O que é Concretismo?
A "concreção de uma idéia", uma "realidade que pode ser controlada e observada” - Max Bill Para o artista concreto, o que importa é a "exteriorização precisa da própria visualidade, uma objetividade formal que aspira o momento em que a própria mão poderá ser substituída na confecção do quadro" - Mário Pedrosa
Movimento vanguardista criado por artistas cansados da arte figurativa que procuravam uma maneira de voltar às formas puras. Para isso recorreram à linguagem do abstracionismo geométrico para a poesia, para as artes plásticas e até para a música.
O Concretismo investia nas cores, linhas, planos e formas. Buscava a objetividade e a
inteligibilidade das coisas. Essa realidade calculável era encontrada por meio da matemática e da geometria.
Essa relação entre universalidade, homem, matemática, geometria e funcionalidade se torna uma equação fundamental para o design e arquitetura.
Por esse motivo, o Concretismo influenciou na arquitetura, no design, no mobiliário, nas artes gráficas e no paisagismo.
Características principais:
• Desprendimento total da natureza. • Acentuado caráter objetivo, racionalista. • Privilégio a procedimentos matemáticos. • Uso de figuras abstratas nas artes plásticas. • Elaboração artística em busca da forma precisa; • União entre a forma e o conteúdo na obra de arte; • Ênfase na racionalidade, no raciocínio e na ciência;
• Na literatura, os poetas concretistas buscavam utilizar efeitos gráficos, aproximando a poesia da linguagem do design;
• Envolvimento com temas sociais (a partir da década de 1960);
Arte Concreta - A expressão foi usada pela primeira vez no campo das artes plásticas, pelo artista Theo Van Doesburg, em 1930. Para ele, assim se denominava toda arte não figurativa. Mais tarde a denominação foi adotada por artistas, críticos e teóricos, mas ainda como sinônimo de arte abstrata.
A diferença entre estas duas terminologias foi percebida em 1936, quando o artista plástico Max Bill formula a sua conceituação de uma arte construída objetivamente, fundada em problemas matemáticos.
De acordo com Tomás Maldonado, membro da Escola de Ulm, a diferença entre arte abstrata e arte concreta, que antes era apenas no nome, assume outro significado.
"Cada dia, acreditamos, torna-se mais evidente que a arte abstrata difere da arte concreta; que as duas expressões designam fatos artísticos essencialmente diversos. Essa transformação, sem nenhuma dúvida, deve-se sobretudo à contribuição criadora do qualificado grupo de artistas suiços, Max Bill, Camille Graeser, Verena Loewnsberg, que abriram novas perspectivas a uma definição da arte concreta sobre novas bases."
Histórico Onde surgiu:
O Concretismo surgiu na Europa, por volta de 1917, na tentativa de se criar uma manifestação abstrata da arte.
A intenção deste movimento concreto era desvincular o mundo artístico do natural e distinguir forma de conteúdo.
Para os concretistas a arte é autônoma e a sua forma remete às da realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais evidentes, a fim de mostrar que no mundo há uma realidade palpável, a qual pode ser observada de diferentes ângulos.
No Brasil - A Política:
O Brasil vivia em uma época de democratização política e de desenvolvimento econômico, que foi intensificado no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), que prometia um grande avanço histórico com o lema de "cinqüenta anos em cinco".
Os planos do governo JK eram de modernização do país, o que resultaram em grande crescimento industrial, aumento de empregos, e consequentemente, a renda dos trabalhadores. Devido ao desenvolvimento e grandes realizações, como a construção de Brasília, e a estabilidade política, houveram períodos de muito otimismo, chamados de "anos dourados".
As atividades do mercado editorial no país também foram fundamentais no desenvolvimento. Medidas do governo para a isenção de impostos sobre o livro e incentivos para a indústria de
papel nacional, resultaram em expressivo crescimento. Um exemplo foi o ano de 1962 que teve a produção de 66 milhões de livros.
O progresso aconteceu em ritmo acelerado; as casa já contavam com telefones, televisores e eletrodomésticos, os ônibus tiveram dividiam espaço com os carros. Muitos produtos e
tendências norte-americanas chegaram ao país, mudando o comportamento dos brasileiros da população, como a Coca-Cola e o rockn’roll. Porém, não para alguns setores da sociedade, que consideram essa invasão de novos hábitos prejudicial, e então o governo de JK passou a ser criticado.
Concretismo
Por volta de 1950, a concepção plástica da arte chega ao Brasil através do suíço Max Bill. Ele é o responsável por popularizar as concepções da linguagem plástica no Brasil com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956
Nos primeiros anos da década de 1950, quando os países da Europa ainda se recuperavam das conseqüências da Segunda Guerra Mundial, alguns poetas brasileiros se agrupavam no estudo da revista Noigrandes.
No dia 9 de dezembro de 1952, no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, é
inaugurada a exposição que marca o início oficial da arte concreta no Brasil, intitulada Ruptura.
Grupo Ruptura
A mostra, intitulada Ruptura, é organizada por um grupo de sete artistas:
Waldemar Cordeiro
Artista visual, designer, paisagista e crítico de arte, Cordeiro estudou na Academia de Belas-Artes de Roma. Em 1948, veio para o Brasil, fixando-se em São Paulo. Um dos precursores da arte concreta no Brasil. Em 1952, organizou o Grupo Ruptura, expondo os trabalhos no MAM-SP.
Lothar Charoux
Pintor, desenhista, professor.Nascido em Viena, Áustria, emigra para São Paulo, Brasil, em 1928. Foi aluno e professor no Liceu de Artes e Ofícios. Além de ser um dos fundadores do Grupo Ruptura, criou, em 1963, a Associação de Artes Visuais NT - Novas Tendências. Foi eleito melhor desenhista de São Paulo do ano de 1972 pela Associação de Críticos de Arte.
Além da fotografia e da pintura, sua obra se estendia também à gravura, às artes gráficas e ao desenho industrial. Tornou-se conhecido ao estabelecer vínculos com a arte experimental. Foi um dos pioneiros da fotografia abstrata e do modernismo no Brasil também é considerado um dos mais importantes artistas do movimento concretista brasileiro.
Luiz Sacilotto
Pintor, desenhista e escultor brasileiro. Uma das maiores expressões do Abstracionismo no Brasil, Luiz Sacilotto foi revelado durante a década de 1940.
Em 1952 ganhou o Prêmio Governador do Estado, na Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). No mesmo ano assinou o Manifesto do Grupo Ruptura, aparecendo em suas obras o Concretismo. Entre 1956 e 1957, participou da Primeira Exposição Nacional de Arte Concreta, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Kazmer Féjer
Nasceu na Hungria, em 1922. Estudou na Academia de Belas Artes de Budapeste, e mudou-se para São Paulo em 1949. Suas pinturas eram de expressão não-representativa. Foi um dos representantes típicos do Concretismo paulista, tendo participado das mostras nacionais de arte concreta de 1956 em São Paulo e de 1957 no Rio de Janeiro.
Leopoldo Haar
Pintor, escultor, vitrinista, artista gráfico e professor polaco-brasileiro. Desenvolveu pinturas e desenhos figurativos de carga expressionista, além de esculturas de caráter
abstrato-geométrico. Faleceu prematuramente, aos 44 anos.
Anatol Wladyslaw
Pintor, desenhista, gravador polonês. Formado em engenharia, frequentou o ateliê de Flexor . A partir da metade da década de 1940 realiza suas primeiras pinturas de caráter figurativo. Por volta de 1950, produz obras inteiramente abstrato-geométrico.
No mesmo ano é criado o manifesto Ruptura, redigido por Cordeiro e diagramado por Haar. Declaravam-se contrários a "todas as variedades e hibridações do Naturalismo", bem como à "mera negação do Naturalismo".
Negavam a intuição, proclamando ser a arte um tipo especial de conhecimento, acima da opinião, e dedutível de conceitos.
Grandes Nomes Max Bill
O suiço Max Bill foi designer gráfico, designer de produto, arquiteto, pintor, escultor, professor e teórico do design, cuja obra o coloca entre os mais importantes e influentes designers do século XX.
Tendo uma atuação especial na área de educação do design, sua atuação como professor na Escola de Ulm influenciou fortemente o perfil assumido pela Escola Superior de Desenho Industrial, no Brasil.
Alexandre Wollner
Designer gráfico brasileiro. Considerado um dos principais nomes na formação do design moderno no Brasil, tendo participado de uma série de entidades importantes no
fortalecimento do design brasileiro.
Estudou no Instituto de Arte Contemporânea do Museu de Arte de São Paulo e conseguiu uma bolsa para estudar na recém criada Escola da Forma de Ulm (sucessora da Bauhaus).
Ao voltar ao Brasil, criou um escritório pioneiro em design no país.
Mesmo sem diploma reconhecido, ganhou permissão especial do Ministério da Educação para dar aulas em cursos superiores, participando assim, da fundação da primeira escola de design do país, a Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro (ESDI).
POESIA CONCRETA
Em 1952, a poesia concreta tem seu marco inicial através da publicação da revista
“Noigrandes”, fundada por três poetas: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.
Contudo, é em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta em São Paulo, que a poesia concreta se consolida como uma nova e inusitada vertente da literatura brasileira.
As poesias concretas trazem novas formas de expressão: valorização da forma e da comunicação visual, sobrepondo ao conteúdo.
O poema da poesia concreta é chamado de poema-objeto por causa dos recursos estilísticos adotados: a eliminação de versos e a incorporação de figuras geométricas. Os poemas concretos possuem carga semântica, mas diferenciam-se por enfatizar o conteúdo visual e sonoro das palavras.
Alguns poetas aderiram ao movimento, como Ronaldo Azeredo e Ferreira Gullar. Este último abandonou a Poesia Concreta e foi um dos fundadores do Neoconcreto. A Poesia Concreta influenciou artistas como Lenora de Barros, Caetano Veloso em fase Tropicália, Arnaldo Antunes entre outros artistas
Décio, Haroldo e Augusto indicaram como precursores da Poesia Concreta Sthéphane Mallármé, Ezra Pound, James Joyce, e. e. cummings e no Brasil João Cabral de Melo Neto e Oswald de Andrade.
“Contra a poesia de expressão, subjetiva. por uma poesia de criação, objetiva. concreta, substantiva. (nova poesia: concreta – 1956 - Décio Pignatari)