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Ens. Pesqui. Educ. Ciênc. (Belo Horizonte) vol.1 número1

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Academic year: 2018

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editorial 1999, última impressão: 05/06/2008 10:17:00

Editorial

Apresentamos Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, periódico dedicado à pesquisa em educação em ciências na acepção ampla do termo, não apenas como

pesquisa em ensino e aprendizagem de Biologia, Física, Geociências, Química, Ciências no Ensino Fundamental e Educação Ambiental. Da mesma maneira, trata-se aqui de pesquisa num sentido elástico, basicamente como o esforço de

transcender o local e específico, com o propósito de produzir conhecimento.

Ensaio é uma iniciativa de docentes que atuam no Centro de Ensino de

Ciências e Matemática (Cecimig) e também no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Cecimig foi criado em 1965, através de convênio entre o Ministério da Educação e a UFMG. Desde então, desenvolve ações para a melhoria do ensino de Ciências e Matemática em Minas. A partir de 1987, ele passou a ser um órgão complementar vinculado à Faculdade de Educação. Ultimamente, o Cecimig vem se configurando como uma incubadora de projetos; projetos que procuram, por princípio, conjugar teoria e prática, reflexão sistemática e intervenção. Há algum tempo, seus membros vêm procurando ampliar seu campo de atuação desenvolvendo atividades de pesquisa mais sistematicamente. Um passo nesse sentido foi dado em 1991, quando teve início o curso de pós-graduação em ensino de ciências, em nível de especialização, do Cecimig. Outro foi em 1994, quando alguns membros do centro ingressaram no programa de pós-graduação strictu sensu da Faculdade de

Educação, vindo, depois, a constituir a linha de pesquisa em educação em ciências e matemática desse programa.

Há tempos o Cecimig vem amadurecendo o projeto de lançar um periódico de pesquisa que atenda a necessidade de disseminar o conhecimento produzido nas diferentes frentes de trabalho no campo da educação em ciências. O número de artigos nesse campo, produzidos no Brasil e em Portugal, vem crescendo, mas a carência de periódicos de pesquisa em português permanece. Com isso, artigos de interesse permanecem dispersos, sendo encontrados em publicações de naturezas bem diferentes. Normalmente, os trabalhos não são publicados em periódicos com corpo de arbitragem. Quando isso ocorre, geralmente o periódico não é especializado no campo específico e não submete o artigo a árbitros familiarizados com o corpus de sua produção. Na prática, encontros tópicos e congressos

prevalecem como veículo para comunicação de resultados de pesquisa. Portanto, à parte dissertações e teses, a literatura acadêmica em educação em ciências concentra-se nas atas daqueles eventos.

A consolidação de um campo de pesquisa sem dúvida se dá aos poucos. Pode-se, porém, tentar granjear logo resultados pautando-se na análise de precedentes. Há, no mundo, muitos casos de centros inicialmente destinados a promoção de intervenção na prática do ensino de ciências que, com o tempo, passaram a conduzir investigações e estudos, acabando por consolidar grupos maduros de pesquisa. Da análise dessas transformações, concluí-se que para se consolidar e ganhar projeção, a pesquisa brasileira em educação em ciências, em particular, precisa caminhar simultaneamente em dois sentidos. Por um lado, ser mais rigorosa. Por outro, estar mais atenta a sua contribuição para a realidade local, do que à universalidade de seus resultados. Ao vencer o desafio de associar rigor e

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relevância, a pesquisa tocará no cerne de questões fundamentais, que se manifestam de uma maneira diferente em cada contexto. O grau maior de generalizabilidade dos resultados da pesquisa será uma decorrência natural. Contudo, buscar rigor e atentar para relevância são movimentos que envolvem mudanças na maneira de pensar dos pesquisadores; processos lentos cuja chance de sucesso depende das pessoas envolvidas compartilharem determinados valores.

Em vista de sua história e forma de organização, o Cecimig encontra-se hoje em condições de tomar a iniciativa de propor à comunidade de educadores dedicados à educação em ciências um projeto ambicioso: criar uma nova cultura de publicação no campo da pesquisa em educação em ciências no Brasil. Este periódico é, portanto, nossa maneira de contribuir para identificação daqueles valores a compartilharmos. Damos, aqui, um sinal de nossa disposição em fomentar o desenvolvimento dessa nova cultura de publicação; não só ao esmerar o projeto gráfico e editorial, mas principalmente ao nos esforçarmos para contornar as grandes dificuldades que se impõem à realização desse projeto. Acreditamos que a revista Ensaio pode ser um veículo para o movimento da pesquisa que a

comunidade reclama. Um veículo de comunicação que desempenhe papéis complementares, como por exemplo: (a) abranger todas as sub-áreas da educação em ciências; (b) conquistar respeitabilidade pela publicação de trabalhos de qualidade; (c) valorizar o tratamento de dados característicos das realidades sócio-culturais do Brasil, ou de países como este; (d) incentivar análises dessas características regionais específicas; (e) incentivar comparações entre essas análises e aquelas sobre as realidades de outras nações; (f) valorizar o uso de linguagem clara, que evite jargões e construção confusa do texto.

Ensaio começa semestral e se propõe a publicar relatos originais de pesquisa, revisões críticas de pesquisas recentes e discussões de tópicos específicos relacionados à educação em ciências em todos os níveis de ensino. Poucas limitações de conteúdo, enfoque ou métodos serão impostas. Espera-se que os artigos submetidos sejam acompanhados da apresentação de conclusões e implicações para futuras pesquisas e práticas educacionais. É desejável que os autores estabeleçam a relação de seu trabalho com as tendências de pensamento sobre o assunto através de uma leitura crítica da literatura relevante. Também é desejável que o trabalho inclua um relato dos métodos e procedimentos usados no estudo.

Agradecemos aos autores que nos confiaram seus trabalhos, aos árbitros com quem temos procurado acertar a medida das exigências, ao Instituto de Inovações Educacionais de Belo Horizonte pelo apoio financeiro inicial, a todos que trabalharam concebendo ou executando as tarefas de bastidores e, antecipadamente, a você leitor por participar a sua maneira no contínuo aprimoramento desse projeto.

O Editor Belo Horizonte Agosto de 1999

Referências

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