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JULGAMENTO DE RECURSO DE IMPUGNAÇÃO DE EDITAL

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PROCESSO: 23249.021443/2011-98.

REFERENTE: CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 01/2011 IMPUGNANTE: LTM CONSTRUÇÕES LTDA

JULGAMENTO DE RECURSO DE IMPUGNAÇÃO DE EDITAL

Com base na análise do Processo nº 23249.021443/2011-98, NEGO PROVIMENTO ao recurso impetrado pela empresa LTM CONSTRUÇÕES LTDA e ratifico a decisão proferida pela Comissão Especial de Licitação, mantendo inalterados os termos do edital da Concorrência Pública nº 01/2011/IFMA.

São Luís, 30 de setembro de 2011.

José Ferreira Costa

Reitor “Pró Tempore”

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2 PROCESSO: 23249.021443/2011-98.

REFERENTE: CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 01/2011 IMPUGNANTE: LTM CONSTRUÇÕES LTDA

ATA DE JULGAMENTO DE IMPUGANAÇÃO DE EDITAL

Aos trinta dias do mês de setembro do ano de 2011, reuniram-se os membros da Comissão Especial de Licitações de Obras do IFMA, nomeados consoante Portaria nº 107, de 12 de janeiro de 2011, para análise e julgamento da impugnação ao Edital da Concorrência Pública nº 01/2011, impetrado pela LTM CONSTRUÇÕES LTDA, doravante denominada LTM.

I. DOS FATOS

O Reitor do Instituto Federal do Maranhão - IFMA, por intermédio da Comissão Especial de Licitações de Obras, fez publicar o edital de Licitação da Concorrência Pública nº 01/2011, cujo objeto é a contratação de empresa de engenharia para execução dos serviços necessários à conclusão da obra do Campus Bacabal. A licitação foi publicada no DOU e divulgada em dois jornais de circulação regional, inclusive nos site www.ifma.edu.br e www.comprasnet.gov.br, sendo a Sessão Pública de recepção e abertura dos envelopes de habilitação e proposta, marcada para o dia 13/10/2011, às 10h00min.

Em 27/09/2011 foi protocolada no IFMA e recebida pela Comissão Especial de Licitação no dia 28/09/2011, a impugnação da empresa LTM CONSTRUÇÕES LTDA, aos Termos do Edital da Concorrência Pública nº 01/2011/IFMA cujas razões serão descritas, analisadas e julgadas a seguir.

II. RAZÕES DO IMPUGNANTE

Nas razões de impugnação, a postulante insurge-se contra as exigências constantes do Item 17.4.1.1, subitens ‘a’ a ‘d’ do Edital da Concorrência Pública nº 01/2011/IFMA, cuja alegação, transcreve-se a seguir em breve síntese:

a) A impugnante discorda das exigências contidas no item 17.4.1.1, alíneas ‘a’ a

‘d’, tendo em vista que, ao determinar a comprovação da capacidade técnico-

operacional da licitante, foram cometidos erros que poderão causar inabilitação da

maioria das empresas;

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3 b) A recorrente requer a retirada do item 17.4.1.1, subitens “a” a “d” do edital, as expressões “numa mesma edificação”.

c) Por ultimo, solicitar que seu recurso seja julgado procedente, suspendendo o processo licitatório para que seja procedida às modificações impugnadas e restituir os prazos na forma do art. 21, § 4º da norma licitatória.

III. ANÁLISE DAS RAZÕES DO IMPUGNANTE

Preliminarmente, cabe esclarecer que o item 17.4.1.1 do edital da Concorrência Pública nº 01/2011/IFMA, refere-se sobre a comprovação de Capacidade Técnica Operacional da empresa licitante. A exigência de capacidade técnica operacional tem amparo legal no inciso II, do artigo 30, combinado com os

§ § 1º e 3º do mesmo artigo da Lei nº 8.666/93.

Esse dispositivo legal se encontra em consonância com as determinações introduzidas pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, inciso XXI, que assim dispõe:

“Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública, que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitira as exigências de qualificação técnica e econômica indispensável à garantia do cumprimento das obrigações.” (destaquei) Assim sendo, as exigências contidas no item 17.4.1.1 do edital são lícitas.

Foram incluídas no referido edital devido as características da obra e em função da necessidade de a licitante, como unidade jurídica, apresentar condições técnico-operacionais para a execução do objeto, bem como para que o poder público se cerque de todas as garantias da real capacidade técnica de sua futura contratada para o cumprimento das obrigações resultante da futura avença.

Assevera Geraldo Ataliba, que “Dentre os fatores decisivos para escolha de um determinado contratante está muito justamente aquele consistente na sua experiência passada, no ‘know how’ acumulado durante o tempo e que lhe enseja desenvolver uma habilitação especial para realização de determinada obra” e que “a realização de obras públicas, atualmente, requer não só a técnica e a arte – peculiares para o exercício da engenharia – mas também um suporte empresarial compatível com as sofisticadas exigências do mundo moderno. Não basta, portanto, um quadro de profissionais para a realização de uma obra de engenharia”. (Licitação-Acervo ou cabedal técnico e engenharia, RDP, vol. 41/41, p. 127/143)

Em primeiro plano, a leitura do ato impugnador conduziu à Comissão de Licitação à duas interpretações. A primeira é que deviria ser retirada a expressão

“numa mesma edificação” devido a Impugnante entender que a comprovação de

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4 capacidade técnica operacional previsto no item 17.4.1.1, seria comprovada com um único atestado. A segunda interpretação é que deveria ser retirada a expressão “numa mesma edificação”, para abrir a possibilidade do somatório de serviços iguais ou similares, executados em obras distintas até atingir o quantitativo exigido na respectiva alínea no edital. Face essas interpretações, a Comissão apresenta a seguir, seu posicionamento quanto às duas versões.

Quanto à primeira interpretação dada ao recurso da empresa LTM Construções Ltda., para melhor compressão, transcreve-se a seguir, os termos impugnado do edital:

“17.4. Qualificação Técnica:

17.4.1. Todas as licitantes, inclusive as optantes por verificarem a documentação no SICAF (Habilitação Preliminar), deverão apresentar dentro do envelope n.º 01, os documentos a seguir:

17.4.1.1 Capacidade técnico-operacional:

I - Certidão de registro ou inscrição da licitante no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA, com validade na data de recebimento da “DOCUMENTAÇÃO”, onde conste a área de atuação compatível com a execução da obra objeto do Edital, emitida pelo CREA da jurisdição da sede da licitante.

II - Atestado(s) (ou declaração(ões)) de capacidade técnica, devidamente registrado no CREA da região onde os serviços foram executados, acompanhado(s) da(s) respectiva(s) Certidão(ões) de Acervo Técnico – CAT, expedida(s) por este(s) Conselho(s), que comprove(m) que a licitante tenha executado, para órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta, federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, ou ainda, para empresas privadas, serviços em prédios públicos, comerciais ou industriais, contendo, no mínimo:

a) Serviços de terraplenagem, assentamento de piso de bloco de concreto sob colchão de areia, colocação de piso industrial de alta resistência, perfuração de poço artesiano, execução de estrutura em concreto armado, instalações hidrosanitárias e instalações elétricas, numa mesma edificação;

b) 2.500,00 m3 (dois mil e quinhentos metros cúbicos) de terraplenagem com aterro, espalhamento e compactação, numa mesma edificação;

c) 1.500,00 m2 (mil e quinhentos metros quadrados) de piso em bloco de concreto assentado sobre colchão de areia, numa mesma edificação; e, d) 60 m (sessenta metros) de perfuração de poço artesiano, numa mesma edificação.”

Na análise do recurso da empresa LTM, percebe-se a interpretação

equivocada quanto ás exigências estabelecidas no item 17.4.1.1. Em uma leitura

atenta não resta dúvida que as alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, tratam claramente de

exigências distintas a serem comprovadas por um ou mais atestados de execução

de serviços com complexidades iguais, similares ou superiores, de forma que o

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5 volume de serviço indicado em cada atestado apresentado atenda as quantidades mínimas exigidas na alínea correspondente, a fim de que fique demonstrado que a licitante possui a capacidade operacional necessária para cumprir as obrigações que poderão advir da assinatura do contrato.

Tais exigências não podem ser interpretadas como restritivas como quer a recorrente, visito que não há limitação para a apresentação do número de atestados que comprovem a capacidade técnica da licitante e sim, apenas a indicação do volume mínimo de serviço especifico que cada atestado apresentado deve conter.

Com relação à alínea “a” do item 17.4.1.1, apesar da exigência de atestado que contemple a execução de vários serviços, percebe-se que não foi exigido qualquer quantitativo, visto que essa alínea visa avaliar se as empresas participantes da licitação possuem experiência na execução simultânea de serviços com complexidades distintas, como indicado no cronograma de execução (serviços de terraplenagem, assentamento de piso de bloco de concreto sob colchão de areia, colocação de piso industrial de alta resistência, perfuração de poço artesiano, execução de estrutura em concreto armado, instalações hidrosanitárias e instalações elétricas). Justifica-se a adoção dessa exigência pela preservação do interesse público, afastando, assim contratações equivocadas que poderão frustrar as pretensões de regularidade e celeridade requerida pela administração pública.

Agora sim, com relação segunda interpretação, se a intenção do impugnante era rebelar-se contra à impossibilidade do somatório de serviços iguais ou similares executados em obras diversas e distintas para atingir o quantitativo mínimo definido para aquele serviço especifico (exemplo: estrutura de concreto armado), a Comissão entende que o somatório de atestados para a comprovação de capacidade técnico-operacional, para alguns serviços de engenharia, não traduz a capacidade técnica da empresa, visto que “quem faz um isoladamente, não garante fazer dois simultaneamente”, da mesma forma que “executar duas ou mais obras de um pavimento, não iguala ou se equipara em característica e complexidade à execução de uma obra com dois ou mais pavimentos, mesmo que os quantitativos de serviços das primeiras sejam iguais ao da segunda obra”.

Esse entendimento encontra-se perfeitamente em consonância com a jurisprudência do TCU, que ao se posicionar sobre o dispositivo contido no inciso II, do art. 30, da Lei 8.666/93, deliberou (Decisão nº 1.288/02 – Plenário):

“9. O art. 30 da Lei 8.666/93, e seu inciso II dizem, entre outras coisas, que

a exigência para a qualificação técnica deve ser compatível em

quantidades. Portanto é possível se exigir quantidades, desde que

compatíveis. Por compatível, se entende ser assemelhada, não precisa

ser idêntica. A semelhança depende da natureza técnica da

contratação, pois, para certas coisas, quem faz uma, faz duas. Para

outras coisas, a capacidade para fazer uma não garante capacidade

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6 para fazer duas. Em abstrato, é lógico que a exigência de quantitativos não pode superar a estimada na contratação.” (grifei).

Faz-se mister expor o entendimento doutrinário sobre a comprovação da qualificação técnico-operacional por meio do somatório de atestados. A esse respeito, Marçal Justen Filho, manifestou-se da seguinte forma:

“(...) Questão tradicional é a do somatório de atestados. Surge quando um licitante não conseguir evidenciar, em uma única contratação, o preenchimento dos requisitos exigidos no ato convocatório. Pretende, então, somar diferentes obras e serviços. Questiona-se a possibilidade e parece que o problema tem sido mal colocado.

A qualificação técnica operacional consiste na execução anterior de objeto similar àquele licitado. Ora, isso significa que a identidade do objeto licitado é que determina a possibilidade ou não do somatório. Dá-se um exemplo: uma ponte de mil metros de extensão não é igual a duas pontes de quinhentos metros. Muitas vezes, a complexidade do objeto licitado deriva de certa dimensão quantitativa. Nesses casos, não terá cabimento o somatório de contratações anteriores. Já haverá outros casos em que a questão não reside numa contratação única, mas na experiência de executar certos quantitativos, ainda que em oportunidades sucessivas.

Enfim, a solução deverá ser encontrada a partir da natureza do objeto licitado.

Essa orientação foi explicitamente acolhida pelo TCU, ao proferir a Decisão nº 1.090/2001 – Plenário.” (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo, Dialética, pp. 332, 2005.)

Assim sendo, de acordo com a natureza do objeto a ser licitado, e desde que sejam definidos obedecendo ao princípio da razoabilidade, como ocorreu no caso concreto, será possível exigir para a qualificação técnica operacional quantidades mínimas a ser apresentadas pelas licitantes que pretendem se habilitar em licitações promovidas por órgão público.

No que concerne ao pleito da impugnante para a alteração do item 17.4.1.1, do Instrumento Convocatório, relativa à exclusão da expressão “numa mesma edificação”, a leitura de dispositivos legais que cuidam do tema, constantes, também, da Lei nº 8.666/93, não deixa dúvida quanto legitimidade dessa exigência:

“Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:

I - (...)

II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente

e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da

licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal

técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação,

bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que

se responsabilizará pelos trabalhos;

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7 III - (...)

IV - (...)

§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do "caput" deste artigo, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, limitadas as exigências a:

I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedada as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos;

§ 2º (...)

§ 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior.”

(grifo nosso)

Da simples leitura do dispositivo colacionado depreende-se que, para fins de comprovação da qualificação técnica, será permitida a exigência de atestados que comprovem a aptidão da Licitante para o desempenho do objeto licitado, através da previsão de experiência anterior na execução de objeto “compatível em características, quantidades ...” ao que se pretende licitar.

A regra esculpida no inciso II parece conflitar com a estipulada no inciso I do parágrafo primeiro, na medida em que a primeira regra permite que se exija comprovação de aptidão em objeto compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, enquanto que a segunda regra veda expressamente exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos.

Entretanto, brilhantemente a Corte de Contas da União, clareia a interpretação sobre a legalidade da exigência de quantitativos mínimos para a comprovação da capacitação técnica operacional. O voto do Ministro Relator, Sr.

Ubiratan Aguiar, que conduziu o Acórdão nº 1.618/2002 – Plenário, traz à seguinte luz:

“9. Uma leitura estrita e isolada do art. 30, §1º, inciso I poderia levar ao

entendimento de que a exigência de quantitativos mínimos nos atestados

de capacidade técnica estaria terminantemente vedada. Essa exegese,

entretanto, poderia tornar praticamente inócua a questão da comprovação

da capacidade técnica, especialmente em alguns tipos de obras e serviços

mais complexos, em que a exigência dessa quantidade mínima é

efetivamente importante para aferir a capacidade técnica do licitante. Me

parece que a interpretação mais adequada desses dispositivos, que se

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8 coaduna com o texto legal e com a finalidade do instituto da capacidade técnica, é a de que a restrição em relação a quantidades mínimas só se refere à capacidade técnico profissional e não à capacidade técnico-operacional.

10. (...) hoje em dia a doutrina e também a jurisprudência desta Corte de Contas têm admitido como lícita esse tipo de exigência (Decisões Plenárias nºs 285/00, 592/01, 574/02, dentre outras). O inciso II do art. 30, que se refere à capacidade técnica de uma forma geral, permite que a comprovação da capacidade técnica se dê em relação a atividades compatíveis em quantidade com o objeto da licitação. (...)

12. A conclusão, portanto, é que podem ser estabelecidos quantitativos mínimos nos atestados de capacidade técnico- operacional, entretanto, em cada caso concreto, deverá ser verificado se as exigências estabelecidas são pertinentes e necessárias para que a administração tenha as garantias necessárias que aquela empresa possui as condições técnicas para a boa execução dos serviços. Não posso concordar, portanto, com a determinação proposta pela Secex/BA, no item II-a (fls. 294/295), uma vez que a restrição para a exigência de quantidades mínimas somente diz respeito aos atestados de capacidade técnico-profissional.” (grifo nosso)

Da mesma forma, entendeu o Ministro Relator Guilherme Palmeira, em seu voto que resultou na Decisão nº 592/2001 – Plenário:

“Uma vez admitida a exigência, no instrumento convocatório, de comprovação de capacitação técnico-operacional das empresas licitantes, cabe frisar que a Lei nº 8.666/93 não proíbe, em relação a essa exigência, que o edital reveja o estabelecimento de quantitativos mínimos, podendo condicionar, dessa forma, a experiência anterior à observância de parâmetros numéricos.

Não é outro o entendimento que se extrai do estatuído no art. 30, inciso II, da Lei de Licitações, que explicitamente autoriza a exigência de experiência anterior compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação.” (No mesmo sentido, v. as Decisões 285/2000; 574/2002 e 86/2002 – Plenário, do TCU) (grifei)

Somente por amor a argumento, lista-se o entendimento doutrinário corrente, o qual não diverge dessa linha de raciocínio:

1. Jessé Torres entende que “há situações em que as exigências de apresentação de atestado de experiência anterior das empresas licitantes, com a fixação de quantitativos mínimos, são plenamente razoáveis e justificáveis, porquanto traduzem modo de aferir se preenchem elas, além dos pressupostos operacionais propriamente ditos – vinculados ao aparelhamento e pessoal número adequado e suficiente à realização da obra -, requisitos não menos importantes, de ordem imaterial, relacionados com a organização e a logística empresarial”

(Comentários à Lei das Licitações e Contratações da Administração Pública. Rio

de Janeiro, Renovar, p. 392, 2007.);

(9)

9 2. Para Dora Maria de Oliveira Ramos “Nas hipóteses em que a qualificação técnica prevista referir-se à empresa licitante, lícito será fazer exigências de quantitativos, respeitadas, como parâmetro, as quantidades fixadas na própria licitação” (Temas Polêmicos sobre Licitações e Contratos. São Paulo, Editora Malheiros, p. 148, 2006);

3. Outro não é o entendimento de Marçal Justen Filho, extraído da sua obra

“Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos”, que assim leciona:

“(...) Uma interpretação que se afigura excessiva é aquela de que a capacitação técnica operacional não pode envolver quantitativos mínimos, locais ou prazos máximos. Ou seja, admite-se a exigência de comprovação de experiência anterior, mas se proíbe que o edital anterior relativamente a dados quantitativos, geográficos ou de natureza similar.

Esse entendimento deriva da aplicação da parte final do inc. I do § 1º, que explicitamente estabelece tal vedação.

Ocorre que esse dispositivo disciplina específica e exclusivamente a capacitação técnica profissional. Ou seja, proíbe que a experiência anterior exigida dos profissionais seja restringida através de quantitativos, prazos e assim por diante. O inc. I do § 1º não se refere nem atinge a disciplina da qualificação técnica operacional.

Logo, dele apenas se podem extrair regras acerca da qualificação técnica profissional.

Nem seria o caso de aplicar o § 5º, que proíbe exigências não autorizadas por lei. Interpretado o dispositivo de modo literal, ter-se- ia de convir com a ilegalidade da exigência de capacitação técnica operacional – tese, aliás, à qual o autor se filiou no passado.

Admitindo-se, porém, que a lei autoriza exigência de capacitação técnica operacional, ter-se-á de convir que tal se dá através da previsão direta do próprio inc. II do art. 30.

Ora, esse dispositivo explicitamente autoriza exigência de experiência anterior ‘compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação’. Ou seja, o mesmo dispositivo que dá supedâneo à exigência de qualificação técnica operacional se refere a que deverá ela ser compatível em termos de quantidades, prazos e outras características essenciais ao objeto licitado.

Logo, se o objeto for uma ponte com quinhentos metros de extensão,

não é possível que a Administração se satisfaça com a comprovação

de que o sujeito já construiu uma ‘ponte’ – eventualmente, com cinco

metros de extensão. Sempre que a dimensão quantitativa, o local, o

prazo ou qualquer outro dado for essencial à execução satisfatória da

prestação objeto da futura contratação ou retratar algum tipo de

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10 dificuldade peculiar, a Administração estará no dever de impor requisito de qualificação técnica operacional fundada nesses dados.

Essa orientação passou a prevalecer no âmbito do TCU, o qual hesitou quanto à melhor solução a adotar. Após algumas divergências, uniformizou-se a jurisprudência daquela Corte no sentido da validade da exigência de quantitativos mínimos a propósito da experiência anterior, desde que o aspecto quantitativo fosse exigência essencial quanto à identificação do objeto licitado”

(Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo, Dialética, pp. 330-331, 2005).

Como exaustivamente debatido, a exigência se fundamenta na necessidade de aferição do desempenho satisfatório do Licitante quanto à prestação do serviço a ser contratado, vez que o próprio termo "qualificação técnica” consiste no domínio de conhecimentos e habilidades teóricas e práticas, bem como no conjunto de recursos organizacionais e humanos necessários à boa execução do objeto licitado.

Portanto, é necessário que na elaboração do Edital, seja realizado escolhas condizentes com o interesse público e venham a afastar do certame aqueles que não possuam a idoneidade, experiência e a qualificação necessárias. Isto não significa violação ao princípio da isonomia. Neste sentido, Marçal Justen Filho ensina:

“Há equívoco em supor que a isonomia veda diferenciação entre os particulares para contratação com a Administração. A Administração necessita contratar terceiros para realizar seus fins. Logo, deve escolher o contratante e a proposta. Isso acarreta inafastável diferenciação entre os particulares. Quando a Administração escolhe alguém para contratar, está efetivando uma diferenciação entre os interessados.”

(Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo, Dialética, pp. 44, 2005).

Como bem acentuou a recorrente, não há de se negar que a exigência de quantitativos mínimos em atestados constitui limitação. Entretanto, o que irá determinar se esta limitação é ou não ilegal por descumprir o parágrafo primeiro do artigo 3º da Lei nº 8.666/93 ou, se, em última análise, é ou não inconstitucional por descumprir o inciso XXI, do artigo 37, da Constituição Brasileira, é a razoabilidade da exigência, isto é, sua pertinência e relevância para a execução do objeto licitado.

Carlos Ari Sundfeld, com a inspiração que lhe é peculiar, edita que “A

formulação, nos editais de licitação, de exigências a serem atendidas pelo

licitante, a fim de comprovar sua qualificação técnica e econômica, tem base

constitucional. É evidente que tais exigências limitam a competição no certame

licitatório, (...). Está-se aqui, no entanto, perante uma limitação perfeitamente

legítima à ampla possibilidade de disputa dos mercados públicos, que a licitação

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11 visa propiciar, trata-se simplesmente de fazer prevalecer o interesse público (qual seja: não correr risco de contratar com empresa desqualificada (...).” (Licitações e Contratos Administrativos: temas atuais e aspectos controvertidos. São Paulo, RT, pp. 100-101, 1999).

O Superior Tribunal de Justiça admite a exigência de quantidades até mesmo em patamar superior ao previsto na execução do objeto, conforme se extrai da decisão proferida no Recurso Especial nº 776.260/DF, que confirmou acórdão do Tribunal de Justiça do DF, cuja ementa segue transcrita:

“Mandado de Segurança – Concorrência Pública –Capacitação técnica – Inabilitação – Lei nº 8.666/93.

1 – A comprovação da capacidade técnica operacional do licitante deve observar as regras estabelecidas no artigo 30, da Lei 8.666/93, sendo necessário verificar se o Edital revela coerência com o dispositivo legal citado.

2 – Apesar de ser vedada a indevida restrição à liberdade de participação em licitação, a exigência de apresentação de atestados de capacidade técnica com indicação do número de postos igual ou superior ao total de postos relativos a cada lote para o qual foi apresentada a proposta, está de acordo com o inciso II, do artigo 30, da Lei de Concorrências.

3 – Não cumprida, na íntegra, a exigência constante do Edital, amparada pela Lei nº 8.666/93, não se mostra ilegal a inabilitação do licitante.” (grifo nosso)

Em parecer, o Professor Antônio Carlos Cintra Amaral expõe que “Não encontramos absolutamente nenhum argumento favorável a licitação pública aberta a todos e admitimos sem reserva o ponto de vista segundo o qual quando a licitação faz apelo à concorrência é absolutamente essencial que, para cada empreendimento licitado a concorrência pública se limite às empresas cuidadosamente escolhidas em função da importância e da natureza das obras, e reconhecidamente capazes de empreitar e executar o trabalho com os necessários requisitos de qualidade.”

Por derradeiro, esboçar-se o entendimento do Superior Tribunal de Justiça em julgamento acerca do cabimento de requisitos de qualificação técnica- operacional:

“Mandado de Segurança. Concorrência Pública. Exigência de Comprovação de Capacidade Técnico Operacional da Empresa para Execução de Obras Públicas.

A exigência não é ilegal, se necessária e não excessiva, tendo em

vista a natureza da obra a ser contratada, prevalecendo, no caso, o

princípio da supremacia do interesse público: Art. 30, Lei das

Licitações. Por conseguinte, também não se reconhece ilegalidade

na proposição quando a exigência está devidamente relacionada

com o objeto licitado, inexistindo qualquer alegação de

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12 excessividade, ou seja, de exigência de experiência anterior superior, mais intensa ou mais completa do que o objeto licitado. Exegese do dispositivo infraconstitucional consoante à Constituição, às peculiaridades do certame e suma exigência da supremacia do interesse público, haja vista que o recapeamento de um trecho do asfalto de uma cidade como São Paulo deve ser executado imune de qualquer vício de sorte a não fazer iniciar serviços contínuos de reparação”. (26.03.2003)

Finalmente, ressaltar-se que a jurisprudência do Tribunal de Contas da União, define que o patamar máximo a ser exigido para a capacidade técnica operacional não ultrapasse o percentual de 50% (cinquenta por cento) dos quantitativos a executar, enquanto que o percentual definido pela Administração, neste particular, foi fixado em torno de 30 a 40%. Assim, as exigências dos quantitativos mínimos definidos no Edital pelo IFMA, atendem os aspectos da razoabilidade, quanto da legalidade.

IV. JUGAMENTO

Pelas razões acima expostas, a Comissão Especial de Licitação do IFMA, DECIDE por UNANIMIDADE, recebe o recurso de impugnação do Edital Concorrência Pública nº 01/2011, para no mérito, negar-lhe provimento, mantendo inalterados os termos do edital e a respectiva data de abertura e recepção dos envelopes de habilitação e proposta.

JOSÉ EVANGELISTA SILVA PEREIRA PRESIDENTE

DARLAN GAMA MARTINS MEMBRO

MAGNO SOUSA FRANÇA

MEMBRO

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