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A EFICÁCIA DA DINAMOMETRIA NA AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR DE DIABÉTICOS EM RELAÇÃO AO TESTE DE FORÇA MANUAL

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Academic year: 2022

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A EFICÁCIA DA DINAMOMETRIA NA AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR DE DIABÉTICOS EM  RELAÇÃO AO TESTE DE FORÇA MANUAL 

 

Nathalia Ulices Savian¹, Alessandra Madia Mantovani¹, Andressa Carvalho Visconde², Alessandra  Kelly de Oliveira², Elisa Bizetti Pelai³, Priscila Pagotto³, Edna Maria Carmo4, Cristina Elena Prado  Teles Fregonesi4 

 

¹ Aluna de Pós‐Graduação Strictu sensu de Fisioterapia Geral da FCT/UNESP, Presidente Prudente, SP. 2 Aluna de  Graduação de Fisioterapia da FCT/UNESP, Presidente Prudente, SP. Alunas de Pós‐Graduação Latu sensu de  Fisioterapia da FCT/UNESP, Presidente Prudente, SP. Profa. Dra. do Departamento de Fisioterapia da FCT/UNESP,  Presidente Prudente, SP. 

   

RESUMO 

O objetivo do estudo foi comparar a FM de plantiflexores e dorsiflexores do tornozelo em  neuropatas, por teste manual e dinamometria. Método: A pesquisa contou com 45 sujeitos: GC,  grupo controle (n=20) e GD, grupo diabético (n=25). Foi realizado o teste manual, que possui  graduação de 0‐5 seguido do teste por dinamometria. A estatística foi realizada por teste de  Kolmogorov‐Smirnov e análise de variância paramétrica e não paramétrica. Utilizou‐se o teste de  Tukey como pós‐teste, com 5% de significância. Resultados: O GC (63,5±6,3 anos – 17 mulheres e  8 homens) obteve nível 5 em todos os testes de FM manual, já o GD (64,9±6,5 anos – 13 mulheres  e 7 homens) obteve 4,2±0,9. Na dinamometria a força do membro não dominante resultante no  GC e GD foi, respectivamente, plantiflexão = 23,4±10,3 kg; dorsiflexão = 10,8±5,7 kg e plantiflexão 

= 15,7±8,6 kg; dorsiflexão = 6,7±3,7 kg. Após comparação entre GC e GD, obteve‐se, para os  movimentos de PF e DF, os respectivos p‐valores 0,0104 e 0,0076. O teste de FM manual não foi  sensível  aos  déficits  de  FM  em  diabéticos  nos  movimentos  dos  tornozelos  comparado  à  dinamometria.  

Palavras‐chave: força muscular; métodos de avaliação; diabetes mellitus. 

   

INTRODUÇÃO  

  A força muscular é a habilidade que um grupo muscular possui de exercer tensão através  de um esforço voluntário, isto é, a capacidade do tecido muscular em gerar tensão de forma ativa. 

Para  essa  finalidade,  os  músculos  devem  se  contrair  seja  para  realizar  um  movimento  ou  simplesmente para manter os ossos alinhados visando o equilíbrio postural. Este conceito ocupa  um importante lugar no conhecimento cinesiológico, tanto no campo avaliativo como terapêutico  (MARQUES, 2009; SAPEGA, 1990).   

  Em um âmbito geral, a necessidade de avaliação da força muscular ocorre, entre outros  fatores, porque a quantidade de força exercida por determinado músculo reflete diretamente em  seu desempenho motor global, uma vez que a atrofia e a fraqueza muscular podem estar  associadas aos déficits de equilíbrio e coordenação motora (CARVALHO E SOARES, 2009; Shumway  e Woollacott, 2006). 

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  Nesse sentido, a avaliação da força muscular torna‐se importante também para selecionar  melhores  condutas  de  tratamento  e  acompanhar  a  progressão  clinica  de  indivíduos  com  enfermidades,  por  exemplo  o  diabetes  mellitus,  que  pode  levar  à  fraqueza  muscular  e  consequentemente a desequilíbrios corporais. 

  Em  pesquisas  laboratoriais,  medidas  de  força  podem  ser  realizadas  através  de  dinamômetros isométricos ou células de carga, sendo métodos válidos e confiáveis. Este método  mostrou‐se  eficaz  à  utilização  clínica,  por  ser  rápido  e  facilmente  oferecer  uma  avaliação  quantitativa da força de sujeitos com perturbações neurogênicas periféricas (KILMER et al., 1997). 

O teste muscular é fundamental no exame físico a fim de contribuir para o diagnóstico diferencial  no prognóstico e tratamento de distúrbios neuromusculares (KENDALL, et al., 2007) 

As provas de função muscular têm a finalidade de avaliar o grau de força muscular, sua  exploração cuidadosa e o registro correto auxiliam na detecção precoce das lesões nervosas  periféricas, útil para o diagnóstico e para indicar um programa adequado de exercícios.  

Na clínica, é muito comum utilizar testes manuais de força muscular, por serem de simples  e rápida aplicação. Contudo, cientificamente, tais testes apresentam baixa confiabilidade, uma vez  que dependem do avaliador e não conseguem detectar pequenas alterações da força, por serem  classificados com variáveis discretas.  

 

OBJETIVO  

  Objetivo do estudo foi comparar a força muscular de plantiflexores e dorsiflexores do  tornozelo em neuropatas, por teste manual e dinamometria. 

Metodologia 

  Foi desenvolvido no Laboratório de Estudos Clínicos em Fisioterapia da FCT/UNESP e  aprovado pelo comitê de ética local (processo nº: 36/2009). Contou com 45 sujeitos divididos em  dois grupos: GC, grupo controle com 20 indivíduos e GD, grupo diabético com 25 indivíduos. 

  Os critérios de inclusão para o GC foram:  ‐ ausência de diagnóstico médico, diabetes  mellitus, sedentários ou fisicamente ativos, porém não atletas; ter sensibilidade somatossensitiva  podálica preservado, ou seja, responder à até 2,0g de pressão no teste de sensibilidade (BRASIL,  2008a; BRASIL, 2008). E para o GD foram: DM confirmado por diagnóstico médico e suspeita de  neuropatia periférica; sedentários ou fisicamente ativos, porém não atletas; perda sensitiva no  dermátomo  dos  nervos  tibiais  e  fibulares  de  ambos  os  pés  confirmadas  pelo  teste  de  estesiometria apresentando sensibilidade apenas aos monofilamentos maiores ou igual a 10g de  pressão ou anestesia, em pelo menos um ponto (BRASIL, 2008). 

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  Foram utilizados como critérios de exclusão: presença de úlceras plantares na ocasião de  realização  dos  testes,  amputação  de  membros  inferiores,  diagnóstico  de  outra  doença  neurológica,  ter  déficit  visual  ou  vestibular  importante  e  não‐corrigido  e  incapacidade  de  compreensão para realização dos testes. 

  Os dois grupos passaram pelas mesmas avaliações, inicialmente foram coletados os dados  pessoais dos participantes, posteriormente realizou‐se o teste de força manual dos dorsiflexores e  plantiflexores, o qual possui graduação de zero a 5 pontos indicando mínimo e máximo de força  respectivamente. (KENDAL, 2007). Seguido pelo teste de força muscular por dinamometria, com  dinamômetro digital isométrico (DD‐300, INSTRUTHERM®), adaptado a um equipamento (pequena  mesa  de  dois  andares)  idealizado  e  confeccionado  no  Laboratório  de  Estudos  Clínicos  em  Fisioterapia (LECFisio) da FCT/UNESP.  (CAMARGO et al, 2009) 

  A  estatística  foi  realizada  por  teste  de  Kolmogorov‐Smirnov  e  análise  de  variância  paramétrica  e  não  paramétrica.  Utilizou‐se  o  teste  de  Tukey  como  pós‐teste,  com  5%  de  significância. 

 

RESULTADOS 

  O GC foi composto por 17 mulheres e 8 homens com idade media de 63,5±6,3 anos, já o  GD foi composto por 13 mulheres e 7 homens com idade média de 64,9±6,5 anos  obteve nível  médio de 4,2±0,9. 

  Para os testes de força muscular manual nas situações de dorsiflexão e plantiflexão nos  membros inferiores direito e esquerdo, obteve‐se em GC nível 5 classificado‐ o  como máximo. Já  no GD o nível obtido foi de 4,2±0,9 classificando‐ o de moderado à máximo. 

  Na  dinamometria  a  força  do  membro  não  dominante  resultante  no  GC  e  GD  foi,  respectivamente, plantiflexão = 23,4±10,3 kg; dorsiflexão = 10,8±5,7 kg e plantiflexão = 15,7±8,6  kg; dorsiflexão = 6,7±3,7 kg. Após comparação entre GC e GD, os dados apresentados mostraram‐

se significativos nos movimentos avaliados e os p‐valores são, respectivamente: platiflexão direita  igual a 0,0002, plantiflexão esquerda igual a 0,0104, dorsiflexão direita igual 0.0330 e dorsiflexão  esquerda igual 0.0076. 

 

DISCUSSÃO 

As manifestações sensório‐motoras crônicas são as mais comuns na neuropatia diabética,  sendo  que  as  sensoriais  aparecem  precocemente  e  são  mais  pronunciadas  nos  membros  inferiores, acometendo também, em casos mais severos, os dedos e as mãos (BOULTON et al., 

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2004). O acometimento dos nervos motores dos membros inferiores no indivíduo diabético  determina hipotrofia muscular, deformidades e pontos de pressão anormais; o comprometimento  dos nervos sensitivos manifesta‐se por distúrbios da sensibilidade nas extremidades podendo  chegar à anestesia alterações biomecânicas e zonas anômalas de descarga de peso tornando essa  população um grupo mais susceptível a lesões ulcerativas graves com grandes tendências de  infecções (BORGE et al., 2007, PORNUNCIÚLA et al., 2007). 

Segundo os dados analisados, foi possível confirmar a alteração de força muscular nos  indivíduos com diabetes, a qual se justifica pela hipotrofia muscular e sua associação com as  demais manifestações clinica. 

  Nesse sentido, é possível inferir que os testes de força manual mostraram‐se insensíveis  aos defictis de força muscular em indivíduos com diabetes nos movimentos de dorsiflexão e  plantiflexão. Isso pode ser justifica pela  dependência que o teste apresenta em relação ao  avaliador, sendo sua classificação subjetiva e relativa à percepção do mesmo. 

  De maneira oposta, os testes de força muscular pela dinamometria mostraram‐se eficaz na  detecção das alterações de força muscular nos indivíduos com alterações da sensibilidade e  motora (neuropatia periférica). Nesse sentido, a confiabilidade do teste permite melhor precisão  nas  avaliações,  assim  como na  busca por melhores  intervenções  permitindo  um  adequado  acompanhamento do quadro evolutivo dos indivíduos. 

Sabe‐se que o tratamento precoce é a única forma de prevenção da neuropatia periférica,  sendo necessária monitoração da sensibilidade e da força muscular, minimizando assim, a partir  de medidas profiláticas ou reparadoras do processo, a instalação de incapacidades (CORRÊA et al.,  2006).  

  CONCLUSÃO 

  O teste de FM manual, embora muito utilizado, neste estudo, não foi sensível aos déficits  de FM em diabéticos nos movimentos dos tornozelos comparado à dinamometria. Ainda, pode  indicar que déficits de FM não são detectados na rotina clínica. 

 

REFERÊNCIAS 

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE. Manual de prevenção de  incapacidade. 1.ed. Brasília, 2008a. 125p. 

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BRASIL.  MINISTÉRIO  DA  SAÚDE.  SECRETARIA  DE  POLÍTICAS  DE  SAÚDE.  DEPARTAMENTO  DE  ATENÇÃO BÁSICA. Guia para o Controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 

Camargo, M.R; et al. Dinamometria do grupo dorsiflexor do tornozelo: adaptação da técnica. 

Revista Eletrônica de Fisioterapia da FCT‐ UNESP. v.1, n.1 p.107‐123, 2009. 

Carvalho J, Soares JMC. Envelhecimento e força muscular – uma breve revisão. Rev Port Ciên  Desp. 2004; 4(3): 79‐93. 

Corrêa, C. M. de J.; IVO, M. L.M. HONER,R. Incapacidades em Sujeitos com Hanseníase em um  centro de referência do centro‐oeste Brasileiro entre 2000‐2002. hansen Int. v 31. n  2. p. 21‐8. 

2006.  

Kendall, F. P. Músculos: Provas e Funções. 5 ed. São Paulo: Manole, 2007. 528p. 

Kilmer, D. D.; MCCRORY, M. A.; WRIGHT, N. C.; ROSKO, R. A.; KIM, H. R.; AITKENS, S. G. Hand‐held  dynamometry in persons with neuropathic weakness. Arch Phys Med Rehabil 1997;78: 1364‐8. 

Marques MAC. A força. Alguns conceitos importantes. Lecturas EF y deportes. [periódico on line]. 

2002; 8(46). Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd46/forca.htm>. [2009 abr 09].  

Sapega, A. Muscle performance evaluation in orthopaedic practice. J Bone Joint Surg. 1990; 72  (10): 1562‐1574.  

Shumway‐Cook A, Woollacott MH. Controle Motor: Teoria e Aplicações Práticas. Barueri: Manole,  2003. 

   

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