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XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil

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MEIO DA IMPLEMENTAÇÃO DA DESTINAÇÃO

CORRETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA

COMPANHIA FERROVIÁRIA DE TRANSPORTE

COLETIVO DE PASSAGEIROS

Auro de Jesus Cardoso Correia aurojc@gmail.com Lincoln Nagaki lincolnnag@msn.com Geraldo Cardoso de Oliveira Neto geraldo.prod@gmail.com André Felipe Henriques Librantz librantz@uninove.br

Em razão do cenário problemático voltado às questões ambientais em que a sociedade moderna e as empresas têm enfrentado, fazendo referência, principalmente, à geração excessiva dos resíduos sólidos, de modo que quando descartado de forma inadequada pode provocar sérios danos à saúde da população e a degradação do meio ambiente. O presente trabalho tem por objetivo realizar o levantamento dos resíduos sólidos gerados nos processos de manutenção preventiva de uma Companhia ferroviária de transporte coletivo de passageiros, localizada na região metropolitana de São Paulo. Em específico, buscou-se avaliar a existência de ganhos econômicos e ambientais por meio da correta destinação de resíduos, tais como: cobre, ferro, aço e baterias. Adotou para essa pesquisa, o método de estudo de caso, realizado por meio de observações e análises documentais. Para a avaliação econômica, aplicou-se os cálculos de retorno sobre o investimento (ROI). Em termos de avaliação ambiental, utilizou-se o Mass Intensity Factor (MIF). Para a comparação do ganho econômico com o ganho ambiental, aplicou-se os cálculos para o índice de ganho econômico (IGE) e o índice de ganho ambiental (IGA). Diante dos resultados obtidos, pôde-se constatar percentuais atrativos em termos de retorno sobre os investimentos em um prazo relativamente curto. No que tange a vantagem ambiental, contabilizou-se uma redução no impacto ambiental bem maior quando comparada à vantagem econômica.

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Palavras-chave: Resíduos sólidos, Vantagem Econômica, Vantagem Ambiental

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1. Introdução

Um dos grandes desafios da sociedade moderna e os segmentos empresariais em geral, refere-se à geração e a disposição ambientalmente adequada para os resíduos sólidos, nos quais enquadram os resíduos provenientes de metais ferrosos e não ferrosos. Estes resíduos, quando descartados de forma inadequada podem ocasionar sérios impactos ambientais. Em contrapartida, sob o ponto de vista socioeconômico, estes detritos podem apresentar oportunidades comerciais para a economia, devido aos valores de matéria-prima de mercado. (ABDI, 2013).

Em termos de questões ambientais e socioeconômicas, os resíduos sólidos derivados de metais ferrosos e não ferrosos, ao mesmo tempo em que apresentam problemas de impactos ambientais, podem agregar resultados econômicos positivos por fornecerem materiais e elementos químicos valiosos. Por outro lado, caso sejam lançados na natureza inadequadamente, oferecem sérios riscos à saúde e danos ao meio ambiente (BETTS, 2008).

Em face às preocupações com a preservação ambiental e socioeconômica, potências mundiais passaram a criar instrumentos regulatórios e Leis diretivas a fim de determinar a tratativa e destinação correta aos resíduos sólidos, visando-se reduzir a quantidade de poluentes agravantes ao meio ambiente e à saúde da população (ENVIRONMENT AGENCY, 2009).

Denota-se no panorama explanado, a importância de um adequado gerenciamento para este tipo de resíduo, por meio da logística reversa em termos de ganhos econômicos e ambientais. No âmbito conceitual da logística reversa, segundo Rogers e Tibben-Lembke (1998), a mesma pode ser compreendida como o processo de planejamento, implementação e controle, sejam elas, de matéria-prima, produtos acabados, rejeitados, descartados, nos quais busca-se dar uma destinação final de retorno ao ciclo dos negócios de uma forma ambientalmente correta, embasada em termos legais e com ínfimo impacto ambiental admissível.

Neste contexto, como se pode observar pelas considerações feitas até o presente momento, o avanço em termos de aumento na geração dos resíduos sólidos torna-se um grande problema quando há a necessidade do descarte, apresentando-se como uma situação

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crítica e agressiva aos ecossistemas. Por outro lado, sob o ponto de vista ambiental e econômico para a empresa, a destinação correta para este tipo de detrito pode apresentar a redução do impacto ambiental, além de retornos financeiros. Em complemento ao exposto, denota-se a escassez de estudos na literatura científica com o propósito de realizar avalições econômicas e ambientais correlacionadas aos resíduos sólidos, junto às empresas do segmento de transporte coletivo.

Com base ao explanado, este estudo tem por objetivo realizar o levantamento dos resíduos sólidos gerados nos processos de manutenção preventiva de uma Companhia ferroviária de transporte coletivo de passageiros, localizada na região metropolitana de São Paulo, buscando-se avaliar a existência de ganhos econômicos e ambientais por meio da correta destinação para esta categoria de resíduo.

O restante do artigo encontra-se composto pela revisão da literatura, metodologia de pesquisa, estudo de caso, resultados e conclusões.

2. Revisão da Literatura

Com a finalidade de apresentar os conceitos pertinentes à revisão da literatura, realizou-se nesta seção as abordagens dos seguintes temas: Resíduos Sólidos – Classificação, Enquadramento e Classes de Resíduos; Gestão dos Resíduos e a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

2.1 Resíduos Sólidos – Classificação, Enquadramento e Classes de Resíduos

Segundo a ABNT. NBR2 10004 (2004), os resíduos sólidos recebem classificações quanto à periculosidade, em termos de inflamabilidade, reatividade, corrosividade, patogenicidade e toxicidade, os quais enquadram-se como: Classe I – Classificação Perigosos: Referem-se aos resíduos com propriedades químicas e físicas, que podem promover potenciais riscos ao meio ambiente e à saúde da população; Classe II A: Categorizados como “Não inertes”; Classe II B: Categorizados como “Inertes”.

Conforme os autores Bidone e Povinelli (1999), os resíduos sólidos recebem classificações quanto à origem e solubilidade. Na tabela 1 os autores apresentam a

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categorização dos resíduos, quanto às origens e características, os quais enquadram-se entre os detritos que não podem ser transportados por água e foram rejeitados para outros usos.

Tabela 1 – Categorização dos resíduos quanto à origem e características

Origem Características

Industrial

Resíduos resultantes de processos de transformação como: derivados de metais, fibras, escórias e cinzas, geralmente tóxicos. Nesta categoria, inclui-se o lodo produzido no tratamento de efluentes industriais.

Radioativa Resíduos provenientes de origem atômica. Para este tipo de resíduo, há legislações

próprias e controladas pelo Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Entulhos Resíduos provenientes da contrução civil, tais como: pedra, areia, tijolos, blocos,

cerâmicas, resinas e concreto em geral.

Serviços de Saúde Resíduos de hospitais, postos de saúde, clínicas médicas, clínicas odontológicas,

clínicas veterinárias, resíduos provenientes de farmácias.

Urbana

Resíduos comerciais, residenciais(domiciliares), feiras livres, capinação e poda, originários de varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, limpeza urbana (resíduos de limpeza urbana).

Agrícola Resíduos provenientes da fabricação de defensivos agrícolas, incluso também as

embalagens.

Fonte: Adaptado de Bidone e Povinelli (1999)

2.2 Gestão dos Resíduos e a Política Nacional de Resíduos Sólidos

A constante preocupação sobre os resíduos sólidos tem cada vez mais recebido a atenção da sociedade, das legislações e de seus instrumentos regulatórios, visto a grande variedade de detritos, os quais são potencialmente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. A

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Política Nacional de Resíduos Sólidos, que se refere à Lei 12.305 de agosto de 2010, atualmente, é considerada uma das mais importantes no território nacional brasileiro (SANTOS; NASCIMENTO; NEUTZLING, 2014).

No contexto da destinação ambientalmente correta dos resíduos sólidos, critérios legislativos são preconizados pelas autoridades governamentais, de modo que a legislação ambiental busca tornar as empresas cada vez mais incumbidas pelo ciclo de vida de seus artefatos e produtos diversos, procurando-se, dessa forma, reduzir o impacto ambiental provocado por esses resíduos. Outra questão importante é o aumento da conscientização ecológica da população, capaz de promover uma pressão para que empresas diminuam os impactos prejudiciais e agravantes ao meio ambiente (OLIVEIRA et. al., 2012).

Conforme Moraes, et. al., (2013), a gestão adequada dos resíduos sólidos por parte da empresa, contribui para um desenvolvimento sustentável e a redução da degradação ambiental, bem como a adequação à legislação brasileira (PNRS).

De acordo com Sellitto et. al., (2010) a correta gestão de resíduos sólidos inserida na atividade industrial pode ser fator de vantagem competitiva, promovendo-se o crescimento econômico e a proteção ambiental, fatores que se encontram em concordância com a (PNRS).

3. Metodologia de Pesquisa

Classifica-se o presente estudo, denominando-o de natureza empírica, aplicada com o objetivo de adquirir informações em profundidade no contexto da vida real, especialmente quando os fenômenos e contextos não se apresentam claramente definidos (YIN, 2010). Quanto à abordagem, a pesquisa é quantitativa, visto que as variáveis serão analisadas em termos de dados mensuráveis em sua maioria (MARTINS 2012). Refere-se também a uma pesquisa de caráter exploratório, apontada por Selltiz et al (1974) como uma das primeiras etapas quando a percepção sobre o tema em estudo não permite abstrair conclusões absolutas.

O método adotado corresponde ao estudo de caso, realizado em uma empresa ferroviária do segmento de transporte coletivo de passageiros, localizada na região metropolitana de São Paulo, limitando-se a área do estudo à região da zona leste. Segundo Yin (2010), o estudo de caso propicia uma visão holística do cenário em estudo, evidenciando seu caráter empírico na pesquisa no âmbito de fenômenos contemporâneos.

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Para as coletas de dados, utilizou-se de observações e análises documentais na Companhia, onde foi possível compreender a operação funcional e administrativa do segmento de manutenção preventiva da empresa. Conforme preconiza Yin (2010), esta estratégia de coleta de dados permite ao pesquisador buscar informações sobre suas questões de pesquisa, por meio de observação, quer seja direta ou indireta de operações, atividades ou fenômenos pertinentes aos comportamentos mais relevantes do estudo.

Na Companhia foram levantados os investimentos iniciais em infraestrutura para a acomodação e armazenamento dos resíduos inservíveis (cobre, ferro, aço e baterias), provenientes das manutenções preventivas realizadas na empresa.

Além disso, mensurou-se sobre um período de 30 meses (2,5 anos) os ganhos econômicos sobre a venda dos inservíveis. Com esses dados apurados, calculou-se o retorno sobre os investimentos (ROI) e o período para o retorno do capital investido. Conforme o autor Martins (2000), a aplicação do ROI representa a melhor forma de se analisar o grau de sucesso de uma empresa.

Os cálculos de avaliação ambiental e econômica foram embasados em Oliveira Neto et. al., (2010), utilizando-se a ferramenta denominada Mass Intensity Factors - MIF, retorno sobre investimentos (ROI), comparação do ganho econômico e ambiental, por meio do “índice de ganho econômico” - IGE e o “índice de ganho ambiental” - IGA, conforme expostos na tabela 2.

O MIF é um método desenvolvido pelo Instituto Wuppertal – 2014 da Alemanha, que possibilita mensurar impactos ambientais em relação ao dispêndio dos materiais abióticos, bióticos, água e ar, os quais encontram-se agrupados em compartimentos específicos (RITTHOFF et. al., 2003).

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Levantamento de Dados

• Levantamento da quantidade de resíduos e emissões a serem reduzidos e ⁄ou eliminados e⁄ou reusados e⁄ou reciclados e⁄ou remanufaturados, denominados Massa (M). • Desenvolvimento do balanço de massa para detalhar os materiais, componentes e calcular o Material Total Economizado (MTE).

Avaliação Econômica

• Quantificar as receitas e os custos constatados no levantamento de dados para identificar, se ocorreu ganho econômico (GE) para a empresa.

• Efetuar a avaliação do Retorno Sobre Investimentos (ROI) e o período sobre o capital investido.

Avaliação Ambiental

• Avaliar o ganho econômico por meio da ferramenta Mass Intensity Factors (MIF), considerando a Massa (M) e o Intensity Factors (IF). MIF = (M x IF) ← Eq. 1 • Avaliar o Mass Intensity per Compartments (MIC), que mensura a redução do impacto ambiental por compartimento abiótico (w), biótico (x), água (y), ar (z) e outros (n...). *MIC = (IF resíduo A do compartimento w + IF resíduo B do compartimento w + IF resíduo C do compartimento w + IF resíduo n do compartimento w) ← Eq. 2 • Avaliar o Mass Intensity Total (MIT), contabilizando a redução de impacto total, quando somados aos MICs. *MIT = (MICw + MICx + MICy + MICz + MICn...) ← Eq. 3

Comparação do Ganho Econômico e Ambiental

• Comparar o ganho econômico (GE) com o ganho econômico (GA) para verificar o indice do ganho econômico (IGE) e o índice do ganho ambiental (IGA).

IGE = (MTE⁄GE) ← Eq. 4 IGA = (MIT⁄GE) ← Eq. 5

Metodologia Utilizada no Estudo da Avaliação Ambiental e Econômica

Fonte: Adaptado de Oliveira Neto et. al., (2010)

Os resíduos inservíveis da Companhia, abordados no estudo, são compostos por materiais de cobre, ferro, aço e bateria. Segundo Jolly e Rhin (1994), a composição média da bateria de chumbo, em função de massa por quilograma (Kg), compreende de 0,612 Kg de chumbo, 0,082 Kg de polipropileno, 0,020 Kg de polietileno, 0,096 Kg de ácido sulfúrico e 0,190 Kg para materiais diversos (papel, madeira, água, grelha metálica). A tabela 3 apresenta os materiais utilizados no estudo e seus respectivos fatores (MIF) em cada um dos compartimentos.

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Nome Abiótico Biótico Água Ar

Cobre 348,47 367,16 1,60 Ferro 21,58 504,86 5,07 Aço 9,42 75,38 0,65 Chumbo 18,12 135,80 2,28 Polipropileno 2,09 35,80 1,48 Polietileno 2,51 164,04 2,80 Ácido Sulfúrico 0,25 4,10 0,70

Fonte: Wuppertal Institute, 2014

4. Estudo de Caso

O presente estudo, refere-se a uma empresa ferroviária do segmento de transporte coletivo de passageiros. É classificada como uma sociedade econômica mista, fazendo parte de um dos conglomerados do sistema da rede metropolitana na cidade São Paulo.

Para que seja possível a operação funcional das estações e trens da Companhia em razão da distribuição de energia elétrica em toda rede, há a necessidade da existência de três áreas distintas:

● Sistemas Elétricos – Responsável por manter as instalações elétricas de estações e prédios administrativos.

● Subestação Elétrica – Responsável por manter a energia elétrica dos sistemas. Essas subestações de energia são compostas por uma vasta quantidade de equipamentos e suas infraestruturas, sujeitos à ocorrência de falhas que podem comprometer a performance dos sistemas elétricos de potência.

● Redes Vivas – Responsáveis por manter os cabos de energia aéreos, nos quais são utilizados para o transporte e o fornecimento da rede de energia elétrica.

Com o propósito de manter o funcionamento de toda a rede da Companhia, são programados ciclos de manutenção preventiva, visando a redução de despesas e ocorrência de falhas, principalmente, as que podem paralisar o sistema, causando transtornos à população que se utiliza deste tipo de modal.

Muitos dos equipamentos utilizados na Companhia se encontram na fase de desgaste, enquadrando-se nas etapas de manutenções preventivas periódicas. Relatórios da empresa

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indicam que muitos equipamentos elétricos em funcionamento até os dias atuais, encontram-se datados desde o ano de 1950.

Por conseguinte, nas manutenções são substituídos diversos equipamentos e cabos elétricos, buscando-se evitar a indisponibilidade dos sistemas. Vale ressaltar que a Companhia, antes da nova administração, não realizava qualquer trabalho com materiais descartados ou denominados inservíveis, os quais ficavam acumulados, sendo degradados com a ação do tempo.

Com essa nova administração, aos poucos, foram criados novos centros de custos para o encaminhamento de resíduos, os quais, por meio de um processo de separação, são direcionados para a comercialização (venda por leilão), e os não aproveitáveis são descartados de forma ambientalmente correta.

Salienta-se que, mesmo com o investimento de R$ 26.300,00 em infraestrutura para o armazenamento dos inservíveis, não foram contratadas novas equipes para trabalharem nos processos envolvidos na administração e mão de obra dos inservíveis colocados à venda e materiais descartados, ou seja, apenas houve o remanejo da equipe de trabalho. Os valores adquiridos com a venda dos resíduos inservíveis, são considerados pela Companhia, apenas como receitas não operacionais.

Salienta-se que no estudo, efetuou-se um levantamento de dados pertinentes aos materiais inservíveis, provenientes das manutenções periódicas em um período de 30 meses (2,5 anos).

Na figura 1, bloco (a), apresenta-se os processos de compra de materiais novos, os quais serão utilizados nos momentos propícios para as manutenções preventivas, substituindo-se os materiais com desgaste. Conforme a represubstituindo-sentação do fluxograma, inicia-substituindo-se o processo com a solicitação de compra dos materiais e o planejamento do processo de compra, verifica-se a verbas disponíveis, reverifica-serva da verba e análiverifica-se jurídica, em verifica-seguida publica-verifica-se o edital de divulgação, e por meio do pregão (modalidade de licitação de menor preço para aquisição de bens) adquire-se os materiais, passando pelas etapas de inspeção e armazenagem no almoxarifado.

Na figura 1, bloco (b), apresenta-se os processos de utilização dos materiais novos quando há a obrigação da troca dos materiais desgastados, no momento das manutenções

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preventivas. A equipe de manutenção, ao necessitar da troca de materiais efetua o login no sistema do almoxarifado, solicitando os mesmos, em seguida, verifica-se a disponibilidade destes materiais e, se estiverem disponíveis no sistema, estes são retirados no almoxarifado, mediante a liberação no sistema, caso contrário, registra-se a solicitação de compra dos materiais. Após esses processos, efetua-se averiguação da geração de resíduos, em caso positivo, os mesmos são direcionados ao setor de inservíveis.

Figura 1: Processos de Compra e Utilização dos Materiais Novos e Adquiridos pela Companhia

Fonte: Os Autores

Na figura 2, bloco (a), apresenta-se o processo de venda dos inservíveis por meio de leilão. A administração, ao verificar que determinadas quantidades de inservíveis encontram-se em volume satisfatórios, efetua o agendamento de encontram-separação dos materiais, por conseguinte, realiza-se o planejamento do processo de venda das sucatas, passando pela análise jurídica, divulgação do edital, negociação e entrega dos materiais.

Na figura 2, bloco (b), apresenta-se o ciclo de descarte dos materiais. O Processo é iniciado com a retirada do material novo no almoxarifado, armazenando-o na base de

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manutenção, em seguida substitui-se o material desgastado, que é armazenado nos pátios e base de manutenção, na sequência, a sucata é direcionada ao setor de inservíveis, passando pelo procedimento de separação, de modo que os inservíveis (cobre, ferro e aço) são direcionados para venda, por meio de Leilão. Os inservíveis relacionados às baterias são direcionados ao fabricante, que se utiliza do descarte ambientalmente correto, eliminando a possibilidade de poluição à natureza.

Figura 2: Processo de Venda dos Inservíveis & Ciclo de Descarte dos Materiais

Fonte: Os Autores 5. Resultados

Nesta seção apresenta-se os resultados do estudo de caso, em termos de avaliação econômica, avaliação ambiental, e a comparação entre as vantagens econômicas e ambientais obtidas nos processos de venda e descarte dos resíduos sólidos.

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Para a realização da avaliação econômica, levou-se em consideração os investimentos iniciais em infraestrutura de R$ 26.300,00, compreendendo-se de valores aplicados no setor de armazenamento dos inservíveis a fim de acomodar os resíduos, que posteriormente passariam pelo processo de venda (Leilão) e descarte dos demais materiais, considerados sem valores econômicos pela Companhia.

Dentro do prazo contabilizado para a realização do Estudo de Caso (30 meses ou 2,5 anos), pôde-se mensurar o montante dos valores de vendas dos materiais inservíveis de cobre, ferro e aço, com os seus respectivos valores: R$ 32.040,00, R$ 1.812,00, 5.565,00, sumarizando-se uma receita de R$ 39.417,00.

Estes valores adquiridos em vendas, são considerados pela Companhia, apenas como receitas não operacionais. Além disso, não foram contratadas novas equipes internas ou terceirizadas para trabalharem nos processos envolvidos às etapas administrativas e mão de obra, apenas houve o remanejo das equipes de trabalho. Portanto, custos envolvidos nos processos não são contabilizados, exceto o investimento inicial.

Diante ao exposto, pôde-se calcular o Retorno Sobre os Investimentos (ROI) de 34,9% ao ano e o período para o retorno do capital investido com prazo de 3,32 anos. A tabela 4 apresenta os resultados dos cálculos relacionados ao ROI, levando-se em consideração a redução de custo anual obtida de R$15.767,00, que se refere ao valor proporcional de 12 meses em relação a receita de 39.417,00.

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Investimento em Infraestrutura R$ 26.300,00

Prazo de depreciação (anos) 10

Depreciação Anual R$ 2.630,00

Redução de Custo Anual Obtida R$ 15.767,00

Depreciação Anual -R$ 2.630,00

Base para cálculo do Imposto de Renda (IR) R$ 13.137,00

IRPJ + CSLL (Contrib. Social Sobre Lucro) 30%

Valor do IR + CSSL Anual -R$ 3.941,00

Redução de Custo Líquida Anual R$ 9.196,00

Redução de Custo Líquida Anual R$ 9.196,00

Depreciação Anual R$ 2.630,00

Geração de Caixa Anual R$ 11.826,00

Fluxo de Caixa Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Investimento -R$ 26.300,00

Geração de Caixa Anual R$ 11.826,00 R$ 11.826,00 R$ 11.826,00 R$ 11.826,00 R$ 11.826,00

Fluxo de Caixa Total -R$ 26.300,00 R$ 11.826,00 R$ 11.826,00 R$ 11.826,00 R$ 11.826,00 R$ 11.826,00

ROI ou TIR

PayBack Descontado a 15% ao Ano

34,9% ao Ano 3, 32 Anos

Base de Cálculo Para o Retorno Sobre os Investimentos (ROI)

Fontes: Dados da Companhia

5.2. Avaliação Ambiental com os Processos de Venda e Descarte dos Resíduos Sólidos

Para a análise ambiental foram considerados os componentes presentes nos resíduos abordados em estudo. A unidade de medida considerada foi o quilograma, e o Mass Intensity per Compartment (MIC) foi obtido multiplicando-se a quantidade de cada insumo pelo seu respectivo Mass Intensity Factor (MIF). O Mass Intensity Total (MIT) foi obtido por meio da soma do MIC dos compartimentos abiótico, biótico, água e ar.

Portanto, de acordo com os cálculos expostos na tabela 5, contabiliza-se no (MIT) a redução do impacto ambiental na ordem de 2.766.390,40 Kg, considerando-se a soma total do balanço de massa dos elementos residuais que não são dispensados na natureza. No nível abiótico, que representa os fatores inorgânicos, capaz de refletir diretamente no aquecimento global e emissão de gases de efeito estufa, a redução do impacto foi de 700.684,82 kg. Além disso, deixa-se de poluir a água com 2.048.134,89 Kg e o ar com 17.570,79 Kg. Para o

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cálculo da economia total de materiais (MTE), apurou-se a quantia de 6.902,40 Kg de massa, com relação aos resíduos brutos.

Tabela 5: Cálculos para Avaliação da Redução do Impacto Ambiental

Componentes Massa (Kg) Abiótico Biótico Água Ar Redução (Kg) Cobre 1.780,00 620.276,60 653.544,80 2.848,00 1.276.669,40 Ferro 2.265,00 48.878,70 1.143.507,90 11.483,55 1.203.870,15 Aço 1.855,00 17.474,10 139.829,90 1.205,75 158.509,75 Chumbo 758,88 13.750,90 103.055,90 1.730,25 118.537,05 Polipropileno 101,68 212,51 3.640,14 150,48 4.003,13 Polietileno 24,80 62,25 4.068,19 69,44 4.199,88 Ácido Sulfúrico 119,04 29,76 488,06 83,32 601,14 MIC 700.684,82 2.048.134,89 17.570,79 MIT 2.766.390,50 MTE 6.904,40 Fonte: Os Autores

5.3. Comparação das Vantagens Econômicas e Ambientais com os Processos de Venda e Descarte dos Resíduos Sólidos

Para realizar a comparação entre o entre os ganhos econômicos (GE) e ganhos ambientais (GA), foi utilizado o cálculo do índice de ganho econômico (IGE) e o cálculo do índice de ganho ambiental (IGA), com as seguintes fórmulas e seus respectivos valores:

“IGE = MTE ⁄ GE” = 6.904,40 ⁄ 39.417,00 = 0,175 Kg ⁄ R$ “IGA = MIT ⁄ GE” = 2,766.390,50 ⁄ 39.417,00 = 70,10 Kg ⁄ R$

Diante da interpretação dos resultados obtidos, em termos de ganho econômico, cada Real (R$) economizado equivale a 0,175 Kg de material.

Na interpretação do índice de ganho ambiental (IGA), para cada Real (R$) economizado, há uma garantia de 70,10 kg de matéria-prima que não é retirada da natureza.

Ao efetuar o cálculo entre a razão do índice de “ganho ambiental” (70,10 Kg ⁄ R$) com o índice “de ganho econômico” (0,175 Kg ⁄ R$), pôde-se constatar que a vantagem ambiental foi 400 vezes mais representativa do que o ganho econômico.

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Depreende-se da interpretação do presente trabalho, que o aumento na geração de resíduos sólidos, em especial aos que fizeram parte do estudo, tais como o cobre, ferro, aço e baterias, é um fato presente que tende a continuar em crescimento, os quais demandam consideráveis recursos naturais na produção de novos produtos. Ademais, o descarte inadequado destes resíduos é considerado um potencial agressor que contamina o solo e os rios, promovendo-se a degradação do meio ambiente e prejuízos à saúde da população.

Do ponto de vista da viabilidade econômica, pôde-se constatar que apesar de um investimento inicial relativamente baixo, o retorno sobre o investimento (ROI) apresenta-se com o valor atrativo de 34,9% e o período para o retorno do capital investido de 3, 32 anos, podendo-se considerar um prazo relativamente curto.

No que tange as vantagens ambientais, o ganho é ainda maior, de modo que se contabilizou a redução no impacto ambiental na ordem de 2.766.390,40 kg em termos de balanço de massa de elementos residuais que não são dispensados na natureza. Além disso, contribui com a mitigação de riscos envolvendo o aquecimento global e a poluição da água e do ar.

Em termos de comparação entre as vantagens econômicas e ambientais, constatou-se nos cálculos do índice de ganhos econômicos (IGE) e índice de ganho ambiental que, além da existência de economia para cada Real (R$) correspondente a 0,175 Kg de material e o benefício de 70,10 Kg por Real (R$) de matéria-prima que não é retirada da natureza, a vantagem ambiental é 400 vezes mais representativa do que o ganho econômico.

No que diz respeito à legislação ambiental, a Companhia, apesar de não lucrar com os inservíveis (baterias) nas etapas de manutenção preventiva, faz o descarte ambientalmente adequado para este tipo de resíduo, o qual é direcionado à empresa fabricante, conforme é recomendado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em termos de logística reversa de resíduos sólidos. Por outro lado, mesmo com a comercialização dos resíduos (cobre, ferro e aço) e a obtenção de retornos financeiros, conclui-se que a Companhia está de acordo com os termos legislativos da lei ambiental vigente, pois os detritos, indiretamente são direcionados às outras cadeias produtivas, mitigando os impactos ambientais.

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Salienta-se que, uma limitação do estudo, relaciona-se à impossibilidade de generalização dos resultados. Para pesquisas futuras, sugere-se a aplicação de múltiplos casos em empresas geradoras dos mesmos resíduos sólidos abordados neste estudo.

Referências

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Logística reversa de equipamentos elétricos e eletrônicos - Análise de Viabilidade Técnica e Econômica, Brasília, novembro de 2013. Disponível em: < http:⁄⁄www.mdic.gov.br⁄arquivos⁄dwnl/1362058667.pdf > Acesso em: 13 mar. 2018.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 10004: Resíduos Sólidos: classificação. 2. Ed. São Paulo, 2004.

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