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Mestre em Design, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS,

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O USO DE INFORMAÇÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DAS MÃES COMO FONTE

DE INSIGHTS PARA O DESENVOLVIMENTO DE BRINQUEDOS: UMA

PERSPECTIVA DO DESIGN

USING MOTHERS' EXPERIENCE INFORMATION AS INSIGHT SOURCE FOR

TOY DEVELOPMENT: A DESIGN PERSPECTIVE

Monica Greggianin

1

Viviane Peçaibes de Mello

2

Leandro Miletto Tonetto

3

Filipe Campelo Xavier da Costa

4

Resumo

O Design Emocional é uma área que trata da projetação de artefatos com objetivos e métodos que explicitamente tenham a intenção de despertar ou evitar dada experiência emocional. Nesse campo, comumente os designers utilizam a abordagem conhecida como análise de

concerns, que se trata da identificação de padrões, crenças e atitudes do usuário em relação a

um produto como estímulos para a projetação de artefatos. O objetivo do estudo é compreender os concerns dos pais de crianças pré-escolares em relação à aquisição de brinquedos para seus filhos, a partir da realização de uma pesquisa exploratória, operacionalizada por meio de entrevistas em profundidade com mães de crianças em nível pré-escolar sobre as compras de brinquedos. Os resultados apontam uma série de aplicações possíveis, especificamente no campo do design e da educação gráfica, já que a análise de

concerns pode trazer possibilidades de aplicações de cunho prático não apenas para a

produção de brinquedos em si, mas também para os elementos que o envolvem (embalagem) e os que passam informações sobre o seu uso (manual de instruções).

Palavras-chave: design emocional; análise de concerns; brinquedos. Abstract

Emotional Design is the field of study related to design process and methods with an intention to evoke or to prevent a particular emotional experience. In this area, designers can use concern analysis approach (user attitude or beliefs assessment) as a tool for identifying stimuli for product development. This study was focused on the analysis of pre-school children parents’ concerns related to toys decision buying process. Using an exploratory approach,

1 Mestre em Design, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, monicagreggianin@gmail.com 2 Mestre em Design, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, vivianepecaibes@gmail.com 3 Doutor em Psicologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, ltonetto@gmail.com

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depth interviews with mothers were conducted about toys purchases. Findings presented several opportunities for product development, especially for graphic education field. Concern analysis can provide useful insights for applied design guidelines not only in the toys development, but also to their components (packaging, user manual, etc.)

Keywords: emotional design; concern analysis; toys. 1. Introdução

O Design Emocional é uma área que trata da projetação de artefatos com objetivos e métodos que explicitamente visem a despertar ou evitar dada experiência emocional. (DEMIR et al., 2009). Assim, é possível pensar em projetos de brinquedos mais desejáveis por pais e crianças ou, ainda, jogos que evitem o desprazer do isolamento social, por exemplo.

Nessa área, comumente os designers utilizam o que se denomina como análise de

concerns dos usuários. Os concerns representam todos os padrões, crenças e atitudes do

usuário em relação a um produto. Padrões correspondem aos elementos socialmente aprendidos como requisitos desejáveis do produto. Crenças podem ser representadas por todas as construções mentais relacionadas a como os produtos devem ser e propósitos que devem atender. Atitudes, diferentes de comportamentos, são todas as predisposições para a ação, ou seja, estímulos que aproximam ou repelem as pessoas em relação a um produto. (DEMIR et al., 2010).

Na área de Design Emocional, os concerns dos usuários vêm sendo estudados como estímulos ao projeto, a fim de desenvolver diretrizes projetuais. Tratados de forma consciente pelos designers, uma análise cuidadosa das percepções dos usuários pode revelar elementos valiosos que permitem insights durante o processo de projeto. (TONETTO, 2012).

Esse conceito faz parte da adaptação que Desmet (2002) fez da Teoria dos Appraisals ao design. Essa teoria, oriunda da Psicologia Cognitiva, revela que é possível observar relações de causa e efeito entre as avaliações que os usuários fazem de um produto e as emoções resultantes dessa interação. Tais avaliações são guiadas por concerns, o que significa que a forma com que os seres humanos processam informações sobre um produto é fortemente influenciada pelos padrões observados pelo usuário no que tange a alternativas equivalentes no mercado, crenças desenvolvidas por ele relativas a tais produtos e atitudes que tenham na relação com eles.

Assim, a fim de entender como projetar para despertar uma experiência emocional positiva entre os usuários, é necessário compreender seus concerns. Entendendo-os, o designer será capaz de mapear formas de estimulação de experiências positivas entre os usuários, estabelecendo relações causais entre estímulos projetáveis pelo design (causas) e efeitos emocionais desejados no projeto (efeitos).

A pesquisa relatada a seguir trata-se de uma etapa de um projeto que versa sobre o desenvolvimento de brinquedos para o estímulo às habilidades sociais na infância. Antes de projetar esses produtos propriamente ditos, para que se entenda como projetar brinquedos que passem pelo crivo dos pais, é preciso conhecer seus concerns. Sabe-se que, muitas vezes, os familiares são os compradores desses brinquedos e, portanto, suas opiniões devem ser considerados no desenvolvimento de produto.

Nesse recorte do projeto, o objetivo geral da pesquisa relatada nesse artigo é compreender os concerns dos pais de crianças pré-escolares em relação à aquisição de brinquedos para seus filhos. Como objetivos específicos, aponta-se (a) avaliar os concerns das

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mães relacionados aos produtos em si (características tangíveis do brinquedo), (b) compreender os concerns das mães relativos às atividades desempenhadas pela criança com o brinquedo (possibilidades de atividades que a criança tem para desenvolver com o brinquedo) e (c) entender os concerns das mães no que se refere às consequências desejadas por elas da interação criança-brinquedo.

Nas seções seguintes, o leitor encontra uma caracterização da Teoria dos Appraisals (seção 2), o método de pesquisa (seção 3), os resultados (seção 4), a discussão das aplicações da pesquisa ao design de brinquedos (seção 5) e as considerações finais.

2. A Teoria dos Appraisals: da Psicologia para o Design

A Teoria dos Appraisals aponta que uma emoção é evocada por um appraisal (avaliação) do indivíduo em relação a uma situação (ou produto, nesse caso) como benéfica ou prejudicial ao seu bem-estar. O processo de avaliação pode diagnosticar, em uma situação de conflito, a relevância adaptativa do indivíduo e como será sua resposta emocional a essa situação.

Appraisal, portanto, representa a avaliação das propriedades dos estímulos e da situação em

que se encontra o indivíduo a partir de suas propriedades. (ARNOLD, 1960; DEMIR et al., 2009).

A abordagem da Teoria dos Appraisals foi trazida e aplicada ao design através dos trabalhos de Desmet (2002), que visaram a compreender a relação emocional das pessoas com os artefatos. Este modelo é baseado em uma noção de causalidade entre os elementos projetáveis pelo design (causas) e as emoções (efeitos do projeto). De maneira tradicional, na psicologia cognitiva, um appraisal é a avaliação automática do efeito do produto no bem estar de cada usuário. (FRIJDA, 1986). Pode-se entender que, se a avaliação feita sobre uma situação ou produto é satisfatória para o bem-estar, a emoção gerada será positiva. Entretanto, se por algum motivo a situação ou produto gerar frustração ou desagrado ao usuário, provocando uma avaliação não favorável, a emoção resultante será negativa, como raiva ou preocupação. (DEMIR et al., 2009).

Para elucidar o modelo de produção de emoções trazido pela Teoria dos Appraisals, Desmet (2002) apresenta o Modelo de Emoção com Produtos, no qual descreve que a emoção é causada pela avaliação (appraisal) da união de um estímulo (produto) com os concerns dos usuários.

Figura 1: Representação da Teoria dos Appraisals

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Os concerns podem ter três diferentes focos: relacionados a características desejáveis ou não do produto em si; relacionados às atividades desenvolvidas no uso do produto; e

concerns de vida, que estão ligados aos valores e crenças do usuário. Além disso, eles são

divididos em três categorias: atitudes, objetivos e padrões (DESMET, 2002; 2007).

Desmet (2007) esclarece que as Atitudes são disposições dos usuários a se aproximarem ou repelirem os objetos, pessoas ou eventos. Elas podem aproximar as pessoas de certos estímulos ou afastar em relação a outros. Pode-se utilizar como exemplo uma pessoa que possui a preferência por alimentos doces ou então a vontade ou não de pular de paraquedas.

Os Objetivos são elementos que as pessoas querem fazer ou ver acontecer, sendo estes ativados ou mediados (ou não) por produtos (DESMET, 2002; 2007). Para exemplificar, pode-se utilizar a situação de uma pessoa que quer comprar uma bicicleta para transporte (objetivo funcional) ou a vontade de comprar uma agenda para organização (desejo de organização).

Os Padrões são crenças, normas ou convenções sociais aos estados de como as coisas devem ser no entendimento das pessoas (Desmet, 2002; 2007). Por exemplo, é possível citar os padrões que se aprende em casa, como respeitar os pais e usar roupas limpas no trabalho.

Como base para esse estudo, foram utilizadas as nove fontes de emoção nos produtos, indicadas por Desmet (2007), conforme a Figura 1. Nela, há a combinação dos três tipos de focos de concerns (produto, atividades e vida) com as suas três categorias (atitudes, objetivos e padrões). O exemplo é relacionado à aquisição de um novo aparelho de GPS.

Figura 2: Nove Fontes de Emoção nos Produtos

Fonte: Tonetto (2012, p.102, adaptado de Desmet, 2007, p. 8).

Através da análise dessas demandas dos usuários, é possível chegar ao que se denomina um perfil de concerns. Ele sistematiza todas as percepções dos usuários que sejam relevantes para o projeto e é uma maneira de auxiliar o designer a compreender os objetivos pretendidos pelo projeto no âmbito emocional. (DEMIR et al, 2010). Sua elaboração usualmente trabalha com frases em primeira pessoa que caracterizem, para visualização pelo

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designer, os concerns dos usuários. Assim, é como se usuários reais afirmassem para os profissionais de projeto suas demandas em relação ao produto que está em desenvolvimento.

3. Método

Para responder os objetivos descritos, foi realizada uma pesquisa exploratória, operacionalizada por meio de entrevistas em profundidade. A pesquisa exploratória tem seu uso justificado pela necessidade de compreender de que forma os concerns são construídos pelas mães, de modo que os resultados esperados são processuais e orientados para a busca de insights no processo de projeto.

Foram entrevistadas nove mães de crianças em nível pré-escolar, com idades de 2 a 5 anos, sobre as compras de brinquedos para seus filhos. Elas foram recrutadas através da rede de contato dos pesquisadores e receberam convite via e-mail ou telefone para a participação na pesquisa.

É importante salientar que as entrevistas, todas registradas em áudio, foram baseadas nas crianças da faixa etária estipulada, mesmo que os pais tivessem outros filhos. A entrevista seguiu um roteiro semiestruturado, buscando a investigação de todos os concerns existentes, a partir do modelo apresentado na Figura 2.

Foram realizadas entrevistas até o ponto de saturação, o que, em pesquisa social, significa que os resultados de novas entrevistas passam a ser repetitivos depois de certo ponto, não agregando novos dados à pesquisa. Ela foi atingida após a realização de sete entrevistas, sendo que duas adicionais foram conduzidas, a fim de certificação de que o ponto de saturação havia sido atingido, totalizando nove entrevistas.

O Quadro 1 mostra o perfil das mães entrevistadas.

Quadro 1: Perfil das Mães Entrevistadas

Idade Profissão Nº de filhos Idade dos filhos

Entrevistada 1 40 Musicista 1 5 Entrevistada 2 31 Atendente 1 4 Entrevistada 3 41 Jornalista 2 4 e 8 Entrevistada 4 33 Pedagoga 1 2 Entrevistada 5 30 Professora 1 2 Entrevistada 6 34 Designer 2 3 e 6 Entrevistada 7 35 Nutricionista 1 2 Entrevistada 8 38 Empresaria 2 4 e 9 Entrevistada 9 32 Professora 1 3

Fonte: Elaborado pelos autores

A partir das entrevistas, foram desenvolvidas categorias e subcategorias empíricas, baseadas nos resultados das entrevistas, em relação às respostas dadas, de acordo com a técnica de Análise de Conteúdo (DUARTE, 2004). A análise foi feita com base na transcrição literal das entrevistas e do agrupamento das verbalizações por afinidade de temas (ou conteúdos).

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4. Resultados

A fim de facilitar a compreensão dos resultados, o Quadro 2 traz a síntese das categorias formadas a partir das entrevistas. Nas subseções seguintes, as categorias encontram-se explicadas, e falas das entrevistas foram utilizadas para ilustrá-las.

Quadro 2: Quadro Síntese de Categorias

Categorias Subcategorias

(empíricas)

Desdobramentos das subcategorias

(a) Produto Idade (faixa etária) -

Confiança na marca -

Segurança -

Durabilidade -

Elementos que aproximam a mãe do brinquedo

Tecnologia Nostalgia Elementos que repelem a mãe em

relação ao brinquedo

Gênero

Marketing abusivo

(b) Uso do produto Educacional -

Interação -

Autonomia -

Aprendizado social -

Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo Violência Conotação sexual Tecnologia em excesso (c) Consequências do uso do produto

Simulação da vida real -

Criatividade -

Diversão / Alegria da criança -

Movimento -

Imposição social -

Personagens -

Fonte: Elaborado pelos autores

4.1. Concerns em Relação ao Produto

A primeira categoria trata dos concerns sobre o (a) produto. Ela foi subdivida em seis subcategorias.

A idade é a subcategoria que trata da escolha dos brinquedos conforme a faixa etária das crianças. As mães referem prestar atenção nas informações da embalagem e no fato da coordenação motora dos filhos ser compatível com os produtos. Pode-se perceber esse

concern na fala a seguir: “O primeiro requisito que procuro é que tem que ser relacionado à

faixa etária dela, mas vi isso acontecer com brinquedos que não são da faixa etária dela, e que ela não consegue fazer as coisas sozinha, por isso vou ficar atenta.”

Outro ponto importante, no que se refere em relação ao produto em si, é a confiança na marca. As mães referiram escolher o brinquedo de uma marca conhecida ou que inspire confiança, fato que pode ser exemplificado pela seguinte fala da entrevistada: “Eu levo [o

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brinquedo] da marca que eu confio, no caso, a lego, porque tu sabes que é um brinquedo confiável. Nesse caso, a gente sabe que ele vai funcionar pela questão de encaixe”.

Ainda na linha de busca de certificações/indicadores de qualidade, a segurança foi uma preocupação referida pelas mães na aquisição de brinquedos. Surgiram as preocupações com a avaliação pelo Inmetro e que os brinquedos tenham peças de tamanhos seguros para não serem engolidos pelos filhos, além de não possuírem partes que possam machucar as crianças: “Tinha peças bem grandes que não corriam o risco dela engolir. Era bem seguro, até por ser brinquedo com pilhas. Era um brinquedo bem apropriado”.

A durabilidade também foi referida no contexto do produto. Esta subcategoria se relaciona com a preocupação dos pais em adquirirem um brinquedo que seja resistente ao uso das crianças, não estragando com facilidade. Pode-se exemplificar esse tópico pela seguinte fala: “Olho o material pra ver se não é algo que quebre fácil. Tem que durar. Mesmo que ela não brinque por muito tempo, sempre é bom passar pra frente, então vejo se não é um brinquedo que vá se desmanchar”.

A subcategoria “elementos que aproximam a mãe do brinquedo” tem dois desdobramentos: tecnologia e nostalgia. “Tecnologia” reúne as respostas dos entrevistados que tratam de brinquedos que envolvam interação tecnológica entre o produto e a criança, visto que os filhos estão em contato com a tecnologia desde cedo e se interessam por ela: “Elas estão interessadas nessa coisa da tecnologia. Eles querem coisa que faça barulho. Acredito na interação do produto com a criança.” Já a nostalgia trata das respostas sobre os pais que escolhem alternativas que relembrem suas infâncias ou algum brinquedo que costumavam ter quando na idade de seus filhos, conforme Figura 3: “Blocos de madeira... que inclusive tem um valor sentimental, porque eu tinha também, sabe?”.

Figura 3: Brinquedo feito de madeira

Fonte: <http://pixabay.com/en/towers-fortress-wood-toys-9245/>. Acesso em 04 dez. 2014.

A subcategoria “elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo” reúne respostas sobre o que os pais não gostam em relação à escolha dos brinquedos de seus filhos, revelando dois desdobramentos: gênero e marketing abusivo. No que se refere a gênero, foi possível observar que algumas mães não aprovam a divisão de brinquedos entre meninas e meninos: “O que me incomoda muito no mercado é essa questão do gênero. Tem um brinquedo de menina e outro de menino! Pra mim, brinquedo é para criança, não importa se é menino ou menina!” Já no que tange ao marketing abusivo, existe a desaprovação de propagandas de televisão e excesso de brinquedos veiculados a personagens de desenhos e

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filmes: “Depois acredito que as empresas de brinquedo hoje tão muito apelativas. É sempre focado nos personagens e eles usam isso pra atrair. É como se não se preocupassem com o brinquedo em si, mas só em vender mesmo, em atrair a criança pro pai ser obrigado a comprar”.

4.2. Concerns em Relação ao Uso do Produto

A segunda categoria revela os concerns em relação ao (b) uso do produto. Ela foi dividida em cinco subcategorias.

“Educacional” é a subcategoria que agrupou as respostas das mães que escolhem os brinquedos educativos para seus filhos. Elas são atraídas por brinquedos que auxiliem na educação motora e intelectual das crianças, como a entrevistada que afirmou: “Espero ver que ele consiga desenvolver a coordenação motora fina e a coordenação motora ampla, aprender conceitos, cores, tamanhos”.

A outra subcategoria desse grupo é interação, descrevendo as respostas dos pais que buscam que seus filhos utilizem os brinquedos para interagir com os amigos, com os pais e com o próprio brinquedo, conforme Figura 4: “Acho muito importante que faça interagir, com o brinquedo e com a gente, ou com os amiguinhos”.

Figura 4: Brinquedo que Promove a Interação Entre as Pessoas (Pebolim)

Fonte: <http://pixabay.com/en/foosball-table-football-figures-189846/>. Acesso em 04 dez. 2014.

A subcategoria “autonomia” engloba respostas das mães que buscam brinquedos que estimulem as crianças a brincarem sozinhas e que não exijam auxílio de um adulto em todos os momentos de brincadeira. A fala da entrevistada exemplifica estes conceitos: “[Prefiro um brinquedo] que faça ela brincar sozinha um pouco também. Ela ainda não tá na escolinha e não tem irmãos e às vezes eu não estou 100% em cima dela, então às vezes espero que ela possa se divertir sozinha um pouco”.

A subcategoria “aprendizado social” revela que, a partir do brinquedo, as mães buscam incluir valores nas brincadeiras dos filhos, para que, além de diversão, ele possa despertar o desenvolvimento social das crianças. Para melhor explicar esta categoria, pode-se observar a fala a seguir: “[Acho importante minha filha] aprender a dividir, a se relacionar bem com os amiguinhos e que meninas e meninos são iguais. Coisas que são importantes não só agora, mas quando ela crescer. Acho que é nessa idade que eles começam a fazer essas relações”.

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A subcategoria “elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo” apresenta três desdobramentos: violência, conotação sexual e tecnologia em excesso. Em relação à violência, as mães repelem brinquedos que estimulem atitudes como bater e brigar: “A gente só falava toda hora que só podia fazer assim brincando, que não era pra bater em ninguém quando tivesse braba...” Existe, ainda, uma preocupação dos pais com brinquedos que acelerem o contato das crianças com questões sexuais e de sensualidade (conotação sexual): “Não gosto porque a criança tem que viver a fase dela de criança... porque tem crianças muito evoluídas... onde crianças de 14 anos já são mães!” A questão da tecnologia em excesso é um estímulo que afasta algumas mães, que podem preferir alguns produtos analógicos para que as crianças tenham a oportunidade de interagir mais com o brinquedo e não “ficar vendo o brinquedo brincar sozinho”, conforme Figura 5: “Essas coisas que fazem muito barulho, muita luz e coisa assim, eu não estimulo muito também, mas muito porque não estimula que ela pense a brincadeira sozinha”.

Figura 5: Brinquedo que Não Brinca Sozinho (Ferramentas de Praia)

Fonte: <http://pixabay.com/p-224268/?no_redirect>. Acesso em 04 dez. 2014.

4.3. Concerns em Relação às Consequências do Uso do Produto

A terceira categoria revela os concerns em relação às (c) consequências do uso do produto. Foram observadas seis subcategorias em sua formulação.

A subcategoria “simulação da vida real” indica o concern de que a criança tenha contato com a vida e os costumes dos pais, simulando atividades cotidianas. Uma das entrevistadas acredita que “ele [o filho] está usando o brinquedo agora para simbolizar a nossa vida. Os bonequinhos são a família. Na verdade, o retrato da nossa família.”

Outro concern refere-se à estimulação da criatividade. As mães buscam o estimulo da imaginação de seus filhos e a capacidade de utilizar o brinquedo de maneira criativa: “Esse brinquedo que eu escolhi estimula a imaginação. Você pode criar histórias, ambientes diferentes que você bota os bonequinhos de brinquedo como quiser”.

Diversão / alegria da criança é a subcategoria que trabalha com a escolha dos pais em relação a brinquedos que divirtam os filhos e os deixem felizes, e o foco nem sempre é o aprendizado. Essa categoria pode ser exemplificada com a fala: “O resultado da brincadeira é diversão, né? Não gosto muito dessa coisa de que brinquedo tem que ensinar sempre. Às vezes ela tem só que se divertir e pronto”.

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A subcategoria “estímulo do movimento” revela que as mães podem buscar brinquedos que estimulem as crianças a se movimentarem, conforme Figura 6. Como exemplo disso, uma entrevistada afirmou que “brinquedos que tem atividade, tipo um bambolê que ela ganhou (...) desenvolvem uma técnica em movimento (...). Eu gosto de estimular ela a se mexer bastante. Gosto que ela corra, que ela pule, que ela dance, até que ela caia, que ela se suje...”.

Figura 6: Brinquedo que estimula a ação

Fonte: <http://pixabay.com/p-159517/?no_redirect>. Acesso em 04 dez. 2014.

A subcategoria “imposição social” indica uma preocupação com os brinquedos que trazem embutidos certos padrões sociais. Essa categoria engloba as respostas de discordância em escolher brinquedos estigmatizados em relação uso e cor, conforme Figura 7, como exemplifica a fala a seguir: “Não que tenha qualquer problema, mas acho tão estigmatizado, sabe? Conjuntinho de limpeza todo rosa? Sei que ela não entende disso, mas me incomoda”.

Figura 7: Fogão na Cor Rosa

Fonte: <http://pixabay.com/en/cooker-stove-retro-pink-household-295135/>. Acesso em 04 dez. 2014.

Por fim, a subcategoria “personagens” indica uma possível ressalva em relação aos brinquedos que utilizam os personagens de desenhos animados e filmes como carro chefe. Mesmo assim, a escolha dos brinquedos pode levar em consideração os personagens que os filhos gostam. A fala de uma entrevistada exemplifica: “Tem a galinha que canta, tem bola dos personagens, tem conjuntinho de chá e quebra cabeça e tudo o mais das princesas, tem as princesas bonecas, então a gente sempre se rende às coisas que o mercado meio que impõe”.

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Assim, sistematizou-se um perfil de concerns, apresentado na subseção a seguir, a fim de facilitar a visualização dos principais resultados.

4.4. Perfil de Concerns e suas Aplicações

O Quadro 3, a seguir, expõe o perfil de concerns construído como guia para o projeto de brinquedos com foco em estimular experiências de valência positiva entre as mães.

Quadro 3: Perfil de Concerns

Dimensão Frase representante de cada categoria no Perfil de Concerns seguida da denominação da categoria

Produto a) O brinquedo deve ser apropriado para a idade da criança (e devo ser informada sobre isso claramente (Idade/faixa etária).

b) Preciso confiar na marca para comprar um brinquedo (Confiança na marca).

c) O brinquedo deve ser certificado pelo Inmetro (Segurança).

d) Ele precisa ser durável. Não pode estragar com facilidade ou ser muito frágil (Durabilidade).

e) Vejo com simpatia produtos tecnológicos (Elementos que aproximam a mãe do brinquedo/Tecnologia).

f) Gosto de brinquedos que me remetam a minha própria infância (Elementos que aproximam a mãe do brinquedo/Nostalgia).

g) Não gosto de brinquedos que estereotipam divisões por gênero (Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Gênero). h) Desaprovo brinquedos que utilizam personagens de forma apelativa para tentar induzir a compra (Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Marketing abusivo).

Uso do

produto

i) Gosto de brinquedos que estimulem o desenvolvimento intelectual e motor de meus filhos (Educacional).

j) É importante que meu filho possa interagir com os amigos, com os pais e com o próprio brinquedo, ao invés de ver o brinquedo “brincar sozinho” (Interação).

k) Gosto de brinquedos que não exijam supervisão de adultos ou necessariamente participação de outras crianças (Autonomia).

l) Prefiro brinquedos que estimulem o desenvolvimento social das crianças (Aprendizado social).

m) Evito os brinquedos que estimulam comportamentos violentos (Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Violência). n) Preocupam-me os brinquedos que contém estímulos sexuais (Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Conotação sexual).

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Dimensão Frase representante de cada categoria no Perfil de Concerns seguida da denominação da categoria

tecnologia em excesso (Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Tecnologia em excesso).

Consequências

do uso do

produto

p) Gosto de brinquedos que simulem atividades cotidianas/familiares (simulação da vida real).

q) Os brinquedos devem estimular a criatividade das crianças (criatividade).

r) Mais que ensinar algo, brinquedos devem deixar a criança feliz (Diversão / alegria).

s) É preciso que os brinquedos estimulem a criança se movimentar (Estímulo do movimento).

t) Não aprovo brinquedos que imponham padrões sociais, como tipos de uso ou cores (Imposição social).

u) Eu posso render-me à compra de brinquedos em função dos personagens que estão nele, mas tenho as minhas ressalvas em relação a isso (Personagens).

Fonte: Elaborado pelos autores

Os resultados apontam uma série de aplicações possíveis, especificamente no campo do design e da educação gráfica, já que o perfil de concerns pode trazer possibilidades de aplicações de cunho prático não apenas para a produção de brinquedos em si, mas também para os elementos que o envolvem (embalagem) e os que passam informações sobre o seu uso (manual de instruções). Essas aplicações serão apontadas, a seguir, com base nos elementos das dimensões “Produto”, “Uso do produto” e “Consequências do uso do produto”, conforme o Quadro 3.

Os concerns que podem ser aplicados em relação à embalagem são primeiramente relacionados à dimensão “Produto”. Pode-se indicar o concern “A”, que trata da faixa etária indicada para utilizar o brinquedo. Essa informação é citada como sendo importante para as mães na hora da escolha do brinquedo, portanto pode indicar que este tipo de informação deve estar aparente e de forma destacada para facilitar a visualização dos pais.

O concern “B” apresenta a importância da marca, como um item que pode determinar a compra de um brinquedo, por parte das mães entrevistadas. Aqui se pode compreender que, quando há na empresa a cultura de qualidade nas informações (na embalagem e nos outros elementos gráficos envolvidos), isso pode fazer parte do branding de marca e dessa maneira, fortalecer a sua imagem, e não apenas investir na qualidade dos produtos.

Outro elemento que pode ser destacado é o “C”, que trata da segurança. As mães apontaram que ver o selo do Inmetro, no brinquedo, é importante na hora da compra. Dessa forma, deve-se buscar essa certificação e colocar na embalagem, manual de instruções e até mesmo, no produto esse selo com destaque, para uma melhor visualização por parte dos pais.

No concern “E”, a tecnologia é indicada como fator aproximador dos pais. Assim, percebe-se que a embalagem pode conter elementos que destaquem essa característica do brinquedo, de forma a atrair o olhar dos pais e influenciar a sua decisão de compra.

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O item “F” está relacionado à nostalgia dos pais em relação ao brinquedo escolhido para os filhos. Esta característica pode ser utilizada na criação de embalagens que remetam à alguma característica antiga ou à algum costume ou brinquedo do passado. Inclusive a utilização das cores pode favorecer à criação de aspectos nostálgicos ao brinquedo e à embalagem.

Já o concern “G” indica que os pais repelem brinquedos que proporcionam divisão de gênero. Esse aspecto pode ser utilizado na confecção das embalagens evitando a utilização de elementos gráficos e cores que relacionem o brinquedo como sendo feminino ou masculino.

Com relação aos concerns relativos ao “Uso do produto”, pode-se destacar concerns aplicáveis ao uso do brinquedo, mas também a informações importantes que podem ser utilizadas nas embalagens. O concern “I” apresenta a preferência dos pais por brinquedos que estimulem o desenvolvimento intelectual e motor de meus filhos. Aqui se compreende que esse conhecimento é fundamental para ser adicionado na embalagem como foco atrativo, além da concepção do brinquedo.

Outro ponto a ser realçado, é o concern “L”, que trata do aprendizado social, no qual, os pais dão preferência a brinquedos que estimulem o desenvolvimento social das crianças. Além da concepção do produto, percebe-se que há uma boa oportunidade de utilizar a embalagem e/ou manual de instruções para fortalecer essa característica apontada. Por exemplo, no manual de instruções, pode-se criar uma seção de sugestões de atividades para esse fim.

Em relação às “Consequências (esperadas pelas mães) do uso do produto”, encontra-se, também, concerns que podem ser desdobrados para a área gráfica. O concern “P” trata do gosto das mães por brinquedos que simulem a vida real da família. Essa informação possui grande serventia para a confecção da embalagem do produto que pode conter essa sugestão desse tipo de “brincadeira” na foto promocional, ou ainda no manual de instruções, para atrair esse tipo de público.

Foi apontado que os brinquedos devem estimular a criatividade das crianças (concern “Q”). Dessa forma, pode usar esse aspecto na embalagem ou manual de instruções. Nesses elementos que compõem o brinquedo, podem conter sugestões, ou até, “cenários ilustrativos” diferentes para estimular a criatividade dos pais e das crianças para criar novas histórias e diferentes maneiras de utilizar o brinquedo.

As entrevistadas indicaram que preferem brinquedos que estimulem a criança se movimentar (concern “S” - Estímulo do movimento). Da mesma maneira que citado no parágrafo anterior, essa característica do brinquedo pode ser utilizada com destaque na embalagem. Além disso, o manual de instruções pode conter sugestões de exercícios e brincadeiras diferentes com o mesmo brinquedo, para estimular o movimento das crianças. Além de favorecer a vida saudável da criança, esse tipo de “serviço” pode ser visto pelos pais como um ponto forte da marca, que se preocupa com a saúde e o crescimento de seus filhos.

O item “T” não está relacionado às categorias de concern de produto mas de consequência do uso do produto, porém também pode ser útil para a produção das embalagens e brinquedos. Trata-se de um elemento também repelido pelos pais, a Imposição social. Claramente os pais preferem não escolher brinquedos que, principalmente através das cores induzem algum tipo de imposição social como conjunto de panelinhas ou vassouras cor de rosa, sempre com a imagem de meninas nas embalagens.

Dentro do objetivo de avaliar os concerns das mães relacionados aos produtos em si, o item “F”, também já citado para a confecção de embalagens, relacionado à nostalgia, pode ser

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trabalhado na produção de brinquedos que remetam este sentimento aos pais, contribuindo para a escolha. Tal aspecto pode ser trabalhado tanto pelas formas como pela escolha dos materiais e cores utilizadas na projetação do brinquedo. O concern “D”, referente à durabilidade dos brinquedos também é de fundamental auxilio na confecção dos brinquedos pela indústria que pode dar prioridade a materiais mais duráveis ou a processos de conformação do material que confiram mais tempo de vida aos brinquedos.

Grande parte dos concerns relacionados pelas mães pode servir de auxilio para a confecção do brinquedo enquanto produto pela indústria. Os concerns “C” (Tecnologia) e “O” (Preferência por brinquedos analógicos), apesar de serem praticamente opostos, podem ser guias para a produção de brinquedos que ao mesmo tempo em que utilizem tecnologia não exagerem no recurso que desagrada aos pais, podendo inclusive propor brinquedos que alternem o analógico com o tecnológico, ou que estimule a criança a não recorrer sempre à tecnologia nas brincadeiras.

A questão de gênero é um concern, relacionado ao segundo objetivo que avalia os concerns em relação ao uso do brinquedo, de grande preocupação dos pais que evitam brinquedos que estereotipem o gênero e que os distingam. O concern “G”, que trata da repulsão por brinquedos que estereotipem esta distinção, além de ser importante na concepção da embalagem, deve ser levado em conta na produção do brinquedo em si. No que, pode ser utilizado pelos designers na hora da escolha de formas, cores e no conceito central do brinquedo projetado, fugindo do padrão de mercado que desagrada aos pais.

O concern “K” (Autonomia) pode ser utilizado para a projetação de brinquedos intuitivos para as crianças a partir de cores e formas que não necessitem de auxilio dos pais para entenderem o funcionamento ou como utilizar o brinquedo. Fáceis encaixes, cores indicativas e formas simples podem ser exemplos de como isso pode auxiliar na autonomia da criança na brincadeira. Tais exemplos também podem ser úteis no que se refere ao concern “I” (Desenvolvimento motor). Este aspecto, relacionado ao uso do brinquedo, pode auxiliar na projetação de brinquedos que estimulem o desenvolvimento intelectual e motor das crianças.

Referentes ao terceiro objetivo da pesquisa apresentada neste artigo, relacionado com o entendimento dos concerns sobre as consequências do uso do brinquedo, também apresentam concerns úteis à produção do produto em si. Pode-se salientar o concern “Q” (Estimular a criatividade), útil na projetação dos brinquedos ao passo que o designer pode trabalhar diferentes formas de utilização, confecção de cenários que a criança deve complementar e múltiplas opções de interação entre a criança e o brinquedo.

Outro concern de consequência do uso do produto é o referente à preferência dos pais por brinquedos que estimulem o movimento das crianças (item “S”). Quando grande parte dos brinquedos infantis está voltada para o lado tecnológico, muitos pais preferem escolher brinquedos que tirem as crianças do sedentarismo para fazerem atividades que necessitem movimentação. Este concern pode ser útil na projetação de brinquedos que façam com que as crianças interajam com o produto de forma ativa. Materiais duráveis e que possam ser usados ao ar livre é um exemplo de elementos projetuais que podem ser levados em conta na produção desses brinquedos. Funções que somente se completam com uma ação de movimento das crianças também podem estimular que os filhos não utilizem os brinquedos semente parados.

O concern “T” (Imposição de padrões sociais), já citado como útil para a confecção de embalagens também pode ser utilizado na produção dos produtos. A escolha de cores e de padrões na confecção das peças, além dos modelos e conceitos dos brinquedos deve levar em

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consideração o desagrado dos pais com os produtos que impões padrões impositivos às crianças.

O manual de instruções é um elemento importante nos brinquedos infantis. Fora os exemplos já citados em composição com as embalagens (elementos respectivamente, “P” – Simulação da vida real, “Q”- Estimulo à criatividade e “S” – Estímulo de movimento), alguns

concerns podem ser utilizados para o designer pensar o manual do brinquedo produzido. O

manual de instruções pode utilizar as informações do concern “I” (Educacional / desenvolvimento intelectual e motor) para integrar elementos no manual que complementem este aprendizado nas crianças, como jogos de labirinto ou memória que componham o manual e se relacionem com o brinquedo do qual faz parte.

O aprendizado social (concern “L”) também pode ser estimulado através do manual que, juntamente com as instruções para a utilização do produto pode conter textos, imagens e questionários simples para a criança aprender noções de sociabilidade enquanto brinca.

Além disso, a preferência dos pais por brinquedos analógicos (item “O”) pode ser complementada com manuais de instruções que contenham figuras para a criança pintar, imagens para serem recortadas e utilizadas com o brinquedo ou cenários para completar. Esses exemplos podem ainda servir de base para a confecção de manuais de instruções que levem em consideração o elemento “Q”, de estímulo à criatividade das crianças.

O Quadro 4 a seguir apresenta a síntese dos concerns que podem servir de auxilio na produção de embalagens, brinquedos e manuais de instrução.

Quadro 4: Concerns Relacionados a Elementos De Projeto

Elementos de Projeto Concerns

Embalagem A - Idade/faixa etária B - Confiança na marca C - Segurança

E - Elementos que aproximam a mãe do brinquedo/Tecnologia

F - Elementos que aproximam a mãe do brinquedo/Nostalgia G - Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Gênero

I - Educacional L - Aprendizado social P - Simulação da vida real S - Estímulo do movimento T - Imposição social

Brinquedo C - Segurança

D - Durabilidade

F - Elementos que aproximam a mãe do brinquedo/Nostalgia G - Elementos que repelem a mãe em relação ao

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Elementos de Projeto Concerns

brinquedo/Gênero I - Educacional K - Autonomia

O - Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Tecnologia em excesso

Q - Criatividade

S - Estímulo do movimento T - Imposição social

Manual de instruções I - Educacional L - Aprendizado social

O - Elementos que repelem a mãe em relação ao brinquedo/Tecnologia em excesso

P - Simulação da vida real Q - Criatividade

S - Estímulo do movimento Fonte: Elaborado pelos autores

Vale ressaltar que nem todo projeto de brinquedo com foco em estimular experiências emocionais positivas entre as mães precisa atender a todas as demandas apontadas no perfil de concerns. Mais que isso, a análise serve como uma indicação de possíveis caminhos de projeto, apontando estímulos que podem ser trabalhados no brinquedo e outros que devem ser evitados.

5. Considerações Finais

A pesquisa teve como objetivo compreender os concerns dos pais de crianças pré-escolares em relação à aquisição de brinquedos para seus filhos. Nessa direção, buscou-se compreender os contextos de fomento a disposições positivas das famílias para a aquisição de brinquedos para seus filhos.

Os principais resultados apontaram que o modelo de compreensão de concerns em três categorias (sobre o produto, seus usos e suas consequências esperadas a partir do uso do produto) foi eficaz para a elaboração de um perfil de demandas das mães-usuárias para a projetação com vistas a estimular experiências positivas (sintetizado no Quadro 3). Assim, como contribuições de nível teórico, podem ser citadas não apenas o mapeamento dos

concerns no contexto da projetação de brinquedos, mas, também, a indicação da análise de concerns como metodologia de análise em design emocional aplicada à área da educação

gráfica.

Estudos relacionados à dimensão gráfica, nessa direção, necessitam de teorias e métodos pensados especificamente para sua tipologia de ação projetual. De tal modo, foi possível avaliar que a análise de concerns, em uso corrente no design, apresentou um bom

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potencial de aplicação também na área da educação gráfica. Demonstrou-se, através dela, que a produção de brinquedos com impacto emocional positivo entre as usuárias-mães pode ser estimulada com base nos resultados da pesquisa, mas que os resultados extrapolam o simples produto. Eles são relacionados, também, a elementos que envolvem o produto, como a embalagem, e os que passam informações sobre o seu uso, como o manual de instruções, atingindo resultados de interesse para pensar a educação gráfica.

Em termos de aplicação da metodologia de análise de concerns, vale ressaltar que, por mais que tenha sido uma abordagem de sucesso na pesquisa com as mães, ela seria extremamente limitada para a análise da experiência do usuário final: a criança. Concerns são acessados essencialmente a partir de verbalizações, o que torna sua análise frágil em contextos nos quais o usuário é muito jovem, em função de não ter um pensamento concreto bem estruturado.

Assim, cabe ressaltar, como limitação da pesquisa, que o estudo foi focado exclusivamente em mães. Elas são, muitas vezes, entendidas como as pessoas que decidem sobre a aquisição dos brinquedos infantis. Cabe, no entanto, ressaltar que o sucesso do brinquedo, como produto comercial, não depende apenas dessa avaliação, já que o interesse da criança certamente deve ser considerado no desenvolvimento de produtos, mas que a análise de concerns não seria a metodologia indicada para pesquisa direta com o usuário final do brinquedo.

Além disso, a pesquisa teve um evidente recorte em função do nível de educação das mães entrevistadas, mesmo que não intencional, já que quase todas possuem nível superior completo, conforme é possível observar através de suas ocupações, descritas no Quadro 1. Sugere-se, portanto, que novos estudos possam considerar uma maior diversidade de características socioculturais na exploração dos concerns. Ressalta-se a relevância social do estudo, não pela aplicação dos resultados, mas pelo conhecimento dos padrões de escolha de mães em relação a brinquedos.

Referências

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DESMET, P.M.A. Designing emotions. Tese (Doutorado em Design) – Delft University of Technology. Delft, 2002.

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DUARTE, R. Entrevistas em Pesquisas Qualitativas. Curitiba: UFPR, 2004. FRIJDA, N. The Emotions. Cambridge, UK: Columbia University Press, 1986.

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Referências

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