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PROJETO ARQUITETÔNICO DE ESCOLA DE ENSINO INFANTIL:

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Academic year: 2021

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PROJETO ARQUITETÔNICO DE ESCOLA DE ENSINO INFANTIL:

experimentações projetuais pela ótica da sustentabilidade

Ana Carolina Vaz Penafort1; Ana Kláudia de Almeida Viana Perdigão2

Resumo

O exercício projetual de uma escola de ensino infantil procura atender a demanda por espaços construídos menos nocivos (impactantes) ao meio natural e que possam oferecer ao aluno e à comunidade a possibilidade de prática da educação ambiental. Após discussão dos conceitos de sustentabilidade na arquitetura, quatro projetos arquitetônicos são analisados do ponto de vista da sustentabilidade, seguidos da análise de duas escolas, tanto pela ótica da sustentabilidade quanto por conceitos e análises de configuração formal, a fim de oferecer subsídios para o projeto. A analogia cria métodos de geração de formas arquitetônicas que contribuem com a prática projetual, organizando e dando sentido ao repertório formal e informal na busca de soluções espaciais pertinentes. A sistematização do processo projetual busca destacar de maneira mais efetiva o meio natural como requisito obrigatório de projeto.

Palavras-chave: Projeto de escola, processo projetual, sustentabilidade.

Introdução

A atualidade está marcada por grande quantidade e diversidade de problemas sócio- ambientais, ligados aos padrões de produção e consumo insustentáveis do modelo de desenvolvimento atual (CARVALHO, 2005). Dentro deste contexto surgem os conceitos de sustentabilidade que objetivam oferecer soluções para estas problemáticas, revertendo e evitando o surgimento de novas degradações.

Nesta realidade faz-se necessária a adoção de práticas que insiram a produção arquitetônica na elaboração de novas estratégias, promovendo arranjos espaciais capazes de manter a gestão adequada dos processos ecológicos (sustentabilidade ambiental) e a oferta indiscriminada de seus serviços à população (sustentabilidade social) (DEMANTOVA, 2007).

A arquitetura, como solucionadora de necessidades humanas através de modificações de espaços, também necessita atender as necessidades ambientais geradas destas modificações espaciais, diminuindo os impactos ambientais causados e encaixando-se nos conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade.

Objetiva-se atender a demanda por ambientes construídos menos invasivos ao meio natural através da proposição de espaços escolares que possam oferecer ao aluno e a comunidade em geral a prática da educação ambiental, buscando assim disseminar diretrizes de sustentabilidade por meio do ambiente construído.

Materiais e Métodos

O trabalho centra-se no método do projeto arquitetônico através das etapas: 1) Inicia com a fundamentação teórica sobre os conceitos de sustentabilidade e educação ambiental a partir de relatórios e trabalhos teóricos; e também sobre a sustentabilidade na produção arquitetônica. 2) Análise de quatro projetos nacionais buscando diretrizes de sustentabilidade (COSTA, 2008) explicitando a maneira como estes atendem aos quatro aspectos da sustentabilidade – social, cultural, econômico e ambiental. 3) A análise gerou requisitos espaciais analisados em duas escolas referentes a) aos elementos de sustentabilidade ligados a inserção de tecnologias, b) à integração ao entorno e c) à valorização cultural e social. 4) Elaboração de princípios e diretrizes de sustentabilidade e identificando conceitos relativos à configuração formal do objeto arquitetônico colocados por Reis (2002). 5) Uso de analogias (MAHFUZ, 1995) na organização e seleção de repertório formal e informal, entre projetos escolares e manifestações construtivas informais de regiões pouco urbanizadas de Belém, Pará, e na criação de requisitos programáticos para proposição arquitetônica. 6) Ante-projeto de arquitetura projeto arquitetônico de escola de ensino infantil em Belém (PA).

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Resultados e Discussão

Buscando diretrizes de sustentabilidade (COSTA,2008), as análises de quatro exemplares arquitetônicos nacionais, de projetos essencialmente tecnológicos até àqueles que buscam a adequação ambiental e cultural: Centro de Pesquisas da Petrobrás Zanettini Arquitetura S.A., com co-autoria do arquiteto José Wagner Garcia (Rio de Janeiro), residência em Pouso Alto, dos Arquitetos Tânia Parma e Newton Massafumi (São Paulo), a Aldeia SOS, do arquiteto Severiano Porto (Amazonas) e o Favela Bairro, do arquiteto Mario Jauregui (Rio de Janeiro) identificou-se os pontos em comum nos projetos que procuram atender os aspectos da sustentabilidade, através de três elementos definidos pela autora: inserção de tecnologias, integração ao entorno e valorização cultural.

Figura 01: Posicionamento dos projetos em relação à ênfase dada.

A fim de acrescentar especificidades de espaços de ensino, principalmente infantis, nos requisitos programáticos, foram analisadas duas escolas: Frei Pacífico, das arquitetas Vivian Ecker e Nauíra Zanardo Zanin com participação do NORIE – Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Viamão, Rio Grande do Sul, Brasil) e Handmade School, dos arquitetos Anna Heringer e Eike Roswag (Rudrapur, Bangladesh, Índia). Algumas soluções formais adotadas nas escolas analisadas estabeleceram referências formais à valorização da cultura local, integração com o meio natural e ludicidade, conceitos buscados neste, as quais foram tomadas como referência: aberturas dispostas em grupamentos, ritmo à fachada com elementos repetitivos, formas regulares dos blocos, configuração linear de circulação centralizando os espaços de convivência e circulação integrada ao meio natural, texturas e materiais que conferem rusticidade, utilização de cores vibrantes e quantidade reduzida de elementos heterogêneos.

Decisões projetuais como aspectos programáticos, setorização e implantação no terreno além de aspectos formais também foram embasadas nas análises de referências e analogias oriundas destas, como um processo de interpretação e adaptação de precedentes (MAHFUZ, 1984). Estas soluções atendem a pontos como a valorização do meio natural e de aspectos culturais e sociais das comunidades atendidas. Neste projeto, as analogias realizadas com o repertório existente fazem parte dos métodos de geração formal normativo e tipológico.

Figura 02: Circulações externas às construções em palafitas e coberturas de “meia” água.

Figura 03: Aberturas retangulares dispostas de maneira regula e utilização da madeira das mais diversas formas, inclusive, decorativas.

O projeto, que abrange berçário, pré-escola e alfabetização e tem como diferencial a ênfase dada à educação ambiental. Busca proporcionar um edifício que ofereça uma utilização dos recursos naturais de maneira racional e eficiente, com menor impacto aos ecossistemas locais; criar condições espaciais para a prática de atitudes sustentáveis no cotidiano dos usuários; e valorizar o modo de construir local através da adoção de elementos arquitetônicos particulares do mesmo, a fim de promover maior identificação da construção com os usuários, sem perder a identificação com o público infantil.

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Para dispor os setores da escola no terreno, foram tomadas como base normas do PDU (Plano Diretor Urbano) do Município de Belém - Lei Nº 8.655, de 30 de julho de 2008, Lei das Edificações – Lei Nº 7.400, de 25 de janeiro de 1988, princípios de conforto ambiental, métodos de geração de formas arquitetônicas segundo Mahfuz (1984).

O método normativo (MAHFUZ, 1984) explicitou as áreas que são passíveis de construção, uma vez que o terreno apresenta uma grande quantidade de árvores de médio e grande porte distribuídas de maneira aleatória, visto que auxilia na geração das mesmas através de princípios reguladores, sendo que o sistema de “malha” constitui um sistema de representação que estabelece hierarquia clara entre os espaços principais, circulação e espaços auxiliares, oferecendo ordem à disposição dos setores. A área passível de construção foi definida de acordo com o PDU e com a área da circunferência que circunda o tronco das árvores de médio e grande porte – a fim de não influenciar negativamente no crescimento e desenvolvimento das árvores. A malha foi adicionada para definir espaços geométricos viáveis de construção e auxiliar na setorização.

Figura 04: Área delimitada pelo PDU, esquema de localização das árvores de grande e médio porte no terreno e malha resultante da arborização do terreno (em verde).

Seguindo o método tipológico (MAHFUZ, 1984), elementos recorrentes nos projetos de espaços escolares como espaços para “receber” e “acolher” os usuários, como pátios e praças; a hierarquização dos acessos, separando os acessos do pátio coberto – que também será usado pela comunidade em geral - e do restante da escola e disposição dos setores em torno dos espaços de recreação foram utilizados.

Os requisitos programáticos foram elaborados de acordo com recomendações do MEC, no que se refere aos “Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil e Subsídios para Elaboração de Projetos e Adequação de Edificações Escolares” e pesquisa programática nos projetos analisados.

O partido arquitetônico adotado define blocos distintos interligados por passarelas cobertas, assim distribuídos: Administração, Educação, Recreação e Serviços. As passarelas adotam coberturas de “meia” água, estrutura predominante em aço e destaque a madeira e a cores vibrantes. A distribuição dos blocos acima do nível do terreno permite pouca intervenção no solo onde os mesmos serão implantados, além de facilitar a circulação dos ventos provenientes do leste e nordeste. A circulação de pessoas nas passarelas suspensas do solo é feita tal como nas palafitas, comum na região amazônica, dispostas entre a vegetação para preservar o máximo possível, criando um ambiente familiar aos usuários e destacando a importância de uma concepção arquitetônica com referências locais, às referências tipológicas da Amazônia integrando-se na atual produção contemporânea de arquitetura.

A definição da linguagem das palafitas como referência às proposições foi executada pela composição visual estruturada numa determinada ordem de concepção arquitetônica, estabelecida por fatores de coerência formal que determinam as relações entre os elementos compositivos e entre esse e o todo, relações essas mencionadas por Reis (2002).

Figura 05: Estudos compositivos com referências nas construções vernaculares e de regiões pouco urbanizadas da cidade de Belém, Pará.

Os materiais e estrutura foram escolhidos de acordo com a influência da sua retirada do meio natural, beneficiamento, produção, manutenção e descarte. Tecnologias como composteiras, sistemas de captação, filtragem e armazenamento de águas pluviais e canteiros

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bio-séptico foram utilizadas para captar recursos que o meio natural oferece e exemplificar soluções para comunidades que não tem acesso a saneamento de qualidade.

A redução da climatização artificial e otimização da ventilação cruzada nos blocos, orientou-se a maior fachada para leste (predominância dos ventos), posicionando as aberturas em alturas estratégicas para retirada do ar quente retido abaixo da cobertura, oriundo das atividades realizadas nas salas, de alguns aparelhos eletro-eletrônicos e da própria radiação solar. Adotou-se também a proteção à radiação solar nas paredes, principalmente as voltadas para leste e oeste, com painéis de madeira, brises e beirais.

Figura 06: Planta Baixa situando os blocos entre a vegetação.

Figura 07: Fachada principal e vistas do Recreio Coberto.

Figura 08: Fachadas leste, oeste e corredor.

Conclusão

O exercício projetual arquitetônico mostrou que a oferta de soluções para os problemas ambientais criados com a materialização da arquitetura deve estar presente desde a fase de concepção, durante o uso e até mesmo no descarte da construção, tornando o espaço um facilitador do alcance a sustentabilidade: é necessário unir a sistemática da prática projetual com a busca de soluções para os impactos ambientais causados. As experimentações projetuais realizadas também contribuíram para tornar claro o funcionamento desta sistemática, colaborando com bases projetuais consistentes utilizadas no exercício da arquitetura como profissão, norteando decisões não-arbitrárias.

A base teórica do processo projetual contribuiu para o alcance de um modo particular de pensar o projeto de maneira lógica e racional, transformando-se em proposta espacial conforme a realidade se apresenta – legislações, condicionantes ambientais, sociais e programáticos, entorno -, além da consciência e respeito às referências locais de produção do ambiente construído na Amazônia e às possibilidades de marcar o cenário contemporâneo da arquitetura ao apoiar novas soluções de projeto.

Referências

CARVALHO, Cláudio Elias, FADIGAS, Eliane A. Amaral, REIS, Lineu Belico dos. Energia, Recursos Naturais e a Prática do Desenvolvimento Sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005.

COSTA, Suerda Campos da, SCOCUGLIA, Jovanka Baracuhy. Diretrizes de sustentabilidade na arquitetura percepções e usos na cidade de Natal. Disponível em:

<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.098/127>

Julho, 2008. Acesso em: Fevereiro, 2010.

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DEMANTOVA, Graziella Cristina, RUTKOWSKI, Emília Wanda. A sustentabilidade urbana: simbiose necessária entre a sustentabilidade ambiental e a sustentabilidade social. Disponível em: <

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.088/210> Setembro, 2007. Acesso em: Maio, 2011.

MAHFUZ, Edson da Cunha. Nada Provém do Nada. Revista Projeto, São Paulo, n.69, p. 89-95, 1984.

________. Ensaio Sobre a Razão Compositiva. Revista Projeto, UFV/AP, 1995.

REIS, Antônio T. Repertório, Análise e Síntese: uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre, RS: Editora da UFRGS, 2002. 231 p.

1 Estudante. FAU - UFPA. E-mail; carolina_penafort@yahoo.com.br

2 Professora Orientadora. FAU - UFPA. E-mail; klaudia@ufpa.br

Referências

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