• Nenhum resultado encontrado

AS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL DO GRANDE ABC E O DESEMPENHO ESTUDANTIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL DO GRANDE ABC E O DESEMPENHO ESTUDANTIL"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

AS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL DO GRANDE ABC E O DESEMPENHO ESTUDANTIL

Laila Fernanda Mendes Leite Nonato Assis de Miranda

Resumo: O objetivo precípuo desse projeto é analisar o desempenho das escolas públicas do Programa Ensino Integral da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, na região do Grande ABC, tendo como referência o desempenho estudantil (SARESP) e a qualidade de ensino (IDESP). Os resultados mostram que a dedicação exclusiva de docentes e gestores e o incremento financeiro nos salários tendem a repercutir, positivamente, na melhoria dos indicadores educacionais tendo em vista que de um total de dez escolas analisadas, nove apresentaram resultados positivos.

Palavras-chave: ensino integral; Idesp; qualidade de ensino; Saresp. Introdução

A educação em tempo integral tem sido considerada uma possibilidade de alargamento dos trabalhos culturais e sociais, permanecendo presente nas propostas das diversas correntes políticas desde a década de 1940 do século XX cujo modelo perpassou e foi difundido por diferentes orientações ideológicas que buscaram a qualidade na educação por distintos interesses (FIGUEIREDO, 2014).

Nas décadas seguintes, surgiram várias propostas que, em sua maioria, buscavam a ampliação da jornada diária de tempo de permanência dos alunos nas escolas com o propósito melhorar os indicadores educacionais mensurados pelas avaliações externas, mas nem sempre, acompanhadas de uma reflexão acerca de uma educação em permanente mudança, na qual seus atores utilizam-se dos mais diversos recursos intelectuais para a construção de uma sociedade mais democrática e mais justa. Nesse contexto, o objetivo precípuo desse projeto é analisar o desempenho das escolas públicas do Programa Ensino Integral da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, na região do Grande ABC, tendo como referência o desempenho estudantil (SARESP) e a qualidade de ensino (IDESP).

A Educação em Tempo Integral no Brasil e em São Paulo

De modo mais efetivo, a história da educação integral, no Brasil, tem como marco pioneiro o movimento da Escola Nova, que ganhou notoriedade após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932 a partir do qual defendia-se a universalização da escola pública, laica e gratuita (DUTRA, 2014).

(2)

Anísio Teixeira, nas décadas de 1940 e 1950, difundiu a ampliação da função social da escola e seu fortalecimento como instituição enfocando a educação integral. Ele defendia

[...] a ideia de uma educação que pretende trabalhar com um aluno de forma integral surgiu com o movimento da Escola Nova e foi desenvolvida, principalmente por Anísio Teixeira, que além de elaborar alguns de seus princípios conceituais e práticos, constrói escolas modelos para consolidação desta educação (MOTA, 2006, p.4).

Posteriormente, na década de 1980, Darcy Ribeiro deu sequência aos princípios defendidos por Anísio Teixeira já que esses dois pesquisadores vislumbraram um país efetivamente educado e democrático. Com base nesse modelo de educação, foram criados, nos anos 80, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) dando continuidade aos projetos idealizados por Anísio Teixeira.

Na década de 1990, o então presidente Collor decidiu implantar, no país, a escola de tempo integral. Contudo, sua proposta não influenciou, significativamente, as ações educacionais por ter priorizado a construção dos Centros Ligados ao Apoio da Criança (CIACs), posteriormente, intitulado pelo Ministério da Educação (MEC) como Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs) e não, necessariamente, centros de educação. Com isso, perdeu seu caráter de tempo integral para atenção integral (DEMO, 1997).

Atualmente, a educação de tempo integral está contemplada na legislação brasileira, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDBN nº 9394/96 que, em seu artigo 34, prevê a perspectiva de Educação Integral em Tempo Integral que, “A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. [...] §2º. O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino”.

Com a aprovação da Lei nº 13.005/2014, a educação de tempo integral está contemplada na meta seis que almeja “Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica” (BRASIL, 2014).

É nessa direção que alguns estados vêm desenvolvendo programas próprios como é o caso do Programa Ensino Integral (PEI) da Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo (SEE) que será objeto de estudo desse projeto.

(3)

A SEE/SP, em 2011, organizou suas ações e prioridades no Programa Educação Compromisso de São Paulo. Um dos pilares desse Programa foi lançar as bases de um novo modelo de escola e de um regime mais atrativo para a carreira do magistério.

O PEI instituído pela Lei Complementar nº 1.164, de 4 de janeiro de 2012, alterada pela Lei Complementar nº 1.191, de 28 de dezembro de 2012. Esse Programa foi iniciado em 2012, em 16 Escolas de Ensino Médio, e a partir de 2013 expandido para 22 escolas de Ensino Fundamental Anos Finais e 29 escolas de Ensino Médio, e 2 escolas de Ensino Fundamental e Médio (SÃO PAULO, 2012).

O PEI prevê dois modelos orientadores o pedagógico e o de gestão. Na construção do Modelo Pedagógico do Programa Ensino Integral, quatro princípios educativos fundamentais foram eleitos para orientar a constituição das suas metodologias, sempre como referência a busca pela formação de um jovem autônomo, solidário e competente. São estes os quatro princípios: a Educação Interdimensional, a Pedagogia da Presença, os quatro Pilares da Educação para o Século XXI e o Protagonismo Juvenil. O modelo de Gestão do PEI apresenta premissas que ao se integrarem aos princípios educativos do Modelo Pedagógico articulam às ações educativas desenvolvidas na escola. Seus instrumentos de gestão permitem acompanhar e monitorar o trabalho pedagógico e formular planos de formação continuada para a equipe escolar. Isto é, a escola diante de suas finalidades educacionais organiza-se numa gestão integrada de seus diferentes segmentos e contributos de todos, seja individualmente ou coletivamente (SÃO PAULO, 2012).

As Escolas de Ensino Integral do Grande ABC

Em todo Estado de São Paulo, o Programa Ensino Integral contemplava, até 2015, 257 escolas. Desse total, 15 estão localizadas no Grande ABC, nos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Mauá e Ribeirão Pires participam do modelo Escolas de Tempo Integral. Já as escolas das cidades de Rio Grande da Serra e Diadema não participam de nenhum Programa com Escolas de Tempo Integral pela rede Estadual. Diadema adotou ao Ensino Integral somente na rede Municipal com o Programa Mais Educação.

O município de Santo André possui seis escolas participantes do PEI sendo que duas delas entraram no ano de 2015. Desse total, quatro estão suscetíveis à análise já

(4)

A EE Jardim Riviera que ingressou no primeiro ano do programa (2012) apresentou no período de dois anos um crescimento de 20,3%; a EE Manoel Grandini Casquel mostrou um crescimento significativo de nos anos de 2013 e 2014, ou seja, 44% no ano de 2013 em relação a 2012 e 28% em 2014 em relação a 2013; EE Profª Cristina Fitipaldi que ingressou no PEI em 2014 apresentou um resultado positivo de 18,2% comparado com o ano anterior e, por fim, a EE Nagib Miguel Elchmer também ingressante em 2013 cresceu 32,5% no primeiro ano de programa.

Escolas de Tempo Integral IDESP 2007

Santo André REAL REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META

EE Dr. Calos Garcia 2015 Fundamental (AF) 4,21 4,13 4,34 3,73 4,27 4,45 3,89 4,44 4,58 4,8 4,58 4,93 4,91 5,39 5,06

EE Prof. Cristina Fittipaldi 2014 Fundamental (AF) 2,08 2,57 2,21 2,44 2,7 1,74 2,58 2,38 1,92 2,28 2,58 2,08 2,42 2,46 2,25

EE Jardim Riviera 2012 Ensino Médio - - - 2,85 3,43 2,96

EE Dr. Manoel Grandini Casquel 2013 Fundamental (AF) 1,46 1,47 1,58 1,54 1,6 1,82 1,67 1,63 2 1,7 1,82 2,45 1,84 3,14 2,62

EE Prof. Nagib Miguel Elchmer 2014 Fundamental (AF) 2,57 2,29 2,7 2,59 2,42 3,08 2,72 2,81 3,26 3,02 3 2,65 3,15 3,51 2,82

EE Papa Paulo VI 2015 Ensino Médio 6,21 6,22 2,69 2,78 2,5 2,59 2,62 2,81 2,95 3,14 2,78 2,87 2,68 2,8 2,98

Ingresso

no Nível de Ensino

IDESP 2014 IDESP 2011

IDESP 2008 IDESP 2009 IDESP 2010 IDESP 2012 IDESP 2013

Tabela 1: Evolução do IDESP das participantes do PEI em Escolas de Santo André Fonte: IDESP.

São Bernardo do Campo conta com sete escolas participando do PEI sendo que a EE Prof. Marco Antônio Prudente de Toledo entrou para o Programa neste ano de 2016 estando, portanto fora da análise. O mesmo se aplica à EE Amadeu Oliverio cuja data de ingresso não está confirmada.

As EE Lauro Gomes de Almeida ingressou no PEI em 2013 apresentando um crescimento de 48,5% no primeiro ano, mas não cumpriu a meta em 2014; a EE Rudge Ramos também ingressante no PEI em 2013, mas não cumpriu a meta, ao contrário teve um decréscimo de 10,5% no primeiro ano do programa recuperando em 2014 com um superávit de 15,3% além da meta estabelecida.

Das três escolas ingressantes no PEI em 2014, todas obtiveram crescimento no seu primeiro ano de programa sendo a EE Prof.ª Faustina Pinheiro Silva com 15%; a EE Jean Piaget 15% e a EE Robert Kennedy 32,5% no Ensino Fundamental (anos finais) e 100% no Ensino Médio (1,53 em 2013 para 3,06 em 2014), conforme Tabela 2.

Escolas de Tempo Integral IDESP 2007

São Bernardo do Campo REAL REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META

EE Amadeu Olivério * Ensino Médio 2,32 2,82 2,41 2,37 2,9 2,38 2,47 2,19 2,57 3,02 2,39 2,74 3,1 3,67 2,86

EE Profª Faustina Pinheiro Silva 2014 Fundamental (AF) 3,15 2,96 3,26 3,22 3,08 2,94 3,34 3,46 3,12 3,69 3,64 2,87 3,08 3,3 3,03

EE Jean Piaget 2014 Fundamental (AF) 2,16 1,76 2,28 2,09 1,89 1,81 2,23 2,09 1,99 2,05 2,29 2,11 2,19 2,64 2,28

EE Lauro Gomes de Almeida 2013 Fundamental (AF) 1,72 2,08 1,85 2,61 2,21 2,61 2,74 2,33 2,8 2,5 2,53 3,71 2,64 3,52 3,84

Fundamental (AF) 2,55 2,62 2,67 2,98 2,75 2,15 3,1 2,43 2,34 2,4 2,63 2,1 2,54 2,3 2,27

Ensino Médio 1,29 1,98 1,39 2,26 2,08 1,77 2,37 2,03 1,95 2,13 2,23 1,82 2,24 1,81 1,96

Fundamental (AF) 2,69 2,62 2,81 3,37 2,75 2,4 3,49 3,35 2,59 2,78 3,53 2,53 2,91 3,35 2,7

Ensino Médio 1,66 2,43 1,76 2,42 2,75 1,91 2,52 2,01 2,09 2,78 2,21 1,53 2,29 3,06 1,66

EE Rudge Ramos 2013 Fundamental (AF) 3,88 3,94 3,96 3,65 2,75 3,28 3,76 3,27 3,45 3,68 3,45 3,33 3,79 3,84 3,48

EE Prof. Marco Antonio Prudente de Toledo Ingresso

no

2014 2016

Nível de Ensino

EE Robert Kennedy Senador

IDESP 2014 IDESP 2008 IDESP 2009 IDESP 2010 IDESP 2011 IDESP 2012 IDESP 2013

Tabela 2: Evolução do IDESP das participantes do PEI em Escolas de São Bernardo do Campo Fonte: IDESP.

Por fim, São Caetano do Sul com duas Escolas participando do Programa Ensino Integral sendo que, como a EE Profª Joana Motta teve seu ingresso no PEI no ano de 2016 ficará fora da análise.

(5)

No caso da EE Trujilo Torloni tanto no Ensino Fundamental que ingressou no PEI em 2013, somente em 2014 alcançou a meta no Ensino Fundamental. No Ensino Médio a escola tem obtido resultado insatisfatório desde sua adesão ao programa (Tabela 3).

Escolas de Tempo Integral IDESP 2007

São Caetano do Sul REAL REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META REAL META

Fundamental (AF) 3,3 2,77 3,41 3,15 2,9 2,73 3,28 2,41 2,91 2,06 2,61 2,97 2,2 4,08 3,13

Ensino Médio 1,42 1,86 1,52 2,49 1,97 2,32 2,59 1,92 2,51 2,41 2,11 2,69 2,51 2,06 2,81

Fundamental (AF) 2,55 2,41 2,68 1,88 2,54 2,16 2,02 2,37 2,35 1,43 2,57 1,53 1,56 2,92 1,7

Ensino Médio 1,36 1,82 1,46 1,66 1,93 1,7 1,77 1,28 1,88 1,52 1,45 1,45 1,63 1,5 1,58

EE Maria Trujilo Torloni

Ingresso no programa 2016 2013 Nível de Ensino

EE Profª Joana Motta

IDESP 2014 IDESP 2008 IDESP 2009 IDESP 2010 IDESP 2011 IDESP 2012 IDESP 2013

Tabela 3: Evolução do IDESP das participantes do PEI em Escolas de São Caetano do Sul Fonte: IDESP.

Considerações Finais

Essa pesquisa foi realizada com o propósito de analisar o desempenho das escolas participantes no PEI na região do Grande ABC. Os resultados mostram que o ingresso das escolas do PEI traz avanços na melhoria dos indicadores das escolas, contudo esses resultados, que são parciais, não podem ser generalizados, pois nem todas as escolas foram bem sucedidas com a adoção do programa como é o caso da EE Trujilo Torloni de São Caetano do Sul.

Referências

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm>.

______. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. Campinas, SP: Papirus, 1997.

DUTRA, Paulo. Educação integral no Estado de Pernambuco: uma política pública para o ensino médio. Recife: Editora UFPE, 2014.

FIGUEIREDO, J.S.B. A educação em tempo integral no contexto das políticas públicas brasileiras. Anais do IV Congresso Ibero-Americano de Política e Administração da Educação / VII Congresso Luso Brasileiro de Política e Administração da Educação dias 14, 15 e 16 de abril de 2014, Porto, Portugal.

SÃO PAULO. Lei Complementar nº 1.164, de 4 de janeiro de 2012. Disponível em: <http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/2012/lei.complementa r-1164-04.01.2012.html>

SÃO PAULO. Diretrizes do Programa Ensino Integral. São Paulo: SEE, 2012.

Disponível em:

<http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/342.pdf>.

Referências

Documentos relacionados

A seleção de professores é uma medida que não parece ter uma solução tão breve e foge aos limites legais das escolas e da 28ª CRE. Para além da seleção de professores,

Além disso, alguns professores participantes do Reforço Escolar demonstraram não ter percepção necessária sobre a importância do Projeto como uma proposta

- Identificar os fatores dificultadores da Certificação ISO 9001:2008 na Escola Estadual Eduardo Ribeiro, a partir da percepção de funcionários administrativos,

No início do ano letivo de 2015, as coordenadoras do PAAE da SRE de Uberlândia oferecerão, na sede da regional, uma capacitação com duração de 4 horas voltada para

O projeto político traçado para a nação por meio da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (BRASIL, 1996) exige compromisso

O presente trabalho pretende analisar a implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nas escolas da rede estadual de ensino do Amazonas, em Manaus, na

Tais análises puderam contribuir de forma mais efetiva para que, por meio das ações sugeridas, possa-se de fato a- tender a demanda de alunos que ainda não se encontram no

O Programa de Educação do Estado do Rio de Janeiro, implementado em janeiro de 2011, trouxe mudanças relevantes para o contexto educacional do estado. No ranking do