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ANÁLISE COMPUTACIONAL DAS CORRENTES DE TINKER. Isabela Ramos Teixeira Zão. Engenharia Mecânica.

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AN ´ALISE COMPUTACIONAL DAS CORRENTES DE TINKER

Isabela Ramos Teixeira Z˜ao

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Engenharia Mecˆanica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia Mecˆanica.

Orientador: N´ısio de Carvalho Lobo Brum

Rio de Janeiro Outubro de 2014

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Z˜ao, Isabela Ramos Teixeira

An´alise Computacional das Correntes de Tinker/Isabela Ramos Teixeira Z˜ao. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014.

XIII, 90 p.: il.; 29, 7cm.

Orientador: N´ısio de Carvalho Lobo Brum

Disserta¸c˜ao (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de Engenharia Mecˆanica, 2014.

Referˆencias Bibliogr´aficas: p. 85 – 90.

1. Trocadores de calor. 2. Simula¸c˜ao em volumes finitos. 3. Escoamento no lado do casco. I. Brum, N´ısio de Carvalho Lobo. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Mecˆanica. III. T´ıtulo.

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Agradecimentos

A Deus pois sem Ele nada disso seria poss´ıvel e tamb´em a intercess˜ao da Virgem Maria, M˜ae que nunca me abandona.

Agrade¸co a minha fam´ılia pelo apoio, pelas ora¸c˜oes e por ter tolerado minha ausˆencia.

Agrade¸co especialmente ao meu marido Leonardo, que esteve ao meu lado du-rante todas as crises e me apoiou todo o tempo.

Ao meu orientador N´ısio pela paciˆencia, orienta¸c˜ao e disponibilidade.

A Petrobras por ter concedido a libera¸c˜ao para realizar este mestrado e ao meu chefe e aos colegas de trabalho pelo apoio.

A minha amiga de mestrado Diana, que me ajudou muito mais do que ela pode imaginar.

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Resumo da Disserta¸c˜ao apresentada `a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necess´arios para a obten¸c˜ao do grau de Mestre em Ciˆencias (M.Sc.)

AN ´ALISE COMPUTACIONAL DAS CORRENTES DE TINKER

Isabela Ramos Teixeira Z˜ao

Outubro/2014

Orientador: N´ısio de Carvalho Lobo Brum Programa: Engenharia Mecˆanica

Este trabalho apresenta um estudo num´erico sobre a influˆencia das correntes de Tinker no escoamento dentro do casco de um permutador de calor casco e tubos. Em especial, ´e analisado o efeito da corrente de vazamento entre os tubos e chicana, denominada corrente A. Inicialmente, destaca-se a importˆancia da an´alise compu-tacional do escoamento no lado do casco do equipamento estudado. Em seguida, ´e apresentado o problema do escoamento dentro do casco do permutador de calor casco e tubo com suas equa¸c˜oes governantes. E tamb´em sua discretiza¸c˜ao pelo M´etodo dos Volumes Finitos, modelando o feixe de tubos como um meio poroso, pr´atica comum na literatura, ´e detalhada. ´E apresentada ent˜ao a descri¸c˜ao da modelagem num´erica da corrente de vazamento entre os tubos e a chicana. Finalmente s˜ao apresentados os resultados obtidos com as principais observa¸c˜oes. Ao final da disserta¸c˜ao s˜ao apresentadas as principais conclus˜oes do trabalho e propostas de trabalhos futuros.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

COMPUTATIONAL ANALYSIS OF TINKER’S STREAMS

Isabela Ramos Teixeira Z˜ao

October/2014

Advisor: N´ısio de Carvalho Lobo Brum Department: Mechanical Engineering

This work presents a numerical study about the Tinker’s streams influence on the shell side flow of a shell and tube heat exchanger. Particularly, the tube to baffle leakage stream, named stream A, effects are evaluated. First the importance of computational analysis of shell side flow is emphasized. Then the problem of shell side flow of a shell and tube heat exchanger is explained and its governing equations, presented. Also, the problem discretization with Finite Volume Method, modelling the tube bundle as a porous media, a common practice in literature, is detailed. Then, the numerical modelling of the tube to baffle leakage stream is described. Finally, the achieved results are shown, with main observations. By the end of this work the main conclusions and some future works proposals are exhibited.

(8)

Sum´

ario

Lista de Figuras x

Lista de Tabelas xiii

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Motiva¸c˜ao . . . 1

1.2 Objetivos . . . 4

2 Revis˜ao Bibliogr´afica 6 2.1 M´etodos experimentais . . . 6

2.2 As Correla¸c˜oes . . . 7

2.2.1 O M´etodo das Correntes . . . 8

2.3 M´etodos num´ericos . . . 12

2.3.1 Avalia¸c˜ao do comportamento local do escoamento no casco com aux´ılio de CFD . . . 12

2.3.2 Feixe de tubos como meio poroso . . . 14

3 Modelagem Matem´atica do Problema 19 3.1 Premissas . . . 19

3.2 Teorema da m´edia volum´etrica ou espacial . . . 20

3.3 Dom´ınio do casco como meio poroso . . . 22

3.3.1 Equa¸c˜ao da continuidade . . . 22

3.3.2 Equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao de quantidade de movimento . . . 23

3.3.3 Intera¸c˜ao fluido-estrutura . . . 25

3.4 Equa¸c˜oes governantes do problema . . . 25

4 Modelagem num´erico-computacional 27 4.1 M´etodo de Volumes Finitos . . . 27

4.1.1 Sobre o m´etodo . . . 27

4.1.2 Fun¸c˜ao de interpola¸c˜ao espacial . . . 31

4.1.3 Integra¸c˜ao das equa¸c˜oes de conserva¸c˜ao . . . 32

(9)

4.2 Modelo poroso . . . 40

4.2.1 Feixe de tubos . . . 40

4.2.2 Equa¸c˜oes de conserva¸c˜ao e Condi¸c˜oes de contorno . . . 44

4.3 Modelagem do vazamento entre os tubos e a chicana . . . 48

4.4 Estudo de convergˆencia de malha . . . 49

5 Resultados e Discuss˜ao 52 5.1 Valida¸c˜ao da simula¸c˜ao . . . 54

5.1.1 An´alise de convergˆencia de malha . . . 57

5.1.2 Sensibilidade do modelo . . . 59

5.2 Influˆencia da corrente A . . . 60

5.2.1 Influˆencia na perda de carga . . . 60

5.2.2 Influˆencia no escoamento . . . 63

6 Conclus˜oes 70 6.1 Contribui¸c˜oes desta disserta¸c˜ao . . . 70

6.2 Sugest˜oes de trabalhos futuros . . . 71

A Resultados de escoamento com vaz˜ao de 5,96 kg/s 73 A.1 Resultados considerando escoamento sem a corrente A . . . 73

A.2 Resultados considerando escoamento com a corrente A . . . 74

B Resultados de escoamento com vaz˜ao de 3,77 kg/s 79 B.1 Resultados considerando escoamento sem a corrente A . . . 79

B.2 Resultados considerando escoamento com a corrente A . . . 81

(10)

Lista de Figuras

1.1 Zonas de recircula¸c˜ao dentro do permutador C&T (extra´ıda de Thu-lukkanam (2013)) . . . 2 1.2 Feixe de tubos com incrusta¸c˜ao externa . . . 3 1.3 Permutador casco e tubos . . . 4 1.4 Corrente de vazamento atrav´es da folga entre os tubos e a chicana

(extra´ıdo de Thome (2004)) . . . 5 2.1 Distribui¸c˜ao das correntes dentro do casco (adaptada de Hewitt (1994)) 9 2.2 Circuito hidr´aulico equivalente com resistˆencias ao escoamento . . . . 9 2.3 Mapa das correntes de Tinker (extra´ıdo de Thome (2004)) . . . 10 2.4 Corrente de Bypass entre o feixe e o casco (extra´ıdo de Thome (2004)) 11 2.5 T´ıpicos arranjos do feixe de tubos do permutador Thome (2004)) . . 16 3.1 Permutador casco e tubo com chicanas representadas . . . 20 3.2 Superf´ıcie S associada a um ponto z qualquer do meio poroso

(repro-duzido de Campos (2007)) . . . 21 3.3 Feixe de tubos do permutador de Bell . . . 22 4.1 Tarefa do m´etodo num´erico (extra´ıdo de Maliska (2004)) . . . 28 4.2 Volume elementar com fluxo de massa atrav´es das faces (extra´ıdo de

Maliska (2004)) . . . 29 4.3 Corpo unidimensional sujeito a condu¸c˜ao de calor transiente

(adap-tado de Maliska (2004)) . . . 29 4.4 Volume de controle tridimensional com pontos vizinhos (extra´ıdo de

Veersteg & Malalasekera (2007)) . . . 32 4.5 Arranjo co-localizado (extra´ıdo de Maliska (2004)) . . . 36 4.6 Arranjo defasado para problemas bidimensionais (extra´ıdo de

Veers-teg & Malalasekera (2007)) . . . 37 4.7 Distribui¸c˜ao das chicanas no permutador discretizado pela malha de

8 x 16 x 41 . . . 43 4.8 Volumes equivalentes ao casco do permutador na malha de 8 x 16 x 41 44

(11)

4.9 Condi¸c˜oes de contorno aplicadas ao modelo (extra´ıdo de Campos

(2007)) . . . 45

5.1 Permutador utilizado no experimento Bell-Delaware (desenho gerado a partir do programa HTRI) . . . 52

5.2 Espelho do permutador de Bell gerando com o programa comercial HTRI . . . 53

5.3 Malha 6 x 12 x 35 . . . 54

5.4 Malha 12 x 24 x 65 . . . 55

5.5 Malha 24 x 48 x 125 . . . 56

5.6 Painel de op¸c˜oes do programa comercial HTRI . . . 56

5.7 Escoamento modelado com malha 6 x 12 x 35 - vaz˜ao 9,48 kg/s . . . 58

5.8 Escoamento modelado com malha 12 x 24 x 65 - vaz˜ao 9,48 kg/s . . . 59

5.9 Escoamento modelado com malha 24 x 48 x 125 - vaz˜ao 9,48 kg/s . . 60

5.10 Ponto analisado no estudo de convergˆencia de malha - vista em pers-pectiva . . . 61

5.11 Ponto analisado no estudo de convergˆencia de malha - vista frontal . 61 5.12 Folga entre os tubos e os furos da chicana . . . 64

5.13 Escoamento com a corrente A modelado com malha 6 x 12 x 35 -vaz˜ao 9,48 kg/s . . . 65

5.14 Escoamento com a corrente A modelado com malha 6 x 12 x 35 -vaz˜ao 9,48 kg/s . . . 66

5.15 Escoamento com a corrente A modelado com malha 12 x 24 x 65 -vaz˜ao 9,48 kg/s . . . 66

5.16 Escoamento com a corrente A modelado com malha 12 x 24 x 65 -vaz˜ao 9,48 kg/s . . . 67

5.17 Escoamento com corrente A - vaz˜ao 9,48 kg/s - plano em x=0,114 . . 67

5.18 Escoamento com corrente A - vaz˜ao 9,48 kg/s - plano em x=0,052 . . 68

5.19 Escoamento com corrente A - vaz˜ao 9,48 kg/s - plano em x=0,012 . . 68

5.20 Detalhe do escoamento com corrente A - vaz˜ao 9,48 kg/s - plano em x=0,114 . . . 69

5.21 Detalhe do escoamento sem vazamentos - vaz˜ao 9,48 kg/s - plano em x=0,114 . . . 69

A.1 Escoamento modelado com malha 6 x 12 x 35 - vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 73

A.2 Escoamento modelado com malha 12 x 24 x 65 - vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 74

A.3 Escoamento modelado com malha 24 x 48 x 125 - vaz˜ao 5,96 kg/s . . 74

A.4 Escoamento com a corrente A modelado com malha 6 x 12 x 35 -vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 75

(12)

A.5 Escoamento com a corrente A modelado com malha 6 x 12 x 35 -vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 75 A.6 Escoamento com a corrente A modelado com malha 12 x 24 x 65

-vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 76 A.7 Escoamento com a corrente A modelado com malha 12 x 24 x 65

-vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 77 A.8 Escoamento com a corrente A modelado com malha 24 x 48 x 125

-vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 77 A.9 Escoamento com a corrente A modelado com malha 24 x 48 x 125

-vaz˜ao 5,96 kg/s . . . 78 B.1 Escoamento modelado com malha 6 x 12 x 35 - vaz˜ao 3,77 kg/s . . . 79 B.2 Escoamento modelado com malha 12 x 24 x 65 - vaz˜ao 3,77 kg/s . . . 80 B.3 Escoamento modelado com malha 24 x 48 x 125 - vaz˜ao 3,77 kg/s . . 80 B.4 Escoamento com a corrente A modelado com malha 6 x 12 x 35

-vaz˜ao 3,77 kg/s . . . 81 B.5 Escoamento com a corrente A modelado com malha 6 x 12 x 35

-vaz˜ao 3,77 kg/s . . . 81 B.6 Escoamento com a corrente A modelado com malha 12 x 24 x 65

-vaz˜ao 3,77 kg/s . . . 82 B.7 Escoamento com a corrente A modelado com malha 12 x 24 x 65

-vaz˜ao 3,77 kg/s . . . 83 B.8 Escoamento com a corrente A modelado com malha 24 x 48 x 125

-vaz˜ao 3,77 kg/s . . . 84 B.9 Escoamento com a corrente A modelado com malha 24 x 48 x 125

(13)

Lista de Tabelas

2.1 Correntes de fluxo no casco do permutador casco e tubos . . . 10

5.1 Caracter´ısticas do permutador de calor 10C-TL5-1 de Bell (1963), usado das simula¸c˜oes . . . 54

5.2 Malhas utilizadas . . . 55

5.3 Perda de carga (∆P ) num´erica x HTRI, em kPa . . . 55

5.4 Erro relativo entre perda de carga (∆P ) num´erica x HTRI . . . 57

5.5 Parˆametros de cada malha usado no m´etodo GCI . . . 58

5.6 An´alise de convergˆencia num´erica . . . 59

5.7 Equipamento padr˜ao - testes de sensibilidade . . . 62

5.8 Comportamento de um trocador de calor real . . . 62

5.9 Varia¸c˜ao da perda de carga (∆P ) encontrada nos testes de sensibili-dade - malha 8 x 16 x 41 . . . 63

5.10 Quantidade de volumes por chicana que simulam a folga entre os tubos e a chicana . . . 63

5.11 Perda de carga (∆P ) num´erica x HTRI, em kPa . . . 64

(14)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜

ao

1.1

Motiva¸c˜

ao

Permutadores ou trocadores de calor s˜ao equipamentos essenciais na ind´ustria de processos. Dentre os tipos de permutadores presentes em plantas de processo, destacam-se os tubulares, de placas e de circuito impresso. Os permutadores tu-bulares se dividem em duplo tubo, multitutu-bulares e casco e tubos. Na ind´ustria o modelo mais utilizado ´e o casco e tubos, principalmente por sua maior robustez mecˆanica e flexibilidade construtiva, que permite a melhor adequa¸c˜ao de ´area de troca t´ermica ao servi¸co especificado.

O projeto de qualquer trocador de calor deve encontrar o equil´ıbrio entre projeto t´ermico e hidr´aulico. Assim ´e poss´ıvel obter um equipamento de bom desempenho e que atenda ao servi¸co sem onerar o sistema de bombeamento da planta industrial. Tal configura¸c˜ao ´e obtida atrav´es de sucessivas itera¸c˜oes e este processo pode ser feito de forma anal´ıtica ou com o auxilio de programas comerciais de projeto. O papel que a conserva¸c˜ao de energia ocupa no projeto e na opera¸c˜ao de plantas industriais ´e cada vez maior. Isso demanda que o c´alculo da perda de carga dos equipamentos seja cada vez mais preciso. Uma previs˜ao adequada da perda de carga gera economia ao reduzir custo de bombeamento e custo do equipamento em si, pois um trocador dimensionado para utilizar a m´axima perda de carga dispon´ıvel possui dimens˜oes menores que o mesmo equipamento, quando projetado com perda de carga menor.

Incrusta¸c˜ao, corros˜ao localizada, hot spots decorrentes de zonas de estagna¸c˜ao e vibra¸c˜ao dos tubos s˜ao problemas t´ıpicos nos trocadores casco e tubos como apre-sentado em Theodossiou et al (1988) e, salvo algumas exce¸c˜oes, estes s˜ao resultado de m´a distribui¸c˜ao do fluido no casco do permutador. Os programas comerciais dis-pon´ıveis para dimensionamento termo-hidr´aulico dos trocadores casco e tubos s˜ao suficientemente precisos para avalia¸c˜oes globais dos coeficientes de troca t´ermica e das perdas de carga, por´em n˜ao existe uma ferramenta comercial espec´ıfica

(15)

dis-Figura 1.1: Zonas de recircula¸c˜ao dentro do permutador C&T (extra´ıda de Thuluk-kanam (2013))

pon´ıvel para an´alise localizada do escoamento dentro do casco de um equipamento de porte industrial. O conhecimento do comportamento local do fluxo no casco ´e ´util para identificar regi˜oes estagnadas propensas a dep´ositos ou a corros˜ao, ou regi˜oes de velocidade elevada que podem provocar vibra¸c˜ao nos tubos, danosas aos mesmos. ´E poss´ıvel obter informa¸c˜oes localizadas sobre o escoamento e a perda de carga no lado do casco de um permutador casco e tubos atrav´es da realiza¸c˜ao de experimentos, implementando t´ecnicas de visualiza¸c˜ao, ou modelando numeri-camente o equipamento com os seus internos, fazendo uso de algumas t´ecnicas de simplifica¸c˜ao, como ser˜ao apresentadas posteriormente.

Conforme descrito em Pettigrew (1985), s˜ao considerados no dimensionamento de um trocador de calor; seu desempenho, confiabilidade operacional, baixa neces-sidade de manuten¸c˜ao e troca t´ermica otimizada, alinhado ao menor custo poss´ıvel. As consequˆencias de um mau dimensionamento de um permutador v˜ao al´em do custo de manuten¸c˜ao ou de fabrica¸c˜ao de um novo equipamento. Os impactos no funcio-namento da planta de processo e as consequentes perdas de produ¸c˜ao correspondem a valores muito maiores do que os custos relacionados a um projeto otimizado e a aquisi¸c˜ao de um trocador bem especificado.

Taborek et al. (1972) ressaltaram que a incrusta¸c˜ao representa o maior custo operacional das ind´ustrias de processo. O conhecimento das caracter´ısticas de es-coamento no casco ´e essencial para o controle da incrusta¸c˜ao. Mesmo hoje, com o avan¸co das metodologias de c´alculo e das tecnologias para reduzir o dep´osito no equipamento durante sua opera¸c˜ao, a incrusta¸c˜ao continua sendo uma grande preocupa¸c˜ao no projeto dos permutadores de calor. Dentre os fatores que contri-buem para a forma¸c˜ao de dep´ositos dentro do equipamento, destacam-se o tempo de opera¸c˜ao, a composi¸c˜ao do fluido e suas caracter´ısticas do escoamento. Baixas velocidades de escoamento, seja no casco ou nos tubos, favorecem a deposi¸c˜ao na superf´ıcie dos tubos, dificultando a troca t´ermica.

(16)

Figura 1.2: Feixe de tubos com incrusta¸c˜ao externa

Um dos parˆametros avaliados pelos programas comerciais ´e a velocidade m´edia do fluxo no casco. Por mais que estes programas indiquem velocidades m´edias consideradas adequadas, a geometria interna do casco junto com as propriedades do fluido podem levar ao surgimento de zonas de recircula¸c˜ao, representadas na Figura 1.1. Nestas regi˜oes, o fluido circula com velocidades muito baixas, favorecendo a deposi¸c˜ao. Al´em de prejudicar a troca de calor, a ocorrˆencia de dep´osito na zonas de recircula¸c˜ao pode levar a degrada¸c˜ao t´ermica, alterando a qualidade do fluido no casco. A Figura 1.2 mostra os efeitos de um fluido propenso a incrusta¸c˜ao escoando com baixa velocidade dentro do casco de um permutador de calor.

Em aplica¸c˜oes com fluidos corrosivos ou de viscosidade muito sens´ıvel `a tempe-ratura, o controle da forma¸c˜ao de zonas de recircula¸c˜ao torna-se essencial. No caso de fluidos corrosivos pode ocorrer corros˜ao localizada nas regi˜oes de baixa veloci-dade. J´a a varia¸c˜ao de viscosidade ao longo do trocador provoca uma varia¸c˜ao da velocidade de escoamento no casco, gerando m´a distribui¸c˜ao de fluxo, que pode at´e danificar o equipamento. A ´agua ´e um exemplo de fluido de viscosidade sens´ıvel `a temperatura, sabe-se que em um intervalo de, por exemplo, 80◦C a viscosidade da

´agua apresenta uma varia¸c˜ao de 65%.

Justificado por sua vasta utiliza¸c˜ao e sua importˆancia nos processos industriais, as metodologias de projeto do permutador casco e tubos devem ser constantemente aprimoradas (1999). O m´etodo mais eficaz para conhecer e avaliar localmente o

(17)

Figura 1.3: Permutador casco e tubos

fluxo no casco ´e pela realiza¸c˜ao de experimentos e a aplicabilidade dos resulta-dos fica restrita ao modelo estudado. Al´em disso, a instrumenta¸c˜ao necess´aria e aplica¸c˜ao correta de t´ecnicas de visualiza¸c˜ao tornam esta op¸c˜ao custosa e complexa. A alternativa ´e simular numericamente o escoamento no casco do permutador. As ferramentas dispon´ıveis atualmente permitem a simula¸c˜ao tridimensional dos equi-pamentos com representa¸c˜ao dos efeitos causados por seus internos. Esta op¸c˜ao permite obter informa¸c˜oes suficientes sobre o comportamento localizado do fluxo no casco.

Eifler & Nijsing (1967), motivados pela necessidade da ind´ustria nuclear em co-nhecer os detalhes do escoamento interno ao casco dos permutadores casco e tubos utilizados, realizaram um estudo experimental para determinar a distribui¸c˜ao de ve-locidades e as resistˆencias ao escoamento de um fluxo paralelo a um feixe de tirantes com arranjo triangular. Foram investigadas a sensibilidade destes parˆametros ao espa¸camento entre as chicanas e ao n´umero de Reynolds, o que validou o modelo te´orico proposto pelos autores anteriormente.

1.2

Objetivos

A proposta desta disserta¸c˜ao ´e modelar o escoamento dentro do casco de um tro-cador Casco e Tubos como o representado na Figura 1.3, atrav´es da simula¸c˜ao

(18)

Figura 1.4: Corrente de vazamento atrav´es da folga entre os tubos e a chicana (extra´ıdo de Thome (2004))

computacional utilizando o M´etodo de Volumes Finitos. Al´em de considerar o efeito dos tubos e das chicanas no escoamento, foram inclu´ıdos no modelo o vazamento atrav´es da folga entre os tubos e a chicana, representada na figura 1.4. Foi avaliado o impacto desta corrente de vazamento na perda de carga e verificado como esta corrente modifica o escoamento no lado do casco do permutador.

N˜ao foi encontrado na literatura estudo sobre os efeitos locais das correntes de vazamento no escoamento do casco e as abordagem sobre os efeitos destas correntes sobre a perda de carga se limitam a avalia¸c˜ao global do escoamento, como a reali-zadas por programas comerciais de projeto termo-hidr´aulico de permutadores casco e tubos, como HTRI e Aspentech EDR. Da´ı veio ent˜ao a motiva¸c˜ao de modelar o escoamento dentro do casco de um permutador de calor casco e tubos e avaliar os efeitos das correntes de vazamento e de bypass do feixe. O foco desta foi estudar o efeito da corrente de vazamento atrav´es da folga entre os furos das chicanas e os tubos do feixe no escoamento do lado do casco, tanto na perda de carga como no comportamento local do escoamento. Os efeitos da corrente A na troca t´ermica do equipamento n˜ao foram abordados nesta disserta¸c˜ao.

Os resultados obtidos nas simula¸c˜oes foram comparados com as estimativas for-necidas pelo programa comercial de projeto termo-hidr´aulico HTRI Xist 5.0, do qual a universidade disp˜oe de licen¸ca acadˆemica. Para esta simula¸c˜ao foi desenvolvido um programa em Fortran baseado no programa desenvolvido por (2007), utilizando o Microsoft Visual Studio 2010 e o compilador Intel Fortran 2011.

(19)

Cap´ıtulo 2

Revis˜

ao Bibliogr´

afica

Devido `a sua estrutura interna, o escoamento do fluido dentro do casco de um permutador casco e tubos n˜ao ´e algo simples de ser avaliado como o escoamento interno aos tubos. A metodologia de c´alculo do coeficiente de troca t´ermica e da perda de carga tem evolu´ıdo ao longo dos anos, a partir da d´ecada de 1950. Li & Kottke (1997) destacam a complexidade do escoamento no casco do trocador e os numerosos parˆametros geom´etricos deste equipamento como as principais raz˜oes para que se tenha pouco conhecimento ´util para o projeto do casco do permutador. Da´ı os diversos esfor¸cos em obter um modelo num´erico ou experimental que permita conhecer melhor as especificidades deste escoamento.

O conhecimento detalhado do escoamento no casco pode ser obtido atrav´es da realiza¸c˜ao de experimentos como fizeram Bell (1963), Emerson (1963) e Li & Kottke (1997) ou atrav´es de correla¸c˜oes tamb´em baseadas em experimentos, como os pro-postos por Kern (1950), Tinker (1958), Palen & Taborek (1969) e Wills & Johnson (1984). No entanto, estes m´etodos n˜ao permitem estudar o escoamento de forma localizada, fornecendo somente a perda de carga e o coeficiente de troca t´ermica globais. A modelagem num´erica das equa¸c˜oes que governam o escoamento ´e a al-ternativa vi´avel para realizar o estudo detalhado do fluxo no casco. Experimentos que avaliem condi¸c˜oes locais do escoamento s˜ao custosos, principalmente quando deseja-se estudar a sensibilidade param´etrica do modelo, e os m´etodos de visua-liza¸c˜ao dificilmente s˜ao eficazes. Por isso, o uso de ferramentas computacionais para diagnosticar e corrigir problemas em trocadores de calor sempre foi recomendado, conforme destacado por Pettigrew et al. (1985).

2.1

etodos experimentais

Li & Kottke (1997), (1998), (1998) e (1999) realizaram diversos experimentos para conhecer melhor o comportamento local do escoamento no casco dos permutadores casco e tubos. Eles conduziram uma an´alise da troca t´ermica e de massa localizada

(20)

em permutadores com chicanas do tipo disco e rosca (1999) e estudos de sensibilidade da perda de carga e do coeficiente de troca t´ermica local ao espa¸camento entre as chicanas (1998). Os autores tamb´em avaliaram experimentalmente o efeito da corrente de vazamento entre o casco e a chicana (1998) e do vazamento entre os tubos e as chicanas na transferˆencia de calor e de massas locais (1997). A visualiza¸c˜ao dos vazamentos foi poss´ıvel gra¸cas a uma t´ecnica utilizada de medi¸c˜ao de transferˆencia de massa baseada em rea¸c˜oes qu´ımicas e de absor¸c˜ao.

Pekdemir et al (1993) realizaram um estudo experimental da distribui¸c˜ao da press˜ao e das velocidades no feixe de um trocador casco e tubos com casco tipo TEMA E (2007). As medi¸c˜oes foram feitas dentro de um trecho do trocador delimi-tado por duas chicanas consecutivas. Naquele estudo, foram coletadas informa¸c˜oes para diferentes espa¸camentos, mantendo o corte das chicanas constante em 25%. A partir das medi¸c˜oes da perda de carga foram estimados os campos de veloci-dade e o resultado foi comparado com as medi¸c˜oes diretas de velociveloci-dades. Estas compara¸c˜oes corroboraram as correla¸c˜oes de press˜ao e velocidade para escoamentos atrav´es de feixes tubulares.

2.2

As Correla¸c˜

oes

Hewitt et al. (1994) apresentam de forma sucinta a evolu¸c˜ao do desenvolvimento das correla¸c˜oes entre os parˆametros envolvidos no escoamento dentro do casco do troca-dor. Os primeiros m´etodos utilizavam correla¸c˜oes an´alogas ao escoamento interno dos tubos, como o apresentado por Kern (1950), e eram baseados em correla¸c˜oes de-senvolvidas a partir de dados experimentais de projetos “t´ıpicos” de permutadores. O M´etodo de Kern ´e aplic´avel somente a chicanas com corte de 25% e n˜ao considera os vazamentos atrav´es das folgas existentes dentro do casco.

O M´etodo Bell-Delaware (1963) possui maior abrangˆencia e ´e o m´etodo mais conhecido. Ele foi desenvolvido a partir de uma base de dados experimentais muito maior do que a utilizada por Kern (1950), e prevˆe fatores de corre¸c˜ao devido aos va-zamentos presentes no casco e para algumas poss´ıveis geometrias do feixe de tubos. Ele j´a utiliza o conceito de escoamento do casco dividido em correntes analisadas separadamente, introduzido por Tinker (1958). ´E fato que este m´etodo possui uma aplicabilidade muito maior que o primeiro, mas ainda sim seu uso est´a limitado a trocadores de geometria compat´ıvel com a base dados utilizada. Os permutadores utilizados como base para o desenvolvimento deste m´etodo n˜ao s˜ao de escala in-dustrial. Logo, aplicar suas correla¸c˜oes a equipamentos de escala industrial pode fornecer resultados que n˜ao representem a realidade. Apesar desta limita¸c˜ao ´e um m´etodo ainda muito utilizado, principalmente para estimar o coeficiente de troca t´ermica no casco, pois os resultados para este coeficiente apresentam certa coerˆencia

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com o comportamento real do equipamento. Serna & Jim´enez (2005) desenvolveram rela¸c˜oes compactas baseadas modelo de Bell para estimar a ´area, o coeficiente de troca t´ermica e a perda de carga no escoamento no casco de permutadores de calor casco e tubos, levando em conta os vazamentos na chicana e as correntes de bypass. A busca de um m´etodo mais abrangente motivou o desenvolvimento da abor-dagem proposta por Tinker (1958), o chamado M´etodo de An´alise das Correntes. O m´etodo de Tinker foi precursor de Bell-Delaware (1963), mas demandava ferra-mentas de c´alculo n˜ao dispon´ıveis na ´epoca de sua concep¸c˜ao. A ideia do M´etodo das Correntes ´e identificar as diversas trajet´orias que o fluido pode percorrer dentro do casco e calcular a contribui¸c˜ao de cada corrente para a troca t´ermica e para a perda de carga. Este m´etodo ´e particularmente adequado para c´alculos computa-cionais. Al´em disso, ele ´e a base dos principais programas comerciais de projeto termo-hidr´aulico de permutadores de calor casco e tubos, como Xist HTRI e As-pentech EDR. At´e 1984, n˜ao era poss´ıvel resolver este m´etodo manualmente, at´e que Wills & Johnson (1984) publicaram uma vers˜ao do m´etodo das correntes com algumas simplifica¸c˜oes pass´ıvel de solu¸c˜ao manual.

2.2.1

O M´

etodo das Correntes

Serth & Lestina (2014) apresentam de forma concisa a evolu¸c˜ao do M´etodo das Correntes. Concebido por Tinker e desenvolvido por Palen & Taborek (1969), em conjunto com outros pesquisadores do Heat Transfer Research, Inc. (HTRI), esta metodologia de base emp´ırica foi aprimorada gra¸cas a um extenso banco de dados de permutadores casco e tubos industriais. ´E o m´etodo mais utilizado e confi´avel para projeto e verifica¸c˜ao de desempenho de permutadores casco e tubos.

Esta metodologia, apesar de tamb´em ter base emp´ırica, ´e considerada mais fiel ao fenˆomeno f´ısico que o m´etodo de Bell-Delaware, pois ´e baseada em princ´ıpios hidr´aulicos bem estabelecidos que consideram corretamente as intera¸c˜oes entre as diversas correntes presentes no casco. O escoamento no casco ´e modelado como uma rede hidr´aulica. A Figura 2.1 ilustra a ideia central do m´etodo. Ela representa um trecho do trocador composto por trˆes chicanas consecutivas e traz os diversos caminhos dispon´ıveis ao fluido para sair do ponto P1 e chegar ao ponto P2. Cada caminho corresponde a uma corrente do escoamento do fluido no casco. A cada uma destas correntes ´e associada uma resistˆencia ao escoamento, utilizada na de-termina¸c˜ao da perda de press˜ao relacionada a cada uma delas. A vaz˜ao de cada corrente ´e obtida atrav´es do balan¸co hidr´aulico do sistema, modelo desenvolvido por Palen & Taborek (1969) e reproduzido na Figura 2.2.

Como muitos dos parˆametros obtidos durante a pesquisa de desenvolvimento do m´etodo das correntes s˜ao propriet´arios, a ind´ustria faz uso de programas comerciais

(22)

Figura 2.1: Distribui¸c˜ao das correntes dentro do casco (adaptada de Hewitt (1994))

para projetar e avaliar seus equipamentos. Existe por´em uma vers˜ao do m´etodo publicada por Wills & Johnson (1984) que, apesar de trazer algumas simplifica¸c˜oes, apresenta todos os parˆametros necess´arios e permite o c´alculo da perda de carga e das fra¸c˜oes de escoamento no lado do casco. Este m´etodo tornou-se ent˜ao uma ferramenta ´util na verifica¸c˜ao dos resultados fornecidos pelos programas comerciais.

Figura 2.2: Circuito hidr´aulico equivalente com resistˆencias ao escoamento As correntes concebidas por Tinker est˜ao representadas na Figura 2.3. Parte do fluido atravessa o feixe tubular (corrente B) e parte contorna o feixe (corrente de bypass C). Al´em disso, ocorrem vazamentos atrav´es das folgas entre os tubos e os furos de cada chicana (corrente A) e entre o casco e as chicanas (corrente E). As correntes de vazamento e a que atravessa o feixe se unem para formar a corrente que

(23)

Figura 2.3: Mapa das correntes de Tinker (extra´ıdo de Thome (2004))

cruza a janela da chicana. A Tabela 2.1 cont´em a descri¸c˜ao completa das correntes. No m´etodo proposto por Wills & Johnson (1984) a corrente CF une a corrente de bypass entre o casco e o feixe (corrente C) ilustrada na Figura 2.4 e a corrente de vazamento atrav´es do espa¸co criado pelos divisores de passo dos tubos (corrente F).

Tabela 2.1: Correntes de fluxo no casco do permutador casco e tubos Corrente Descri¸c˜ao

A Vazamento atrav´es das aberturas entre os tubos e as chicanas

B Fluxo perpendicular ao feixe em constante contato com os tubos

CF Corrente de bypass do feixe de tubos E Vazamento entre o casco e as chicanas

A metodologia de Wills & Johnson (1984) estabeleceu correla¸c˜oes simplificadas para as resistˆencias ao escoamento de cada uma das correntes. O m´etodo ´e de solu¸c˜ao direta quando s˜ao utilizados feixes de arranjo quadrado. No caso de feixes com arranjo de tubos triangulares algumas itera¸c˜oes s˜ao necess´arias, mas nada que penalize a praticidade do m´etodo ou que impe¸ca sua solu¸c˜ao manual.

Kapale & Chand (2006) desenvolveram um modelo te´orico para estimar a perda de carga no casco baseado no mesmo conceito de dividir o escoamento em se¸c˜oes e atribuir resistˆencias a cada uma delas. O modelo foca principalmente na modelagem das regi˜oes da janela e do escoamento cruzado. As correntes de vazamento casco-chicana e tubo-casco-chicana e a corrente de bypass tamb´em foram consideradas neste modelo. O modelo abrange escoamentos com Reynolds de 103

a 105

, e os resultados foram comparados aos resultados experimentais de Bergelin (1958) e Halle & Che-noweth (1988), al´em de outros modelos presentes na literatura, tais como Gaddis

(24)

Figura 2.4: Corrente de Bypass entre o feixe e o casco (extra´ıdo de Thome (2004)) (1997), Prithiviraj & Andrews (1999) e Kern (1950).

Alguns autores j´a avaliaram experimentalmente o impacto das correntes de va-zamento nos perfis de velocidade, press˜ao e temperatura do escoamento no casco do permutador de calor. Li & Kottke (1997) avaliaram o efeito da corrente de vaza-mento A, que ´e o foco principal desta disserta¸c˜ao, realizando um experivaza-mento com um trocador com casco e tubos em acr´ılico. Nele foi poss´ıvel observar a influˆencia do vazamento atrav´es da folga tubo-chicana na transferˆencia de calor e de massa atrav´es da medi¸c˜ao local do vazamento para diferentes diˆametros de furo. A partir dos dados obtidos, identificaram uma rela¸c˜ao ´otima entre a dimens˜ao da folga e a perda de carga para o servi¸co estudado. Constataram tamb´em que esta varia¸c˜ao de dimens˜ao da folga praticamente n˜ao altera os coeficientes de troca de calor e de massa.

Em outro trabalho (1998), os mesmos autores avaliaram os efeitos da corrente de vazamento entre o casco e as chicanas. Esta corrente (E) reduz consideravelmente a troca t´ermica m´edia por setor e a perda de carga do escoamento no casco. Roetzel & Lee (1994) tamb´em avaliaram experimentalmente o efeito desta corrente de va-zamento na troca t´ermica para diferentes espa¸camentos entre chicanas. Os autores verificaram que a corrente E reduz o desempenho t´ermico do trocador e o coeficiente global de troca t´ermica. Esta redu¸c˜ao aumenta com o crescimento do n´umero de Reynolds no casco e com a diminui¸c˜ao do espa¸camento entre chicanas.

Gaddis & Gnielinski (1997) apresentam um procedimento te´orico para avaliar a perda de carga do escoamento no casco de um trocador casco e tubos com

(25)

chica-nas simplesmente segmentadas. Este procedimento ´e baseado chica-nas correla¸c˜oes para c´alculo de perda de carga de um banco de tubos ideal, unidas a fatores de corre¸c˜ao que consideram as correntes de vazamento e de bypass e nas equa¸c˜oes para c´alculo de perda de carga na janela de Bell-Delaware. O modelo proposto foi comparado com resultados experimentais presentes na literatura.

2.3

etodos num´

ericos

V´arios autores abordam o uso da simula¸c˜ao em Dinˆamica dos Fluidos Computa-cional (CFD) para analisar o escoamento do casco, como Campos (2007). A mo-delagem do feixe de tubos como um meio poroso facilitou consideravelmente este processo. Conhecer o comportamento do fluido dentro do casco ´e fundamental para a otimiza¸c˜ao do desempenho dos permutadores casco e tubos. Institui¸c˜oes como o HTRI, que desenvolve o programa comercial mais usado pela ind´ustria para projeto termo-hidr´aulico de permutadores de calor, est˜ao constantemente estudando este assunto para aprimorar suas correla¸c˜oes.

Yang et al. (2014) realizam uma compara¸c˜ao entre as quatro principais t´ecnicas de modelagem num´erica utilizadas para investigar o escoamento no casco: os mo-delos unit´ario, peri´odico, poroso e completo. Os momo-delos unit´ario e peri´odico repre-sentam apenas um canal de escoamento entre os tubos. O modelo poroso, adotado nesta disserta¸c˜ao, considera que os tubos e internos do equipamento s˜ao representa-dos por um meio poroso equivalente. J´a o modelo completo modela toda a estrutura interna do permutador: tubos, chicanas, tirantes e tiras de selagem. Este ´ultimo ´e limitado pelos recursos computacionais dispon´ıveis, sendo utilizado na an´alise de trocadores pequenos como fizeram Ozden & Tari (2010). A proposta de Yang et al. foi comparar estes modelos, mostrando suas vantagens e desvantagens.

Conforme apresentado por He et al (2005), m´etodos num´ericos para avalia¸c˜ao do escoamento no casco vˆem sendo desenvolvido por Patankar & Spalding (1974), But-terworth (1977), Prithiviraj & Andrews (1998), entre outros. O modelo num´erico utilizado por Patankar & Spalding (1974) considera o uso de resistˆencias distribu´ıdas e a presen¸ca dos tubos e chicanas ´e representada pela adi¸c˜ao de porosidade vo-lum´etrica e permeabilidade de superf´ıcie ao modelo.

2.3.1

Avalia¸c˜

ao do comportamento local do escoamento no

casco com aux´ılio de CFD

Bhutta et al (2012) publicaram uma revis˜ao sobre as aplica¸c˜oes da dinˆamica com-putacional dos fluidos (CFD) presentes na literatura. Esta ferramenta ´e utilizada para estudar diversos problemas como m´a distribui¸c˜ao do escoamento, incrusta¸c˜ao,

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perda de carga, comuns a v´arios tipos de trocadores. Independente do tipo de per-mutador e do problema estudado, as solu¸c˜oes obtidas apresentam boa concordˆancia com outros modelos da literatura. Isto comprova que a an´alise em CFD ´e uma fer-ramenta eficiente para prever o comportamento e o desempenho dos diversos tipos de permutadores de calor.

Diversos autores utilizaram a metodologia de volumes finitos para estudar local-mente o fluxo no casco do trocador. Os resultados destas simula¸c˜oes normallocal-mente s˜ao comparados com experimentos ou com modelos te´oricos, como Bell-Delaware (1963) e o M´etodo das Correntes. Ozden & Tari (2010) realizaram um estudo do es-coamento no casco com o aux´ılio de um programa de CFD comercial. Eles avaliaram como o diˆametro do casco, o espa¸camento entre as chicanas e seu corte influenciam a perda de carga e o coeficiente de troca t´ermica. Os autores verificaram que quanto mais pr´oximas as chicanas, menores as zonas de recircula¸c˜ao atr´as das mesmas. Identificaram tamb´em que os resultados s˜ao dependentes do modelo de turbulˆencia adotado. Atrav´es da compara¸c˜ao dos resultados obtidos com o m´etodo de Bell-Delaware, os autores determinaram qual o modelo de turbulˆencia mais adequado ao problema estudado. Como o trocador escolhido ´e pequeno, foi poss´ıvel usar a mo-delagem completa, onde todo o permutador, inclusive seus internos, s˜ao modelados com volumes finitos, sem que o tempo da simula¸c˜ao se torne proibitivo.

No artigo de Hughes et al. (2005), s˜ao descritas simula¸c˜oes num´ericas e medi¸c˜oes experimentais de escoamentos isot´ermicos e n˜ao-isot´ermicos de fluidos n˜ao-Newtonianos dentro do casco de um permutador. O equipamento estudado ´e um trocador multitubular utilizado no processo de pasteuriza¸c˜ao de leite. Os dados experimentais comparados com a simula¸c˜ao foram obtidos a partir da ins-trumenta¸c˜ao de um dos passes deste permutador em opera¸c˜ao. Os resultados da simula¸c˜ao num´erica, realizada com o programa comercial ANSYS CFX, mostram boa concordˆancia com as medi¸c˜oes em campo. O objetivo dos autores foi conhecer melhor o escoamento do casco deste equipamento para verificar a possibilidade de seu uso como recuperador de calor.

Em Mohammadi et al. (2009) , os pesquisadores utilizaram o programa de CFD comercial para investigar os efeitos da orienta¸c˜ao das chicanas e da viscosidade do fluido na troca t´ermica e na perda de carga no escoamento no casco de um trocador casco e tubos com regime turbulento. O efeito das correntes de vazamento tamb´em foi considerado na an´alise. As simula¸c˜oes consideraram chicanas verticais e horizon-tais, trˆes fluidos com viscosidades distintas e diferentes vaz˜oes. O objetivo principal foi verificar o desempenho de permutadores com chicanas verticais e horizontais. Para os fluidos estudados, a chicana de corte vertical apresentou resultados mais interessantes. Foi constatado tamb´em que as correntes de vazamento entre os tubos e a chicana e a corrente de bypass tˆem um papel importante no desempenho dos

(27)

equipamentos.

Outros autores como Raj & Ganne (2012) realizaram um estudo, tamb´em com o programa comercial ANSYS CFX, para verificar a influˆencia da varia¸c˜ao do ˆangulo de inclina¸c˜ao das chicanas no escoamento e na troca t´ermica no escoamento dentro do casco de um permutador casco e tubos. Foram avaliadas chicanas perpendiculares aos tubos e com ˆangulo de inclina¸c˜ao de 10o e 20o. Com os outros parˆametros

da geometria fixos, foram variadas a vaz˜ao m´assica e a inclina¸c˜ao das chicanas. Como o permutador estudado ´e pequeno, foi poss´ıvel usar o modelo completo para reprodu¸c˜ao do trocador.

Yang et al (2014) avaliaram o efeito das tiras de selagem no escoamento no lado do casco de um trocador casco e tubos com chicanas helicoidais. Foi utilizado o modelo peri´odico e foram avaliadas chicanas helicoidais cont´ınuas e descont´ınuas. Os autores identificaram que o uso das tiras de selagem ´e mais eficaz no aumento da troca t´ermica em trocadores com chicanas helicoidais cont´ınuas. Conclu´ıram tamb´em que quanto maior a largura das tiras selantes, maior a sua efic´acia. You et al (2012) tamb´em simularam um trocador com a t´ecnica CFD para avaliar o efeito de um tipo especifico de chicana, a chicana do tipo ”flower”.

Outros autores tamb´em utilizaram CFD para a an´alise do escoamento no casco de permutadores de calor. Adelaja (2012) desenvolveu um programa em Visual Studio para projetar permutadores casco e tubos. O programa utiliza um modelo baseado em Kern (1950) para c´alculo do coeficiente de troca t´ermica da perda de carga. Mas-ter (2005) modelou um trocador de calor Helixchanger, com chicanas helicoidais em trˆes dimens˜oes usando um programa desenvolvido pelos autores para analisar local-mente o escoamento. Beale & Spalding (1999) estudaram o escoamento transiente atrav´es de um feixe de tubos com condi¸c˜oes de contorno peri´odicas. O foco do estudo foi verificar os efeitos do escoamento no feixe, principalmente a indu¸c˜ao de vibra¸c˜ao nos tubos pelo escoamento. Chen (2011) realizou um estudo num´erico-experimental do desempenho do escoamento do lado do casco com trˆes op¸c˜oes diferentes de chi-canas helicoidais. O modelo num´erico considerou trˆes configura¸c˜oes diferentes de chicanas: chicanas helicoidais cont´ınuas, chicanas helicoidais combinadas e chicanas helicoidais descontinuadas. J´a no experimento, foram testadas apenas as chicanas helicoidais cont´ınuas.

2.3.2

Feixe de tubos como meio poroso

Conforme ressaltado por Campos (2007), a simula¸c˜ao do feixe do permutador de calor como um meio poroso tem sua origem na Ind´ustria Nuclear, onde o alto risco dos equipamentos levou ao desenvolvimento de uma ferramenta espec´ıfica. Fez-se necess´ario um modelo que permitisFez-se a an´aliFez-se localizada do fluxo no casco, a

(28)

identifica¸c˜ao de regi˜oes com baixa velocidade e de outras particularidades deste escoamento, as quais n˜ao s˜ao identific´aveis pelas metodologia de an´alise global. A aproxima¸c˜ao do feixe do permutador como um meio poroso orientado tornou isto poss´ıvel.

Shi et al. (2010) realizaram o estudo de um aquecedor de ar, cujo feixe de tubos ´e modelado de trˆes formas diferentes para prever o fluxo de ar e a perda de carga atrav´es deste permutador. A an´alise foi realizada usando um programa de CFD comercial ANSYS Fluent, e foram comparadas trˆes modelagens diferentes do feixe de tubos esparsos: meio semi-poroso, meio poroso convencional e modelagem de todos os tubos do feixe (modelo completo). O meio semi-poroso considera o feixe como um meio poroso orientado, exceto pelos limites do feixe que s˜ao representados por tubos. Os resultados obtidos com este modelo foram os que mais se aproximaram da simula¸c˜ao com o modelo completo, por´em com as vantagens de menor custo computacional e de implementa¸c˜ao mais simples.

Butterworth (1977) sugere que um sistema heterogˆeneo composto de tubos e fluido seja modelado como um sistema homogˆeneo com propriedades de escoa-mento m´edias com a introdu¸c˜ao do tensor de permeabilidade para meios porosos anisotr´opicos. Com isso, as correla¸c˜oes emp´ıricas existentes para o escoamento uni-dimensional atrav´es de feixes tubulares s˜ao expandidas para o escoamento tridi-mensional com a introdu¸c˜ao de um tensor de condutividade hidr´aulica. Devido `a turbulˆencia gerada pelo feixe de tubos, este tensor dependeria da magnitude e da dire¸c˜ao do vetor velocidade. Por´em, o autor introduz a simplifica¸c˜ao de que o tensor dependeria somente do m´odulo da velocidade. Assumir esta hip´otese implica na isotropia das propriedades do escoamento no plano perpendicular aos tubos. Esta premissa mostra-se coerente quando comparamos os resultados com dados experi-mentais. Com esta propriedade do escoamento, ´e poss´ıvel calcular a perda de carga atrav´es do feixe com os dados do escoamento em outra dire¸c˜ao.

Em um artigo posterior, Butterworth (1979) utiliza os resultados obtidos em seu trabalho anterior (1977) para resolver o sistema de equa¸c˜oes de massa, momentum e energia de um permutador casco e tubos. O coeficiente de troca t´ermica do fluido para o tubo ´e solucionado como um equa¸c˜ao semi-emp´ırica que ´e fun¸c˜ao da dire¸c˜ao do escoamento. J´a o calor fornecido dos tubos para o fluido ´e computado no termo fonte das equa¸c˜oes do problema. O autor tamb´em apresenta as correla¸c˜oes obtidas para o c´alculo da perda de carga de escoamentos atrav´es de feixes de tubos, dedu-zidas a partir da equa¸c˜ao de c´alculo de perda de carga para escoamentos em meios porosos. Estas equa¸c˜oes s˜ao v´alidas somente para os arranjos de tubos mais comuns de tubos de permutadores casco e tubos, representados na Figura 2.5. A modelagem apresentou boa concordˆancia com os dados experimentais dispon´ıveis.

(29)

Figura 2.5: T´ıpicos arranjos do feixe de tubos do permutador Thome (2004)) do escoamento bidimensional e da transferˆencia de calor em permutadores casco e tubos com diversas configura¸c˜oes. Outros obst´aculos ao escoamento, tais como tiras de selagem e placas quebra jato, foram considerados no modelo atrav´es da abordagem do feixe como meio poroso. O objetivo foi simular o comportamento de condensadores e aprimorar o modelagem de reboilers.

Prithiviraj e Andrews (1999) apresentam um programa de simula¸c˜ao tridimensi-onal em CFD por eles desenvolvido que utiliza o conceito de resistˆencia distribu´ıda, porosidade volum´etrica e permeabilidade de superf´ıcies. O programa foi validado atrav´es da compara¸c˜ao com experimentos e com o m´etodo de Bell-Delaware. A abrangˆencia do modelo engloba trocadores com casco tipo E com chicanas simples-mente segmentadas, feixe com ou sem tubos na janela, tubos lisos, e n˜ao considera incrusta¸c˜ao e nem placa quebra jato.

Carlucci (1984) e Sha (1978) definem porosidade volum´etrica como a raz˜ao entre o volume ocupado pelo fluido e o volume total do modelo computacional. No caso de um permutador uniformemente preenchido por tubos, esta raz˜ao tamb´em se aplica ao volume total do casco. Sha (1978) introduz tamb´em o conceito de permeabilidade de superf´ıcie como a raz˜ao entre a ´area da superf´ıcie ortogonal a uma dire¸c˜ao n, dispon´ıvel para passagem do fluido, e a ´area total do modelo computacional na mesma dire¸c˜ao. Ambos os artigos destacam que a porosidade volum´etrica reflete o bloqueio sofrido pelo fluxo devido `a presen¸ca de estruturas s´olidas estacion´arias. Por

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isso, a porosidade de um feixe de tubos ´e na verdade um dos parˆametros geom´etricos do permutador, e n˜ao uma vari´avel do sistema. Como demonstrou Carlucci (1984), a porosidade volum´etrica de um feixe de tubos de um trocador de calor ´e uma constante proporcional `as caracter´ısticas do feixe, diˆametro dos tubos e espa¸camento entre os tubos de troca t´ermica.

Como neste modelo o casco do permutador de calor com todos os seus inter-nos ´e representado por um meio poroso, pode-se utilizar malhas mais grosseiras do que as necess´arias para uma modelagem completa do permutador, reduzindo as-sim o custo computacional, Conforme apresentou Yang et al (2014). Este modelo compensa a ausˆencia dos tubos introduzindo a porosidade volum´etrica e a permea-bilidade de superf´ıcie como parˆametros do problema e adicionando fontes de calor e resistˆencias ao escoamento distribu´ıdas ao longo do meio. Estas s˜ao determinadas a partir de correla¸c˜oes emp´ıricas que trazem em si os efeitos da intera¸c˜ao fluido-estrutura no escoamento. Da´ı adv´em uma das desvantagens deste modelo, pois s´o ´e poss´ıvel aplic´a-lo a permutadores casco e tubos cuja geometria interna j´a possua tais correla¸c˜oes dispon´ıveis na literatura aberta. Atualmente, o conceito de modelar o feixe de tubos como um meio poroso j´a ´e aplicado inclusive para simula¸c˜ao de escoamento de fluidos bif´asicos em permutadores casco e tubos, como nos estudos de Stosic (2001).

Ozden & Tari (2010) analisam um permutador casco e tubos de pequenas di-mens˜oes no qual os efeitos das correntes de vazamento s˜ao desprez´ıveis. Foi utilizado um programa de CFD comercial para realizar a modelagem completa do trocador. Os resultados encontrados para o coeficiente de troca t´ermica, temperatura de sa´ıda e perda de carga foram comparados com o m´etodo de Bell-Delaware (1963). O m´etodo de meios porosos tamb´em ´e ´util na modelagem de internos de equipamen-tos, Robbe & Bliard (2006) utilizaram essa abordagem na an´alise da ruptura do n´ucleo de um reator de metal l´ıquido da ind´ustria nuclear.

Em Carlucci (1984), s˜ao apresentadas as express˜oes para c´alculo da porosidade equivalente ao feixe de tubos, considerando a redu¸c˜ao de volume correspondente ao feixe. Apesar do feixe de tubos ter caracter´ısticas anisotr´opicas, considera-se que o meio poroso equivalente ao mesmo ´e localmente isotr´opico de forma que, se o volume de controle est´a localizado no interior do feixe, a porosidade e a permeabilidade de superf´ıcie correspondentes independem da dire¸c˜ao do escoamento. A porosidade de um feixe de tubos de padr˜ao regular ´e, ent˜ao, constante.

He et al (2005) utilizaram um modelo num´erico tridimensional de volumes fi-nitos totalmente impl´ıcito com malha defasada para estudar escoamentos laminar e turbulento e a troca t´ermica no casco de um permutador casco e tubos. Foram implementadas na simula¸c˜ao o m´etodo de resistˆencias distribu´ıdas com porosidade volum´etrica e permeabilidade de superf´ıcie para contabilizar os efeitos dos internos

(31)

do trocador. Para reproduzir os efeitos da turbulˆencia, foi adicionado tamb´em um modelo k-ε com termos fontes adicionais para a gera¸c˜ao de turbulˆencia pelas estru-turas s´olidas. Tamb´em foram inclu´ıdos no modelo os vazamentos tubo-chicana e casco-chicana com uma formula¸c˜ao similar a Bernoulli. Os resultados da simula¸c˜ao foram comparados com os experimentos conduzidos pelos autores no Argonne Nati-onal Labs e apresentaram boa aderˆencia aos mesmos.

Esta disserta¸c˜ao de mestrado tamb´em utiliza um modelo num´erico tridimensi-onal de volumes finitos totalmente impl´ıcito e com malha defasada para simular o escoamento dentro do casco de um permutador casco e tubos, utilizando o m´etodo de meio poroso com resistˆencias distribu´ıdas para representa¸c˜ao dos internos. Na implementa¸c˜ao do m´etodo foram utilizados os conceitos de Butterworth, Carlucci e Whitaker, apresentados nos artigos analisados anteriormente.

(32)

Cap´ıtulo 3

Modelagem Matem´

atica do

Problema

3.1

Premissas

O problema estudado consistiu em modelar o escoamento do fluido localizado no casco um permutador de calor casco e tubo, como o ilustrado pela Figura 3.1, para verificar a influˆencia da corrente de vazamento entre os tubos e a chicana nos campos de press˜ao e de velocidade do escoamento no casco. O permutador utilizado no estudo foi o modelo 10 descrito no relat´orio final de Bell (1963) no casco do qual escoa o ´oleo Gulf 896, o mesmo utilizado nos experimentos de Bell. Da simula¸c˜ao, ser˜ao obtidos os campos de velocidade e de press˜ao e, a partir da an´alise destes, ser´a verificada a sensibilidade do escoamento ao vazamento entre os tubos e a chicana. Admitiu-se que o fluido do casco e os tubos e outros internos do permutador est˜ao em equil´ıbrio t´ermico, efeitos de troca t´ermica no escoamento n˜ao forma inclu´ıdos neste modelo. As propriedades do fluido do casco s˜ao consideradas constantes. Os efeitos da turbulˆencia no escoamento foram considerados por meio de correla¸c˜oes emp´ıricas embutidas no modelo de resistˆencia distribu´ıda. A modelagem aqui apresentada baseia-se na utilizada por Campos (2007).

A modelagem de meios porosos consiste em tomar a m´edia do comportamento do fluido que contorna as estruturas s´olidas, dentro de cada volume de controle. Segundo Robbe & Bliard (2006), ela pode ser dividida em trˆes etapas:

• Realizar a m´edia espacial das leis de conserva¸c˜ao do fluido no volume de con-trole para considerar sua ocupa¸c˜ao parcial pelo fluido. Com isso aparecerem termos de fluido, de s´olido e de volume. Por´em, como os internos do permu-tador de calor s˜ao r´ıgidos, n˜ao h´a necessidade de considerar seus termos no modelo.

(33)

Figura 3.1: Permutador casco e tubo com chicanas representadas

porosidade, o que permite substituir os termos de volume por termos de fluido. Com exce¸c˜ao da for¸ca de intera¸c˜ao fluido-s´olido, as leis de conserva¸c˜ao passam a depender somente das vari´aveis do fluido.

• Um fluido “poroso”equivalente, com propriedades pr´oprias, ´e finalmente defi-nido no volume de controle. As leis de conserva¸c˜ao para este novo meio s˜ao ent˜ao equiparadas com as leis de conserva¸c˜ao do fluido j´a obtidas.

3.2

Teorema da m´

edia volum´

etrica ou espacial

A origem dos estudos de escoamentos em meios porosos est´a na Lei de Darcy, re-produzida a seguir, de onde vem o conceito de permeabilidade.

∇P + µkv = 0 (3.1)

onde k ´e uma escalar definido como a permeabilidade do meio, v ´e o vetor velocidade e P a press˜ao m´edia.

A Lei de Darcy para meios orientados pode ser escrita como:

∇P + µK−1· v = 0 (3.2)

onde a permeabilidade torna-se um tensor de segunda ordem K, que ´e sim´etrico e invers´ıvel.

Conforme descrito em Whitaker (1986), o procedimento de m´edia volum´etrica tradicional aplicado a escoamento atrav´es de meios porosos leva a equa¸c˜oes de mo-mentum e continuidade expressas em termos de press˜ao e velocidade m´edias. No modelo poroso, segundo Slattery (1972), a cada ponto do meio poroso ´e associado a m´edia volum´etrica local de uma equa¸c˜ao diferencial, independente se este ponto

(34)

Figura 3.2: Superf´ıcie S associada a um ponto z qualquer do meio poroso (reprodu-zido de Campos (2007))

est´a localizado na fase s´olida ou na fase fluida. A Figura 3.2 representa um ponto qualquer dentro de um meio poroso gen´erico.

Considerando um meio poroso de geometria desconhecida, seja o ponto z loca-lizado numa posi¸c˜ao qualquer deste meio. A este ponto est´a associada a superf´ıcie fechada S, de volume V , onde Vf ´e definido como a parcela de volume de V ocupada

pelo fluido. Vf e sua superf´ıcie de contorno variamde acordo com a posi¸c˜ao de z no

meio poroso.

Segundo Whitaker (1986), a m´edia de uma quantidade B presente no volume de fluido Vf ´e dada por:

¯ B = 1 V Z Vf B · dV (3.3)

onde B pode ser um escalar, um vetor ou um tensor de segunda ordem associado ao fluido.

Aplicando o teorema da m´edia espacial ao gradiente da quantidade B ´e poss´ıvel obter o gradiente do valor m´edio de B no volume de controle:

∇B = 1 V Z Vf ∇B · dV = ∇ 1 V Z Vf B · dV ! + 1 V Z S Bn · dV = ∇B + 1 V Z S Bn · dS (3.4) Analogamente este teorema tamb´em pode ser usado para obter a divergˆencia do valor m´edio de B, que ´e dado por:

∇ · B = V1 Z Vf ∇ · BdV = ∇ · B + V1 Z SB · ndV (3.5)

(35)

3.3

Dom´ınio do casco como meio poroso

O feixe de tubos de trocador casco e tubo ser´a modelado como um meio poroso anisotr´opico, como fizeram Shi (2010) e Zhang et al (1991), por exemplo. A ideia ´e substituir o fluido escoando no casco por um “fluido poroso equivalente”que absorva os efeitos do tubos, chicanas e outros internos do trocador. A modelagem apresen-tada aqui tem como referˆencias Campos (2007), Robbe & Bliard (2006) e Slattery (1972).

As equa¸c˜oes de conserva¸c˜ao do fluido que escoa em um meio s˜ao dadas por: ∂ρ

∂t + ∇ · (ρv) = 0 (3.6)

∂ (ρv)

∂t + ∇ · ρvv − ∇ · T − ρf = 0 (3.7)

A figura 3.3 mostra em perspectiva o feixe de tubos que ser´a modelado como meio poroso, desenho gerado com o aux´ılio do programa comercial HTRI. Conforme apresentado no in´ıcio deste cap´ıtulo, realizar a modelagem do escoamento em meios porosos consiste em encontrar a m´edia espacial das leis de conserva¸c˜ao do fluido no volume de controle, procedimento apresentado a seguir.

Figura 3.3: Feixe de tubos do permutador de Bell

3.3.1

Equa¸c˜

ao da continuidade

Tomando ent˜ao a m´edia espacial da equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao de massa tem-se: 1 V Z  ∂ρ ∂t + ∇ · (ρv)  dV = 0 (3.8)

(36)

1 V Z Vf ∂ρ ∂tdV + 1 V Z Vf ∇ · (ρv) dV = 0 (3.9)

Aplicando ent˜ao a defini¸c˜ao da m´edia volum´etrica e o postulado na equa¸c˜ao (3.5) tem-se: ∂ρ ∂t + 1 V Z Vf ∇ · (ρv) dV = 0 (3.10) ∂ρ ∂t + ∇ · (ρv) + 1 V Z Vf ρv · n dS = 0 (3.11)

O termo com a integral na equa¸c˜ao (3.11) ´e nulo pois, como a velocidade do fluido ´e zero na parede do s´olido, o produto escalar entre esta e o vetor normal `a superf´ıcie tamb´em ´e nulo. A equa¸c˜ao da continuidade para um meio poroso ´e dada por:

∂ρ

∂t + ∇ · (ρv) = 0 (3.12)

3.3.2

Equa¸c˜

ao de conserva¸c˜

ao de quantidade de movimento

A equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao de quantidade de movimento linear ´e obtida a partir da aplica¸c˜ao da m´edia volum´etrica local `a 1a Lei de Cauchy (3.7), integrando-a em rela¸c˜ao ao volume de fluido Vf contido em S.

1 V Z Vf  ∂(ρv) ∂t + ∇ · (ρvv) − ∇ · T − ρf  dV = 0 (3.13)

Resolvendo cada termo da integral separadamente: • 1o termo: 1 V Z Vf ∂ (ρv) ∂t dV = ∂ ∂t(ρv) (3.14) • 2o termo: 1 V Z Vf ∇ · (ρvv) dV = ∇ · (ρvv) + 1 V Z Sw ρvv · n dS (3.15)

O termo com a integral no lado direito da equa¸c˜ao (3.15) tamb´em ´e nulo, pois o produto escalar presente neste tamb´em ´e nulo.

• 3o termo: 1 V Z Vf ∇ · TdV = ∇ · T + 1 V Z Sw T · n dS (3.16)

(37)

Com os resultados acima, a equa¸c˜ao (3.13) fica: ∂ ∂t (ρv) + ∇ · (ρvv) = ∇ · T + ρf + 1 V Z Sw T · n dS (3.17) Definindo um tensor tens˜ao extra S conforme (3.18) e aplicando esta defini¸c˜ao na equa¸c˜ao (3.17) tem-se: S ≡ T + ρI (3.18) ∂ ∂t (ρv) + ∇ · (ρvv) = ∇ · S − ∇ · (pI) + ρf + 1 V Z Sw T · n dS (3.19) Fezando uso da identidade definida em (3.20), a m´edia volum´etrica da 1a Lei de Cauchy fica: ∇ · (pI) = ∇p (3.20) ∂ (ρv) ∂t + ∇ · (ρvv) = ∇ · S − ∇p + ρf + 1 V Z Sw T · n dS (3.21) O termo com a integral ´e a for¸ca resultante da intera¸c˜ao fluido-s´olido por unidade de volume, definido como g:

g ≡ −V1 Z

Sw

T · n dS (3.22)

Para um fluido Newtoniano incompress´ıvel, que o caso deste estudo, o valor m´edio do tensor tens˜ao extra S ´e dado por:

S = µh∇v + (∇v)Ti (3.23)

Onde os valores dos gradientes de v podem s˜ao obtidos aplicando (3.4) a cada termo da express˜ao (3.23), que passa ent˜ao `a forma:

S = µh∇v + (∇v)Ti (3.24)

∇ · S = µ∇ · (∇v) (3.25)

Aplicando estes resultados na (3.21), a 1a Lei de Cauchy com m´edia volum´etrica aplicada ´e finalmente dada por:

(38)

3.3.3

Intera¸c˜

ao fluido-estrutura

Como j´a visto no cap´ıtulo anterior, a maioria dos m´etodos anal´ıticos desenvolvidos para an´alise do escoamento no casco de permutadores de calor fazem uso de cor-rela¸c˜oes emp´ıricas. Isto s´o ´e poss´ıvel porque o feixe do permutador possui geometria regular e conhecida, o que permite extrapolar correla¸c˜oes obtidas experimentalmente e utiliz´a-las na modelagem num´erica. A ideia ent˜ao ´e utilizar as mesmas correla¸c˜oes para obter g.

Slattery (1972) demonstra que, para um meio poroso anisotr´opico, g pode ser representado como uma rela¸c˜ao linear da forma:

g = ˆg (v − u, L) (3.27)

onde v ´e a velocidade m´edia local do fluido, u a velocidade m´edia local da estrutura s´olida e L um comprimento caracter´ıstico que represente a geometria do meio.

O autor demonstra que g ´e dado por:

g = a1(v− u) + a2L (3.28)

onde a1 e a2 s˜ao escalares. Para o caso de feixes tubulares Slattery demonstra

que o vetor g pode ser escrito da forma:

g = R · v (3.29)

onde R ´e o tensor resistˆencia e v a velocidade do fluido.

O tensor R se relaciona com o tensor permeabilidade K atrav´es da equa¸c˜ao:

KijRij = δij (3.30)

Butterworth (1979) verificou atrav´es de seus experimentos que os arranjos mais comuns do feixe de tubos, quadrado e triangular, s˜ao isotr´opicos em rela¸c˜ao ao escoamento cruzado. Com isso pode-se falar em um vetor permeabilidade r, cu-jas componentes s˜ao as resistˆencias ao escoamento em cada uma das suas dire¸c˜oes principais do escoamento. O vetor g passa ent˜ao a ser representado como:

g = r (3.31)

3.4

Equa¸c˜

oes governantes do problema

Como este estudo n˜ao considera troca de calor e o fluido utilizado possui com proprie-dades constantes, apenas a equa¸c˜ao da continuidade e a 1a Lei de Cauchy, tomando

(39)

a defini¸c˜ao de g apresentada acima, comp˜oem o sistema de equa¸c˜oes diferenciais parciais na forma conservativa que rege o comportamento do fluido dentro da ma-triz porosa. Caso posteriormente deseje-se avaliar a varia¸c˜ao da viscosidade com a temperatura, por exemplo, deve-se acrescentar a equa¸c˜ao da energia ao sistema de equa¸c˜oes do problema. Abaixo as equa¸c˜oes governantes na forma conservativa:

∂ρ ∂t + ∂ρu ∂x + ∂ρv ∂y + ∂ρw ∂z = 0 (3.32) ∂ ∂t(ρv) +∇ · (ρvv) = −∇p + µ∇ · (∇v) + ρf − r (3.33) O problema ser´a modelado em coordenadas cartesianas. Separando as compo-nentes da equa¸c˜ao de conserva¸c˜ao de momentum em cada dire¸c˜ao, tem-se:

• dire¸c˜ao x ∂ (ρu) ∂t + ∂ρuu ∂x + ∂ρuv ∂y + ∂ρuw ∂z = − ∂p ∂x + µ  ∂2u ∂x2 + ∂2u ∂y2 + ∂2u ∂z2  + ρfx− rx (3.34) • dire¸c˜ao y ∂ (ρv) ∂t + ∂ρvu ∂x + ∂ρvv ∂y + ∂ρvw ∂z = − ∂p ∂y + µ  ∂2v ∂x2 + ∂2v ∂y2 + ∂2v ∂z2  + ρfy− ry (3.35) • dire¸c˜ao z ∂ (ρw) ∂t + ∂ρwu ∂x + ∂ρwv ∂y + ∂ρww ∂z = − ∂p ∂z + µ  ∂2 w ∂x2 + ∂2 w ∂y2 + ∂2 w ∂z2  + ρfz− rz (3.36)

Estas equa¸c˜oes ser˜ao discretizadas e aplicadas a cada um dos volumes de controle que ir˜ao compor o modelo do permutador.

(40)

Cap´ıtulo 4

Modelagem

num´

erico-computacional

4.1

etodo de Volumes Finitos

Com o sistema de equa¸c˜oes do problema j´a definido, ´e necess´ario discretizar as equa¸c˜oes diferenciais convertendo-as em um sistema de equa¸c˜oes alg´ebricas para resolvˆe-las numericamente. O sistema ser´a discretizado com o M´etodo de Volumes Finitos, aproximando os valores das fun¸c˜oes nas faces do volume de controle pelo m´etodo WUDS (Weighted Upstream Differencing Scheme) e acoplando os campos de press˜ao e de velocidade com ao aux´ılio do algoritmo SIMPLEC (Semi Implicit Linked Equations Consistent). A solu¸c˜ao deste sistema ser´a obtida atrav´es de um programa desenvolvido em Fortran 90, baseado no programa utilizado por Campos (2007) em sua disserta¸c˜ao.

Segundo Maliska (2004) a tarefa dos m´etodos num´ericos ´e transformar um sis-tema de equa¸c˜oes diferenciais, definido em um dom´ınio cont´ınuo, em um sissis-tema de equa¸c˜oes alg´ebricas resolvido em pontos discretos do dom´ınio, como ilustrado na Figura 4.1. Para tal ´e preciso substituir as derivadas da fun¸c˜ao existente na equa¸c˜ao diferencial por valores discretos da fun¸c˜ao, e isso ´e obtido integrando as equa¸c˜oes diferenciais. O m´etodo dos volumes finitos, empregado neste estudo, ´e uma das diversas maneiras de realizar esta integra¸c˜ao.

4.1.1

Sobre o m´

etodo

No M´etodo de Volumes Finitos as leis de conserva¸c˜ao das propriedades s˜ao satisfeitas em volumes elementares, gerados a partir da divis˜ao do dom´ınio. Os volumes de controle s˜ao caracterizados por uma malha onde s˜ao definidas as fronteiras destes, ao contr´ario do m´etodo de Diferen¸cas Finitas, onde o dom´ınio passa a ser representado por pontos nodais. A conserva¸c˜ao das leis em cada volume elementar ´e poss´ıvel

(41)

Figura 4.1: Tarefa do m´etodo num´erico (extra´ıdo de Maliska (2004))

pois o m´etodo trabalha com a forma integral das equa¸c˜oes de conserva¸c˜ao sobre os volumes, ao inv´es de apenas substituir derivadas por express˜oes alg´ebricas, como ´e feito no m´etodo de Diferen¸cas Finitas. ´E esta a principal vantagem do m´etodo, que as leis de conserva¸c˜ao v´alidas para o dom´ınio global do sistema continuam v´alidas e s˜ao atendidas em cada volume de controle. No centro de cada um destes volumes h´a um n´o computacional onde as vari´aveis s˜ao avaliadas. Quando ´e preciso conhecer o valor da vari´avel nas faces dos volumes, este ´e interpolado a partir dos valores nos pontos nodais.

Maliska (2004) ressalta que existem duas maneiras de se obter as equa¸c˜oes apro-ximadas no m´etodo de volumes finitos. A primeira ´e a realiza¸c˜ao de balan¸co das propriedades de interesse nos volumes elementares, e a segunda ´e integrar sobre o volume finito, no espa¸co e no tempo, as equa¸c˜oes na forma conservativa. Forma conservativa, ou divergente, ´e aquela em que na equa¸c˜ao diferencial os fluxos est˜ao dentro das derivadas e, ao realizar a primeira integra¸c˜ao, fornece os fluxos atrav´es das faces do volume de controle, equivalentes ao balan¸co. A prova desta equivalˆencia encontra-se no Maliska (2004) para o volume de controle em coordenadas cartesia-nas, ilustrado pela Figura 4.2.

Para demostrar o m´etodo de discretiza¸c˜ao por volumes finitos, tomemos por exemplo a condu¸c˜ao de calor unidimensional transiente em um corpo representado na Figura 4.3, como fizeram Maliska (2004) e Campos (2007).

A condu¸c˜ao de calor unidimensional transiente com termo fonte em um meio com propriedades constantes ´e descrita pela seguinte equa¸c˜ao:

∂ ∂t (ρT ) = ∂ ∂x  κ cp ∂T ∂x  + S (4.1)

A Figura 4.3 tamb´em mostra a malha adotada neste problema, como volumes inteiros e uniformes em todo o dom´ınio. Integrando (4.1) no espa¸co e no tempo tem-se:

(42)

Figura 4.2: Volume elementar com fluxo de massa atrav´es das faces (extra´ıdo de Maliska (2004))

Figura 4.3: Corpo unidimensional sujeito a condu¸c˜ao de calor transiente (adaptado de Maliska (2004)) Z t+∆t t Z e w ∂ ∂t(ρT ) dxdt = Z t+∆t t Z e w ∂ ∂x  κ cp ∂T ∂x  dxdt + Z t+∆t t Z e w Sdxdt (4.2) Que resulta em:

Z e w ρT − ρ 0 T0 dx = Z t+∆t t  κ cp ∂T ∂x e − cκ p ∂T ∂x w  dt + Z t+∆t t (SpTP + Sc) ∆xdt (4.3) O ´ultimo termo da express˜ao acima foi obtida ap´os a lineariza¸c˜ao do termo fonte em fun¸c˜ao da temperatura, necess´ario para evitar a instabilidade num´erica durante a solu¸c˜ao, como j´a destacado por Campos (2007).

Adotando-se a mesma conven¸c˜ao de Maliska (2004) para representar os termos temporais, n˜ao utiliza-se ´ındice sobrescrito para vari´aveis avaliadas no tempo t + ∆t e utilizar o sobrescrito “0”para vari´aveis no instante “t”. Com isso, a express˜ao (4.3) fica:

(43)

∆x ρpTP − ρ 0 pT 0 P = Z t+∆t t  κ cp ∂T ∂x e − cκ p ∂T ∂x w  dt + Z t+∆t t (SpTP + Sc) ∆xdt (4.4) Assumiu-se tamb´em que, na integral temporal da express˜ao (4.3), o integrando representa a massa m´edia do volume de controle. Logo, em (4.4), ρP · ∆x ´e a massa

dentro do volume elementar no instante de tempo t + ∆t e ρ0

P·∆x a massa no tempo

t.

As derivadas de temperatura na equa¸c˜ao (4.4) ainda precisam ser avaliadas no tempo e no espa¸co, para conhecer o valor das mesmas nas faces do volume de controle. Utilizando o sobrescrito θ para indicar a avalia¸c˜ao temporal, a equa¸c˜ao da condu¸c˜ao fica: ∆x ρpTP − ρ0pT 0 P = " κ cp ∂T ∂x θ e − cκ p ∂T ∂x θ w # ∆t + SpTPθ + Sc ∆x∆t (4.5)

Para avaliar a derivada da temperatura nas faces do volume, ´e razo´avel considerar a aproxima¸c˜ao por diferen¸cas centradas. Logo, as derivadas presentes em (4.5) podem ser substitu´ıdas por:

∂T ∂x θ e = T θ E − TPθ ∆xe (4.6) ∂T ∂x θ w = T θ P − TWθ ∆xw (4.7) E a fun¸c˜ao de interpola¸c˜ao temporal pode ser representada pela express˜ao abaixo, que engloba trˆes formula¸c˜oes poss´ıveis: expl´ıcita, impl´ıcita e totalmente impl´ıcita.

= θT + (1 − θ)T0

(4.8) Neste trabalho foi adotada a formula¸c˜ao totalmente impl´ıcita, que implica em θ = 1. Com isso a fun¸c˜ao de interpola¸c˜ao no tempo ´e dada por:

= T (4.9)

Aplicando as fun¸c˜oes de interpola¸c˜ao espacial (4.6) e (4.7) e a fun¸c˜ao de inter-pola¸c˜ao temporal (4.9), a equa¸c˜ao (4.5) torna-se:

TP  ∆x ∆tρp+ 2κ cp∆x− S p∆x  =  κ cp∆x  TE +  κ cp∆x  TW + SC∆x + ∆x ∆tρ 0 pT 0 P (4.10) Que pode ser representada pela formula¸c˜ao geral:

(44)

aPTP = aETE + aWTW + bP (4.11)

Aplicando-se a equa¸c˜ao (4.11) a cada volume do controle do dom´ınio, obt´em-se um sistema linear da forma A · T = b, onde os coeficientes da matriz e o termo independente s˜ao dados por:

aE = aW = κ cp∆x (4.12) a0 P = ∆x ∆tρ 0 p (4.13) bp = SC∆x + a0PT 0 P (4.14) aP = aE+ aW + ∆x ∆tρp− SP∆x (4.15)

4.1.2

Fun¸c˜

ao de interpola¸c˜

ao espacial

No desenvolvimento do m´etodo de volumes finitos, utilizamos a aproxima¸c˜ao por diferen¸cas centrais como fun¸c˜ao de interpola¸c˜ao espacial. Por´em, como bem desta-cado por Campos (2007), para o escoamento estudado ´e mais interessante utilizar a fun¸c˜ao de interpola¸c˜ao WUDS, proposta por Raithby & Torrance (1974). Nesta formula¸c˜ao, tomando por exemplo a face leste do volume de controle, o valor de uma vari´avel qualquer φ na face do volume de controle e sua derivada, tamb´em avaliada na face, s˜ao dados por:

φe =  1 2+ αe  φP +  1 2 − αe  φE (4.16) ∂φ ∂x e = βe  φE − φP ∆xe  (4.17) Segundo os autores os coeficientes α e β possuem a forma:

αe= ρ2 e 10 + 2P e2 sign(P e) (4.18) βe = 1 + 0, 005P e2 1 + 0, 05P e2 (4.19)

onde P e ´e o n´umero de Peclet de malha, definido a seguir e sign(x) ´e a fun¸c˜ao sinal de x, dada por:

Referências

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