acordo com o ranking Webometrics Ranking of World Universities1 (Universidade de Aveiro; Universidade de Coimbra;

1Webometrics Ranking of World Universities1- é o maior ranking académico de Instituições de Ensino Superior fornecendo informações confiáveis, multidimensionais, atualizadas e úteis sobre o desempenho das universidades mundiais

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2 Universidade de Lisboa; Universidade do Minho; Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Porto).

No capítulo VI é feito um estudo de caso das características da equipa de promotores das empresas spin-offs académicas, do processo de transferência da tecnologia da universidade de origem, da estratégia e do modelo de negócio adotado por estas empresas. Para o efeito foi realizado e analisado um questionário detalhado aos promotores das empresas spin-offs académicas da Universidade de Aveiro, da Universidade do Minho e da Universidade do Porto.

No capítulo VII são apresentadas as principais conclusões do estudo realizado bem como as suas limitações.

(17)

3

2. O Empreendedorismo

A origem e a evolução do empreendedorismo

“O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo e tem sido utilizado com diferentes significados. Contudo a sua popularidade renasceu nos últimos tempos, como se tivesse sido uma

«descoberta súbita». A partir de determinado momento foi como se se encontrasse a chave para abrir uma porta de forma a alterar definitivamente o rumo de uma economia (Sarkar, 2010:26).”

O estudo das características e tipologias do empreendedorismo tem assumido uma relevância crescente na literatura. O termo deriva do francês entrepreuner, aquele que “está entre” ou

“intermediário”, e surgiu na economia francesa por volta do século XVII, caracterizando os indivíduos que estimulavam o progresso económico através da descoberta de novas formas para fazer as coisas (Bucha, 2009; Hisrich et al., 2008; Mendes et al., 2011).

É um processo dinâmico de mudança, visão e criatividade. É essencialmente uma atitude mental desencadeada pela capacidade de motivação de um indivíduo, isoladamente ou em grupo, identificar e levar a cabo uma oportunidade que origine resultado económico, isto é, transformando ideias criativas em algo comerciável (Kuratko & Hodgetts, 2004; Leite, 2012; Pedroso, 2006).

Ao longo do tempo, e principalmente devido à sua crescente importância e evolução, o empreendedorismo adquiriu diferentes conotações e significados, no entanto, tem sido um dos maiores impulsionadores da economia, sendo indiscutivelmente reconhecido como uma preponderante força económica (Kuratko & Hodgetts, 2004; Leite, 2012; Sarkar, 2010).

O empreendedorismo é caracterizado por quatro aspetos principais que incluem um processo de identificação e desenvolvimento que conduz à criação de algo novo com valor ou a uma nova forma de fazer as coisas, sacrificando tempo e esforços, assumindo as gratificações que advém de todo este processo e suportando todos os riscos (Hisrich et al., 2008).

1º) Processo de criação para produzir

algo novo com valor 2º) Exige tempo e esforço para ciar algo novo e torna-lo operacional

3º) Assumir as recompensas que este acarreta, como a independência e a

satisfação pessoal

4º) Assumir os riscos necessários, uma vez que o futuro é desconhecido e

incerto

Figura 1 - Os quatro aspetos principais do empreendedorismo Fonte: Adaptado de Hisrich et al. (2008)

(18)

4 O empreendedorismo deve ser pensado como um fenómeno de natureza económica, psicológica, social e cultural e podendo ser definido como um processo dinâmico realizado pelo indivíduo (empreendedor) que, por sua iniciativa, cria ou explora a mudança, inovando e estimulando o desenvolvimento económico (Mendes et al., 2011).

Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (2016) o empreendedorismo pode ser de dois tipos:

por necessidade e por oportunidade. O empreendedorismo por oportunidade diz respeito a empreendedores que reconhecem e exploram as oportunidades do mercado, ao passo que o empreendedorismo de necessidade diz respeito a empreendedores que procuram o autoemprego.

No entanto, em qualquer um dos casos, este só será viável se as pessoas tiverem as características e aptidões empreendedoras e se existirem condições económicas que permitam a criação de um novo emprego (GEM, 2016).

O empreendedor

“(…) Um empreendedor é aquele que combina recursos, trabalho, materiais e outros ativos para tornar seu valor maior do que antes; também é aquele que introduz mudanças, inovações e uma nova ordem (Hisrich et al., 2008:30).”

É um conceito histórico-cultural que identifica aquele que reúne os recursos necessários para encarar ou criar oportunidades para desenvolver algo novo e com valor (Bucha, 2009; Ferreira et al., 2010; Gaspar, 2009).

Os empreendedores ocupam um papel relevante na sociedade, sendo encarados como condutores da economia, uma vez que através das suas atitudes, vontades e desafios permanentes são capazes de estimular os que o rodeiam e permitir que a sociedade disponha de riqueza, postos de trabalho e variedade de escolha (Duarte e Esperança, 2014; Pedroso, 2006; Sarkar, 2010).

O empreendedor é...

Aquele que toma a iniciativa para criar algo novo e de valor

Aquele que despende do seu tempo e esforço para realizar o empreendimento

e garantir o sucesso

Aquele que recolhe as recompenas sob a forma finaceira, de independencia, reconhecimento e realização pessoal Aquele que assume os

riscos de insucesso do empreendimento

Figura 2 - Características do empreendedor Fonte: Adaptado de Ferreira et al. (2010:41)

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5 Ser empreendedor está muitas vezes associado à criação de novas empresas e negócios. Sendo valorizado o seu contributo no crescimento económico devido à criação de emprego, e sobretudo de empresas jovens (OCDE, 2015; Pedroso, 2006).

No entanto o seu significado é muito mais amplo do que a mera criação de empresas, e isto porque, um empreendedor é aquele que aproveita as oportunidades do mercado, converte-as em ideias viáveis e comercializáveis a assim acrescentar valor à sociedade. Não podendo ser desvalorizado os riscos que assumem e as retribuições desse envolvimento (Kuratko & Hodgetts, 2004; Pedroso, 2006).

É um agente inovador e crucial na dinâmica das economias e cujo comportamento estratégico é importante para o seu progresso. Oferecem serviços empresariais, afetam os recursos disponíveis, inovam, mas, não são inventores, no entanto, são capazes de introduzir as suas invenções na indústria. São pessoas flexíveis, ambiciosas, autoconfiantes, perseverantes, responsáveis e que gostam de arriscar (Penrose, 1995; Schumpeter, 1934; Vericat, 2013).

O papel central que ocupam na economia e as suas características e contributos fazem com que uma sociedade seja tanto mais próspera quanto mais arrojados forem os seus empreendedores ou potenciais empreendedores (Mendes et al., 2011).

O empreendedor é aquele que assume riscos e situações de incerteza de uma forma otimista, encarando o insucesso como uma forma de aprendizagem e como meio motivacional. A sua principal característica é o espírito criativo e a procura constante de novas ideias e soluções para as necessidades do mercado, acreditando que podem fazer melhor do que alguém já tenha feito.

São pessoas que desenvolvem as oportunidades por sua própria iniciativa não esperando que as coisas aconteçam, graças às suas capacidades de inovação, observação e exploração (Duarte e Esperança, 2014; Vericat, 2013).

Mas poderá o empreendedorismo ser promovido? Poderemos ser todos empreendedores?

Nasce-se ou aprende-se a ser empreendedor? Estas são as principais questões debatidas no conteúdo do empreendedorismo, havendo diferentes opiniões e conclusões.

É verdade que existem indivíduos que nascem com maior aptidão para determinadas áreas e que possuem melhores características empreendedoras do que outros, não significando, no entanto, que aqueles que à partida nasceram com menos aptidões não as possam desenvolver à luz de uma atitude empreendedora (Mendes et al., 2011; Sarkar, 2010). De facto, algumas pessoas nascem com capacidades empreendedoras inatas/intrínsecas, mas outras podem ser influenciados por fatores extrínsecos. Entre estes aspetos evidencia-se o impacto e a importância da educação para o empreendedorismo (Carvalho e Costa, 2015; Mendes et al., 2011; Sarkar, 2010).

Um empreendedor de sucesso é aquele que possui ou desenvolve um conjunto de características, competências e valores de forma a alcançar um bom desempenho e resultados positivos. Existem diferentes características fundamentais para caracterizar o empreendedor de êxito entre os quais a energia, a definição de objetivos desafiantes, ainda que realistas, a autoconfiança, o envolvimento a longo prazo, o sentido crítico, o sentido de iniciativa (Mendes et al., 2011). O empreendedor tem de reunir um conjunto de competências pessoais, relacionais, de conhecimento e técnicas para desenvolver o seu espírito e atitude empreendedora, sendo que

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6 qualquer individuo que responda de forma positiva e desenvolva as características essenciais está no caminho certo para se tornar um empreendedor (IAPMEI, 2016; Mendes et al., 2011).

O impacto do empreendedorismo

“O empreendedorismo tem uma grande importância para a economia de um país ou região, (…), desempenha um papel fundamental na introdução de inovações (…) e constitui mesmo o mecanismo que leva a economia e a própria sociedade a evoluir e a progredir (…) (Pedroso, 2006:7).”

O impacto causado pelo empreendedorismo no progresso económico é um dos principais fatores para a sua fomentação, enfatizando-se o seu contributo para o crescimento económico, para a criação de emprego, para o aumento da produtividade, para a inovação de todas as vertentes e necessidades do mercado, para a promoção de mudanças nos negócios e na sociedade, para prestação de melhores serviços de saúde, educação e segurança social (Carvalho e Costa, 2015;

Ferreira et al., 2010; Pedroso, 2006).

O tempo de crise, é encarado por muitos agentes, como um possível tempo de oportunidades e numa era de mudança e de atualização permanente é fundamental que o mercado seja capaz de responder às necessidades e exigências da sociedade. Sendo estes aspetos cruciais para a aposta verificada no empreendedorismo (Mendes et al., 2011).

O empreendedorismo pode ser influenciado e promovido por distintos fatores quer internos quer externos, entre eles a conjuntura do país, o espírito do empreendedor e as características do ambiente envolvente, mas, um país empreendedor é aquele que oferece oportunidades e infraestruturas para ajudar o empreendedor a criar e a gerir o seu negócio (Ferreira et al., 2010).

Para avaliação do empreendedorismo é crucial a existência de métricas e indicadores que permitam comparar o seu desempenho e perceber se os resultados globais e principalmente as suas políticas de promoção são ou não as mais adequadas. Os indicadores mais utilizados são os que analisam a criação de novas empresas, a sua taxa de sobrevivência, o número de postos de trabalho criados e a criação do autoemprego (Carvalho e Costa, 2015).

Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (2012) são nove as condições estruturais para analisar os fatores que limitam e impulsionam o empreendedorismo num país. Estas condições estruturais são: o apoio financeiro, as políticas governamentais, os programas governamentais, a educação e formação, a transferência de investigação e desenvolvimento, a infraestrutura comercial e profissional, a abertura do mercado/barreiras à entrada, o acesso a infraestruturas físicas e as normas culturais e sociais (GEM, 2012). No caso específico de Portugal as condições estruturais identificadas como mais favoráveis ao empreendedorismo são “o acesso a infraestrutura comercial e profissional e a infraestruturas físicas, destacando a generalidade da infraestrutura existente no País como um fator facilitador do empreendedorismo” (GEM, 2012:8-9). De acordo com os especialistas nacionais as condições consideradas menos favoráveis ao empreendedorismo são “as normas culturais e sociais, sendo que consideram que a cultura nacional está pouco orientada para

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7 o empreendedorismo e que existe, na sociedade portuguesa, uma falta de estímulo ao êxito individual” sendo que as “políticas governamentais foi a condição estrutural que registou a apreciação menos favorável, apontando que os principais obstáculos ao fomento da atividade empreendedora no País são a existência de um excesso de burocracia e carga fiscal” (GEM, 2012:8- 9).

Dados os diversos impactos e benefícios que o empreendedorismo exerce sobre o mercado e a sociedade, revela-se essencial encarar o espírito empreendedor como uma competência de base que deve ser adquirida através de uma aprendizagem e desenvolvimento ao longo da vida sendo crucial o seu desenvolvimento e promoção (Duarte e Esperança, 2014).

O empreendedorismo proporciona uma evolução positiva no setor económico e no aumento das oportunidades de mercado sendo assim enfatizado o impacto positivo que tem na economia e na sociedade (Mendes et al., 2011).

Em Portugal, o empreendedorismo, deve ser encarado como uma alavanca no processo de modernização e dinamismo exigido para a sua aproximação dos valores médios do resto da Europa, potenciando a qualificação dos portugueses, a inovação na tecnologia e na sociedade do conhecimento, reforçando a competitividade empresarial, modernizando o estado e simplificando a vida aos cidadãos e às empresas (Mendes et al., 2011).

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8

3. O Empreendedorismo académico

O empreendedorismo académico e a cultura empreendedora

“Um sistema de educação-ensino-formação de elevada qualidade e exigência é crucial para o potencial inovador de um país. Também a educação em empreendedorismo é precisa para ajudar a alterar a cultura nacional e para formar pessoas com capacidades efetivas para o empreendedorismo (Ferreira et al., 2010:22).”

No passado, o desenvolvimento do espírito empreendedor não era encarado pelos sistemas de educação como uma prioridade. No entanto, atualmente, a educação é reconhecida como um dos principais fatores para o fortalecimento e desenvolvimento do empreendedorismo e por sua vez, da atividade empreendedora (Carvalho e Costa, 2015; Parreira et al., 2011).

Em toda a Europa, é reconhecida a importância do desenvolvimento de uma cultura empreendedora, verificando-se uma preocupação persistente com a implementação de políticas que promovam o conhecimento, a inovação, a cultura empreendedora e o desenvolvimento social, económico, tecnológico e organizacional da sociedade (Carvalho e Costa, 2015; Parreira et al., 2011; Sarkar 2010).

A introdução do empreendedorismo no sistema de educação tem ocorrido ao longo de várias décadas e tem sido resultado de um conjunto de políticas, ideologias, institucionais e motoras do ensino, de forma a incorporar os conceitos de empresa e de empreendedorismo em todo o sistema de educação (Hannon, 2006).

Na educação para o empreendedorismo é crucial criar oportunidades para o estudante pensar e agir de forma empreendedora, assentando esta educação no desenvolvimento de competências- chave e na concretização de oportunidades, devendo haver lugar ao incentivo, sensibilização, potenciamento e integração (DGIDC, 2006).

Assim, um ensino que vise promover o empreendedorismo baseia-se em seis princípios fundamentais e no desenvolvimento de seis competências-chave, conforme evidenciado abaixo:

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9 Desta forma, e de acordo com a DGIDC (2006), a educação para o empreendedorismo deverá considerar como pilar para o seu desenvolvimento a promoção das seguintes competências:

 Oferecer um ambiente que promova a resolução de dificuldades de forma positiva demonstrando confiança nas capacidades do estudante para correr riscos e ultrapassar dificuldades (promoção autoconfiança/assunção de riscos);

 Proporcionar a possibilidade de “inventar” e escolher métodos e estratégias para reagir aos problemas e dificuldades, elogiando as iniciativas do estudante e não o desresponsabilizando das suas consequências, encarando os erros como possíveis aprendizagens (Iniciativa / Energia);

 Proporcionar experiências potencialmente geradoras de contrariedades e com as quais o estudante tem capacidade para lidar de forma positiva de forma a analisar o que correu menos bem e criar estratégias de análise adequadas para lidar com situações de frustração (Resistência ao fracasso);

 Proporcionar atividades que impliquem decompor as mesmas em partes, dispondo-as num cronograma lógico e garantir a sua execução, exigindo que o estudante defina prioridades lógicas para as resoluções (Planeamento /Organização);

 Proporcionar atividades que impliquem soluções inovadoras, estimulando a criação de novas ideias, métodos, processos, etc. (Criatividade/Inovação);

 Proporcionar atividades em que seja necessário colaborar e/ou pedir ajuda a terceiros para atingir os objetivos propostos, atividades que demonstrem que o resultado que conta é o da equipa e não o de cada um dos membros (Relações interpessoais);

Portugal tem feito um esforço importante no investimento na educação para o empreendedorismo nos diferentes níveis de ensino, verificando-se iniciativas e programas de apoio e promoção junto dos estudantes, mas segundo Carvalho e Costa (2015) é importante realçar que não basta educar para o empreendedorismo é igualmente importante educar para o risco, a incerteza e a autonomia. Em Portugal, é crucial minimizar a aversão ao risco, principal limitação do empreendedorismo, e dar aos empreendedores os instrumentos necessários para o seu processo

Figura 4 - Competências-chave do empreendedorismo

Fonte: DGIDC (2006:15).

Figura 3 - Princípios do ensino empreendedor Fonte: DGIDC (2006:12).

Princípios do Ensino que visa promover o empreendedorismo:

• Autonomia

• Flexibilidade

• Inovação

• Mudança

• Participação

• Cooperação

Competências-chave para o desenvolvimento do empreendedorismo:

• Autoconfiança / Assumpção de riscos

• Iniciativa / Energia

• Resistência ao fracasso

• Planeamento / Organização

• Criatividade / Inovação

• Relações interpessoais

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10 de empreender e até demonstrando que o fracasso pode ser pedagógico dado o percurso que impõe (Mendes et al., 2011).

A educação para o empreendedorismo: o papel das universidades

“Numa sociedade onde existe a necessidade constante de inovar para crescer, as universidades são de elevada importância no que concerne aos conhecimentos produzidos e na sua divulgação representando um instrumento central na modernização da sociedade e da economia, nomeadamente a nível de inovação e tecnologia (Leite, 2012:35).”

Qual o papel das universidades na promoção do empreendedorismo (Sarkar, 2010)?

A educação é um fator preponderante, uma vez que, dificilmente existirão jovens empreendedores enquanto não existirem universidades com características empreendedoras e enquanto não houver uma maior aproximação entre o mundo académico e o mercado profissional (Mendes et al., 2011).

As políticas das universidades focadas no empreendedorismo são primordiais para se incutir mudanças de conceitos, atitudes e especialmente de comportamentos, sendo indispensável um compromisso claro da instituição de ensino na promoção de um ecossistema empreendedor que englobe estímulos, fatores de sucesso e desafios de forma a criar e dissipar ferramentas e boas práticas que estruturem e coordenem os jovens desde o ensino básico até ao ensino universitário (Mendes et al., 2011; Parreira et al., 2011).

Os sistemas de ensino devem oferecer aos seus estudantes programas e cursos orientados para a compreensão do processo empreendedor, devendo a universidade preocupar-se com a promoção de um ambiente empreendedor e comercial que reforce a capacidade de empreender (Boehm, 2008;

Kuratko & Hodgetts, 2004; Parreira et al., 2011).

As universidades são cruciais no que toca ao desenvolvimento das capacidades empresariais e das mentalidades incutindo necessidades de inovação e crescimento nos seus estudantes (Leite, 2012). Neste sentido a educação para o empreendedorismo contribui para o crescimento das empresas, especialmente das pequenas empresas emergentes e, consciente deste impacto, o governo adota medidas de incentivo à comercialização e exploração da pesquisa universitária como uma ferramenta de desenvolvimento económico (Leite, 2012; Comissão Europeia, 2001).

O que é a educação para o empreendedorismo?

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11 A Educação para o empreendedorismo é assim, uma educação construída pelos estudantes, devendo ser contextualizada, centrada na ação e na obtenção de resultados, coerente e consistente e integrada multidisciplinarmente (DGIDC, 2007).

Na promoção, incentivo e acompanhamento de todo o processo de empreendedorismo os professores desempenham um papel fundamental, devendo valorizar o esforço dos seus estudantes, analisar cuidadosamente as suas propostas de projetos de investigação/ação, acompanhar, avaliar e propor metodologias de trabalho, monitorizar todo o processo e avaliar os resultados provenientes da sua implementação (DGIDC, 2007).

As empresas spin-offs académicas

Conceito e tipos de empresas spin-offs

“Empresas spin-offs são processos e movimentos de gerações de novas empresas e novos negócios, a partir de organizações existentes, as empresas-mãe, e de centros de pesquisa (Cozzi et al., 2008: s.p).”

A criação de empresas spin-offs é uma das principais consequências do empreendedorismo, sendo caracterizadas por processos bem-sucedidos em termos de inovação, competitividade e crescimento socioeconómico (Comissão Europeia, 2001). São empresas que resultam de outras já existentes ou de processos de investigação, sendo que os seus principais percalços são, em muitos dos casos, lidar com a falta de experiência e os problemas de formulação de políticas adequadas (Cozzi et al., 2008; Comissão Europeia, 2001).

As empresas spin-offs subdividem-se em dois tipos de empresas: as empresariais e as académicas. São consideradas empresas spin-offs empresariais quando o empresário empreendedor parte da empresa mãe para uma nova empresa, isto é, deixa uma organização para

É:

 Educação transversal para a vida;

Centrada na Acão;

 Focalizada no processo e nos resultados;

 Coerente e constante;

 Integrada multidisciplinarmente;

 Contextualizada;

 Contruída pelos alunos.

Não é:

 Educação para a gestão empresarial;

 Centrada nos saberes;

 Focalizada nas tarefas;

 Esporádica e inconstante;

 Isolada disciplinarmente;

 Descontextualizada;

 Transmitida pelos agentes de ensino

Figura 5 - Educação para o empreendedorismo Fonte: DGIDC (2007:19)

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12 começar um negócio próprio (Comissão Europeia, 2001). Ao partir para esta nova empresa, o empresário leva consigo direitos, ativos ou conhecimentos adquiridos na empresa mãe, funcionando a primeira como uma fonte de experiência e conhecimento que acabará por influenciar o desempenho da nova empresa empreendedora (Comissão Europeia, 2001).

As empresas spin-offs académicas são novas empresas baseadas em pesquisa universitária, formadas por membros da universidade, que podem ser docentes ou estudantes, que partem da universidade para fundar uma empresa (Clarysse e Moray, 2004). No contexto do tema em estudo as empresas spin-offs analisadas ao longo deste trabalho serão as empresas spin-offs académicas.

As empresas spin-offs académicas e os seus determinantes

“O papel da cultura universitária face ao empreendedorismo académico é também um ponto importante na opção de criar uma empresa spin-off académica, pois enquanto algumas instituições de ensino possuem uma cultura de valorização do empreendedorismo, outras vêem o empreendedorismo académico como capitalismo académico que valoriza o sucesso empresarial e não o mérito científico em si (Alves, 2010:22).”

A empresa spin-off académica é uma nova empresa formada para explorar comercialmente conhecimentos e tecnologias desenvolvidas na universidade ou como resultado de pesquisa universitária. São um mecanismo de exploração e transferência de valor do conhecimento científico criado nas instituições de investigação (Alves, 2010; Mustar et al., 2006; Pirnay et al., 2003;

Rothaermel et al., 2007).

Este tipo de empresa transfere a ideia de negócio desenvolvida no seio universitário para a esfera empresarial, enfrentando o desafio estratégico de transformar uma nova tecnologia num produto ou serviço com retornos financeiros e os pontos fortes e fracos resultantes da ligação à universidade (Johansson et al., 2005; Mustar et al., 2006; Pirnay et al., 2003; Rothaermel et al., 2007).

Existem diferentes motivações empresariais, na ótica dos estudantes, para a criação deste tipo de empresas como o continuar a aprender, ser inovador, controlar o seu próprio tempo, aumento de status e aproveitar uma oportunidade. No processo de criação da empresa, os empreendedores consideram que existe influência de fatores como expectativa de lucro, expectativa e procura de incentivos, expectativa de facilidade de fornecimento entre outros (Parreira et al., 2011).

As empresas spin-offs académicas desenvolvem atividades comerciais que se baseiam num progresso tecnológico ou conceito inovador desenvolvido na universidade. Sendo fundamental criar um ambiente propício com recursos financeiros, de conhecimento e tecnológicos que apoiem e suportem todo o processo (Comissão Europeia, 2003).

Existem um conjunto de fatores que influenciam a criação e a performance das empresas spin-offs académicas:

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13 De acordo com Vohora et al. (2004) as empresas spin-offs académicas, atravessem um conjunto de fases durante o seu processo de criação e de desenvolvimento:

Este processo é caracterizado pela sua falta de linearidade, pela necessidade constante de tomar decisões e pela superação de obstáculo. Nas diferentes fases, os empreendedores, enfrentam situações críticas em termos de recursos e capacidades que se demostram essenciais para passar para o estado seguinte, realçando que só consegue passar para a fase seguinte quando superar a fase anterior, o que pode exigir retomar decisões e atividades (Vohora et al., 2004).

Fatores influênciade Sistemas

incentivosde

Objetivos universitários

Estatuto universitário

Agentes intermédios

Experiência Localização

Cultura

Figura 6 - Fatores de influência na criação e performance das empresas spin-offs académicas Fonte: Adaptado de Di Gregorio e Shane, 2003; Rothaermel et al., 2007

1ªFase •Pesquisa

2ª Fase •Enquadramento de oportunidade

3ª Fase •Pré-organização

4ª Fase •Estado de reorganização

5ª Fase •Retorno sustentável

Figura 7 - Fases de desenvolvimento das empresas spin-offs académicas Fonte: Adaptado de Vohora et al. (2004:152)

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14 Segundo, Vohora et al., (2004), as empresas spin-offs académicas necessitam essencialmente de superar quatro fases críticas para terem sucesso: (A) reconhecer a oportunidade, (B) compromisso empresarial, (C) credibilidade e (D) sustentabilidade.

No processo de criação das empresas spin-offs académicas, a “universidade de origem”

desempenha um papel crucial no auxílio e desenvolvimento dos produtos e na prestação de serviços ( Peréz e Sánchez, 2003).

Apesar do papel e do esforço desempenhado pelas universidades, verifica-se que existem desempenhos diferentes na criação de empresas spin-offs académicas por parte de cada uma delas, havendo universidades que geram mais do que outras (Di Gregorio e Shane, 2002). Di Gregorio e Shane (2002), nos seus estudos, consideraram que existem quatro variáveis fundamentais para explicar este fenómeno, sendo eles a disponibilidade de capital de risco na área

Figura 8 - “Conjunturas críticas” no processo de desenvolvimento das empresas spin-offs académicas Fonte: Adaptado de Vohora et al. (2004:152)

(D) Retornos sustentáveis

Obtenção de retornos

sustentáveis Gerar receitas para a empresa spin-off se mantenha ativa

Constante reconfiguração dos seus recursos fracos, capacidades inadequadas

e responsabilidades sociais (C) Credibilidade

Obtenção de financiamento Dificuldade para obter os recursos necessários às operações de

comercialização

Gerar credibilidade e ultrapassar as dificuldades para atrair clientes e estabelecer acordos com parceiros (B) Compromisso empresarial

Envolvimento e compromisso

a tempo integral Deficiências no capital humano Superar as dificuldades em gerir o tempo e o medo em comercializar as suas invenções

e a falta de experiência (A) Reconhecimento da oportunidade

Interface entre a fase da pesquisa e enquadramento

da opotunidade

Conhecimento de Mercado insuficiente e expectativas de

lucros irreais

Adequirir habilidade em sintetizar conhecimento cientifico numa oportunidade

comercial

CONJUNTURA CRITICA CONFLITO MEDIDA DE SUPERAÇÃO DO

CONFLITO

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15 universitária, a confiança na pesquisa e desenvolvimento universitário, a eminencia intelectual e as políticas universitárias. Cada universidade possui os seus próprios critérios na seleção e nos sistemas de apoio que faculta às empresas spin-offs académicas, no entanto, para além deste apoio, os empreendedores para desenvolver e lançar a sua ideia podem obter recursos financeiros fornecidos pelo governo. Nos apoios mais valorizados pelos empreendedores destaca-se a informação atualizada do mercado, programas de formação especializados, subsídios para a instalação e o arranque, instalações e equipamentos a preços reduzidos (Ferreira et al., 2010;

Parreira et al., 2011).

Em Portugal, existem diferentes organizações dedicadas ao apoio às empresas spin-offs académicas, entre elas pode-se destacar a universidade (nomeadamente através dos seus Gabinetes de Apoio ao Empreendedorismo e à Propriedade Intelectual), os centros de incubação e incubadoras e os aceleradores. Este apoio é essencialmente importante nos primeiros anos de funcionamento de uma empresa (IAPMEI, 2016).

Os principais apoios disponibilizados pelas incubadoras são o apoio empresarial, partilha de serviços de escritório, acesso a capital, redes de negócio, serviços de consultoria, programas de transferência tecnológica, emprego de estudantes, transferência de imagem e prestígio da universidade, formação dos empreendedores, serviços de biblioteca, acesso a laboratórios, oficinas e equipamentos relacionados com a atividade de I&D (Grimaldi e Grandi, 2005 citado por Alves 2010:29).

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16

4. Metodologia

Considerando o objetivo deste trabalho, a análise empírica do empreendedorismo académico, será realizada através da análise das empresas spin-offs académicas criadas nas principais universidades portuguesas entre 2005 e 2015.

De uma forma mais concreta, serão analisadas as empresas spin-offs académicas criadas nas seis principais universidades portuguesas de acordo com o ranking Webometrics Ranking of World Universities (Universidade de Aveiro; Universidade de Coimbra; Universidade de Lisboa;

Universidade do Minho; Universidade Nova de Lisboa e Universidade do Porto).

Apesar das sucessivas insistências, não foi possível recolher os dados relativamente às empresas spin-offs académicas da Universidade Nova de Lisboa, o que fez com que a mesma fosse excluída desta análise e tratamento de dados, sendo assim a amostra constituída apenas pelas cinco restantes universidades.

Este estudo comparativo terá o intuito de analisar o número de empresas spin-offs académicas criadas em cada uma das cinco universidades, analisando os setores de atividades predominantes, analisar a localização destas empresas face à universidade de origem, analisar as taxas de mortalidade e maios especificamente as taxas de mortalidade por setor de atividade, aplicabilidade e a relevância crescente que o empreendedorismo académico tem assumido na consolidação ou melhoraria de projetos já existentes, mas fundamentalmente, no impulso à criação de novas empresas fruto de ideias desenvolvidas dentro das universidades, desencadeia a seguinte questão de investigação: “Quais as universidades portuguesas que criam maior número de empresas spin- offs académicas e porquê?”

De modo complementar foi realizado um questionário detalhado aos promotores das empresas spin-offs académicas registadas, no período em análise, na Universidade de Aveiro, na Universidade do Minho e na Universidade do Porto. Neste estudo de caso foram analisadas as características da equipa de promotores das empresas spin-offs académicas, do processo de transferência da tecnologia da universidade de origem, da estratégia e do modelo de negócio adotado por estas empresas.

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5. Estudo Comparativo das empresas spin-offs

académicas portuguesas criadas entre 2005 e 2015

Universidades

Tendo por base a distinção feita pelo ranking Webometrics Ranking of World Universities, o estudo comparativo das empresas spin-offs académicas portuguesas, incidirá numa amostra constituída pelas empresas spin-offs registadas nas cinco principais universidades portuguesas:

Universidade de Aveiro; Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa, Universidade do Minho e Universidade do Porto.

Universidade de Aveiro

A Universidade de Aveiro foi fundada em 1973 e é frequentada por cerca de 15.000 estudantes em programas de graduação e pós-graduação (Universidade de Aveiro, s.d.).

A sua principal missão prende-se com a intervenção e desenvolvimento da formação graduada e pós-graduada, a investigação e a cooperação com a sociedade. A Universidade de Aveiro apoia os seus investigadores através do seu Instituto de Apoio à Pesquisa (GAI), da Unidade de Transferência de Tecnologia da Universidade de Aveiro (UATEC) e da Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) (Universidade de Aveiro, s.d.).

O Instituto de Apoio à Pesquisa (GAI) auxilia o desenvolvimento e a implementação dos projetos de investigação dos seus investigadores, promovendo um contacto mais próximo com os investigadores fornecendo-lhe ferramentas para este desenvolvimento e implementação dos seus projetos (Universidade de Aveiro, s.d.).

A UATEC, constituída em 2006, presta serviços de apoio e é responsável pela execução e gestão de projetos financiados, de forma a consolidar as suas 4 áreas de intervenção. A missão da UATEC é apoiar a Universidade de Aveiro no seu objetivo de ser um centro de excelência nacional de criação, divulgação e transferência de conhecimento (Universidade de Aveiro, s.d.).

A IEUA, fundada em 1996, é uma plataforma atrativa que apoia os seus empreendedores através do desenvolvimento de atividades em rede que permitem a conversão do conhecimento em valor económico. A IEUA oferece um programa de incubação (IEUA Start) e um programa de aceleração de empresas (IEUA Graduate), permitindo que os empreendedores se foquem na concretização da sua proposta de valor e na introdução dos seus produtos e serviços no mercado. A IEUA oferece serviços de acompanhamento na gestão operacional do negócio, apoio no contacto com investigadores e entidades financeiras, apoio na constituição da empresa e no início da atividade, apoio a candidaturas de iniciativas de empreendedorismo e inovação, entre outros (Universidade de Aveiro, s.d.).

Referências

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