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O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO E A COMPLEXIDADE DO MERCADO DE TRABALHO GLOBAL NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

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O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO E A COMPLEXIDADE DO MERCADO DE TRABALHO GLOBAL NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

INFORMATION PROFESSIONALS AND THE COMPLEXITY OF THE GLOBAL LABOR MARKET IN THE KNOWLEDGE SOCIETY

Francisco Carlos Paletta

- fcpaletta@gmail.com Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar resultados parciais de projeto de pesquisa conduzido no Observatório do Mercado de Trabalho em Informação e Documentaçao – CNPq, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. O objetivo do trabalho é analisar aspectos relacionados ao perfil do novo profissional da informação. Realiza um levantamento da literatura e discute-se as dimensões da informação no cenário globalizado e competitivo atual como característica inerente a toda ação organizacional, um elemento vital na produção da realidade social. A seguir destaca- se a formação do profissional da informação no campo das novas tecnologias e na disseminação da informação. Na conclusão aborda-se o ambiente organizacional e sua reestruturação sob a ótica da complexidade do mercado de trabalho global bem como apresenta-se uma reflexão sobre as novas competências informacionais do profissional da informação, as expectativas e exigências da organização em relação ao sucesso.

Palavras chave: Profissional da Informação. Competência Informacional. Inovação. Ciência.

Tecnologia. Mercado de Trabalho. Conhecimento

Abstract: This work aims to presents partial results on the research project conducted at the Observatory of the Labour Market in Information and Documentation, CNPq - School of Communications and Arts of the University of São Paulo. In this paper, we have chosen to focus on some aspects of the new profile of the information professionals. First, we discuss the dimensions of information in a current globalized and competitive scenario as a characteristic inherent in any organizational action, a vital element in the production of social reality. Secondly, we stress the skills of the information professionals in the field of new technologies and information distribution. Thirdly, we approach organizational environment and its restructuring under the complexity of the global labor market. Finally, we present our reflections on the new information professional skills and competencies with respect to the organization's expectations and demands concerning a successful performance.

Keywords: Information Professional. Information Literacy. Innovation. Science. Technology.

Labor Market . Knowledge.

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1 1INTRODUÇÃO

O valor estratégico da ciência, da tecnologia e da inovação afirmou-se como inquestionável. Avanços nesses campos funcionam como força motora das mais fundamentais dos países industrializados, respondendo também pela ampliação de sua riqueza. Nos últimos anos, países de industrialização recente, como Cingapura, China e Coréia do Sul, revolucionaram suas economias que se tornaram modernas e espantosamente dinâmicas. Por mais que tenham seguido trilhas particulares, não foi diferente, nos casos citados, o estímulo e difusão da cultura de valorização da informação, do conhecimento e da inovação tecnológica — condição indispensável, para disputar eficazmente melhores posições nos concorridos mercados globais.

Literacia informacional tem constituído, nos últimos anos, novo campo de pesquisa que interessa à educação, à ciência da informação e às ciências cognitivas. O desafio está em inicialmente aprender a utilização básica dos recursos tecnológicos - literacia digital - e a seguir apropriar-se dos mesmos para gerar novos conhecimentos - literacia informacional. No contexto da literacia informacional, os desafios são múltiplos: a dificuldade das bibliotecas universitárias, com suas coleções caríssimas, em concorrer com acervos digitais; as bibliotecas virtuais e os motores de busca oferecendo informações de forma imediata e a custo zero; a desconstrução do conceito de autor individual e a emergência dos coletivos digitais.

Os novos contornos da sociedade em rede têm constituído objeto de estudo e pesquisa para profissionais das mais diversas áreas de atuação, especialmente os profissionais da informação, que lidam com os desafios da gestão da informação nas suas dimensões científica, tecnológica, industrial, mercadológica, estratégica e mais recentemente social, Figura 01.

Figura 01 – Dimensões da Informação

Fonte: Autor

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O rápido e recente desenvolvimento de países emergentes alicerçados em uma cultura de valorização da informação e da inovação remete-nos à importância da educação como elemento de promoção do crescimento econômico, geração de riqueza e distribuição de renda. Em um cenário globalizando onde a informação passou a ter papel estratégico na definição de políticas de gestão com foco na vantagem competitiva das organizações, a área da ciência da informação tem papel estratégico para o desenvolvimento da competitividade do País, situação que exige propostas de formação profissional que atendam às demandas de formação profissional do mercado. Além de uma excelente formação humanística, cultural e técnica, as organizações necessitam de profissionais com habilidades e capacidade de gestão, criatividade, empreendedorismo, sustentabilidade, comunicação e liderança.

O advento da rápida obsolescência do conhecimento também reflete a necessidade de um profissional com uma visão holística, com habilidades gerenciais, metodológicas, culturais e sistêmicas. A competitividade global impõe um novo perfil de profissional, que tem como desafio equilibrar as habilidades de uma sólida formação acadêmica e técnica com a capacidade de gestão dos processos produtivos com foco na competitividade global onde a informação tem valor estratégico na tomada de decisão.

Um dos principais desafios da educação na área da ciência e tecnologia da informação, neste novo contexto, onde a tecnologia desempenha papel fundamental e decisivo na organização e gestão da informação bem como na produção de novos conhecimentos, torna-se imperativo desenvolver currículos que proporcionem uma formação alinhada com os desafios do mercado de trabalho global sem deixar de se preocupar com a formação cultural e humanística dos profissionais que atuam na área visando à formação de líderes que possam contribuir ativamente para com o desenvolvimento sustentável e geração de riqueza.

Fator relevante, que deve ser considerado pelas universidades em seus

programas, neste processo de formação de profissionais com competências

globalizadas, esta na construção de um corpo docente que contemple a

necessidade de mestres e doutores bem como profissionais que ocupem posições

ativas e estratégicas no mercado de trabalho, o que permite enriquecer o ambiente

acadêmico com novas experiências, tecnologias e tendências. As aulas, tanto

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teóricas quanto práticas devem fazer uso de modernos recursos computacionais que permitam a reprodução de ambiente de pesquisa, desenvolvimento e produção do setor produtivo e de pesquisa, levando o aluno e professor a vivenciar a realidade competitiva em que as organizações estão inseridas.

Para enfrentarmos a competitividade internacional, precisamos redimensionar o valor estratégico da informação e do conhecimento bem como compreender que ainda há um imenso trabalho a realizar em países em estágio de desenvolvimento, para que possam se aproximar de forma efetiva dos países que lideram a corrida do desenvolvimento social, econômico e de qualidade de vida de sua sociedade.

Podemos estabelecer uma conexão entre desenvolvimento tecnológico e crescimento econômico sustentável que são essenciais e envolvem muitas áreas de atuação. Dentre elas, uma que interessa sobremaneira, trata da modernização e internacionalização do atual modelo acadêmico. Não basta mais garantir a boa formação aos estudantes, é preciso desenvolver novas habilidades exigidas pelos mais diversos campos de trabalho global.

Nesse contexto de mudanças cada vez mais dinâmicas, o conhecimento torna-se obsoleto rapidamente. No caso da ciência da informação, vanguarda em relação a muitos campos do saber científico-tecnológico, não seria arriscado afirmar que metade do que se aprende na universidade estará superado após cinco anos. É preciso, então, pensar em uma qualificação holística, valorizando habilidades de gestão, comunicação, liderança, metodológicas, culturais, multidisciplinares e sistêmicas — todas destacadas na economia do conhecimento.

De acordo com Paletta (2012), para bem pensar hoje os desafios da educação, é preciso compreender e valorizar a complexidade do mundo contemporâneo. Além de uma competência técnica específica — no caso da ciência da informação absolutamente indispensável, a maioria das novas ou renovadas profissões exigirá a prática de inúmeras capacidades culturais. Educar o profissional da informação para o século XXI é equilibrar o binômio especialista – em sua dimensão técnica - versus generalista – de caráter multidisciplinar.

2 PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO E A GESTÃO DO CONHECIMENTO

Num mundo em que alcançar metas na sua plenitude dá a medida da

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sobrevivência de uma organização, manter-se orientado para o mercado cada vez mais globalizado, a despeito de todas as dificuldades conjunturais e estruturais, não é tarefa fácil. É preciso ter o futuro sempre como foco. É preciso dedicar-se a construir um projeto educacional inovador preparando o jovem profissional da informação a aceitar o desafio de explorar o caminho da inovação e do crescimento sustentável. As organizações com melhor desempenho são aquelas capazes de identificar oportunidades, tirar partido das mudanças, transformar ideias em realidade e obter os resultados que as colocam sempre à frente da concorrência, à frente de seu tempo.

Tendo em mente a importância vital do papel da informação e do conhecimento na definição das estratégias competitivas das organizações, estabelecer metodologias para a sua organização, gestão, acesso e uso é a ponte entre a ciência e a sociedade. A Educação neste campo do conhecimento deve estar alicerçada em três pilares: capacitação técnica, formação cultural e humanista, e responsabilidade ambiental para o desenvolvimento sustentável.

Como questão fundamental, os cursos de Ciência da Informação, que preparam estes novos profissionais da informação, devem desenvolver em seus projetos pedagógicos os princípios de desenvolvimento sustentável, olhando além do futuro imediato, com inovação e criatividade procurando soluções equilibradas entre as necessidades da sociedade e os efeitos sobre o meio ambiente. Ciência, informação e tecnologia estão fortemente interligadas e precisamos ter uma melhor compreensão de como gerenciar o acesso e uso da informação em converter os novos conhecimentos da ciência em tecnologia à serviço da modernidade.

Num mundo sem barreiras à produção do conhecimento, “mobilidade” passou a ser um conceito chave para todo profissional e para as organizações que competem num mercado cada vez mais globalizado. Mobilidade deve ser entendida não apenas no seu aspecto físico – até porque, num mundo integrado pela tecnologia da informação e da comunicação, a mobilidade está se tornando cada vez mais “virtual” -, mas principalmente no sentido de flexibilidade, de adaptabilidade, de interatividade.

A mobilidade é o conjunto de atributos que permite a um profissional

aproveitar novas oportunidades, seja em países estrangeiros ou no próprio local de

origem. A mobilidade exige competências que vão além da formação acadêmica

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tradicional, e a garantia oferecida por padrões internacionais de certificação e acreditação dos diplomas de nível superior.

Esta é uma tendência irreversível que decorre de novas formas de organização da produção em escala planetária, de que são exemplos o outsourcing, ou terceirização dentro das fronteiras nacionais; o offshring, ou terceirização internacional; e a formação de cadeias de suprimento, e de informações e conhecimento. A mobilidade impõe-se pela necessidade de garantir a competitividade dos blocos econômicos regionais, bem como o desenvolvimento local, em resposta aos esforços da competitividade global.

Para alcançar esta mobilidade, o profissional da informação necessita aliar o conhecimento técnico e científico tradicional – elementos básicos da ciência da informação – a habilidades de gestão que o qualificam a assumir responsabilidades no novo ambiente organizacional e a necessidade da disseminação da informação de forma organizada e produtiva.

De acordo com Paletta e Maldonado (2016), o desenvolvimento da tecnologia da informação seguiu o curso do processo de industrialização. Num primeiro estágio, a competência exigida era eminentemente técnica. Em um segundo momento, à medida que a indústria se diversificava e sofisticava, passou a ser requerida a qualificação científica. Já na terceira etapa, adicionaram-se as competências gerenciais. A direção seguida no processo foi a da especialização crescente.

Avançou-se, então, para um quarto estágio, a que se chegou optando pela direção inversa – indo-se da especialização para a formação holística.

A formação holística como uma exigência da mobilidade, está relacionada à flexibilidade mental e, portanto, à inovação. A relação entre conhecimento holístico, mercados globalizados, economia do conhecimento e desenvolvimento sustentável é intrínseca.

Para um profissional da informação, ter formação holística significa agregar às

competências técnicas básicas novos conhecimentos e habilidades. Esse

profissional deverá conviver em comunidades e culturas diversificadas, que vivem e

resolvem questões e problemas do cotidiano a partir de um olhar peculiar e

característico. O profissional deve ter capacidade de comunicação e saber trabalhar

em equipes multidisciplinares. Ter consciência das implicações sociais, ecológicas e

éticas envolvidas na gestão, acesso e uso da informação. Falar mais de um idioma e

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estar disposto a trabalhar em qualquer parte do mundo. Uma compilação de estudos recentes resume o tipo de competências e habilidades requeridas hoje de um profissional da informação:

aplicação dos conhecimentos de gestão, organização e disponibilização da informação;

atuação em equipes multidisciplinares;

identificação, formulação e solução de problemas de gestão do conhecimento;

senso de responsabilidade ética e profissional;

reconhecimento da necessidade de treinamento continuado;

utilização de técnicas e ferramentas modernas das boas práticas de busca, acesso, apropriação e uso da informação;

projeto de sistemas, componentes e processos para atender a necessidades específicas dos usuários da informação na tomada de decisão;

responsabilidade socio-ambiental da informação;

compreensão do impacto das soluções de TICs num contexto global e social.

A formação de tais habilidades exige que as disciplinas técnicas previstas nas diretrizes curriculares dos cursos universitários, sejam complementadas com conteúdo interdisciplinar, e que a teoria esteja acoplada à solução de problemas. A cooperação entre a universidade e as organizações nesse caso é fundamental. A compreensão do contexto histórico em que se desenvolvem as ciências da informação nos diversos países ajuda a quebrar as barreiras culturais. A educação continuada ou a aprendizagem ao longo da vida é exigência de um mundo em transformação acelerada e da tendência de envelhecimento da população, que leva a uma extensão da vida útil da força de trabalho.

3 A COMPLEXIDADE DO MERCADO DE TRABALHO GLOBAL

Em qualquer área ou campo profissional, o conhecimento é o fator que, atualmente, mais agrega valor às pessoas, aos serviços e aos produtos. Justamente por isso, qualificação deve ser a meta da formação dos profissionais da informação.

Qualificação entendida como resultado lógico de um processo que depende do que

se carrega no cérebro e não a simples valorização da informação sem nexos ou

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contextos, a memorização sem reflexão crítica. Na medida em que o mundo se sofistica e se diversifica, a competência exigida do profissional da informação, que num primeiro estágio é eminentemente técnica — lembrando ser impossível descartá-la ou avançar sem que ela esteja bem consolidada —, se alarga e engloba outras responsabilidades importantes no novo ambiente organizacional. É preciso, então, pensar em uma qualificação holística, valorizando habilidades gerenciais, metodológicas, culturais, multidisciplinares e sistêmicas — todas destacadas na economia do conhecimento.

Economia do conhecimento que pode ser apontada como referência para os modelos cognitivos e pedagógicos capazes de dialogar com a constante mutação do mundo. Nos nossos dias, inteligência quer dizer outra coisa, significa apreender o que os outros ainda não viram. Isso é próprio de quem se qualificou de forma abrangente. Trata-se de uma qualificação que ensine o aluno a pensar, catalisando diversos projetos multidisciplinares e transdisciplinares, valorizando a curiosidade, a capacidade de explorar, a solução para novos problemas, a atualização constante, o perfil de liderança, a busca autônoma do conhecimento diante da complexidade do mundo ao redor.

Já percorridos quase duas décadas deste novo milênio, o desenvolvimento das organizações, tanto do ponto de vista econômico quanto social, depende fortemente da tecnologia, que deve ser decisiva tanto na questão da inclusão social quanto no papel da geração de riqueza com base em novos produtos, serviços e processos, fortemente dependentes de inovação. A habilidade de uma organização em atuar em um mercado global depende de um posicionamento competitivo, como criador e desenvolvedor de produtos e soluções de base tecnológica. Neste sentido, uma ação que deve receber destaque nos próximos anos é o empreendedorismo de base tecnológica, isto é, a capacidade de oferecer ao mercado, novos produtos e serviços baseados em tecnologias inovadoras.

Este papel desafiador compete a todos os setores da sociedade e em

particular aos profissionais da ciência da informação, que devem ser capazes de

organizar e gerenciar a informação com foco em produzir novo conhecimento,

utilizando-se de novas técnicas, criatividade e arrojo para oferecer à sociedade

global soluções com conteúdo diferenciado e que consigam melhorar não só a

produtividade das organizações, mas também a qualidade de vida das pessoas.

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Esta mentalidade empreendedora, e não puramente comercial, é característica fundamental no desenvolvimento de competências profissionais com capacidade de gerar riqueza por meio da tecnologia e do conhecimento.

Evidente a influência da ciência, informação e tecnologia na capacidade de competir das organizações, cujo objetivo é atingir o desenvolvimento sustentável da sociedade, dentro de um posicionamento global bem definido. Cabe à universidade, em sintonia perfeita e em cooperação tecnológica com o setor produtivo e de serviços, contribuir para a formação adequada dos recursos humanos, oferecendo não só a formação técnica, mas também humanística e global, de modo que os novos profissionais da informação se tornem vetores de produção de riqueza, distribuição de renda, e desenvolvimento econômico sustentável.

Para bem pensar hoje o ofício da educação é preciso compreender e valorizar a presença da complexidade na contemporaneidade. A inteligência futura e o futuro da inteligência dependem estreitamente dela, de como lidaremos melhor ou pior com ela. Impossível pensar qualquer projeto pedagógico que não a insira ou com ela dialogue. Não é exagero afirmar que estamos fadados à complexidade e que ela responderá pelos avanços futuros na medicina, genética, robótica, inteligência artificial, energia, meio ambiente, farmacologia, nanotecnologia, computação, agricultura e, evidentemente, todas as áreas da ciência da informação. Jacques Attali (2001), no seu Dicionário do século XXI, aponta: “Segundo a lei de Moore, a complexidade de um chip eletrônico aumenta 50% de dezoito em dezoito meses.

Segundo a lei de Metcalfe, o valor de uma rede aumenta com o quadrado do número dos que a utilizam. Segundo a lei de Kao, a criatividade de um grupo aumenta exponencialmente com a diversidade e a divergência dos que o compõem”.

Portanto, a complexidade aumentará acompanhando a aventura humana ao longo desse século.

A complexidade é o grande dom que a vida trouxe ao nosso planeta.

Evidentemente é possível estabelecer uma correspondência entre a complexidade do sistema nervoso humano e a complexidade do conhecimento humano. Assim como o mundo à nossa volta os neurônios são extremamente complexos:

numerosos, múltiplos e se acoplam de diversas maneiras distintas, criando uma teia

de imensa diversidade. Maturana e Varela (2001), em A Árvore do Conhecimento,

entendem que um sistema nervoso tão rico e vasto como o do homem — “dezenas

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de bilhões de células numa combinatória de interações possíveis verdadeiramente astronômica” — possibilita novas dimensões de complexidade, responsáveis pela linguagem e pela autoconsciência, justamente a matéria bruta a ser tratada pela educação. Ou aprendemos a lidar com a complexidade ou restará, paradoxalmente, o caos.

A complexidade renova o conceito de educação, problemático em si por estar relacionado a uma atividade que transforma e cria alternativas diante do habitual. Se o mundo é infinito e, mais interessante, “infinito em todas as direções” como mostra Freeman Dyson (2000), em um livro com esse título, a educação precisa derivar ainda mais aberta em possibilidades, expandindo sua versatilidade.

O filósofo Pierre Lévy (1998), professor da cadeira de Pesquisa em Inteligência Coletiva na Universidade de Ottawa, insiste na importância de se educar para a complexidade do mundo. Observa: “em todo lugar para onde dirigimos nosso olhar com acuidade e perseverança suficientes, o mundo no qual vivemos se revela complexo”. As possibilidades abertas por uma qualificação que leve em conta a complexidade são amplas e adequadas ao cenário vindouro das profissões (Levy 2010).

A maioria das dinâmicas profissionais da próxima década ainda não se estabeleceram claramente. As profissões continuarão se diversificando cada vez mais e as mais novas, muitas sequer existentes hoje, estarão em grande demanda.

Além de uma competência técnica específica — no caso da ciência da Informação absolutamente indispensável, a maioria das novas ou renovadas profissões exigirá a prática de inúmeras capacidades culturais. Educar o profissional da informação para o século XXI é equilibrar o binômio especialista (dimensão técnica) versus generalista (qualificação para a complexidade), de forma inteligente porque inteligente são as possibilidades futuras no mercado de trabalho.

4 COMPETÊNCIA INFORMACIONAL E O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO

A organização do conhecimento liga os três processos de uso estratégico da

informação – a criação de significado, a construção do conhecimento e a tomada de

decisões – num ciclo contínuo de aprendizagem e adaptação que podemos chamar

de ciclo do conhecimento (BELLING, 2013).

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Nos últimos anos, o valor da ciência, da tecnologia e da inovação firmou-se como estrategicamente inquestionável. Avanços nesses campos funcionam como a força motora dos países industrializados, respondendo também pela ampliação de suas riquezas.

Apresentamos a seguir uma proposta de demanda típica por profissional da informação para atuação gerencial em organização do setor da Tecnologia da Informação e Comunicação:

Oportunidade: Gerente de Inteligência de Mercado, objetivando aumentar a efetividade nas interações com as empresas e na análise da informação setorial.

Perfil da posição: O perfil deste profissional deve conter uma grande capacidade analítica, facilidade na elaboração e análise de cenários mercadológicos e produção de conteúdo de tendências. Preparar materiais para as entrevistas, painéis e apresentações dos diretores sobre o setor de tecnologia da informação e comunicação. Elaborar estudos de impactos financeiros e econômicos de propostas a serem apresentadas aos órgãos governamentais. Elaborar e analisar indicadores do setor de TIC e relacionamento com institutos de pesquisa.

Formação: Nível Superior completo

Pós-Graduação Lato Sensu, Mestrado, Pós-Graduação e MBA são desejáveis e considerados um diferencial

Experiência Profissional: Mínimo de 7 anos de experiência no mercado de trabalho na elaboração e análise de indicadores, projeções e impactos econômicos

Competências Profissionais: Conhecimento sobre área de tecnologia da informação e comunicação, Conhecimento de economia, Conhecimento de estatística, Inglês Fluente.

Competências Interpessoais: Habilidade para construção de relacionamentos, excelente comunicação verbal e escrita, Organização, Liderança.

Saberes científicos e o acesso a inovações tecnológicas apresentam-se

distribuídos de forma muito desigual, considerando-se nesta comparação países,

regiões, estratos sociais, faixas etárias, níveis educacionais, dentre outros. Assim, a

problemática da diversidade cultural e os estudos sobre ela devem fazer parte da

consideração teórica, da investigação empírica e do planejamento de políticas na

área de fomento à Competência Informacional. Além disso, o profissional da

informação típico não deseja apenas extrair informações específicas e definitivas no

menor tempo possível ou, alternativamente, se dispõe a investir esforço para buscar

e explorar informação e conhecimento. A verdade é que as pessoas oscilam

continuamente entre extrair e explorar, e o uso da informação é um processo

confuso, desordenado, sujeito aos caprichos da natureza humana, como qualquer

outra atividade (CANCLINI, 2009).

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Entre os elementos mais importantes que influenciam o uso da informação estão as atitudes do indivíduo em relação à informação e a sua busca, atitudes essas que são fruto da educação, do treinamento, da experiência passada, das preferências pessoais.

5 CONCLUSÕES

Na medida em que o mundo se sofistica e se diversifica, as competências exigidas do profissional da informação, que num primeiro estágio é eminentemente técnica, alargam-se e passam a englobar outras responsabilidades. É necessário pensar em uma qualificação holística, valorizando habilidades gerenciais, metodológicas, culturais, multidisciplinares e sistêmicas.

O papel da formação técnica, contudo, não deve ser minimizado. O profissional deve buscar atualização constante, já que as tecnologias têm se tornado obsoletas rapidamente. Esse processo não envolve somente a garantia de uma boa formação técnica dos alunos. É preciso encontrar também maneiras de desenvolver novas competências, como capacidade de gestão, comunicação e liderança, qualidades cada vez mais exigidas pelo mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS

ATTALI, Jacques. Dicion ário do Século XXI . Rio de Janeiro: Record. 2001.

BELLING, Anna et al. Exploring Library 3.0 and beyond. 2013. Disponível em:

<http://www.libraries.vic.gov.au/downloads/20102011_Shared_Leadership_Program _Presentation_Day_/exploring_library_3.pdf.> . Acesso em: 25 abr.2016.

CANCLINI, Néstor García. Diferentes, desiguais e desconectados. Rio de Janeiro:

Editora UFRJ. 2009.

DYSON, Freeman. Infinito em todas as direções. São Paulo: Companhia das Letras. 2000.

LÉVY, Pierre. A máquina universo: criação, cognição e cultura informática.

Porto Alegre: Artmed, 1998.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era

da inform ática . Rio de Janeiro: Editora 34. 2010.

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MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001.

PALETTA, Francisco Carlos. A engenharia e o desenvolvimento econômico sustentável. 2012. Disponível em: < http://www.nei.com.br/artigo/a-engenharia-e-o- desenvolvimento-economico-sustent >. Acesso em: 26 abr. 2016.

PALETTA, Francisco Carlos; MALDONADO, Edison Puig. Inteligência Estratégica e Informação Perfil Profissional na Era da Web 3.0. 2014. Disponível em: <

http://www.inteligenciacompetitivarev.com.br/ojs/index.php/rev/issue/view/14 > . Acesso em: 25 abr. 2016.

PALETTA, Francisco Carlos; MALDONADO, Edison Puig. Informação, ciência e tecnologia demanda por novos perfis profissionais. 2014. Disponível em: <doi:

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