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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES SCHLA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DECISO BRUNO WASHINGTON NICHOLS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – SCHLA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – DECISO

BRUNO WASHINGTON NICHOLS

ELEIÇÕES 2014: UMA ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS RELACIONADOS AOS PRINCIPAIS PRESIDENCIÁVEIS NA FOLHA DE S. PAULO NO FACEBOOK

CURITIBA 2015

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BRUNO WASHINGTON NICHOLS

ELEIÇÕES 2014: UMA ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS RELACIONADOS AOS PRINCIPAIS PRESIDENCIÁVEIS NO FACEBOOK DA FOLHA DE S. PAULO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção de grau de Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Emerson Urizzi Cervi

CURITIBA 2015

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RESUMO

Considerando as possibilidades de participação oferecidas pela rede social digital Facebook, objetiva-se, nesta pesquisa, compreender as dinâmicas exercidas pelos comentários realizados na página do jornal Folha de S. Paulo durante a corrida eleitoral de 2014. Desse modo, a pergunta de pesquisa que se coloca é: os comentários, ao decorrer da campanha, buscaram persuadir ou radicalizar? Elogiar ou criticar? Para viabilizar a busca pelas respostas dessa pergunta, construiu-se um banco de comentários através da utilização do aplicativo para Facebook chamado Netvizz, aliado a técnica de análise de conteúdo. Os resultados indicam que, ao contrário de nossa hipótese inicial, os comentários radicalizados decrescem ao longo do tempo, enquanto o inverso ocorre com a característica ‘persuasão’ – sendo esta a mais utilizada durante todo o período eleitoral. Por sua vez, no que diz respeito aos comentários críticos e elogiosos, observa-se, de fato, que o primeiro fora mais utilizado no primeiro turno da corrida presidencial, com prevalência nas 12 das primeiras 14 semanas de disputa, enquanto o segundo fora majoritariamente utilizado no returno – demonstrando, então, a mudança de comportamento dos comentários ao decorrer da eleição.

Palavras-chave: Comunicação política, Opinião Pública, Participação Política, Internet, Facebook.

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ABSTRACT

Considering the possibilities of participation offered by the digital social network Facebook, it aims, in this research, to understand the dynamics used by the commentaries made in the Folha de S. Paulo page during the election run of 2014. Therefore, the main questions are: Did the commentaries during the campaign try to persuade or to radicalize? To praise or criticize? To viabilize the answers for these questions, some commentaries were built through a Facebook app called Netvizz allied to the technique of analysis of content which allowed its decoding, based in two code books established for this finality. The results indicate that contrary to our initial hypothesis, the radical commentaries decrease whilst the opposite occurred with the persuasion quality – this one being more used during the whole political run. On the other hand, as regards the criticism and praise, it is observed that the first was used more in the initial phase, mostly in the first twelve of the fourteen weeks of the run, presenting an increase in the second phase. Moreover, the second was mostly utilized in the second phase presenting a positive jump, so demonstrating the behavior change of the commentaries throughout the election.

Keywords: Political Communication, Public Opinion, Political Participation, Internet, Facebook.

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LISTA DE TABELAS

1. Frequência de comentários totais por turno ...25

2. Frequência simples de comentários válidos no primeiro turno...26

3. Frequência simples de reflexividade no primeiro turno ...26

4. Frequência simples de comentários válidos no segundo turno ...27

5. Frequência simples de reflexividade no segundo turno ...27

6. Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no primeiro turno ...28

7. Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no segundo turno ...29

8. Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no primeiro turno ...30

9. Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no segundo turno ...30

10. Frequência simples de comentários críticos e elogiosos por semana do primeiro turno ...31

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LISTA DE GRÁFICOS

1. Elogio x Crítica em cada semana de campanha no primeiro turno ...32 2. Elogio x Crítica em cada semana de campanha no segundo turno ...34

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SUMÁRIO

1. Introdução ...08

2. O Contexto da corrida presidencial em 2014 ...11

3. Folha de S. Paulo – do jornal às redes sociais digitais ...16

3.1As Possibilidades do ambiente online: Da web 1.0 a web 2.0 ...17

4. A definição de Participação Política ...18

5. Analise dos dados ...24

6. Considerações Finais ...36

7. Referências Bibliográficas ...38

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1 INTRODUÇÃO

Ligado à área de comunicação política e opinião pública, o presente estudo tem por objetivo contribuir para o debate que abrange a importância das redes socais digitais – mais precisamente o Facebook - como ferramenta para o exercício da participação política, tendo neste caso, como recorte temporal, o período que contempla a eleição presidencial de 2014 no Brasil – buscando elementos que demonstrem como ocorreu o debate na esfera online.

Neste trabalho, apresenta-se uma análise sobre a dinâmica interativa dos internautas com as publicações da página Folha de S. Paulo no Facebook, ligadas à área de política, durante a corrida presidencial no ano de 2014. Dessa forma, propõe-se neste estudo verificar como aconteceu o debate realizado pelos comentadores nos posts que citaram – nominalmente, ou através de apelidos - os candidatos Eduardo Campos/Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) e verificar se os comentários elaborados são majoritariamente elogiosos ou críticos. Entende-se por elogioso todos os comentários que elogiam o autor de outro comentário, ao candidato, ao governo, aos internautas em geral e, por fim, ao portal onde está sendo realizado tal comentário. Por sua vez, os comentários críticos dizem respeito àqueles onde predominam tal característica para as mesmas categorias citadas anteriormente. Nos casos em que os comentários apresentaram as duas características, será considerada como válida apenas a que obteve maior ênfase. Em caráter inicial, pretende-se também estabelecer brevemente uma relação entre os comentários realizados no Facebook da Folha de S. Paulo e conteúdos veiculados pela televisão, como as sabatinas do Jornal Nacional ou os debates presidenciais televisionados.

Para a instrumentalização desta pesquisa foram coletados comentários1, formando, deste modo, um banco de dados que teve o recorte temporal datado desde a primeira até última semana de período eleitoral – entre 05 de julho e 29 de outubro de 2014 - no qual se aplica a técnica da Análise de Conteúdo. Tendo em vista que este trabalho objetiva contribuir com a discussão que se coloca entre mídias sociais e eleições, além de descrever o que ocorreu nos comentários, a pergunta de pesquisa que se coloca é: os internautas, ao decorrer da campanha, tenderam a tecer comentários - em sua maioria – radicais ou persuasivos? Elogiosos ou críticos?

A eleição presidencial de 2014, além de acirrada2, pode ser pensada como uma disputa marcada por diversas situações inesperadas ao longo do período de campanha eleitoral como,

1Neste sentido, torna-se necessário ressaltar a importância do Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política &

Opinião Pública – UFPR, que fora fundamental para a operacionalização deste projeto.

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por exemplo, o falecimento do presidenciável Eduardo Campos (PSB)3 e a escolha para suprir o lugar deste candidato pela até então vice-presidente Marina Silva4.

Tendo em vista o contexto explicitado, as hipóteses que podem ser pensadas convergem à ideia central deste trabalho: a análise sobre a reflexividade– variável que estabelece a reação que um comentador demonstra no comentário a uma publicação: a reflexividade pode ser classificada em: “persuasão”; “progresso”; “radicalização” ou “outra”, caso não se enquadre em nenhuma das anteriores - dos comentários. Neste contexto, deve-se mencionar que os comentários persuasivos são aqueles que tentam, em deve-seu conteúdo, persuadir ou se mostrar persuadido em relação a outro comentador; por sua vez, os comentários na categoria “progresso” apresentam como característica principal a capacidade de dar prosseguimento e estimular um debate com outro comentador; “radicalização” diz respeito aos comentários que contém ofensas em seu conteúdo; por fim, “outra” representa todos os comentários que não se encaixaram nas categorias anteriores. Dessa forma, as hipóteses que se colocam a serem testadas são de que i) existe uma relação entre as variáveis “tempo de campanha” e “reflexividade”, considerando também que os comentários radicalizam mais no segundo turno do que no primeiro e que ii) a variável “formato do comentário” apresenta característica invariavelmente maior no que tange conteúdo crítico em vista de comentários elogiosos. Com isso objetiva-se, então, identificar não só as características dos comentários analisados, como também verificar se o tempo se constitui como fator para uma possível mudança, ou não, nessas características.

Inicialmente, o primeiro tópico abordará o contexto da tumultuada eleição presidencial de 2014, fazendo uso das principais pesquisas de intenção de voto de quatro renomadas empresas: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Datafolha, CNT/Sensus e Vox Populi, visando maior detalhamento desta corrida eleitoral para o leitor.

No segundo tópico será realizada uma análise sobre a história da Folha de S. Paulo, perpassando desde sua criação – sob o nome de Folha da Manhã, em 1920 – até sua inserção nas redes sociais digitais, bem como também haverá uma revisão dos teóricos que refletem sobre as possibilidades ofertadas e rupturas ocorridas na web 1.0, web 2.0 e por fim, uma revisão sobre o Facebook.

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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1499718-presidenciavel-eduardo-campos-morre-em-acidente-aereo-em-santos-sp.shtml

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Em seguida, será realizado um levantamento teórico sobre os conceitos de “participação política”, “opinião pública” e “participação política na internet”, visando oferecer embasamento científico à análise. Por conseguinte, o quarto tópico fora versará sobre a metodologia utilizada para obtenção e refinamento dos dados, bem como para análise dos mesmos. Finalmente, a última sessão desse trabalho fora designada a tratar sobre as conclusões obtidas através da análise dos dados realizada no item anterior.

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2 O Contexto da Eleição Presidencial em 2014

A eleição presidencial de 2014 no Brasil pode ser considerada como a disputa eleitoral mais acirrada desde o período da redemocratização brasileira – apresentando a diferença de apenas 3% entre a campanha vencedora e a segunda colocada. No segundo turno tal intensidade se repetiu desde os debates presidenciais até as calorosas discussões em fóruns da internet e páginas de jornais tradicionais nas redes sociais digitais como, por exemplo, a alta quantidade de comentários realizados nas postagens de notícias na página do jornal Folha de S. Paulo no Facebook. Ao longo deste capítulo serão discutidos os principais elementos que marcaram a eleição presidencial de 2014, a fim de situar o leitor sobre o contexto daquela disputa, bem como, desta maneira, facilitar o entendimento para os próximos capítulos - na medida em que se tem maior noção sobre o contexto do objeto a ser analisado neste trabalho.

Conforme dados apresentados pelo TSE5, 12 candidaturas concorreram à presidência da república em 2014, o que representa, em números totais, o maior número de candidaturas para a disputa do maior cargo do executivo nacional – quantidade idêntica já ocorrera na eleição de 19986, denotando uma concorrência significativa quanto às últimas eleições para este cargo. Com as convenções dos partidos - realizadas entre 14 a 28 de junho - e com as candidaturas oficializadas até a data de 05 de julho7 foi possível saber, então, que os candidatos à presidência daquele ano foram: Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT),Eduardo Campos (PSB), Eduardo Jorge (PV), Pastor Everaldo (PSC), Levy Fidelix (PRTB), Zé Maria (PSTU), José Maria Eymael (PSDC), Luciana Genro (PSOL), Marina Silva (PSB), Mauro Iasi (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO).8 Nota-se que há, no rol de candidaturas exposto, duas candidaturas pela sigla PSB, isto acontece devido à substituição que ocorrera devido ao falecimento do até então presidenciável Eduardo Campos.

Com as candidaturas oficializadas iniciou-se o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral no dia 19 de agosto9 daquele ano, e os partidos puderam então veicular nas mídias as imagens de seus presidenciáveis e suas propostas para a população. Dias antes do início do HGPE o Jornal nacional, da Rede Globo, realizou uma série de três sabatinas com os principais presidenciáveis segundo as pesquisas de intenção de voto – os entrevistados foram, por ordem, Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Dilma Rousseff (PT). Talvez um dos 5http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2014/sistema-de-divulgacao-de-candidaturas 6 http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-1998/candidatos-a-presidencia-da-republica 7http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2014/06/84329-calendario-eleitoral.shtml 8http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2014/sistema-de-divulgacao-de-candidaturas 9http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/horario-eleitoral-gratuito-em-radio-e-televisao-para-as-eleicoes-2014

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elementos mais surpreendentes desta eleição viera a ocorrer justamente ao dia seguinte da sabatina com Eduardo Campos, quando, em 13 de agosto10, o até então candidato falece num trágico acidente aéreo. Sua morte gerou comoção nacional e uma série de expectativas sobre sua substituição. As atenções então voltaram-se à Marina Silva, sua vice presidenta e personagem até então mais cogitada para substituí-lo – o que aconteceu, segundo nota oficial de seu partido, PSB, ao dia 20 de Agosto.11 Mesmo com toda esta expectativa criada sobre a importância do PSB a campanha seguiu polarizada entre PT – como o partido buscando a reeleição - e PSDB, como seu principal opositor, conforme apontam Mendonça e Parzianello:

O cenário que se apresenta para a campanha eleitoral de 2014, mais uma vez coloca os candidatos do PSDB e PT como principais rivais políticos, que disputam o cargo à Presidência da República. O atual governo e a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) estão em situação que precisam dar respostas à sociedade, que acreditou nas propostas nas últimas eleições e no discurso da mudança, com vistas à igualdade social e principalmente na ideia de que há solução para a crise política brasileira. De outro lado, o principal partido de oposição PSDB e seu candidato, Aécio Neves, sobrevivem à sombra de uma imagem política positiva, construída basicamente por Fernando Henrique Cardoso (FHC) enquanto Ministro da Fazenda e coordenador do bem sucedido ―Plano Real‖ no governo Itamar Franco, e, posteriormente ao assumir a Presidência da República por duas vezes. (MENDONÇA e PARZIANELLO, pág. 09, 2014).

Porém, mesmo a campanha estando polarizada entre PT e PSDB, deve-se ressaltar o papel ativo e não secundário representado pelo PSB através da ideia de terceira via, uma opção tomada pelo partido e apresentada para a sociedade como uma alternativa a esta polarização. Deve-se destacar também, de acordo com Balzaretti, Silva, Rech e Da Sois, que a força política da ideia de terceira via passa a ganhar força e cada vez mais notoriedade a partir da morte de Eduardo Campos, o que gerou expectativas de vitória cada vez maiores. Para os autores:

Nas eleições presidenciais seguintes, em 2014, Marina Silva aliou-se – tanto por motivos eleitorais quanto por motivos programáticos – a outra força política que apresentava-se como alternativa à velha polarização: o governador de Pernambuco, Eduardo Henrique Accioly Campos – do Partido Socialista Brasileiro (PSB). A chapa formada por Silva e Campos, a Coligação Unidos Pelo Brasil, porém, não teve expressão política significativa até que o trágico acidente que tirou a vida de Eduardo ocorreu em 13 de agosto. A comoção nacional em volta da morte do presidenciável colocou todos os holofotes da nação voltados

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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1499718-presidenciavel-eduardo-campos-morre-em-acidente-aereo-em-santos-sp.shtml

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à candidatura à Presidência herdada por Marina. De imediato, sua candidatura decolou e, ao que tudo indicava, havia não somente a possibilidade da mesma passar ao segundo turno, como também de ser eleita Presidente da República. Porém, por diversos motivos, a candidatura de Marina não manteve o fôlego adquirido com a tragédia e despencou nos momentos finais da campanha. Porém, um motivo identificado em praticamente todas as análises e opiniões para o desmoronamento da candidatura de Silva é, em suma, o fato de que as ideias representadas por sua candidatura não eram claras o suficiente para o eleitorado – a mesma era vista como uma incógnita política. (Balzaretti, Silva, Rech, Da Sois, pág. 10, 2014)

Mesmo com toda força que a campanha ganhara após a morte de Campos e com o motivo destacado pelos autores para seu desmoronamento, outras questões podem ser apontadas para explicar esta queda como, por exemplo, o viés tomado tanto por PT quanto por PSDB para atacar a campanha de Marina Silva, recém candidata à disputa eleitoral daquele ano. Segundo artigo de Souza e Martins, a campanha petista passa a, abertamente, criticar a presidenciável do PSB a partir de setembro, numa estratégia para diminuir o avanço de Marina

nas pesquisas de intenção de voto (até ali, Marina ameaçava a reeleição de Dilma) (Souza;

Martins, 2015). Além disto, Dilma passa a criticar pontos específicos apresentados por Silva como, por exemplo, a quantidade de promessas feitas pela presidenciável do PSB, sua política econômica parecida com a política econômica do PSDB e a questão do pré-sal.

A independência é uma conquista que precisa ser fortalecida todos os dias. Cada momento na vida do Brasil exige de nós um esforço diferente. [...] Nesse exato momento, é a defesa do pré-sal. Essa imensa riqueza, que é o nosso passaporte para o futuro. Essa luta torna-se particularmente importante porque surgem vocês que ameaçam esta grande riqueza nacional. A candidata Marina Silva é uma delas, pois tem defendido o fim da prioridade ao pré-sal. [...] Isso significaria abandonar ou desacelerar a exploração dessa imensa fonte de riqueza, com consequências terríveis para o desenvolvimento do Brasil. (apud SOUZA; MARTINS pág. 37, 2015).

A candidata petista atrelou não só sua crítica à Marina - quanto sua política econômica - à imagem de Aécio como, também, apontou contradições dos mesmos presidenciáveis numa tentativa de ratificar que, qualquer um dos dois que fosse ao segundo turno, era uma escolha de voto ruim (SOUZA; MARTINS, 2015). Por outro lado, as críticas à Marina Silva também foram colocadas pelo candidato Aécio Neves, pois tinha o desafio de convencer que ele era a melhor mudança e não Marina, que ameaça a polarização com o PT (SOUZA; MARTINS, 2015). Assim, nota-se que tanto Dilma quanto Aécio estavam se sentindo ameaçados pelo forte

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crescimento de Marina Silva. O candidato tucano critica a falta de estabilidade de Silva como um dos principais fatores negativos da candidata, bem como a sua imagem atrelada ao governo petista, como pode ser destacado na seguinte fala:

Você conhece mesmo a Marina? Eu me lembro que eu ainda líder partidário, na Câmara dos Deputados, defendi a Lei de Responsabilidade Fiscal, não para atender interesses do PSDB, mas para atender interesses dos cidadãos brasileiros, para acabar com a farra das administrações públicas irresponsáveis. Onde estava Marina? No PT, votando contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. [...] Veio o escândalo do mensalão [...] que trouxe indignidade a toda a sociedade brasileira. Onde estava Marina? Ministra de Estado. Se indignou? Pediu pra sair? Não. Continuou como Ministra de Estado. Nos brindou com um obsequioso silêncio. Naquele momento, não considerou o mensalão práticas da velha política. [...] Vejo Marina quase como uma metamorfose ambulante, trocando de posições ao sabor das circunstâncias. (SOUZA; MARTINS pág 42, 2015).

A partir de críticas como essas, aliado a inabilidade por parte de Marina Silva ao não conseguir esclarecer suas propostas – motivo destacado por Balzaretti, Silva, Rech e Da Sois – a campanha do PSB passa a registrar decréscimos nas pesquisas de intenção de voto, o que levou esta candidatura à terceira posição ao final do primeiro turno – posição antes ocupada pelo PSDB, que foi para o segundo turno disputar a eleição contra Dilma Rousseff. Coube ao PSB, então, definir qual seria sua posição para o segundo turno – seja como neutro ou como apoiador de uma das chapas. Por fim, o partido decidiu pelo apoio programático ao PSDB12. O segundo turno da eleição presidencial fora marcado por debates intensos, onde pipoca vam críticas e acusações de ambos os lados. Ao final do segundo turno, o resultado das urnas mostrou o quão equilibrado fora este pleito, sendo Dilma Rousseff reconduzida ao cargo de presidenta da república com 54.483.045 votos, o que significa apenas 3,3% de diferença para os 50.993.533 votos conquistados por Aécio Neves13 - ou seja, a menor diferença em uma eleição presidencial desde a redemocratização. Outra forma para olhar esta eleição sob a ótica de um maior equilíbrio diz respeito aos resultados obtidos pelas pesquisas de intenção de voto realizadas entre fevereiro e outubro de 2014 por três institutos de pesquisa14: Datafolha, Ibope e Vox Populi15. A impressão inicial que se tem ao analisar os resultados diz respeito à ampla 12http://www.psb40.org.br/not_det.asp?det=5920 13http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-candidaturas-2014/estatisticas-eleitorais-2014 14 http://www.paradoxzero.com/brasil2014/ 15 http://www.ibope.com.br/pt-br/Paginas/home.aspx,http://datafolha.folha.uol.com.br/e http://web.voxpopuli.com.br/

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vantagem que Dilma apresenta para o segundo colocado nos primeiros meses de campanha – vantagem esta que bate na casa dos 20 pontos percentuais. Posteriormente, vê-se que Eduardo Campos não apresenta crescimento significativo ao longo da campanha, apresentando pequenas oscilações – sua maior porcentagem fora na pesquisa Datafolha para o mês de Abril, chegando a 14% das intenções de voto, porém, no mês seguinte oscilou para 11% - ficando, então, na terceira posição na disputa desta eleição. Por sua vez, Aécio Neves também apresenta comportamento oscilante quanto às pesquisas, tendo altos e baixos até setembro – quando, segundo pesquisa feita pelo Ibope, o candidato passa de 19% em Setembro para 30% em Outubro. O destaque, ao analisar os números das pesquisas destes três institutos, fica por conta de Marina Silva. Em agosto, mês de seu falecimento, Eduardo Campos apresentava 9% dos votos segundo o Ibope. A partir da escolha de Marina Silva como candidata, seu percentual de intenção de votos cresceu significativamente, chegando aos 28 pontos, segundo pesquisa VoxPopuli para Setembro. Mesmo com esta crescente, a candidata do PSB apresentou, no mês seguinte, queda percentual, chegando aos 22% tanto nas pesquisas do Datafolha quanto do Ibope, enquanto Aécio aparecia com 24 e 30 pontos percentuais, respectivamente. A partir do que fora analisado no presente tópico, faz-se necessário entender como o contexto conturbado desta eleição presidencial pode ter relação com as possibilidades de participação oferecidas com o advento da web 2.0, em específico, as redes sociais digitais. Vale ressaltar, por exemplo, que o trágico acontecimento que levou à morte do ex-presidenciável Eduardo Campos (PSB) fora responsável por picos de comentários com características persuasivas – questão que será discorrida ao longo deste trabalho. O tópico seguinte versará sobre as mudanças ocorridas na web, desde a primeira até à segunda - e atual – geração, assim como a ampliação de opções geradas por esta transformação, aliando o que será dito com o jornal Folha de S. Paulo, que também atua na plataforma web.

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3 FOLHA DE S. PAULO – Do Jornal Físico ao Facebook

A Folha de São Paulo é um jornal fundado no dia 19 de fevereiro de 1921 com o nome “Folha da Noite”, e passou a contar também com os jornais “Folha da Manhã” e “Folha da Tarde” anos depois. Mais tarde, em 1º de Janeiro de 1960, os três jornais se fundem dando origem ao nome utilizado atualmente16. Com a expansão da internet no Brasil, o Jornal Folha

de São Paulo passa a, em 1996, investir em conteúdos na web com a criação do Universo Online (UOL), passando a ser a primeira empresa jornalística do Brasil a divulgar notícias em jornal físico e na web pelo endereço eletrônico “ww.uol.com.br”.

Um ano antes da criação do Portal UOL é lançado o endereço eletrônico FolhaWeb, que em 1999 passa a ser chamado de Folha Online, operando de forma independente ao conteúdo publicado em jornal físico – independência que acabaria em 2010, com a integração das redações da Folha Online e Folha impressa.17 Em 25 de março do ano 200 a Folha de S. Paulo

aumenta seu leque de plataformas lançando o Folha WAP, um canal de notícias a ser acessado por dispositivos móveis. Atualmente, a empresa possui uma página oficial na rede social digital Facebook com mais de 05 milhões de curtidas.

Ao longo dos anos a Folha de S. Paulo se modernizou – estando, atualmente, nas mais diversas plataformas, desde o jornal impresso até as redes sociais. Assim, para esta pesquisa, torna-se importante analisar a trajetória da empresa na internet e como se deram as transformações dentro desta plataforma fazendo uso de uma revisão sobre a internet, objetivando identificar as formas de utilização de cada uma dessas transformações.

16Informações baseadas em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/historia_folha.htm

17 Informações baseadas em:

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3.1 As Possibilidades do Ambiente Online: Da Web 1.0 a Web 2.0.

Os estudos iniciais sobre o tema consideram que a internet sofreu mutações significativas que podem ser consideradas como rupturas, ou então as chamadas “gerações” da internet. Segundo Silva (2010), a internet de primeira geração era um espaço caracterizado

pela elaboração de conteúdos por especialistas, enquanto o usuário realizava leitura e mantinha contatos através das tecnologias de informação como chat, e-mail, ou seja, o usuário era “passivo”. Ainda, para o autor, a web 1.0 pode ser destacada num cenário onde

só era possível o download de arquivos, enquanto a próxima geração da web permite, também, o upload. A primeira geração web é caracterizada pelas dificuldades de acesso provenientes de seu custo, bem como as limitações impostas ao usuário, não havendo possibilidade de o mesmo comentar, criar novos conteúdos, e sua capacidade de comunicação com outros internautas ainda não era tão ampla. Por sua vez, a geração seguinte da internet, chamada “Web 2.0”, aumentou a participação na rede, onde a internet se coloca mais acessível aos utilizadores - que podem produzir e publicar seus próprios documentos e interagir de alguma forma com as páginas que acessa - também diminuiu os custos de produção de informação, ao possibilitar servidores gratuitos para hospedagem de sites. Neste cenário de trocas, produção e circulação de informações na web 2.0, surge a importância de estudar o papel das redes sociais digitais – nesta análise, a rede social digital Facebook – para verificar as novas e diferentes possibilidades que esta oferece para seus utilizadores em relação aos sites independentes. Com a inserção dos tradicionais veículos – como é o caso da Folha de S. Paulo - de informação na rede social digital Facebook, novas possibilidades de interação surgiram, sendo possível a expressão de sua opinião sem limite de caracteres e sem censura prévia, possibilitando a publicação instantânea de um comentário, estabelecendo debates em tempo real com outros comentadores - a saber, os meios tradicionais também possuem características de interação, mas diferentes das ofertadas pelas redes sociais: tal debate não será aqui aprofundado. Os benefícios em se trabalhar com os comentários realizados em redes sociais em face aos de sites baseiam-se na fluidez proporcionada por aquelas, tornando a possibilidade de comentar algo ainda mais acessível e prático do que era nos portais independentes. A participação política online, aqui, está contemplada à medida em que um número indeterminado de pessoas tem a opção de, ao mesmo tempo e espaço digital, compartilhar suas ideias e comentar o que fora postado por outros indivíduos. Assim, a seguinte sessão tratará sobre uma breve reflexão acerca dos conceitos de participação política, debate público e opinião pública, pretendendo embasar teoricamente o objeto desta análise.

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4 A Definição de Participação Política

É possível pensar os comentários e interações realizados na página Folha de S. Paulo como uma forma de participação política ao encontrar, neles, fundamentação teórica. Neste contexto, o presente capítulo versará sobre a participação política e a participação política na internet, bem como refletirá brevemente sobre os conceitos de Opinião Pública e Debate Público. Há de se reconhecer, entretanto, que há diferentes perspectivas sobre a participação política, o que implica na discussão – que não será aqui estabelecida - sobre conversação civil, teoria deliberativa e jornalismo participativo, por exemplo. Uma primeira definição sobre participação política pode ser encontrada em Bobbio (1998), em que elenca uma série de ações que podem ser caracterizadas deste modo:

Na terminologia corrente da ciência política, a expressão Participação política é geralmente usada para designar uma variada série de atividades: o a todo voto, a militância num partido político, a participação em manifestações, a contribuição para uma certa agremiação política, a discussão de

acontecimentos políticos, a participação num comício ou numa reunião de seção, o apoio a um determinado candidato no decorrer da campanha eleitoral, a pressão exercida sobre um dirigente político, a difusão de informações políticas e por aí além. (BOBBIO, 1998, p. 888).

Assim, os comentários e interações analisados verificam-se em posição próxima ao que fora definido por Bobbio (1998) como participação política. Além da reflexão sobre os conceitos citados, serão observadas, ao longo deste capítulo, as dinâmicas dessa participação política online, com a finalidade de embasar teoricamente os dados e os resultados por eles indicados. Para esta pesquisa, outro conceito – atrelado ao de participação política – fora considerado como essencial para este trabalho – trata-se da Opinião Pública. Bobbio (1998) pensava a opinião pública como tendo “por função permitir a todos os cidadãos uma ativa participação política, colocando-os em condições de poder discutir e manifestar as próprias opiniões sobre as questões de geral interesse” e, para que isto acontecesse, seria preciso, fundamentalmente, que houvesse liberdade de imprensa de forma plena, aliado a publicização das questões tratadas em âmbito parlamentar – oferecendo, então, ao público, o acesso a estas informações, para que elas pudessem ser apreciadas e debatidas por ele. Para o autor, a Opinião Pública nasce do debate público e é pressuposta por uma sociedade civil não indistinguível do Estado, onde haja círculos sociais que “permitam a formação de opiniões não individuais, como jornais e revistas, clubes e salões” (Bobbio, 1998, pág. 842) – considerando, desta forma, a

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opinião pública como algo ocorrido com base em informações e pela troca realizada entre indivíduos.

Davidson (1958), por sua vez, pensa que a opinião pública deriva de processos psicológicos e sociais aonde um indivíduo, ao se posicionar, cria – de antemão – a expectativa de que a postura de outros indivíduos seja semelhante à tomada por ele, tornando a opinião pública algo que envolve constantemente a relação “indivíduo-grupo”. Destaca-se também o fato do autor considerar que a opinião pública coloca o indivíduo numa situação de exposição a argumentos diferentes dos seus, o que gera possibilidades das pessoas conhecerem opiniões vindas de outros indivíduos de outros círculos sociais (Davidson, 1958, pág. 99). Segundo as exposições feitas até aqui, os comentários na fanpage Folha de S. Paulo podem ser considerados, sem exageros, como interações entre indivíduos acerca dos fatos publicados por esta empresa de comunicação, com a possibilidade de haver troca de informação entr e eles, visto as condições e pressupostos básicos para estas trocas serem viabilizadas. Preocupação e busca pelo entendimento como base para a resolução de conflitos também passa a ser algo discutido por Manin (1996) ao concluir que a conciliação, nas esferas sociais e também na esfera política se dá por meio da discussão e da negociação, onde uma “democracia de partido”, caracterizando-se como forma estável de governo, não operaria através de imposições rígidas de programas preestabelecidos.

Com a popularização da internet e a “explosão” das redes sociais digitais, também sob o nome de new media, como Twitter, Google Plus e Facebook pelo mundo, com o maior acesso dos brasileiros por esta última - cerca de 63% dos brasileiros responderam que a rede social mais acessada por eles, de segunda a sexta feira, é o Facebook e, nos finais de semana, este percentual sobe para 67%18 - e, fundamentalmente, graças às novas possibilidades de uso trazidas pelas redes sociais, torna-se importante analisar as dinâmicas dos debates ocorridos nestas plataformas – o que implica em analisar, também, a relação entre participação política e internet. A chamada new media oferece um ambiente novo, mais democrático e mais fluído para se debater questões “políticas”, conforme relatório da The Electoral Knowledge Network sobre Mídia e Eleições:

Em muitos países, a new media tornou-se uma das mais vibrantes plataformas para as pessoas expressarem suas opiniões, compartilharem informações, interagir com seus líderes, e debater as principais questões eleitorais. A new media oferece a vantagem de ser “democrática”, permitindo a qualquer pessoa postar suas opiniões em blogs e micro

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blogs, compartilhar links, enviar e encaminhar e-mails, criar websites e assim por diante. Também possui a vantagem de operar em tempo real, permitindo então que as pessoas acompanhem a evolução dinâmica e em constante mudança. Por fim, a new media também se mostra muito mais difícil de censurar ou silenciar, pois os governantes não podem suspender facilmente bloggers “certificados”, usuários de Twitter, ou processar alguém por postar links no Facebook (The Ace Electoral Network And The Encyclopaedia, 2013, pág. 36, trad. nossa)

Ou seja, um dos principais diferenciais do new media diz respeito à forma com que se é possível fazer uso destas plataformas, tendo maior liberdade e conforto para sua utilização. Sabe-se que a eleição presidencial de 2014 fora acirrada e isto tende a incutir um cenário de disputa por votos e essa disputa exalta a possibilidade que a internet oferece ao relacionar um contato entre informações e o internauta, oferecendo a ele novas oportunidades para expressar seu ponto de vista em relação a determinado assunto, de acordo com Panis (2013):

O que difere a internet das outras formas de comunicação e o que a constitui como uma nova mídia é a possibilidade de interação envolvendo candidatos e cidadãos, bem como o suporte e ferramentas que dão ao leitor a opção de escolher sua fonte de informação. A internet viabiliza uma comunicação mais horizontal, interativa e constante que tem potencial para dar novas possibilidades de práticas de participação política. (PANIS, 2013, p. 20).

Destaca-se, então, o fato de que a internet pode ser considerada como um marco em como ocorre à transmissão da informação para os internautas e o fomento do debate através dessas informações publicadas. Como já dito, o contato entre os comentadores e os posts se dão de forma mais horizontalizada do que nas mídias tradicionais e, aqui se coloca uma posição da internet quanto às mídias tradicionais: a primeira vem ganhando cada vez mais espaço quanto ao consumo de informações pelos internautas e, pensando nas possibilidades oferecidas por esta nova forma de acesso a informações, onde se pode debatê-las em tempo real e, muitas vezes, na mesma página de uma notícia, as campanhas eleitorais começam a instrumentalizar a internet para seus objetivos, conforme os autores Marques e Sampaio (2011) apontam:

No que concerne ao consumo de informação política, por exemplo, nota-se uma ruptura em relação aos padrões tradicionais auferidos pelos media convencionais. Ainda que o horário gratuito de propaganda eleitoral continue relevante (e alvo de disputas partidárias com o intuito de formar coligações para garantir tempo de TV relevante), é crescente o consumo de informações por meio da Internet. É verdade que muitas destas informações são apenas reprodução do que já se tem na televisão ou no rádio. Porém, há materiais que somente são tornados disponíveis através de cartas-corrente, de vídeos e gravações revelando momentos infelizes de opositores ou, mesmo, de opiniões que outros usuários

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compartilham com suas listas de contato. Munidos de conhecimento sobre este cenário, as coordenações de campanhas eleitorais passam a instrumentalizar os media digitais de maneira a se adequar a este novo padrão característico do mercado contemporâneo de oferta de informações. (MARQUES; SAMPAIO. 2011. p. 16).

Portanto, há então, uma preocupação por parte das campanhas com os conteúdos publicados na web e a forma com que essas informações serão recebidas pelos internautas, que com o advento das redes sociais ganharam novas possibilidades de participação. Neste sentido, Gomes (2005) discute a participação política sob a égide da chamada “democracia digital” que, segundo os autores, diz respeito a “um expediente semântico empregado para referir-se à experiência da internet e de dispositivos que lhe são compatíveis, todos eles voltados para o incremento das potencialidades de participação civil na condução dos negócios públicos”, ou seja, uma forma para tentar superar, segundo os autores, a “fraca participação política” e a

separação entre as esferas civil e política, visando à internet – ou o “meio digital” – como algo

a explicitar a participação política do público nos processos decisórios. Continuando nesta visão positiva sobre a capacidade da internet em propiciar melhores condições para a participação política, Gomes destaca as “possibilidades e limites” desta participação política na internet.

Como fatos positivos a este tipo de participação política na internet constam a comodidade e a facilidade de acesso aliado ao engajamento político, a variedade de opções de armazenamento, a rapidez, a economia e a conveniência de se disseminar informação política online (Baber, 2003, apud Gomes, 2005), já os fatores negativos a este tipo de participação dizem respeito ao uso do anonimato para fins tirânicos, racistas, discriminatórios e antidemocráticos na internet (Gomes, 2002 apud Gomes, 2005), bem como a dominância, comprovada em pesquisas, das discussões políticas por poucas pessoas. Outros autores também discorrem sobre as capacidades oferecidas pelo uso da internet para a participação política online, Pippa Norris (2003) argumenta que a participação política online enfrenta obstáculos consideráveis devido à variedade de funções que a internet oferece quanto a entretenimento, por exemplo, tornando mais difícil um internauta parar de realizar suas atividades na web – como ouvir músicas, jogar ou assistir filmes – para acessar fóruns e páginas em que se estão discutindo temas políticos e participar destas discussões, segundo a autora:

O mundo político – na web – divide espaços com sítios de entretenimento, por exemplo, resultando numa possível falta de atenção para com o primeiro. Além disto, em muitos estudos baseados em análise de pesquisas norte-americanas verificou-se que a Internet geralmente funciona para “ativar” mais e informar os cidadãos norte-americanos que já estavam envolvidos em política, pregando para os

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convertidos e reforçando as desigualdades sociais existentes na participação política. (Bimber, 1998; Corrado, 2000; Davis, 1999; Davis e Owen, 1998; Hill e Hughes, 1998; Kamarck e Nye, 1999 apud NORRIS, 2003, p. 24, tradução nossa).

Ocorrendo, desta maneira, o que a autora chama de “pregar para os convertidos”. Em suma, pessoas que tem interesse em versar sobre temas políticos o farão com mais facilidade do que aqueles que, num primeiro momento, não apresentam tal disposição. Reflexões sobre a dinâmica da participação política online também foram tecidas por Marques e Sampaio (2011) avaliando tanto seus benefícios quanto seus malefícios. Em resumo, o autor pondera que um segmento da literatura da última década sobre a chamada “democracia digital” aparentava um

tom não otimista ao indicar, dentre outros fenômenos, que os usuários de internet tendiam a reproduzir comportamentos típicos do mundo off-line, como, por exemplo, juntar-se somente a grupos com os quais compartilhavam sentimentos e afinidades políticas (like-minded)

(Marques e Sampaio 2011, pág. 5), denotando uma visão não tão eufórica sobre os efeitos que a democracia digital poderia oferecer; todavia, o autor indica a ruptura no modo de consumir e fornecer conteúdos nas campanhas eleitorais, considerando que, na relação com estas informações, um indivíduo passe a conhecer perspectivas de mundo diversas e a informações que, voluntariamente, não buscaria ou tomaria conhecimento (Marques e Sampaio 2011, pág. 7) ressaltando, novamente, a relação entre os indivíduos proporcionadas pelo new media, ocasionando estas trocas de informações. Já para Davis (apud SAMPAIO, R. C; MAIA, R. C. M. e MARQUES, F. P; 2010 pag 450)as discussões online não visam à busca em comum por soluções de uma determinada questão conflituosa, mas sim para expressar posicionamentos particulares – sem, necessariamente, estarem em conflitos. Outras críticas são feitas a participação política online quando Wilhelm (apud SAMPAIO, R. C; MAIA, R. C. M. e MARQUES, F. P; 2010 pag 450) comprova a homogeneidade de ideias quanto aos participantes das discussões, ocasionando em debates onde as ideias expostas dificilmente seriam conflitantes entre si, ou quando Jankowski e Van Os (apud SAMPAIO, R. C; MAIA, R. C. M. e MARQUES, F. P; 2010 pag 450) atestam em seus estudos que apenas um pequeno grupo de pessoas dominou o debate em questão, apresentando uma limitação quanto à flexibilização da discussão quanto aos temas e também em relação aos interesses mútuos e reciprocidade.

Com a inserção dos tradicionais veículos de informação na rede social digital Facebook, novas possibilidades de participação também surgiram, sendo possível a expressão de sua opinião sem limite de caracteres, sem censura prévia, publicação instantânea, interação com outros debatedores, entre outras possibilidades, o que não se verificava através da utilização

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dos portais independentes dessas mídias tradicionais – tornando-se ainda mais importante a realização de uma pesquisa sobre essas relações no Facebook em face às demais redes. Para Marques e Sampaio (2011):

O Facebook também desempenhou um papel interessante na medida em que “curtir”, “compartilhar” ou “comentar” o input inicial gerado por um contato significa distribuir uma mensagem para sua própria rede de amigos. Nesse sentido, a distribuição de conteúdos em rede possibilitada por esta outra iniciativa revela, inclusive, uma vantagem em relação ao Twitter, no qual as mensagens tendem a se perder em grande velocidade. (MARQUES; SAMPAIO, 2011. p. 7).

Desta maneira, faz-se importante a análise da dinâmica dos comentários de um dos maiores jornais do Brasil nesta plataforma, a Folha de São Paulo, no período referente à disputa eleitoral de 2014, buscando verificar as dinâmicas do que fora comentado. Há também que se destacar a operacionalização dos comentários em seu sentido amplo, considerando a possibilidade de radicalização do debate - bem como ocorre nos fóruns, conforme observado por Marques (2006) ao apontar que nos fóruns abrigados pelo ambiente digital, são comuns ofensas ou exclusões de usuários que não se dobram a determinado posicionamento, o que na verdade não caracteriza uma atitude democrática, na medida em que se configura como uma forma de violência (Marques, 2006). Atualmente, os estudos sobre internet parecem, segundo Sampaio (2010), traçar por linha mais equilibrada: nem cética, nem otimista. Esta linha mais equilibrada trata de olhar a internet como um meio, como uma ferramenta, não criando expectativas negativas nem positivas quanto a ela – justamente por ser considerada “apenas” um meio. Segundo o autor, “a internet não define o que acontece ou o que deixa de ocorrer por si”, cabendo ao indivíduo esta decisão. Sampaio (2010) ainda lembra que, num cenário hipotético onde não exista internet, os custos a se ter para realizar determinada tarefa seriam maiores, mas não seria uma tarefa impossível de realizar devido a esta inexistência.

Com o que fora exposto nesta sessão, podem-se ressaltar alguns aspectos como cruciais para esta pesquisa. O caráter democrático - juntamente à possibilidade de anonimato, a fluidez, os fatores que incentivam e desincentivam a participação política online, bem como a noção de que um indivíduo busca, ao se posicionar, que sua postura seja semelhante à de outros indivíduos no mesmo debate – constituem-se como alguns dos fatores que levam a complexidade deste objeto – sendo importante, desta forma, uma análise precisa sobre tais comentários – algo que será realizado no tópico a seguir.

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5 Análise dos Dados

O método de pesquisa deste projeto se dá através da análise de conteúdo do material coletado a partir da utilização do aplicativo Netvizz referente ao período de cobertura eleitoral, da primeira a última semana de campanha, sobre as interações realizadas na página do jornal Folha de São Paulo19. Através da execução deste aplicativo são disponibilizados arquivos em planilhas - preenchidos segundo um conjunto de especificações - e, a partir deste banco de dados completo, se foi necessário à utilização do programa IBM/SPSS para a disposição estatística destes dados, viabilizando uma melhor apresentação dos resultados obtidos20.

Os dados obtidos foram analisados com base em dois livros de códigos: um para a cobertura das publicações dos jornais na rede social e, outro, para a categorização dos comentários e interações destas publicações. Começando pelo Livro de Códigos dos Posts (publicações), temos as seguintes variáveis: ‘Tema Geral’ – objetivando a definição do tema predominante no texto da publicação; ‘Tema de Campanha’ – categoria analisada somente quando a variável Tema Geral apresenta o código 1, tem por finalidade descobrir o tema relacionado a campanha que foi abordado em determinada publicação; ‘Tipo de Fonte’ – quando se fez uso de algum indivíduo como fonte de informação. Nesta sessão, destaca-se sempre a pessoa mais citada e, quando o número de citação para mais de uma fonte for igual, registra-se a primeira pessoa a ser citada; ‘Origem da Fonte’ – variável que determina de forma mais precisa o teor da fonte; ‘Número de Fontes’ – diz respeito ao número total de fontes citadas em determinado post (publicação); ‘Citação de Candidato’ – variável que diz respeito a ocorrência ou não ocorrência de citação de candidato; por último, temos a variável ‘Valência’ – toda vez que houver a citação de candidato, deve-se também constar nessa categorização a valência desta citação, a valência pode ser categorizada de quatro formas: Positiva, quando há menção positiva ao candidato; Negativa, quando há menção negativa ao candidato; Neutra, quando não houver avaliação negativa ou positiva ao candidato; Equilibrada, quando há na citação características negativas e positivas de maneira mais homogênea, não sendo possível destacar somente o viés negativo ou positivo.

19 A divisão das semanas ocorreu da seguinte maneira: (1)01 a 07 de Julho, (2) 08 a 14 de Julho, (3) 15 a 21 de

Julho, (4) 22 a 28 de Julho, (5) 29 de Julho a 04 de Agosto, (6) 05 a 11 de Agosto, (7) 12 a 18 de Agosto, (8) 10 a 25 de Agosto, (9) 26 de Agosto a 01º de Setembro, (10) 02 a 08 de Setembro, (11) 09 a 15 de Setembro, (12) 16 a 22 de Setembro, (13) 23 a 29 de Setembro, (14) 30 de Setembro a 06 de Outubro, (15) 07 a 13 de Outubro, (16) 14 a 20 de Outubro e (17) 21 a 28 de Outubro.

20O conjunto de especificações elaboradas para a execução desta pesquisa, visando à decodificação das variáveis,

baseou-se no planejamento do Professor Emerson Cervi junto ao grupo Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP) da Universidade Federal do Paraná.

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Por sua vez, o Livro de Código para os Comentários apresenta as seguintes variáveis: ‘Resposta Comentador’ – evidencia se o comentário é dirigido ao post ou a um comentador/comentário deste determinado post; ‘Destinatário Comentador’ – indica quem é o destinatário do comentário – podendo referir-se ao autor, ao candidato, à campanha, ao governo, aos internautas em geral, ao portal em questão, ao tema ou não possuir destinatário algum; ‘Formato do Comentário’ – indica qual foi o formato predominante do comentário – podendo ser elogioso ou crítico ao autor de um comentário, ao candidato, ao governo, aos internautas, ao portal ou ser indefinido, quando não houver elogio ou crítica explícita; ‘Posição do Comentador’ – mostra como foi a dinâmica do comentador em relação aos outros comentadores do debate, dividindo-se em ‘monológica’: quando não há réplica a outros comentadores ou ‘reciprocidade’, quando demonstra estar lendo e respondendo um post ou comentário; ‘Reflexividade do Comentador’ – aponta como fora a reflexividade deste comentador em relação a um post, sendo essa variável responsável apenas ao que tange outros debatedores, excluindo-se aqui a reflexividade do comentador em relação ao portal ou a candidatos, tal categoria consiste em persuasão, progresso, radicalização ou outro/indefinido; ‘Justificativa do Comentador’ – última variável deste livro de códigos, visa categorizar a justificativa usada para defender determinada posição por parte deste comentador, tal perspectiva pode ser: ‘de posição – quando afirma uma posição sem argumentos para sustenta-la, ‘interna’ quando utiliza o próprio ponto de vista, ‘externa’ quando busca fontes externas como embasamento argumentativo e ‘outra’, quando o comentário não se encaixa em nenhuma das classificações anteriores. Em casos em que o comentário veio a apresentar mais de uma característica – em uma ou mais variável - considerou-se válida, nesta pesquisa, apenas a característica mais utilizada. Para uma melhor compreensão do leitor, os livros de códigos para posts e comentários estão disponíveis nos anexos desta monografia.

Através da metodologia exposta obtiveram-se os seguintes resultados em relação ao objetivo proposto - divididos em primeiro e segundo turno para cada caso, respectivamente:

Tabela 1 – Frequência de comentários totais por turno Turno Frequência Porcentagem

1 262017 41,7% 2 366040 58,3%

Total 628057 100,0%

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Esta tabela apresenta a quantidade de comentários totais realizados nos posts de política realizados pelo Jornal Folha de São Paulo durante a corrida eleitoral. O montante diz respeito aos comentários que citam e que não citam os principais presidenciáveis analisados neste estudo.

Tabela 2 – Frequência simples de comentários válidos no primeiro turno

N Válido 156465 1º turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Por sua vez, estes dados dizem respeito ao número de comentários válidos contabilizados para esta análise, ou seja, a quantidade de comentários que citaram um ou mais presidenciáveis.

Tabela 3 – Frequência simples de reflexividade no primeiro turno

Frequência Porcentagem Válido Persuasão 33399 42,4% Progresso 13609 17,3% Radicalização 31614 40,2% Total 78622 100%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Esta tabela diz respeito à reflexividade – reação que o comentador demonstra no comentário a um post ou a outro comentário - adotada pelos comentadores no primeiro turno. Percebe-se que há certo equilíbrio entre Persuasão – quando o texto do comentário dá sinais que o debatedor foi persuadido por outro ou tenta persuadir - e Radicalização – reação negativa a uma postagem ou comentário que questiona posição anterior do debatedor - não havendo uma tendência que desponte uma característica como a prevalecente nos comentários realizados. Por sua vez, as variáveis que não são o foco desta pesquisa apresentaram os seguintes comportamentos: Progresso – quando cita outra postagem, com novos argumentos ou informações – fora a menos utilizada pelos comentadores, enquanto Outro (categoria onde os

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comentários não se encaixaram em nenhuma variável discutida acima) apresentou-se como majoritariamente utilizada, com quase metade dos comentários situados nesta categoria – porém, tal categoria não fora considerada como válida por esta pesquisa e, portanto, desconsiderada em seus cálculos, pois se trata de algo demasiadamente abrangente quanto ao seu conteúdo, não sendo o foco, desta análise, verificar suas características.

Tabela 4 – Frequência simples de comentários válidos no segundo turno

N Válido 260963 2º turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Por sua vez, esta tabela apresenta a quantidade de comentários realizados no segundo turno que citaram os candidatos considerados por este levantamento.

Tabela 5 - Frequência simples de reflexividade no segundo turno

Frequência Porcentagem Válido Persuasão 67545 73,4% Progresso 7775 8,4% Radicalização 16586 18% Total 91906 100 %

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

No segundo turno, há um forte destacamento da variável “Persuasão” dentre os comentários realizados, indicando como característica ainda mais dominante no segundo turno da eleição presidencial, apresentando-se como 73,4% do total analisado para este turno, enquanto radicalização apresenta alto decréscimo quanto ao primeiro turno, chegando a marca dos 18%.

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Tabela 6 – Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no primeiro turno

Reflexividade do comentador

Persuasão Progresso Radicalização Percentual Válido Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana da campanha 1 1203 02 921 2,70% 2 737 91 2583 4,34% 3 1147 777 5236 9,11% 4 2832 1138 2761 8,56% 5 1442 428 2249 5,24% 6 306 88 296 0,88% 7 7266 908 1680 12,53% 8 2870 212 856 5,01% 9 3319 2310 2309 10,10% 10 2556 1366 4010 10,09% 11 2336 11 2181 5,76% 12 2959 5221 2617 13,73% 13 4020 760 3783 10,89% 14 406 297 132 1,06%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Quando analisados em semanas, os dados correspondentes à reflexividade dos comentadores no primeiro turno demonstram algumas tendências. Uma delas pode ser apontada quando se analisa a semana 07, semana do falecimento do até então presidenciável Eduardo Campos (PSB) e a escolha de Marina como presidenciável pelo seu partido, PSB – forte aumento nos comentários persuasivos, o que ocorre também onde há um na penúltima semana do primeiro turno.

As semanas 03 e 04, onde houve as sabatinas com os presidenciáveis realizadas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, nota-se que, na maioria das vezes, os comentários foram realizados em tom radicalizado – o que também se repete na semana 05, marcada pela repercussão destas sabatinas. Esta tendência não se repete, por exemplo, na semana 09 - onde os presidenciáveis começaram a série de debates televisivos, havendo maior número de comentários persuasivos.

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Por sua vez, as semanas 11 - de possível repercussão do debate da semana 09 e antecedente da semana em que mais um debate iria acontecer – 12 e 13 – semanas de debate, apresentaram um acirramento na reflexividade quanto às duas variáveis analisadas. Com diferenças inferiores a casa de 300 comentários, a característica majoritariamente utilizada nestas três semanas diz respeito à persuasão, seguida pela característica radicalizada. Nota-se, também, que a semana 12 fora onde mais ocorreram comentários no primeiro turno.

Outro destaque se dá quanto à radicalização, com os picos nas semanas 03 e 10 - na semana 03 houve as sabatinas com os presidenciáveis Eduardo Campos (15/07/2014) e Aécio Neves (16/07/2015), bem como o início do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (dia 19/08/2014), já a semana 10 pode ser explicada como a semana após o primeiro debate presidencial, realizado na semana 09. Quanto à variável progresso, o único pico registrado ocorre na semana 12 – em que foram televisionados dois debates eleitorais, nos dias 16 e 22 de Setembro21.

Tabela 7 – Frequência simples de Reflexividade por semana de campanha no segundo turno

Reflexividade do comentador

Persuasão Progresso Radicalização Percentual Válido Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana da campanha 14 23782 160 3959 30,36% 15 12158 2006 6230 22,19% 16 22645 3279 2511 30,94% 17 8960 2330 3886 16,51%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Já no segundo turno, o número de comentários persuasivos passa a registrar diferenças cada vez maiores quando comparados aos comentários radicalizados, apresentando pico na s semanas 14 e 16 – na semana 14 fora dividida como a semana que marcava o pré e o pós primeiro turno, enquanto na semana 16 onde houve três debates presidenciais de segundo turno:

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Rede Bandeirantes (14/10/2014), SBT, UOL e rádio Jovem Pan (16/10/2014) e Rede Record (19/10/2014).

Assim, ao logo da campanha os comentários comportaram-se, majoritariamente, como persuasivos, apresentando uma leve vantagem quanto à radicalização no primeiro turno (42,4% contra 40,2% de radicalizados) do total analisado. Esta diferença tornou-se ainda maior quando se trata do returno eleitoral, com radicalização decrescendo, chegando a 18%, enquanto persuasão cresce, batendo na marca de 73,4% do total analisado válido.

Tabela 8 – Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no primeiro turno

Frequência Porcentagem Válido Elogio 59844 38,2% Crítica 80184 51,2% Indefinido 16437 10,5% Total 156465 100,0%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Quando o assunto passa a ser a comparação entre comentários de características criticas e elogiosas no primeiro turno, nota-se a tendência principal: no primeiro turno da eleição presidencial, a característica que se destacou entre os comentários foram os de natureza crítica, somando 51,2% do total analisado, enquanto os comentários de cunho elogiosos resultaram um montante de 38,2%.

Tabela 9 – Frequência simples de comentários críticos e elogiosos no segundo turno

Frequência Porcentagem Válido Elogio 120834 46,3% Crítica 92654 35,5% Indefinido 47475 18,2% Total 260963 100,0%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Tendência essa que não se verifica no segundo turno, onde os comentários elogiosos correspondem à maioria do total analisado, significando em 46,3% - ou 120 mil e 834

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comentários. Ou seja, ao longo da campanha os comentários tenderam a se portar majoritariamente de forma elogiosa, enquanto a categoria crítica fora predominante no começo da campanha.

Tabela 10 – Frequência simples de comentários críticos e elogiosos por semana do primeiro turno

Elogio x Crítica

Elogio Crítica Indefinido Porcentagem Válida Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana da campanha 1 693 1356 628 1,71% 2 601 2666 581 2,42% 3 1356 6244 4198 7,54% 4 1829 7832 1720 7,27% 5 4600 6311 654 7,39% 6 289 1532 72 1,21% 7 5036 7197 1957 9,07% 8 2578 4253 452 4,65% 9 9027 10492 1715 13,57% 10 11106 9018 1645 13,91% 11 2923 3443 294 4,26% 12 11147 10838 899 14,63% 13 7490 7729 1078 10,42% 14 1169 1273 544 1,91%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Quando analisado os comentários por semana no primeiro turno, verifica -se que os comentários elogiosos têm suas máximas nas semanas 05, 07, 09, 11 e 12. Por sua vez, os comentários críticos têm seus picos registrados nas semanas 03, 04, 05, 07, 09, 10, 12 e 13.

Nas semanas 03 e 04 ocorreram as sabatinas com os principais presidenciáveis no Jornal Nacional, bem como o início do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral. A semana 07 foi marcada pela morte de Eduardo Campos e escolha de Marina Silva como sua substituta na corrida à presidência da república pelo PSB. Nas semanas 09, 12 e 13 houve debates

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presidenciais.22 Por sua vez, as semanas 05 e 11 destacam-se como datas de repercussão dos fatos anteriores a elas.

GRÁFICO 01 – Elogio x Crítica em cada semana de campanha no primeiro turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Entre os comentários elogiosos e críticos por semana de campanha no primeiro turno nota-se a prevalência dos comentários críticos sob os elogiosos em 12 das primeiras 14 semanas de disputa eleitoral, representando um ambiente mais conflituoso.

As semanas de sabatina 03 e 04 se destacam como as semanas com maior prevalência da categoria crítica quanto aos comentários – demonstrando, deste modo, o sentimento negativo dos comentadores agravado nestas semanas. Na semana de morte do ex-presidenciável Eduardo Campos (PSB) e a escolha de Marina Silva (PSB) como candidata à presidência, a categoria crítica também se destaca como a mais utilizada, não sendo possível, nesta pesquisa, aprofundar se as críticas foram direcionadas mais ao ex-presidenciável ou a figura de Marina. Por sua vez, as semanas de possível repercussão, 05 e 11, foram marcadas, também, pela prevalência da categoria crítica, apresentando menor diferença na semana onze.

22Dados retirados em: http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2014/06/84329-calendario-eleitoral.shtml,

http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/08/psb-escolhe-marina-silva-para-ser-candidata-no-lugar-de-campos.html e http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/08/eduardo-campos-morre-apos-queda-do-aviao-em-que-viajava.html. 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Elogio x Crítica por semana de campanha

-primeiro turno

(33)

Nas semanas de debate 09 e 13, a categoria crítica apresentou-se como dominante, o que não se verifica na semana de debate 12, onde, de forma acirrada, a categoria elogiosa fora a mais comentada.

Tabela 11– Frequência simples de comentários críticos e elogiosos por semana do segundo turno

Elogio x Crítica

Elogio Crítica Indefinido Porcentagem Válida

Contagem Contagem Contagem Contagem

Semana da campanha 14 17433 17696 878 13,80% 15 20210 20455 21423 23,79% 16 41459 30555 7073 30,31% 17 41732 23948 18101 32,10%

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Os comentários elogiosos no segundo turno são maiores que os críticos e apresentam seus picos nas últimas três semanas de campanha eleitoral. A semana 16, onde ocorreram três debates presidenciais, demonstra a quantidade mais expressiva de comentários elogiosos e críticos do segundo turno até então – quando é superada pela semana 17, ao que concerne a categoria elogiosa, onde houve o debate na Rede Globo somado a repercussão dos debates ocorridos na semana anterior.

(34)

GRÁFICO 02– Elogio x Crítica em cada semana de campanha no segundo turno

Fonte: Núcleo de Pesquisa em Comunicação Política & Opinião Pública

Neste gráfico mostra-se a tendência de aumento crescente dos comentários elogiosos face aos críticos nas últimas semanas de disputa. Nota-se a queda expressiva dos comentários críticos comparando as duas últimas semanas, enquanto os comentários elogiosos praticamente mantêm sua constante (contando com um pequeno decréscimo).

Mais precisamente, os comentários apresentaram uma mínima prevalência nas duas primeiras semanas do primeiro turno, com pouco mais de 200 comentários sobre a característica elogiosa. Na semana 16, onde ocorreram três debates presidências, a tendência se inverte e o segmento “elogio” apresenta um salto, chegando a apresentar quase onze mil comentários de diferença para a categoria crítica. Esta situação se acentua ainda mais na última semana de eleição presidencial, onde houve o debate na Rede Globo, num cenário em que os comentários elogiosos superaram os críticos em quase 18 mil comentários. Desta maneira, quando analisado durante todo o período de campanha, há uma inversão quanto a característica preferida pelos comentários: se, num primeiro momento, no primeiro turno, a característica mais utilizada é a de comentários críticos, esta tendência se inverte no segundo turno, com a prevalência da característica elogiosa. Assim, a característica majoritária dos comentários – divididos entre críticos e elogiosos - mudou conforme o tempo de campanha.

Ao se analisar os dados, portanto, evidencia-se que no primeiro turno houve certo equilíbrio entre persuasão e radicalização, tendência que não ocorreria no returno, onde a primeira possuiria três vezes mais comentários que a segunda. Outro apontamento significativo diz respeito ao comportamento dos comentários por semana: nas semanas onde houve a morte

17433 20210 41459 41732 17696 20455 30555 23948 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 14 15 16 17

Elogio x Crítica por semana de campanha

-segundo turno

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do ex presidenciável Eduardo Campos (PSB), o primeiro debate presidenciável, na semana que antecedeu o primeiro turno, bem como na primeira e última semana do returno, a característica que mais utilizada fora a persuasiva; por sua vez, nas semanas de sabatinas no jornal nacional, a característica mais utilizada diz respeito à radicalização – por fim, nas semanas de debate 12 e 13, houve certo equilíbrio entre estas duas categorias.

Quanto à relação entre elogio e crítica, nas semanas de sabatina, morte de Campos e debate são marcadas pelo alto índice de comentários críticos; tal pico ocorre, para a categoria elogiosa, nas semanas de repercussão 05 e 11, bem como nas semanas de debate 09 e 12 – havendo mudança de comportamento dos comentários de um turno para o outro, onde se passou a comentar de forma mais elogiosa no returno, enquanto a característica crítica fora mais comentada no primeiro turno.

Referências

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