• Nenhum resultado encontrado

A NOBREZA INDÍGENA QUESTIONADA: CULTURA POLÍTICA E RELAÇÕES DE PODER NOS ALDEAMENTOS COLONIAIS DA PARAÍBA SÉCULO XVIII

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A NOBREZA INDÍGENA QUESTIONADA: CULTURA POLÍTICA E RELAÇÕES DE PODER NOS ALDEAMENTOS COLONIAIS DA PARAÍBA SÉCULO XVIII"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

1

A N OBREZA I NDÍGENA Q UESTIONADA : C ULTURA P OLÍTICA E R ELAÇÕES D E P ODER N OS A LDEAMENTOS C OLONIAIS D A

P ARAÍBA S ÉCULO XVIII

Jean Paul Gouveia Meira *

Esta proposta de trabalho nasceu do seguinte questionamento: os sujeitos dos mais diversos povos indígenas encontrados na capitania da Paraíba, ao longo do século XVIII, foram capazes de ocupar espaços de poder dentro do sistema colonial e, assim,puderam receber títulos nobiliárquicos?

Uma das argumentações contrárias a essa assertiva se posiciona a partir da impossibilidade de sujeitos indígenas se tornarem nobres porque a categoria de nobreza no Antigo Regime era pautada na constatação da pureza de sangue, ou seja, servida para os chamados “bem nascidos”.

No entanto, de acordo com o historiador português Nuno Gonçalo Monteiro, no século XV ocorreu um deslocamento do atributo de nobreza em Portugal, e em suas possessões no Ultramar, para outros serviços prestados, e não apenas levando em

*

Mestrando em História pela Universidade Federal de Campina Grande e bolsista de Demanda Social

da CAPES. Email: jeanpaulgmeir@gmail.com

(2)

2

consideração à pureza de sangue, a qualidade do nascimento, as funções militares, administrativas e jurídicas. 1

Além disso, o surgimento da categoria “nobreza da terra” estava ligado aos méritos, conquista e povoamento praticado por sujeitos nos territórios do Império Atlântico português. Quanto mais leias e úteis ao soberano, maiores seriam as possibilidades de adaptação à nova ordem social vivenciada por tais indivíduos. 2

Sendo assim, existia a necessidade de se criar uma política de enobrecimento das lideranças indígenas, na tentativa de reforçar as alianças para sustentar e sedimentar o projeto de colonização na chamada América portuguesa. Em contrapartida, os requerimentos gestados pelos próprios indígenas não deveriam ser ignorados, pois possibilitavam a adequação das estruturas de poder monárquico às realidades locais, como eram, principalmente, nos aldeamentos e vilas submetidas a tais chefias. 3

Ora, os chamados “principais” eram sujeitos valorizados pelas políticas indigenistas elaboradas pela Coroa portuguesa desde os primeiros contatos, por causa do prestígio adquirido junto aos seus respectivos grupos étnicos, e pela necessidade de aliados nas guerras contra outros povos. Estes, por sua vez, souberam obter vantagens e direitos ao se apropriarem dos códigos portugueses, tendo em vista o fortalecimento e a permanência de seus liderados.

Nesse contexto, tal apropriação possibilitou a mudança na dinâmica interna dos povos indígenas pela entrada de valores portugueses, como a honra e os hábitos adquiridos quando da ocupação de postos oficiais no Império Ultramarino. 4

Torna-se preciso, portanto, uma reflexão sobre o que chamamos de cultura política, notadamente aquelas elaboradaspor lideranças dos mais diversos povos indígenas, as quais valorizavam acordos e negociações com as autoridades portuguesas,

1

MONTEIRO, Nuno Gonçalo apudBICALHO, Maria Fernanda Baptista. Conquista, Mercês e Poder Local: a nobreza da terra na América portuguesa e a cultura política do Antigo Regime. In: Almanack Braziliense, São Paulo, nº 2, pp. 21-34, 2005. p. 23.

2

Idem, ibidem, p. 23.

3

ROCHA, Rafael Ale. Os oficiais índios na Amazônia Pombalina. Sociedade, Hierarquia e Resistência (1751-1798). Rio de Janeiro: UFF, 2009. Dissertação (Mestrado em História), Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal Fluminense, 2009. p. 51.

4

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias

coloniais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. p. 156.

(3)

3

na tentativa da obtenção de mercês (favores políticos, títulos nobiliárquicos, insígnias de cavaleiro, sesmarias, etc.) através dos serviços prestados.

Por hora, vale ainda ressaltar que a opção pelo século XVIII, como recorte temporal, justifica-se na crescente valorização dos sujeitos indígenas, a partir do momento em que ocupavam espaços de poder no Império Atlântico português.

C ULTURA P OLÍTICA I NDÍGENA E O P APEL D AS L IDERANÇAS

Conceitos clássicos como o de cultura política passaram a ser incorporados pela História a partir de uma combinação interdisciplinar.

Na década de 1960, dois cientistas políticos estadunidenses, Gabriel Almond e Sidney Verba criaram o conceito de cultura política para dar conta de uma abordagem comportamental nas análises da política da sociedade de massas contemporânea, ou seja, que incorporasse os aspectos subjetivos das orientações políticas, tanto do ponto de vista das elites quanto do público de determinada sociedade. 5

As pesquisas de Pierre Clastres, dentre outros da Antropologia Política, serviram como ponto de apoio para a problematização do conceito de cultura política.

Na sua visão, a finalidade do poder não é impor a vontade do chefe sobre o grupo, como muito se encontra nas pesquisas sobre as chamadas sociedades com Estado, mas sim expressar o discurso do grupo sobre ele mesmo, tendo como referência o papel do líder nas relações com outros povos. 6

Ademais, a historiadora Maria Regina Celestino de Almeida propõe pensar em cultura política indígena levando em consideração a ação política de tais sujeitos baseada nas alianças e conflitos com os demais agentes interessados nos aldeamentos e vilas de índios. 7

5

KUSCHNIR, Karina e CARNEIRO, Leandro Piquet. As dimensões subjetivas da política: cultura política e antropologia da política. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº 24, pp. 227-250, 1999.

p. 227.

6

CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado: pesquisas de antropologia política. Tradução de Theo Santiago. 4ª edição. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. p. 74.

7

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Cultura política indígena e política indigenista: reflexões

sobre etnicidade e classificações étnicas de índios e mestiços (Rio de Janeiro, séculos XVIII e XIX).

(4)

4

Nesse contexto, as lideranças dos mais diversos povos indígenas buscaram compreender os direitos étnicos assegurados pelo Registro Geral das Mercês das Ordenações Filipinas, então vigente no Império Ultramarino português, notadamente ao longo do século XVIII.

Tal legislação dava aos sujeitos indígenas condição distinta da dos demais vassalos do rei. Ao ingressarem nos aldeamentos, estes indivíduos se tornavam súditos cristãos do monarca português e tinham obrigações, além de recompensas, próprios de sua categoria enquanto índios aldeados.

Ainda, segundo Maria Regina, esses sujeitos aldeados tinham o direito a terra, embora uma terra bem mais reduzida que a sua original; tinham direito a não se tornarem escravos, embora fossem obrigados ao trabalho compulsório. As lideranças tinham direito a títulos nobiliárquicos, cargos, salário e prestígio social. 8

Postos como o de mestre de campo, sargento-mor e capitão-mor nos aldeamentos, mas também o de capitão das ordenanças nas vilas de índios, dentre outros, foram ocupados pelas chefias dos mais diversos povos indígenas, as quais faziam uso dos mesmos para se diferenciarem, socialmente, de outros grupos não aldeados, assim como dos escravos.

Para tanto, atuando como intermediários entre as demandas de determinado povo indígena e a realidade da colonização portuguesa, as lideranças dos grupos étnicos souberam se valer desses direitos, assim como do enobrecimento, conforme várias petições que apresentavam a autoridades coloniais ou metropolitanas.

Em outra oportunidade, analisamos o papel de uma liderança Tupi, Antônio Domingos Camarão, a qual foi recompensada pelos serviços prestados à Coroa portuguesa, quando comandava um Terço de Índios 9 nas campanhas contra povos indígenas encontrados no sertão das chamadas capitanias do Norte. Este “Principal”

In: AZEVEDO, Cecília et al. (orgs.). Cultura política, memória e historiografia. Rio de Janeiro:

Editora FGV, 2009. p. 211.

8

Idem, ibidem. p. 214.

9

O Terço de Índios surgiu no projeto de colonização espanhola na América, ao longo do século XVII.

Organização militar baseada na infantaria armada de piquetes, mas também misturada com soldados

armados com arcabuzes e mosquetes. O imenso poderio de tal modelo resultou em rápido alcance

mundial, sendo implantado pelo Império Ultramarino português no mesmo século.

(5)

5

conquistou importantes cargos de nobreza, como o de Governador Geral dos Índios, os quais possibilitaram mudanças na dinâmica interna do povo Potiguara, além da própria permanência enquanto grupo étnico. 10

Agora, procuramos retomar a história de Domingos Camarão a partir de um estudo de caso, ou seja, a invasão de gente armada nas terras do povo Xukurú, aldeados na Capitania Real da Paraíba, por ordens da referida liderança, então Governador Geral dos Índios, na tentativa de retirar casais e famílias indígenas oriundas das aldeias de Pernambuco que lá estavam.

R ELAÇÕES D E P ODER N OS A LDEAMENTOS C OLONIAIS D A C APITANIA D A

P ARAÍBA

Através do estudo crítico de uma carta, datada em 19 de julho de 1725, enviada pelo capitão-mor da Paraíba, João de Abreu Castel Branco, ao rei D. João V, denunciando os “abusos” de poder do Governador Geral dos Índios, Antônio Domingos Camarão, podemos perceber os incômodos dos chamados “maiorais” das capitanias do Norte para com a ocupação de títulos nobiliárquicos pelas lideranças indígenas, assim como a cultura política elaborada pelos próprios índios ao permanecerem nos cargos de prestígio, dentro do sistema colonial.

Embora não encontramos, até o momento, os documentos que comprovam a concessão da patente do posto de Governador dos Índios para Domingos Camarão, assim como a data de início de seu mandato,sabemos que o mesmo herdou o referido cargo em detrimento do pedido de seu pai, D. Sebastião Pinheiro Camarão, ao rei D.

João V.

Uma consulta do Conselho Ultramarino ao rei D. João, datada em 12 de setembro de 1720, comprova a existência de um requerimento de Sebastião Camarão pedindo “entretenimento” de seu posto em prol do seu filho tendo em vista à cegueira e os graves “achaque” (doenças) em que se encontrava:

10

Cf. MEIRA, Jean Paul Gouveia. Antônio Domingos Camarão: uma trajetória de agência e luta nas capitanias do Norte – 1721-1732. Campina Grande: UFCG, 2010. Monografia (graduação em História), Unidade Acadêmica de História, Universidade Federal de Campina Grande, 2010.

Monografia sob a orientação da profa. JucieneRicarte Apolinário.

(6)

6

O Governador dos Índios da Capitania de Pernambuco

11

Dom Sebastião Pinheiro Camarão faz prezente a VossaMagestade em carta de 20 de Abril deste anno a grande Penna e sentimento com que se acha de se ver sego da vista; emposebelitado de forçaz, e cheyo de graves achaques, que o oferecião, com não pequena dor do seu coração, de continuar o serviço de Vossa Magestade em que foi tão zeloso, tão fiel soldado...

12

Além disso, de acordo com o Registro Geral das Mercês das Ordenações Filipinas, o filho poderia apresentar ao Conselho Ultramarino os serviços paternos que não resultaram, anteriormente, em mercês, e assim conseguir pleitear hábitos das ordens militares, títulos nobiliárquicos e patentes de postos oficiais no Império Ultramarino, como o cargo de Governador Geral dos Índios.

Entretanto, a introdução das mercês e dos títulos nobiliárquicos alterou profundamente a dinâmica interna dos grupos étnicos. Com relação a tradição de alguns povos Tupi, por exemplo, a liderança do grupo não era passada de pai para filho. A valentia militar, a oratória e a capacidade de manter várias mulheres definia o status de um guerreiro ou chefe. 13

Para tanto, tal política de enobrecimento das chefias indígenas geraram grande descontentamento dos chamados “maiorais” das capitanias do Norte, os quais criavam armadilhas e pressionavam o rei de Portugal para abolir determinados postos oficiais e títulos nobiliárquicos que serviam para recompensar os serviços prestados pelos índios, como atestamos em uma carta, datada em 10 de março de 1732, do governador da capitania de Pernambuco, Duarte Sodré, ao rei D. João V:

E da mesma sorte tenho por muito prejudicial ao serviço de VossaMagestade haver Governador dos Indios, não so para o livrar

11

O espaço de atuação do Governador dos Índios de Pernambuconãoo significava apenas a capitania de Pernambuco, mas compreendia uma área bem mais ampla, que ia desde aldeias no rio São Francisco até a capitania do Ceará, em que se incluem as capitanias de Itamaracá, Paraíba e Rio Grande; as quais recebiam influências diretas da administração colonial implantada em Pernambuco, mas também eram consideradas “anexas” aos interesses metropolitanos, de acordo com o projeto de colonização das terras e aldeias encontradas nessa região.

12

Consulta do Conselho Ultramarino ao rei D. João V. 12 de setembro de 1720. Lisboa.

AHU_ACL_CU_015, Cx. 29, D. 2607.

13

Cf. FERNANDES, Florestan. A organização social dos Tupinambá. Brasília: Editora UNB; São

Paulo: Hucitec, 1989.

(7)

7

das insolenciasque lhes fazem como bárbaros, mas porque havendo occasião de Inimigos da Europa, não possãofaçilmentecomprallo [...]

14

Foi quando, muito antes dessa denúncia, no ano de 1725, o capitão-mor da capitania da Paraíba se aproveitou de uma invasão de gente armada na aldeia do povo Xukurú, localizada na referida região, para traçar uma armadilha e denunciar os abusos de poder de Domingos Camarão.

Por diversas vezes, Antônio Domingos rogava ao soberano para reunir seus soldados dispersos e impedir o desmantelamento das suas tropas, assim como evitar a saída de famílias indígenas dos aldeamentos por causa da escassez de mão-de-obra para os serviços, e relatava a grave crise que acometia à sua autoridade, conforme nos mostra um documento escrito pelo mesmo Camarão e recolhido por Francisco Augusto Pereira da Costa:

Muitos índios soldados deste Terço andam derramados por todo Pernambuco e Paraíba por inobedientes, criminosos e mal procedidos, e como pela distância me é mui dificultoso o sossegá-los, me parece que só mandando V. Majestade ao governador de Pernambuco e Paraíba que publiquem Bandos por todas as freguesias de sua jurisdição para que os capitães-mores delas tenham vigilância em não consentirem índios de meu Terço, ou das Aldeias que a mim estão subordinados em suas freguesias por mais de oito dias...

15

Segundo Ronald Raminelli, Domingos Camarão solicitava apoio do monarca para impedir que os capitães incorporassem nos terços “seus índios” aldeados. Em particular os terços dos paulistas promoviam acentuadas baixas, intrometendo-se na política dos governadores dos índios. A partir do momento em que este resolvia castigar ou repreender um soldado, por sua vez, o mesmo fugia e se acoitava entre os paulistas.

Somente proibindo tal prática, seria possível manter os homens sob o seu controle. 16 Não sabemos ao certo os reais motivos que levaram casais de índios das aldeias em Pernambuco terem ido se aldear junto aos Xukurú na Paraíba, mas as acusações de

14

Carta do governador da capitania de Pernambuco, Duarte Sodré Pereira Tibão, ao rei D. João V. 10 de março de 1732. Recife. AHU_ACL_CU_015, Cx. 42, D. 3797.

15

COSTA, Francisco Augusto Pereira da.Anais Pernambucanos. Volume 5. Recife: Fundarp, 1983. p.

329.

16

RAMINELLI, Ronald. Honras e malogros: trajetória da família Camarão 1630-1730. In:

MONTEIRO, Rodrigo Bentes; VAINFAS, Ronaldo. Império de várias faces: relações de poder no

mundo ibérico da Época Moderna. São Paulo: Alameda, 2009.p. 187.

(8)

8

castigos corporais, autoritarismo, e abusos de poder contra as escolhas e alternativas de vida destes “foragidos”, foram usados por João de Abreu como argumentação de sua denúncia ao rei.

No anexo ao documento principal, encontramos a cópia de uma carta enviada pelo capitão-mor da Paraíba ao Governador dos Índios, na qual há uma acusação de falta de respeito por causa da invasão sem autorização legal, assim como a alegação de que a presença de gente armada assustou os moradores, alterando a paz e o sossego:

Na carta de dezazete de Abril que escrevi em reposta de huma sua dizia a vos misse que não teria duvida em mandar entregar os Indios das aldeas de Pernambuco que se achassem refugiados nas desta capitania, mandando vos misse em primeiro lugar restituir a estas aldeas os que la se achão fugidos dellas. E com pouco fundamento tomou vos misse daqui pretexto para fazer huma invasão de gente armada nesta capitania, alterando a paz e sossego dos vassalos de SuaMagestade e pertubando as suazreaesordenz que não permitem obregação alguma nesta jurisdição sem minha especial ordem, e conhecimento...

17

Diante do exposto, podemos perceber a trama política da inversão da acusação quando o capitão João de Abreu apresenta ao rei e ao próprio Camarão que casais de índios fugiram da Paraíba e foram se aldear em Pernambuco, além da exigência que o Governador Geral dos Índios fizessem retornar estas famílias para suas respectivas aldeias.

No entanto, Antônio Domingos Camarão elaborou uma forte argumentação política para evitar problemas com o próprio capitão-mor da Paraíba, mas, principalmente, com o rei de Portugal, ao alegar, em outra carta presente como anexo do documento principal, que fez um pedido formal, muito embora não fosse atendido, e mencionar os serviços prestados, assim como o nome do seu pai, o qual tanto serviu à Coroa portuguesa nas campanhas contra outros povos indígenas nos sertões:

Foi Deos servido e Sua Magestade que Deos guarde emcarregarme o governo dos Índios das Capitaniaz [grifo nosso] de Pernambuco por deixação que a mim fes meu pai o senhor D. Sebastião Pinheiro Camarão, e de prezente acho as minhas aldeazmuydesmantelladas e faltas de muitos soldados meuz que se tem auzentado nessa capitania onde Vossa Senhoria governa; e os não posso adquirir sem o favor de

17

Carta do capitão-mor da Paraíba, João de Abreu Castelo Branco, ao rei D. João V. 19 de julho de

1725. Paraíba. AHU_ACL_CU_014, Cx. 6, D. 449.

(9)

9

Vossa Senhoria, a quem peço ser servido consederme faculdade a que eu possa passar as aldeaz, ou mandarme ordem para os cabos dellas nos entreguem, e me fas vossa senhoria serviço a Deos e a El Rey nosso senhor...

18

Contudo, com a alegação dos serviços prestados, assim como os feitos, negociações e outras práticas políticas realizadas, Domingos Camarão conseguiu escapar, ao menos por conta deste acontecido, da armadilha tramada pelo capitão João de Abreu, mas também de uma possível punição real, e garantiu, ao menos por mais alguns anos, o prestígio e a permanência em um cargo distinto e oficial no Império Ultramarino.

Estivessem ou não com a confirmação de suas patentes ao longo da ocupação de cargos ou postos distintos e oficiais no Império Ultramarino português, assim como a confirmação de suas mercês e títulos nobiliárquicos, a nobreza de homens e mulheres indígenas, notadamente das lideranças dos mais diversos povos, era encontrada no próprio comportamento destes sujeitos diante do desejo dos não indígenas de usurparem suas terras e, principalmente, sua liberdade.

F ONTES C ONSULTADAS

MANUSCRITOS COLONIAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO - LISBOA:

Consulta do Conselho Ultramarino ao rei D. João V. 12 de setembro de 1720. Lisboa.

AHU_ACL_CU_015, Cx. 29, D. 2607.

Carta do capitão-mor da Paraíba, João de Abreu Castelo Branco, ao rei D. João V. 19 de julho de 1725. Paraíba. AHU_ACL_CU_014, Cx. 6, D. 449.

Carta do governador da capitania de Pernambuco, Duarte Sodré Pereira Tibão, ao rei D.

João V. 10 de março de 1732. Recife. AHU_ACL_CU_015, Cx. 42, D. 3797.

18

Carta do capitão-mor da Paraíba, João de Abreu Castelo Branco, ao rei D. João V. 19 de julho de

1725. Paraíba. AHU_ACL_CU_014, Cx. 6, D. 449.

Referências

Documentos relacionados

Sem esquecer a Fraude Fiscal, analisemos também um pouco do crime de branqueamento, art. Em crónica publicada no Diário do Minho, em 1 de Dezembro de 2010, Cultura, era

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o

Quando conheci o museu, em 2003, momento em foi reaberto, ele já se encontrava em condições precárias quanto à conservação de documentos, administração e organização do acervo,

A elaboração do dossiê contemplou, inicial- mente, os propósitos do grupo de estudos, dos quais essa pesquisa configura-se como parte fundamental, justamente por propor como ponto

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora e viria a exercer muitos outros cargos de relevo na Universidade de Évora, nomeadamente, o de Pró-reitor (1976-

Afinal de contas, tanto uma quanto a outra são ferramentas essenciais para a compreensão da realidade, além de ser o principal motivo da re- pulsa pela matemática, uma vez que é

São eles, Alexandrino Garcia (futuro empreendedor do Grupo Algar – nome dado em sua homenagem) com sete anos, Palmira com cinco anos, Georgina com três e José Maria com três meses.