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O entorno e o seu Arcabouço Legal:

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Academic year: 2021

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(1)

A nova compreensão do entorno dos bens tombados no panorama nacional e

internacional ABRAMPA – RJ

SET/2012

(2)

O entorno e o seu Arcabouço Legal:

• CF, arts. 23, III; 24, VIII, e 216, V

• Art. 18 do DL 25/37

• Lei 7347/85 – responsabilidade civil por danos a bens de valor estético ou

paisagístico

• Lei 10.257/01 - proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e

construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico (art. 2º, inc. XII)

(3)

Decisão Normativa n. 83 , de 26/09/08, do CONFEA

ENTORNO é o "espaço, área delimitada,

de extensão variável, adjacente a uma

edificação, um bem tombado ou em

processo de tombamento, mas

reconhecido pelo significado às gerações

presentes e futuras pelo poder público

em seus diversos níveis por meio de

mecanismos legais de preservação".

(4)

Definição e função da zona de entorno ou envoltória:

Funciona como um diafragma

Cumpre função amortizadora e de complemento

Caracteriza uma tutela indireta ao bem cultural

Parte do princípio de que não se protege somente o bem cultural em si, mas a

impressão que ele causa à vizinhança

Envolve uma técnica de proteção que atua na visibilidade, perspectiva, iluminação,

emolduração ambiental e ornamentação da inteireza do complexo monumental.

(5)

Pautas para preservação da ambiência

a) Adequada relação nas alturas

b) Valorização nos novos edifícios dos cheios e dos

vazios, das luzes e das sombras em harmonia com as linhas dominantes

c) Atendimento à largura e comprimento das vias de acesso, em função da sensação de grandeza ou intimidade que se pretenda obter;

d) Uso de materiais em consonância com o edifício

principal e seu entorno, inclusive no tocante à escolha das cores;

e) Valorização da vegetação como meio de recordar extintos volumes arquitetônicos ou como forma de qualificação e embelezamento de espaços vazios f) Percepção da dimensão humana – alma do lugar

(6)

CARTA DE XI’AN – 21/10/2005

• O entorno de uma edificação, um sítio ou uma área de patrimônio cultural se define como o meio característico seja de natureza reduzida ou extensa, que forma parte de - ou contribui para - seu significado e caráter peculiar.

• Mas, além dos aspectos físicos e visuais, o entorno supõe uma interação com o ambiente natural;

práticas sociais ou espirituais passadas ou presentes, costumes, conhecimentos tradicionais, usos ou atividades, e outros aspectos do patrimônio cultural intangível que criaram e formaram o espaço, assim como o contexto atual e dinâmico de natureza cultural, social e econômica

(7)

Justificativa para a definição e proteção de entorno:

• O entorno mantém uma relação essencial com o bem tombado, ampliando a sua legibilidade, sua

capacidade comunicativa

• O entorno pressupõe a ideia de que o patrimônio é bem mais do que a soma dos componentes isolados

• Os elementos do entorno ostentam uma relação servil em relação ao bem tombado

• A essência do monumento pode exigir que em sua vizinhança não se realizem construções e obras, em geral, gravemente contrastantes, tanto em seu

aspecto formal como estilístico ou em respeito ao significado histórico- artístico daquele monumento;

(8)

DECLARAÇÃO DE QUEBEC – 4/10/2008

Espírito do Lugar é o “conjunto de bens

materiais (sítios, paisagens, edificações,

objetos) e imateriais (memórias,

depoimentos orais, documentos escritos,

rituais, festivais, ofícios, técnicas, valores,

odores), físicos e espirituais, que dão

sentido, valor, emoção e mistério ao lugar”.

(9)

Entorno no Direito Comparado:

• Sobretudo na Europa, é possível afirmar que, da noção de monumento isolado, evoluiu-se para o conceito de ambiência

• ampliação na conflituosidade entre a

preservação do meio ambiente cultural e o

direito de propriedade

(10)

PORTUGAL:

• Para todos os imóveis “classificados” há uma zona de proteção, qualificada como servidão administrativa, que, em princípio, abrange uma extensão de 50m, contados a partir dos limites exteriores do imóvel...

• Essa zona geral de proteção só subsiste enquanto não for criada, por portaria, uma zona especial, cuja definição cabe ao órgão do Governo

encarregado do patrimônio cultural.

• Nas zonas especiais pode estar prevista uma área non aedificandi.

• Art. 43 da Lei n. 107/2001

(11)

ITÁLIA

• Prevê a emissão de um decreto ministerial para estabelecer a extensão e classificação da zona que se considera constituir a

„envolvente ambiental‟ do bem protegido

• Não há qualquer metragem prevista como poligonal mínima

• A extensão da zona deve se ater às singulares características que conformam as razões do vínculo indireto

• O decreto que define a zona de entorno não é considerado ato

administrativo singular, dirigido somente a um sujeito individualizado ab origine: mas é ato administrativo de efeitos gerais que decorre das condições objetivas do bem sem ter em conta uma direta

consideração com o sujeito proprietário.

(12)

Aspectos destacados na jurisprudência italiana para

validação das áreas de proteção:

a) limitar-se ao estritamente necessário para atender, no caso concreto, às exigências de conservação;

b) estar circunstanciada e tecnicamente fundamentada

c) ater-se a obrigações negativas (tais como limites de distância ou de altura dos edifícios;

obrigação de não edificar em determinada porção do território), ou seja, não podem ser incluídos, dentre os gravames, obrigações de fazer algo, de índole positiva

(13)

FRANÇA

• Definição pontual de um perímetro de 500m – em casos excepcionais esse perímetro pode ser ampliado via Decreto do Conselho de Estado (ex. Versailles possui raio de proteção de 5 Km !)

• Ou sob a proteção global das chamadas zonas de proteção do patrimônio arquitetônico, urbano e paisagístico (ZPPAUP)

• A zona de entorno é classificada como servidão de utilidade para proteção das bordas dos monumentos dominada pelo imóvel classificado como de valor cultural

• A proteção impõe prévia licença para novas construções, demolições supressões de vegetação, transformações ou modificações que venham a afetar o aspecto da área

(14)

ESPANHA

• Somente bem declarado como BIC terá proteção ao entorno

• O entorno será definido em procedimento concomitante com o de reconhecimento como BIC e passará a integrar, ele próprio, o patrimônio cultural espanhol

• O entorno é definido caso a caso, em função

das exigências concretas de proteção a um

bem cultural e às condições materiais e

imateriais de proteção do meio onde ele se

situa

(15)

Entorno na Jurisprudência brasileira:

• Oscila entre o critério ótico e o de ambiência

• Não há uma definição clara do conceito de vizinhança a que se refere o art. 18 do DL 25/37

• Negativa do direito à indenização em face da limitação administrativa ao direito de

propriedade

• Há precedentes reconhecendo área de

entorno mesmo para bens inventariados

(16)

Critério ótico

• “Edificação no entorno de prédio de preservação cultural.

Construção executada em desconformidade com o projeto aprovado. Irregularidades situadas dentro dos limites da legislação municipal. Ausência de prejuízo ao prédio de preservação cultural demonstrada pela perícia. retificação do projeto. possibilidade. comprovado pela perícia que a execução da edificação em desconformidade com o projeto, apenas em relação a dois aspectos fundamentais, inclinação do telhado e construção de muro acima da cortina de concreto, na divisa dos fundos e após o prédio de preservação cultural, sem causar a este danos de qualquer natureza, especialmente, no que pertine à redução ou impedimento de sua visibilidade”

(TJ/RS, Apel. Cível n. 595193632, Rel. Des. Salvador Vizzotto.

J. em 23/10/96)

(17)

Critério ambiental

“Ora, a regra contida no art. 18 do DL 25/37, acima transcrito, não visa apenas a evitar que a construção prejudique a visibilidade do bem bem, mas também a preservar a harmonia e a estética da obra tombada, que integram indiscutivelmente o seu valor, mormente por se tratar de um patrimônio coletivo” (TRF4, Apel. Cível n. 2003.72.01.000676-6/SC, Rel. Des. Fed. Edgard Lippman Jr.).

“Considerando que se trata de monumento histórico, o conceito de visibilidade que a lei consagra, tem um sentido mais amplo , porque envolve outros aspectos além da simples visibilidade física. A visibilidade, em se tratando de monumento histórico ou artístico é coisa bem diferente da simples visibilidade de qualquer edifício desprovido daquelas características especiais. (...) A mim me parece que um pórtico de ginástica em frente a fachada de um monumento prejudica a respeitabilidade de seu aspecto venerável, mesmo que não lhe impeça de todo a visão material” (Trib. Especial de Recursos, Rel. Min. JJ. De Queiroz, j. em 5/12/52)

(18)

Art. 63 da LEI 9605/98

• “Assim, ao contrário do quanto aduzido nas razões de impetração, vislumbro a presença de elementos suficientes a indicar a existência da infração, em tese, perpetrada, tendo em vista que a conduta descrita na peça incoativa - edificar em discrepância com a aprovação do órgão técnico federal, em face da especial situação do imóvel (em área de entorno de bem tombado) - encontra correlação com o tipo penal previsto no artigo 63 da Lei 9.605/1998, verbis:

• Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

• Pena - reclusão, de um a três anos, e multa” (TRF4, HC Nº 0025628-90.2010.404.0000/RS )

(19)

CONCLUSÕES

• Não configurando um fim em si mesmo, o entorno é um aliado a mais na compreensão do bem cultural tombado, conferindo coerência entre o bem protegido e a ambiência que o envolve, ampliando a legibilidade que dele se faz e a eloquência do testemunho que ele pode prestar.

• Considerando a amplitude que a noção de entorno vem adquirindo na arquitetura impõe-se ao Direito avançar com vistas a outorgar densidade material a essa ferramenta imprescindível na tutela do meio ambiente cultural.

(20)

CONCLUSÕES

• O trabalho técnico voltado à definição da poligonal do entorno há de ser realizado, preferencialmente, por equipe transdisciplinar, tendo em conta a multiplicidade de valores envolvidos, sobretudo aqueles relacionados à alma do lugar.

• O regime jurídico dos bens imóveis situados no entorno do bem tombado insere-se no amplo espectro das limitações administrativas ao direito de propriedade, modulando esse direito de acordo com as finalidades públicas .

(21)

Obrigada !

ana_marchesan@mp.rs.gov.br

Igreja Matriz de Rio Pardo - RS

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