• Nenhum resultado encontrado

A REPARAÇÃO CIVIL POR DANOS MORAIS NA RELAÇÃO DE CONSUMO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A REPARAÇÃO CIVIL POR DANOS MORAIS NA RELAÇÃO DE CONSUMO"

Copied!
94
0
0

Texto

(1)

A REPARAÇÃO CIVIL POR DANOS MORAIS NA RELAÇÃO DE

CONSUMO

PATRÍCIA DAL PIZZOL

(2)

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

A REPARAÇÃO CIVIL POR DANOS MORAIS NA RELAÇÃO DE

CONSUMO

PATRÍCIA DAL PIZZOL

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. MSc. Eduardo Mattos Gallo Júnior

(3)

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, por ter permitido a realização do meu sonho. Agradeço também aos meus Pais, pelo amor, oportunidade, confiança e presença constante na minha vida. Aos meus irmãos, que de alguma forma contribuíram para a minha formação. Ao meu noivo, pelo companheirismo. E por fim, a Eduardo Mattos Gallo Júnior, por ter contribuído pelo meu aprendizado prático com

sua experiência jurídica como professor e magistrado.

(4)

DEDICATÓRIA

Dedico a presente monografia a todos os profissionais que utilizam o conhecimento jurídico para a aplicação da verdadeira essência do Direito: a obtenção da Justiça.

(5)

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, 08 de Maio de 2006

Patrícia Dal Pizzol Graduanda

(6)

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Patrícia Dal Pizzol, sob o título A Reparação Civil Por Danos Morais na Relação de Consumo, foi submetida em 08/05/2006 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Eduardo Mattos Gallo Júnior (orientador e presidente da banca), Eduardo Erivelton Campos (examinador) e Jefferson Custódio Próspero (examinador), aprovada com a nota 10,0 (Dez).

Itajaí, 08 de Maio de 2006

Prof. MSc. Eduardo Mattos Gallo Júnior Orientador e Presidente da Banca

Prof. MSc. Antonio Augusto Lapa Coordenação da Monografia

(7)

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. Conduta Ilícita

É prática de uma ação ou omissão, voluntária ou não, que infringi o ordenamento jurídico.

Consumidor

É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Dano

Dano, sem sentido amplo, é a lesão de qualquer bem jurídico, patrimonial ou moral, é a lesão, deterioração ou prejuízo sofrido.

Dano Moral

De maneira mais ampla, pode-se afirmar que são danos morais os ocorridos na esfera da subjetividade, ou no plano valorativo da pessoa na sociedade, alcançando aspectos mais íntimos da personalidade humana (“o da intimidade e da consideração pessoal”), ou da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua (“o da reputação ou da consideração social”)1.

Dano Material

Material é o dano que afeta somente o patrimônio do ofendido2.

1THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano Moral. 4. ed. atual. amp. São Paulo: Juarez de Oliveira,

2001, p. 2.

2GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações – Parte Especial :Responsabilidade Civil,

(8)

Fornecedor

É toda pessoa física ou jurídica que desenvolve atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Nexo de Causalidade

O vínculo entre o prejuízo e a ação designa-se 'nexo causal', de modo que o fato lesivo deverá ser oriundo da ação, diretamente ou como sua conseqüência previsível. Tal nexo representa, portanto uma relação necessária entre o evento danoso e a ação que o produziu, de tal sorte que esta é considerada a sua causa3.

Relação de Consumo

A Relação de consumo é aquela em que uma das partes adquire produtos ou serviços tendo em vista sua utilização final enquanto a outra parte fornece tais bens em caráter de habitualidade e profissionalismo. A parte que adquire os bens é chamada de consumidor, enquanto a parte que fornece os bens é denominada genericamente de fornecedor4.

Responsabilidade Civil

A Responsabilidade Civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal5.

3DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 2002, p. 96.

4GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade Civil: Dano e Defesa do Consumidor. Belo Horizonte:

Del Rey, 2001, p.87.

5DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 7 vol. 16. ed. São Paulo:

(9)

Responsabilidade Civil Contratual

Quando alguém descumpre uma obrigação contratual pratica um ilícito contratual e seu ato provoca reação da ordenação jurídica, que impõe ao inadimplente a obrigação de reparar o prejuízo causado6.

Responsabilidade Civil Extracontratual – Aquiliana

Quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto genericamente no art. 186 do mesmo diploma, diz-se que ela é extracontratual ou aquiliana7.

Responsabilidade Civil Objetiva

A Responsabilidade Civil Objetiva é aquela em que se prescinde do elemento subjetivo bastando apenas a verificação do dano. De regra, é atribuída ao Poder Público8.

Responsabilidade Civil Subjetiva

A responsabilidade civil subjetiva é aquela em que está presente o elemento subjetivo vontade do agente, intencional ou não, de provocar o dano9.

6RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral. 1 vol. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 308. 7GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Obrigações – Parte Especial :Responsabilidade Civil,

p. 11.

8ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico. São Paulo: Editora Juarez de

Oliveira, 1999, p. 5.

(10)

SUMÁRIO

RESUMO... XI

INTRODUÇÃO ...1

CAPÍTULO 1 ...3

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO...3

1.1 BREVE HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ...3

1.2 CONCEITO E REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL...5

1.2.1 CONDUTA ...7

1.2.2 DANO...9

1.2.3 NEXO DE CAUSALIDADE...11

1.3 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL ...13

1.3.1 RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL...13

1.3.2 RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL – AQUILIANA...15

1.3.3 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA...17

1.3.4 RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA...20

1.4 EFEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL...21

1.4.1 DANOS MATERIAIS ...22

1.4.2 PERDAS E DANOS ...24

1.4.3 DANOS MORAIS ...26

CAPÍTULO 2 ...28

NOÇÕES GERAIS SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR ...28

2.1 BREVE HITÓRICO SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR ...28

2.2 CONCEITO E OBJETIVOS DO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR E A RELAÇÃO DE CONSUMO...32

(11)

2.3 SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO ...34

2.3.1 CONSUMIDOR ...34

2.3.2 FORNECEDOR...38

2.4 DIREITOS E DEVERES DOS AGENTES DA RELAÇÃO DE CONSUMO ...42

2.5 A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR...45

CAPÍTULO 3 ...52

CRITÉRIOS JURÍDICOS PARA A QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL NA RELAÇÃO DE CONSUMO ...52

3.1 DANO MORAL: CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA ...52

3.2 O ÔNUS DA PROVA NA RELAÇÃO DE CONSUMO ...57

3.3 A VALORAÇÃO DOS DANOS MORAIS ...61

3.4 A CONDIÇÃO ECONÔMICA DO CONSUMIDOR E DO FORNECEDOR ...63

3.5 A EXTENSÃO DO DANO...64

3.6 CRITÉRIOS UTILIZADOS PELA JURISPRUDÊNCIA CATARINENSE PARA A ATRIBUIÇÃO DE DANO MORAL NA RELAÇÃO DE CONSUMO...66

CONSIDERAÇÕES FINAIS...73

(12)

RESUMO

O presente trabalho tem como OBJETO de estudo A Reparação Civil Por Danos Morais na Relação de Consumo, e como OBJETIVOS GERAIS uma abordagem sucinta sobre a origem, criação, evolução da Responsabilidade Civil na Relação de Consumo, destacando os conceitos das principais modalidades de Responsabilidade Civil existente na Relação de Consumo; e como OBJETIVOS ESPECÍFICOS, uma análise da configuração do Dano Moral na Relação de Consumo, quais os elementos indispensáveis para a sua configuração, bem como os critérios judiciais a serem observados pelos juízes na fixação do quantum indenizatório.

(13)

INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto A Reparação Civil Por Danos Morais na Relação de Consumo.

O seu objetivo é demonstrar a importância do Código de Proteção e Defesa do Consumidor criado pela Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1.990, para regulamentar a Relação de Consumo entre o Consumidor e Fornecedor, estabelecendo, acima de tudo, a equiparação das partes, contudo com ênfase aos direitos do Consumidor por ser considerada a parte mais vulnerável desta relação, assegurando inclusive, a Reparação por Danos Morais, quando o houver práticas de Conduta Ilícita que atinja seu patrimônio psíquico.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de Considerações Gerais Sobre a Responsabilidade Civil no Ordenamento Jurídico Brasileiro, trazendo um breve histórico da Responsabilidade Civil, bem como os requisitos indispensáveis para a sua configuração. Serão abordadas as principais modalidades de Responsabilidade Civil existentes no nosso ordenamento jurídico, assim como os seus efeitos.

No Capítulo 2, tratando de Noções Gerais Sobre o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, serão abordados a importância do surgimento do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, os conceitos e objetivos da Relação de Consumo, assim como de Consumidor e Fornecedor, o binômio que compõem esta relação.

No Capítulo 3, tratando de Critérios Jurídicos Para a Quantificação do Dano Moral na Relação de Consumo, há uma análise da configuração do Dano Moral na Relação de Consumo e os critérios utilizados pelo judiciário para a fixação da valoração do Dano Moral sofrido pelo Consumidor, trazendo também os parâmetros jurídicos utilizados pela jurisprudência Catarinense para a fixação desta valoração .

(14)

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre critérios jurídicos aplicáveis para a Reparação Civil por Danos Morais na Relação de Consumo.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses:

A Reparação Por Danos Morais na Relação de Consumo;

Os Critérios Jurídicos Utilizados Pelo Estado Para a Quantificação do Dano Moral.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

(15)

CAPÍTULO 1

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL

NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

1.1 BREVE HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE CIVIL

A Responsabilidade Civil e o conseqüente dever de reparação surgiu de uma Conduta Ilícita praticada por um agente e desaprovada pela sociedade.

A palavra responsabilidade originou-se do latim 'respondere', que consistia na necessidade de responsabilizar alguém por seus atos danosos.

O conceito de Rui Stoco10 é preciso na medida em que pontifica:

Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de Justiça existente no grupo social estratificado.

Em tempos mais remotos, a reparação por uma Conduta Ilícita praticada era primeiramente reparada de forma coletiva e depois individualmente através da autotutela, também conhecida como vingança privada, que implicava em uma agressão física ao causador do evento danoso, confundindo muitas vezes a Responsabilidade Civil com a responsabilidade penal em face de forma de sua represália. Para os romanos, a autotutela importava sempre na reparação do Dano mediante a prática de outro, como instituía a Lei de Talião, sendo que a intervenção do Poder Público era restrito a coibir abusos, a fim de se declarar o momento em que a vítima poderia ter direito a retaliação, produzindo na pessoa do lesante Dano idêntico ao sofrido. Nesta

10STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6. ed. atual. amp. São Paulo: Editora Revista

(16)

fase, a Responsabilidade era Objetiva, pois não dependia de culpa, bastando apenas a ocorrência do Dano.

Historicamente, nos primórdios da civilização humana, dominava a vingança coletiva, que se caracterizava pela reação conjunta do grupo contra o agressor pela ofensa a um de seus componentes. Posteriormente evoluiu para uma reação individual, isto é, vingança privada, em que os homens faziam justiça pelas próprias mãos, sob a égide da Lei de Talião, ou seja, a reparação do mal pelo mal, sintetizada nas fórmulas 'olho por olho, dente por dente', 'quem com ferro fere, com ferro será ferido’, relatou Maria Helena Diniz11.

Porém, verificado que muitas vezes a agressão realizada como forma de represália, não satisfazia o Dano sofrido, pelo contrário, ainda ocasionava em punição da vítima por ter causado um Dano físico ao agressor, surgiu a necessidade da criação de uma outra forma de reparação, denominada de autocomposição. Na fase da autocomposição, o autor da ofensa entabulava um acordo com a vítima mediante a reparação de ordem pecuniária, ou seja, mediante o pagamento de uma certa quantia em dinheiro. Para aprimorar o acordo entre as partes, surgiu a fase da arbitragem pública ou privada, também conhecida como fase da composição, em que os litígios eram solucionados, mediante a nomeação de um juiz privado, quando se tratasse de delito privado, efetivados contra interesses de particulares, ou a solução da lide era submetida a apreciação de um juiz público, quando o delito fosse público, perpetrado contra direitos relativos ao Estado.

Foi na fase republicana que o direito romano reconheceu a necessidade da existência de culpa para que se concretizasse a reparação do Dano causado ao estabelecer a Lex Aquilia de damnum, que originou nas penas proporcionais aos prejuízos causados. Neste período, a culpa era considerada o elemento indispensável para que houvesse a reparação do Dano, de modo que na sua falta, seria isentado o agente de qualquer responsabilidade.

11DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 7 vol. 16. ed. São Paulo:

(17)

A culpa tornou-se então o elemento subjetivo da responsabilidade, passando ser perceptível somente após a edição da legislação aquiliana e a formulação da teoria do risco da atividade, quando foi concebido a Responsabilidade Objetiva, ou seja, a responsabilidade sem culpa em determinados casos.

1.2 CONCEITO E REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

A Responsabilidade Civil, conforme anteriormente mencionado, surge sempre quando houver a necessidade de reparar um Dano causado pela prática de uma Conduta Ilícita.

Assim sendo, será caracterizada sempre que houver um prejuízo a um terceiro, particular ou Estado, sendo que pelo fato de se ter repercussão de um Dano privado, tem como causa geradora o interesse em restabelecer o equilíbrio jurídico alterado ou desfeito pela lesão, de modo que a vítima possa pedir reparação do prejuízo causado, mediante uma recomposição do statu quo ante ou através de uma importância em dinheiro. Desta forma, na esfera cível, ao agente causador do ilícito implicará somente na obrigação de recompor a posição do lesado mediante uma indenização.

No Código Civil Brasileiro a Responsabilidade Civil encontra-se prevista nos artigos 186 a 188, 927 e encontra-seguintes, 389 e 392.

Citemos o conceito de Responsabilidade Civil fornecido por Maria Helena Diniz12:

A Responsabilidade Civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal.

(18)

A função da Responsabilidade Civil na atualidade compreende a garantir o direito do lesado à segurança e ainda servir como sanção civil de natureza compensatória, pois o interesse diretamente lesado é o interesse privado. Assim, em se tratando de matéria cujo interesse limita-se ao prejudicado, se uma vez este permanecer inerte perante a situação, nenhuma conseqüência advirá para o agente causador do Dano.

A Responsabilidade Civil leva em conta, primordialmente, o dano, o prejuízo, o desequilíbrio patrimonial. A Responsabilidade Civil pressupõe um equilíbrio entre dois patrimônios que deve ser restabelecido, mencionou Venosa13.

Para restar configurada a Responsabilidade Civil, a Conduta do agente deverá ser sempre precedida de uma ação, seja ela comissiva ou omissiva que se apresenta no ordenamento jurídico como ato ilícito, requer ainda a ocorrência de um Dano Material ou Dano Moral causado à vítima por esta ação e para finalizar deve haver o Nexo de Causalidade entre o Dano e a Conduta Ilícita.

É necessária a reparação quando houver injustamente um Dano na esfera alheia, esclarece Carlos Alberto Bittar14:

Havendo dano, produzido injustamente na esfera alheia, surge a necessidade de reparação, como imposição natural da vida em sociedade e, exatamente, para a sua própria existência e o desenvolvimento normal das potencialidades de cada ente personalizado.

Posteriormente, mencionou que a responsabilização do agente, é nesse sentido, a resposta do Direito a ações lesivas, assentando-se, desse modo à rejeição à idéia de dano injurioso, acrescentou, ainda, Carlos Alberto Bittar15.

13VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil. 2. ed. São Paulo:Atlas, 2002, p.19. 14BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais. 3. ed. atual. Amp. São Paulo:Editora

Revista dos Tribunais,1999, p.20.

(19)

Ao comentar sobre os requisitos da Responsabilidade Civil, informou Rui Stoco16 :

Na etimologia da Responsabilidade Civil, estão presentes três elementos, ditos essenciais na doutrina subjetivista: a ofensa a uma norma preexistente ou erro de conduta, um dano e o nexo de causalidade entre um e outro.

Para ser caracterizada a Responsabilidade Civil requer sempre uma Conduta Ilícita, um resultado Danoso e o Nexo de Causalidade entre a Conduta e o Dano praticado.

1.2.1 Conduta

A Conduta subjetiva é elemento indispensável da teoria da Responsabilidade Civil, ou seja, o elemento que precede a Responsabilidade Civil de um ato ilícito é sempre uma Conduta humana, devendo a mesma ser voluntária conforme prevê o artigo 186 do Código Civil Brasileiro.

Inexiste Responsabilidade Civil quando a Conduta do agente de forma voluntária não contraria o ordenamento jurídico.

Todavia, merece esclarecer que a voluntariedade da conduta humana não deve ser confundida com possibilidade de se assumir o risco de produzir o Dano.

Ação e omissão constituem, por isso mesmo, tal como no crime, o primeiro momento da Responsabilidade Civil, ensinou Rui Stoco17.

Ressalta-se que a Conduta do agente pode ser decorrente de uma ação ou de uma omissão, sendo também denominada como uma conduta comissiva ou omissiva, conforme anteriormente mencionado.

16STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 2004, p.146. 17STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 2004, p.131.

(20)

No entendimento de Roberto Senise Lisboa18temos que:

A conduta comissiva ilícita é aquela que viola o dever geral de abstenção. A conduta omissiva ilícita é aquela que viola o dever jurídico de agir. Possui relevância jurídica, por não impedir resultado danoso à vítima ou ao seu patrimônio.

Na ação ou omissão a responsabilidade do agente pode decorrer de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a sua responsabilidade e ainda de danos causados por coisas que estejam sob a guarda deste.

A responsabilidade por ato próprio decorre sempre quando o próprio agente infringe um dever legal que acaba por prejudicar um terceiro, cuja conseqüência implicará na sua reparação.

Silvio Rodrigues19 explica:

O ato do agente causador do dano impõe-lhe o dever de reparar não só quando há, de sua parte, infringência a um dever legal, portanto ato praticado contra direito, como também quando seu ato, embora sem infringir a lei, foge da finalidade social a que ela se destina. Realmente atos há que não colidem diretamente com norma jurídica, mas com o fim social por ela almejado. São atos praticados com abuso de direito, e, se o comportamento abusivo do agente causa dano a outrem, a obrigação de reparar, imposta àquele, apresenta-se inescondível.

Ocorrerá a Responsabilidade Civil de ato de terceiro que esteja sob a responsabilidade do agente, quando uma pessoa fica sujeita a responder por Dano causado a outrem não por ato próprio, mas por ato de alguém que está, sob a sua responsabilidade.

É preciso o entendimento de Silvio Rodrigues20 ao mencionar que essa responsabilidade por ato de terceiro, consagrada pela lei e

18LISBOA, Roberto Senise. Manual Elementar de Direito Civil. 2 Vol. 2.ed. São Paulo:Editora

Revista dos Tribunais, 2002, p. 202.

19RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral. 4 vol. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 16. 20RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Responsabilidade Civil. 4 vol. 19. ed. São Paulo: Saraiva,

(21)

aperfeiçoada pela jurisprudência, inspira-se em um anseio de segurança, no propósito de proteger a vítima. Criando uma responsabilidade solidária entre o patrão e o empregado que diretamente causou o Dano, fica a vítima com a possibilidade de pleitear a indenização a ela devida tanto de um quanto de outro daquelas pessoas e, certamente, proporá a ação competente contra o amo, uma vez que este, ordinariamente, está em melhores condições de solvabilidade do que seu serviçal.

Como na atualidade da vida social, a responsabilidade pelo ato próprio se tornou insuficiente para o ordenamento jurídico, necessitando então em abranger outras pessoas que não o próprio agente da conduta danosa, seguimos o comentário de Caio Mário da Silva Pereira21:

A vida social é cada vez mais complexa, e urde situações várias, em que o anseio da justiça ideal não satisfaz proclamar apenas que o indivíduo responde pelo dano que causa. Daí assentar-se um conjunto de preceitos, em virtude dos quais se atenta para o fato da extensão da responsabilidade além da pessoa do ofensor, seja juntamente com este, seja independente deste. Diz-se, pois, que há responsabilidade indireta quando a lei chama uma pessoa a responder pelas conseqüências do ato ilícito alheio.

E por último, existe ainda a Responsabilidade Civil por danos causados por coisas que estejam sob a guarda do agente, também conhecida como Responsabilidade da guarda da coisa inanimada. Ocorrerá quando se obriga a reparar Dano causado por coisa ou animal que esteja sob a sua guarda, sendo que esta responsabilidade surgiu na França no século XIX, a qual posteriormente, embora ainda em discussão sobre sua amplitude também foi adotada pela doutrina e jurisprudência brasileira.

1.2.2 Dano

O Dano é também o outro requisito necessário para ser caracterizada a Responsabilidade Civil.

Desde o período romano, o Dano, foi concebido pelo

21PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. vol. III,10 ed. Rio de Janeiro: Editora

(22)

imperador Justiniano no Digesto, como um prejuízo causado a outrem. Ou seja, desde a Antigüidade, o Dano vem sendo considerado como um prejuízo causado a outrem por uma Conduta Ilícita.

Conceituou De Plácido e Silva22 que sendo derivado do latim, damnum, genericamente significa todo mal ou ofensa que tenha uma pessoa causado a outrem, da qual possa resultar uma deterioração ou destruição à coisa dele um prejuízo a seu patrimônio.

Quando se pratica uma Conduta Ilícita cuja conseqüência ocasiona em um Dano, há a necessidade e obrigatoriedade da sua reparação. Assim como a Conduta Ilícita comissiva ou omissiva, o Dano, também é um requisito necessário para a caracterização da Responsabilidade Civil pelo evento ocasionado.

O Dano sempre irá afetar o patrimônio quer econômico ou moral de alguém, pois o Dano é pressuposto da obrigação de indenizar. Nas palavras de Antônio Jeová Santos23 onde não houver dano, não haverá a correspondente responsabilidade jurídica.

A necessidade de se reparar o Dano consiste em manter um equilíbrio na sociedade humana, de modo a evitar a prática reiterada de certas condutas danosas e possibilitar que seja sanado o prejuízo sofrido, visando o reingresso do prejudicado ao seu status quo ante.

Merece destaque o ensinamento de Carlos Alberto Bittar24:

É que ao Direito compete preservar a integridade moral e patrimonial das pessoas, mantendo o equilibro no meio social e na esfera individual de cada um dos membros da coletividade, em busca incessante pela felicidade pessoal.

O Dano, é assim então considerado como um dos

22SILVA, De Plácido E. Vocabulário Jurídico. 12. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,1993, p. 02. 23SANTOS, Antonio Jeová. Dano Moral Indenizável. São Paulo: Lejus, 1997, p. 18.

(23)

elementos indispensáveis para a caracterização da Responsabilidade Civil, pois no âmbito cível, é através da extensão do prejuízo ocasionado que será fixado o

quantum indenizatório, de modo que se não houver um Dano, inexistirá a

conseqüente reparação.

O Dano pode ser de ordem patrimonial, também designado de Material, traduzindo em danos emergentes, e em lucros cessantes, ou ainda, o Dano de ordem Moral, que corresponde a ofensa causado à pessoa, atingindo bens e valores de ordem interna, denegrindo a sua honra, conceitos estes que serão analisados posteriormente.

1.2.3 Nexo de Causalidade

O Nexo de Causalidade constitui o último dos elementos essenciais da Responsabilidade Civil.

O conceito de nexo causal não é jurídico; decorre das leis naturais, constituindo apenas o vínculo, a ligação ou relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado, lecionou Sérgio Cavalieri Filho25.

Para ser caracterizada a Responsabilidade Civil é necessário que a Conduta Ilícita tenha ligação com o Dano ocorrido, é necessário além da ocorrência da ação e do Dano, que se estabeleça uma relação de causalidade entre a antijuridicidade da ação e do prejuízo causado.

Nesse sentido, a definição de Maria Helena Diniz26 é precisa, quando conceitua com clareza a verdadeira finalidade do Nexo Causal:

O vínculo entre o prejuízo e a ação designa-se 'nexo causal', de modo que o fato lesivo deverá ser oriundo da ação, diretamente ou como sua conseqüência previsível. Tal nexo representa, portanto uma relação necessária entre o evento danoso e a ação que o produziu, de tal sorte que esta é considerada a sua causa.

25CAVALLIERIFILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo:Malheiros Editores,

1996, p. 48.

(24)

É necessário então que entre o comportamento do agente e o Dano causado, se demonstre a relação de causalidade, pois é possível a existência de um ato ilícito e a ocorrência de um Dano sem que um seja a causa do outro, o que desconfiguraria a Responsabilidade Civil do agente.

Ademais, é através do Nexo de Causalidade que se verifica quem foi o causador do Dano, sendo que na maioria dos casos incumbe a vítima provar tal relação entre a Conduta Ilícita do agente e a ocorrência do prejuízo que tenha sofrido para ser reparada.

A esse respeito, Silvio de Salvo Venosa27 preleciona que:

Trata-se de elemento indispensável. A responsabilidade objetiva dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo de causal. Se a vítima, que experimentou o dano, não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há como ser ressarcida.

Assim, torna-se imprescindível para a obrigatoriedade da indenização, que exista o Nexo de Causalidade entre a Conduta Ilícita e o respectivo Dano ocasionado.

Entretanto, ocorrendo a eventual ruptura no vínculo causal de modo que se impeça a conclusão de ligação entre a conduta do agente e o Dano sofrido pela vítima acarretará na irresponsabilidade civil daquele que foi tido como o causador do prejuízo.

Desta forma, uma vez ausente quaisquer destes requisitos: a Conduta Ilícita comissiva ou omissiva, o Dano e o Nexo Causal, inexistirá a Responsabilidade Civil, por faltarem os elementos mínimos e necessários para a sua configuração.

(25)

1.3 ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE CIVIL

As espécies de Responsabilidade Civil são muito variáveis na doutrina devido a sua amplitude terminológica. Para o presente trabalho interessa tão somente as seguintes espécies: Responsabilidade Civil Contratual, Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida pela denominação de Aquiliana, Responsabilidade Civil Objetiva e Responsabilidade Civil Subjetiva, espécies estas que serão adiante apresentadas.

1.3.1 Responsabilidade Civil Contratual

A Responsabilidade Civil Contratual decorre da violação de uma obrigação imposta em um negócio jurídico, ou seja, em obrigação prevista em contrato.

No Código Civil a Responsabilidade Civil Contratual é regulada a partir do artigo 389, que assim dispõe:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas a danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de

advogado28.

A Responsabilidade Contratual surge quando ocorre a inexecução do negócio jurídico de modo que a reparação vem em muitos casos substituir o negócio contratado, sendo que nesta espécie de responsabilidade existe sempre um vínculo jurídico derivado dessa contratação. Nesta modalidade, o agente assumiu uma obrigação de forma voluntária, que uma vez inexecutada implicará na sua reparação.

Temos então que o inadimplemento contratual acarreta na responsabilidade de indenizar as perdas e danos.

Para Silvio Rodrigues29 quando alguém descumpre uma

28BRASIL, Código Civil. 54. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 88.

(26)

obrigação contratual pratica um ilícito contratual e seu ato provoca reação da ordenação jurídica, que impõe ao inadimplente a obrigação de reparar o prejuízo causado.

Tendo em vista que a Responsabilidade Contratual decorre da inexecução da obrigação voluntária e anteriormente pactuada, torna-se necessário sempre a preexistência de uma obrigação para restar configurado o dever de indenizar.

Entretanto, existe a possibilidade dos contraentes estipularem cláusulas para reduzir ou excluir a indenização, desde que não contrariem a ordem pública e os bons costumes, sendo que a estipulação de cláusula de não indenizar existente em alguns contratos não deve prevalecer quando o contrato versar sobre Relação de Consumo, por ser considerada pelo Código de Proteção e Defesa do Consumidor, como uma cláusula de caráter abusivo.

Segundo o entendimento de Fabrício Zamprogna Matielo30:

Comumente aceita-se a consideração dualista da culpa, dividida em contratual e extracontratual, denominada de aquiliana. Culpa contratual é a que advém do descumprimento de uma obrigação constante de um contrato, ou de convergência volitiva de outra maneira chamada (convenção, por exemplo).

Sobre a culpa contratual, discorre Venosa31 que na culpa contratual, examinamos o inadimplemento como seu fundamento e os termos do limite da obrigação.

Um ponto importante que se merece destacar, é que nesta modalidade de responsabilidade, o ônus da prova, competirá ao agente causador do evento danoso, que deverá provar, a inexistência de sua culpa ou a presença de qualquer excludente do dever de indenizar que pode decorrer de caso fortuito

30MATIELO, Fabrício Zamprogna. Dano Moral, Dano Material e Reparação. 5. ed. Porto Alegre:

Editora Sagra Luzzatto, 2001, p. 29.

(27)

ou força maior.

De acordo com o magistério de Carlos Roberto Gonçalves32, se a responsabilidade é contratual, o credor só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida. O devedor só não será condenado a reparar o dano se provar a ocorrência de alguma das excludentes admitidas na lei: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. Incumbe-lhe, pois, o onus

probandi.

1.3.2 Responsabilidade Civil Extracontratual – Aquiliana

A Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida por Responsabilidade Aquiliana, é aquela que decorre diretamente da lei.

No nosso ordenamento jurídico a Responsabilidade Civil Extracontratual é disciplinada a partir dos artigos 186 e seguintes e 927 e seguintes do Código Civil.

Esta Responsabilidade surge quando há uma inobservância da lei, ou seja, quando há uma lesão a um direito, sem que tenha pré-existido uma relação obrigacional entre o agente e o prejudicado.

Nesta modalidade, existe uma ligação convencional entre o autor e a vítima do prejuízo e não em uma relação obrigacional ou contratual como ocorre na Responsabilidade Civil Contratual.

Parafraseando Silvio Rodrigues33 o ilícito se apresenta fora do contrato, quando isso ocorre, nenhuma ligação de caráter convencional vincula o causador à vítima do dano. Aquele que infringiu uma norma legal por atuar com dolo ou culpa, violou um preceito de conduta de que resultou prejuízo a outrem, devendo, portanto, indenizar.

Merece destaque o entendimento de Fabrício Zamprogna

32GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das Obrigações, vol. 11 (art. 927 a 965), São Paulo: Saraiva, 2003, p. 26.

(28)

Matielo34 acerca da Responsabilidade Aquiliana ao conceituar que a culpa extracontratual ou aquiliana (...) provem não somente do comportamento antijurídico do obrigado, a chamada responsabilidade por fato próprio. Origina-se, igualmente, de prática antijurídica alheia, caracterizando a responsabilidade por fato de terceiro ou ainda a responsabilidade de alguém pelo denominado fato das coisas.

No mesmo sentido entende Venosa35, ao mencionar que na culpa aquiliana, leva-se me conta a conduta do agente e a culpa em sentido lato.

Ressaltando ainda mais a figura da culpa, enuncia Rui Stoco36 ao afirmar que a responsabilidade extracontratual no Direito brasileiro, conforme doutrina pacífica, funda-se no princípio da culpa.

Em regra, a responsabilidade, seja extracontratual (art. 186), seja contratual (arts. 389 e 392), funda-se na culpa. A obrigação de indenizar, em se tratando de delito, deflui da lei, que vale erga omnes.

Lembra Carlos Roberto Gonçalves37:

No setor da responsabilidade contratual, a culpa obedece a um certo escalonamento, de conformidade com os diferentes casos em que se configure, ao passo que, na delitual, ela iria mais longe, alcançando a falta ligeiríssima.

Merece ainda destacar que na Responsabilidade Aquiliana o ônus da prova caberá ao prejudicado sendo que a não comprovação da culpa do réu pelo prejudicado, implicará na não incidência da respectiva reparação.

34MATIELO, Fabrício Zamprogna. Dano Moral, Dano Material e Reparação. 2001, p. 29/30. 35VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 20.

36STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, p. 765.

37GONÇALVES. Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das Obrigações, p. 28.

(29)

Ao comentar sobre o ônus probandi, esclareceu Carlos Roberto Gonçalves38, que se a responsabilidade for extracontratual, a do art. 186, o autor da ação é que fica com o ônus de provar que o fato se deu por culpa do agente. A vítima tem maiores probabilidades de obter a condenação do agente ao pagamento de indenização quando a sua responsabilidade deriva do descumprimento do contrato, ou seja, quando a responsabilidade é contratual, porque não precisa provar a culpa. Basta provar que o contrato não foi cumprido e, em conseqüência, houve o Dano.

1.3.3 Responsabilidade Civil Objetiva

A Responsabilidade Civil Objetiva é aquela apurada independentemente de culpa do agente causador do Dano, pela atividade perigosa por ele desempenhada.

A obrigação de indenizar passa a existir quando se comprova apenas o Nexo de Causalidade entre a Conduta Ilícita e o Dano causado, posto que a culpa, é para a Responsabilidade Civil Objetiva, presumida pela lei.

A Responsabilidade Civil Objetiva é aquela em que se prescinde do elemento subjetivo, bastando apenas a verificação do dano. De regra, é atribuída ao Poder Público, como esclarece Augusto F. M. Ferraz de Arruda39.

Em que pese a permanência da Responsabilidade Subjetiva como regra geral entre nós, por força do artigo 159 do Código de 1916 e do artigo 186 do Código vigente, a Responsabilidade Objetiva é considerada a maior inovação do Código atual sendo crescente o número de acontecimentos que são regulados sob esta responsabilidade.

38GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das Obrigações, p. 26.

39ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico. São Paulo: Editora Juarez de

(30)

Ressalta-se que embora no primeiro momento, em análise ao caput do artigo 927 do Código Civil corresponda a Responsabilidade Civil Subjetiva, contudo, o seu parágrafo único, fundamentado na teoria do risco criado, equivale a adoção da teoria da Responsabilidade Civil Objetiva.

No Código Civil, a Responsabilidade Civil Objetiva se encontra prevista no parágrafo único do artigo 927, que assim dispõe:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos caso especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano

implicar, por sua natureza, riscos para o direito de outrem40.

Fundada na teoria do risco, para Responsabilidade Civil Objetiva, pouco importa se a o Dano causado pelo agente se deu por Conduta Ilícita culposa ou dolosa, bastando apenas a presença do Nexo de Causalidade para restar configurada a obrigatoriedade de reparar o prejuízo causado, assim, sempre que uma conduta praticada possa criar um risco de Dano a terceiros, há uma obrigação de repará-lo, ainda que, sua atividade e comportamento sejam isentos de culpa.

Citemos o magistério de Arruda41:

O que caracteriza essa responsabilidade, distinguindo-a da decorrente do descumprimento de obrigação contratada e da decorrente da prática do ilícito civil, é a desnecessidade do elemento culpa, ou seja, presume-se a culpa da Administração Pública fundada na teoria do risco na prestação do serviço público.

Eis o entendimento de Fábio Ulhoa Coelho42 ao mencionar em sua obra que de acordo com a teoria do risco, toda atividade humana gera

40BRASIL. Código Civil. p. 180.

41ARRUDA, Augusto F. M. Ferraz. Dano Moral Puro ou Psíquico. São Paulo: Editora Juarez de

Oliveira, 1999, p. 8.

(31)

proveito para quem a explora e riscos a outrem.

A atribuição da responsabilidade pelos danos a quem aproveita a atividade geradora dos riscos é a formulação mais corrente da teoria. Chama-se teoria do risco-proveito. Assim, se o fundamento da Responsabilidade Objetiva repousa na exposição aos riscos atividades, fala-se em risco-criado; se na sua inevitabilidade, em risco-profissional.

Assevera Silvio Rodrigues43 que na Responsabilidade Objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador do Dano é de menor relevância, pois, desde que exista relação de causalidade entre o Dano experimentado pela vítima e o ato da agente, surge o dever de indenizar, quer tenha este último agido não culposamente.

No mesmo sentido é o entendimento de Carlos Roberto Gonçalves44 ao afirmar que nos casos de Responsabilidade Objetiva, não se exige prova de culpa do agente para que seja obrigado a reparar o Dano, sendo que em alguns casos, ela é presumida pela lei, e, em outros é de todo prescindível.

Os elementos da Responsabilidade Civil Objetiva podem ser os Danos Patrimoniais ou Extrapatrimoniais em relação a causalidade ao ato ou atividade desenvolvida, não se discutindo o elemento subjetivo, por ser irrelevante a eventual culpa.

Embora o Código Civil brasileiro tenha se filiado à teoria subjetivista, exigindo o dolo e a culpa como fundamentos para a obrigação de reparar o Dano, conforme se verifica no artigo 186, a Responsabilidade Subjetiva subsiste como regra necessária, sem prejuízo, contudo, da adoção da Responsabilidade Objetiva, em dispositivos vários e esparsos.

Há ainda que destacar que a Responsabilidade Objetiva,

43RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 11.

44GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: Parte Especial: Direito das Obrigações, p. 29.

(32)

somente poderá ser aplicada quando existe lei expressa que autorize, sendo que na ausência de lei expressa a responsabilidade pelo ato ilícito será subjetiva.

Concluindo, os requisitos para configurar a Responsabilidade Civil Objetiva são somente três: Conduta Ilícita comissiva ou omissiva, Dano e o Nexo de causalidade.

1.3.4 Responsabilidade Civil Subjetiva

A Responsabilidade Civil Subjetiva é aquela apurada mediante a demonstração de culpa do agente causador do Dano. O nosso Código Civil de 1916, adotou como regra a Responsabilidade Subjetiva, tornando-se a culpa ou o dolo os elementos integrantes, salvo quando a lei estabelecer a presunção de culpa, sobre a qual se admite prova em sentido contrário, ou ainda, quando a lei prever a responsabilidade independentemente da existência ou não de culpa, hipótese esta em que se adota a Responsabilidade Objetiva, por força do risco da atividade desenvolvida pelo causador do prejuízo.

A responsabilidade civil subjetiva é aquela em que está presente o elemento subjetivo vontade do agente, intencional ou não, de provocar o dano, sustentou Arruda45.

Nesta modalidade a responsabilidade sempre se justificará na culpa ou no dolo da ação ou omissão que lesou outra pessoa.

Reiteramos, contudo, que o princípio gravitador da Responsabilidade Extracontratual no Código Civil é o da Responsabilidade Subjetiva, ou seja, responsabilidade com culpa, pois esta também é a regra geral traduzida no novo Código, no caput do art. 927.

O artigo 186 do Código Civil elegeu a culpa como o centro da Responsabilidade Subjetiva, contudo, malgrado o legislador tenha mencionado apenas o elemento culpabilidade, há que se esclarecer que quando se menciona o termo culpabilidade na esfera civil, a noção abrange o dolo e a culpa.

(33)

De acordo com o Código Civil, dispõe o artigo 186:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito46.

Sobre o elemento culpa da Responsabilidade Civil Subjetiva lecionou Venosa47 que a culpa, sob os princípios consagrados da negligência, imprudência e imperícia contém uma conduta voluntária, mas com resultado involuntário, a previsão ou a previsibilidade e a falta de cuidado devido, cautela ou atenção. Quando as conseqüências da conduta são imprevistas ou imprevisíveis, não há como configurar a culpa. O ato situa-se na esfera do caso fortuito ou força maior. A falta de cautela, cuidado e atenção exteriorizam-se, de forma geral, pela imprudência, negligência ou imperícia. Esses três decantados aspectos da culpa são formas de exteriorização da conduta culposa.

Assim, para restar configurada a Responsabilidade Civil Subjetiva, não bastam apenas os três requisitos: Conduta Ilícita comissiva ou omissiva, Dano e Nexo de Causalidade, tornam-se, também, indispensável o requisito culpabilidade da Conduta.

1.4 EFEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Os efeitos da Responsabilidade Civil, consistem unicamente na reparação, compensação ou indenização do Dano causado à vítima, objetivando uma recomposição ao seu status quo ante, ou na sua impossibilidade uma indenização a fim de compensar o Dano lesado.

Quando se arbitra a indenização, tanto se pode arbitrar para a reposição natural como para a indenização em dinheiro, ficando a critério do juiz o modo de sua reparação.

Sobre os efeitos da Responsabilidade Civil explicou Maria

46BRASIL. Código Civil. p. 139.

(34)

Helena Diniz48, que quando se caracterizar a responsabilidade, o agente deverá ressarcir o prejuízo experimentado pela vítima. Desse modo, é fácil perceber que o primordial efeito da Responsabilidade Civil é a reparação do Dano, que o ordenamento jurídico impõe ao agente. Indenizar é ressarcir o Dano causado, cobrindo todo o prejuízo experimentado pelo lesado.

Ademais, sempre haverá reparação, quando a Conduta Ilícita praticada for em confronto com as regras estabelecidas no ordenamento jurídico, a fim de se evitar um desequilíbrio na nossa sociedade, cujo objetivo primordial da reparação, é no sentido de se evitar que estas condutas - contrarias ao nosso ordenamento jurídico - possam vir a ser praticadas reiteradas vezes sem qualquer tipo de restrição.

Para Carlos Alberto Bittar49, os Danos ressarcíveis consistem em prejuízos Materiais ou Morais sofridos por certa pessoa, ou pela coletividade, em virtude de ações lesivas perpetradas por entes personalizados. Ingressam, assim, na categoria jurídica de Danos reparáveis as lesões pecuniárias ou Morais experimentadas por alguém, em razão de fato antijurídico de outrem, basicamente, da prática de ato ilícito, ou do exercício de atividades perigosas, conforme lecionou em sua obra Reparação Civil por Danos Morais.

A Responsabilidade Civil em reparar o Dano causado pode ser em decorrência da prática de um Dano Material, abrangendo neste caso as perdas e danos, em lucros cessantes ou ainda quando decorrer da prática de um Dano Moral.

1.4.1 Danos Materiais

Também denominado de Dano Patrimonial, o Dano Material, é o prejuízo causado aos bens que compõem o acervo da vítima. É o próprio prejuízo econômico, ou seja, quando o Dano atinge o patrimônio do ofendido.

O Dano Patrimonial é, assim, Dano Material sobre bens

48DINIZ,Maria Helena. Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil, p.118. 49BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais, p.31.

(35)

presentes ou futuros.

O Dano Patrimonial pode ser direto e indireto. Será Dano Patrimonial direto quando o Dano causa imediatamente um prejuízo à vítima ou aos bens da vítima. Entretanto será Dano Patrimonial indireto o Dano que eventualmente advém de um Dano Moral, ou o Dano que incide sobre os bens de terceiro, em face dos prejuízos pela vítima.

É o prejuízo econômico sofrido pela vítima. Pode ser reparado na forma de reposição natural, ou, mediante reparação pecuniária.

A reposição natural, consiste em repor ou restabelecer o estado anterior, com os mesmos elementos ou elementos equivalentes, é a restituição da integralidade do patrimônio. Em contrapartida, a reparação de ordem pecuniária, incorrerá sempre que não for possível a recomposição natural do patrimônio, de forma a compensar o Dano sofrido e incide principalmente quando ocorre Dano Moral.

Conclui-se que os Danos Patrimoniais referem-se aos prejuízos verificados em bens materiais, que resultam na sua reparação, mediante a reposição do bem, perdido. Entretanto, na impossibilidade desta reparação ou ao retorno ao statu quo ante, deverá ser convertido em indenização pecuniária, mediante a aferição do quantum indenizatório dos bens afetados.

O Dano Patrimonial é suscetível de avaliação pecuniária, podendo compreender os danos emergentes e os lucros cessantes.

Seguindo o raciocínio acima lecionou Venosa50 sobre a reparação do Dano Patrimonial ao mencionar que devem ser computados não somente a diminuição do patrimônio da vítima, mas também o possível aumento patrimonial que deveria ter havido se o evento não tivesse ocorrido.

Caracteriza-se pela apreciação pecuniária da conseqüência

(36)

que produz. O patrimônio aqui elencado, pode ser qualquer bem exterior com relação ao sujeito e que seja passível de valorização em dinheiro para satisfazer uma necessidade econômica.

1.4.2 Perdas e Danos

As perdas e danos compreendem os lucros cessantes e os danos emergentes, que também são passíveis de indenização, e são previstos no artigo 402 do Código Civil.

Os lucros cessantes, referem-se nas importâncias que o credor deixou de auferir, graças ao Dano perpetrado, correspondendo a tudo aquilo que efetivamente se perdeu.

Somente responde pelos lucros cessantes aquele que deixou de pagar ou impediu o pagamento em benefício do credor, no tempo, modo e local devido.

Também conhecidos como danos negativos, os lucros cessantes ou frustrados (lucrum cessans), são as vantagens ou interesses econômicos que o credor deixou de auferir por causa do prejuízo sofrido.

Se o dano consiste na pré-exclusão de ganho, por ter ficado intacto o patrimônio, ou por haver dano emergente que, indenizado, o faz de valor igual ao que ele tinha, há lucrum cessans, mencionou Pontes de Miranda51.

Ainda sobre os lucros cessantes enunciou Roberto Senise Lisboa52 que os lucros cessantes acabam por se constituir, desse modo, em um reflexo futuro sobre o patrimônio da vítima, uma vez que seus interesses acerca da percepção de vantagens posteriores foram frustrados, graças ao Dano perpetrado pelo agente.

51MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. Tomo XXII, Campinas: Bookseller, 2003, p.

242.

(37)

Há assim uma relação quantitativa entre o que o credor deixou efetivamente de ganhar e aquilo que ele definitivamente perdeu, ocorrendo o impedimento de elevação do patrimônio.

Bem lembrado é o ensinamento de Rui Stoco53 ao discorrer que o critério acertado está em condicionar o lucro cessante a uma probabilidade objetiva resultante do desenvolvimento normal dos acontecimentos conjugados às circunstâncias peculiares ao caso concreto.

Somente existe o Nexo de Causalidade se, sem o fato, que obriga a indenizar, o demandante queria ou poderia ter ganhado de forma lícita.

Em contrapartida temos ainda os danos emergentes, que são os prejuízos efetivamente sofridos pela vítima, corresponde a tudo aquilo que efetivamente se perdeu.

Embora o Código Civil de 1916 previa apenas sobre o lucros cessantes, com a sua reforma, a figura dos danos emergentes passou a ser regulado pelo Código de 2002.

Danos emergentes ou positivos (damnum emergens), são os prejuízos resultantes da inexecução da obrigação. O Dano consiste em uma diminuição do patrimônio no momento do fato que o causou.

Pontes de Miranda54 leciona que se o Dano consiste em se ter o patrimônio tornado de menor valor do que seria sem o acontecimento, o dano emergiu, há damnum emergens.

Quanto às perdas, no dano emergente, o agente responde pelas conseqüências do seu ato, ainda que não as tenha previsto, ou pudesse prever.

53STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, p.112. 54 MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado, p. 241.

(38)

1.4.3 Danos Morais

O Dano Moral, também conhecido pela doutrina como Dano Extrapatrimonial, ocorrerá quando a Conduta Ilícita praticada ocasionar um Dano na ordem interna ou valorativa do lesado.

Atingem sempre os valores subjetivos, aqueles resguardados pela pessoa de modo a conservar a sua honra sempre íntegra perante a sociedade e, quando afetados por uma Conduta Ilícita, podem ocasionar inúmeros transtornos ensejando uma reparação civil, cujo objetivo consiste em amenizar, compensar a dor sofrida, ou, ainda os sentimentos de vergonha, de desprezo entre outros experimentados.

Carlos Alberto Bittar55 classifica os Danos Morais, como sendo aqueles que são suportados na esfera dos valores da moralidade pessoal ou social, e, como tais, reparáveis, em sua integralidade, no âmbito jurídico.

Dano Moral consiste em lesão ao patrimônio psíquico ou ideal da pessoa, sustentou Venosa56.

Merece destacar o entendimento de Rui Stoco57 ao mencionar as conseqüências ocasionadas pelo Dano Moral praticado:

E não temos dúvida de que de dano se trata, na medida em que a CF elevou à categoria de bens legítimos e que devem ser resguardados todos aqueles que são a expressão imaterial do sujeito: seu patrimônio subjetivo, como a dor, a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem que, se agredidos, sofrem lesão ou dano que exige reparação.

A reparabilidade do Dano Moral é assegurado legalmente, e assim como a honra, é um direito inviolável constitucionalmente, sendo que na esfera civil, uma vez prejudicado, acarretará em uma reparação de ordem pecuniária, e igualmente como acontece com o Dano Material, o objetivo consiste

55 BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil por Danos Morais, p. 43. 56VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil, p. 187. 57STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil, p. 1666.

(39)

em coibir práticas reiteradas de Condutas Ilícitas e compensar a dor sofrida pelo Dano causado.

De acordo com o doutrinador Antônio Jeová dos Santos58, o que configura o Dano Moral é aquela alteração no bem estar psicofísico do indivíduo, é quando o ato de outra pessoa resultar alteração desfavorável, aquela dor profunda, que causa modificação no estado anímico.

Humberto Theodoro Júnior59 vai mais além acerca da definição do Dano Moral ao mencionar:

Pode se afirmar que são danos morais os ocorridos na esfera da subjetividade, ou no plano valorativo da pessoa na sociedade, alcançando os aspectos mais íntimos da personalidade humana (o da intimidade e da consideração pessoal), ou o da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua (o da reputação ou da consideração social).

A noção do Dano Moral encontra-se vinculada ao conceito de diminuição extrapatrimonial ou lesão nos sentimentos pessoais, na tranqüilidade psíquica, íntima, valores estes que são preservados e merecem ser tutelados contra qualquer ofensa que lhes prejudiquem.

58SANTOS, Antonio Jeová. Dano Moral Indenizável, p. 26.

59THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano Moral. 4. ed. atual. amp. São Paulo: Juarez de Oliveira,

(40)

CAPÍTULO 2

NOÇÕES GERAIS SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA

DO CONSUMIDOR

2.1 BREVE HITÓRICO SOBRE O CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR

O processo evolutivo no tratamento da Relação de Consumo resultou de uma grande revolução promovida no setor, por obra e responsabilidade do pragmatismo, sendo que toda a sistematização desenvolvida demonstrava nítida preocupação em disciplinar o confronto entre Fornecedor e o Consumidor, partes constituintes necessária de um binômio consumerista.

A respeito da evolução histórica da Relação de Consumo, lecionou Josimar Santos Rosa60 que para muitos, o momento inaugural encontra no Presidente Kennedy sua maior expressão, quando do envio de sua mensagem ao Congresso em 12 de março de 1962, definindo os direitos dos consumidores com os fundamentos seguintes: Os bens e serviços colocados no mercado devem ser sadios e seguros para o uso; promovidos e apresentados de maneira que permita ao consumidor fazer uma escolha satisfatória; que a voz do consumidor seja ouvida no processo de tomada de decisão governamental que determina o tipo, a qualidade e o preço de bens e serviços colocados no mercado; tenha o consumidor direito de ser informado sobre as condições de bens e serviços e ainda o direito a preços justos.

O texto pronunciado pelo presidente americano John Fitzgerald Kennedy pretendeu estabelecer os direitos dos Consumidores, visando o direito à segurança, o direito à informação, o direito de escolha e o direito de ser ouvido e consultado.

60ROSA, Josimar Santos. Relações de Consumo: A defesa dos interesses de consumidores e fornecedores. São Paulo: Atlas, 1995, p.19.

(41)

Além do texto pronunciado, vários fatores contribuíram para o desenvolvimento da regulamentação da Relação de Consumo, dentre as quais, a Organização das Nações Unidas – ONU -, em 11 de dezembro de 1969, aprovou a resolução nº 2.542, que disciplinava o processo em questão, visando assegurar o progresso e o desenvolvimento social.

Para Newton De Lucca61, os Estados Unidos devem ser considerados, os vanguardeiros na difusão do movimento ‘consumerista’ em todo o mundo.

Posteriormente, em 1973, a Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, quando da realização de sua 29ª Sessão em Genebra, enunciou os direitos fundamentais e universais do Consumidor, que por força do reconhecimento estabelecido pela International Organization Consumeirs Union (IOCU), elencaram os direitos atribuídos aos Consumidores que hoje se encontram previstos no Artigo 6º do nosso Código de Proteção e Defesa do Consumidor.

Ademais, a Organização das Nações Unidas, em busca de um modelo normativo editou em 16 de abril de 1985, durante a realização de sua Assembléia Geral, a Resolução nº 39/248, sob o título de Diretrizes Para a Proteção do Consumidor. Este preceito normativo que deu a origem dos direitos básicos do Consumidor é composto por objetivos, princípios gerais, diretrizes e cooperação internacional.

Acerca da Resolução da ONU, disciplinou Josimar Santos Rosa62 que todo o aparato estabelecido pela ONU não tem uma função imperativa, mas de interação, buscando assim oferecer aos governos um conteúdo programático em condições de suprir os conflitos oriundos das relações de consumo.

61LUCCA, Newton De. Direito do Consumidor: aspectos práticos: perguntas e respostas. 2ª ed.,

Bauru: Edipro, 2000, p. 26.

62ROSA, Josimar Santos. Relações de Consumo : A defesa dos interesses de consumidores e fornecedores, p.23.

(42)

No Brasil, a Constituição Brasileira de 1988, determinou ao Estado promover na forma de lei, a defesa do Consumidor, sendo tal matéria regulada no artigo 5º inciso XXXII.

Dispõe o art. 5º, XXXII, da Constituição da Republica Federativa do Brasil:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)

XXXII – o Estado promoverá na forma da lei, a defesa do

consumidor63.

Ainda sobre a defesa do Consumidor, dispõe o artigo 170,V, da Constituição Federal e artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

(...)

V – defesa do consumidor64.

(...).

Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do

consumidor65.

A Lei Federal Nº 8.078/90, que regula o Código Proteção e de Defesa do Consumidor, embora tenha sido sancionada em 11 de setembro de 1990, somente entrou em vigor em março de 1991, cujo objetivo prático visava embasar pretensões e propor soluções justas para os conflitos no mercado brasileiro, principalmente na relação entre o Consumidor e o Fornecedor.

63BRASIL, Constituição Federal. São Paulo: Editora Manole, 2003, p. 10. 64BRASIL, Constituição Federal, p. 131.

(43)

Carlos Alberto Bittar66, sobre o advento posterior da Lei nº 8.078/90, assinala que o ingresso do Código de Proteção e Defesa do Consumidor na realidade jurídica esta ínsito na linha de proteção dos valores fundamentais da pessoa humana, em sociedade ao assim afirmar:

Coerência com o espírito que presidiu a Carta de 1988, em que a dignidade da pessoa humana e a preservação de seus direitos de personalidade são as pilastras básicas, o Código vem suprir lacuna existente em nosso direito positivo, acompanhando o progresso legislativo processando a matéria, especialmente em alguns países da Europa e nos Estados Unidos.

Ada Pellegrini Grinover e Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin67 em uma visão geral do Código de Proteção e Defesa do Consumidor apontam a necessidade de tutela legal do Consumidor ao informarem que a sociedade de consumo, ao contrário do que se imagina, não trouxe apenas benefícios para os seus autores. Muito ao revés, em certos casos, a posição de Consumidor, dentro desse modelo, piorou em vez de melhorar. Se antes Fornecedor e Consumidor encontrava-se em uma situação de relativo equilíbrio de poder de barganhar (até porque se conheciam), agora é o Fornecedor (fabricante, produtor, construtor, importador ou comerciante) que, inegavelmente, assume a posição de força na Relação de Consumo e que, por isso mesmo, dita as regras. E o direito não pode ficar alheio a tal fenômeno.

Assim, tendo em vista que o mercado, por sua vez, não apresenta mecanismos eficientes para superar a vulnerabilidade do Consumidor e nem mesmo para diminuí-la, torna-se então imprescindível à intervenção do Estado nas suas três esferas, o Legislativo, formulando as normas jurídicas de consumo, o Executivo, implementando-as, e o Judiciário, resolvendo os conflitos

66BITTAR, Carlos Alberto. Direitos do Consumidor – Código de Defesa do Consumidor. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 1991,p.22.

67GRINOVER, Ada Pellegrini, BENJAMIN, Antônio Herman Vasconcelos, FINK Daniel Roberto,

FILOMENO, José Geraldo Brito, WATANABE, Kazuo, NERY JÚNIOR, Nelson, DENARI, Zelmo. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 7. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 6.

(44)

decorrentes de futuras relações.

Devido às desigualdades na Relação de Consumo criadas pela Revolução Industrial no século XVIII, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor veio com toda força regular esta desigualdade.

Assim sendo, a proteção ao Consumidor surgiu então do extraordinário desenvolvimento do comércio, sendo por isso considerado, antes de tudo, uma questão social, que interessa não só a economia mas também a administração e ao direito.

2.2 CONCEITO E OBJETIVOS DO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR E A RELAÇÃO DE CONSUMO

Como o próprio nome menciona, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, visa primordialmente à proteção do Consumidor, considerado a parte mais fraca na Relação de Consumo, além disso, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor é considerado uma das leis brasileiras mais recentes do nosso sistema de direito civil e processual civil.

Acerca do objetivo primordial do Código de Proteção e Defesa do Consumidor lecionou Rogério Medeiros Garcia de Lima68 em sua obra Aplicação do Código de Defesa do Consumidor que a mencionada legislação é caracterizada como o código da equidade, onde são tratados desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam.

Cláudio Donatto e Paulo Valério Dal Pai Moraes69, no tocante ao conceito da relação jurídica mencionam que a palavra relação denota uma certa reciprocidade de ações entre as pessoas, naturais ou não, objetivando uma vinculação entre as partes. Contém, igualmente, a idéia de convivência entre

68LIMA, Rogério Medeiros Garcia de. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2003, p. 22.

69BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor: Principologia, Conceitos, Contratos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998, p.59.

(45)

pessoas, sendo em qualquer sentido, fundamental a noção de ação praticada por cada um dos pólos de contato.

Ainda a respeito da Relação de Consumo ensina Marcelo Kokke Gomes70:

A Relação de consumo é aquela em que uma das partes adquire produtos ou serviços tendo em vista sua utilização final enquanto a outra parte fornece tais bens em caráter de habitualidade e profissionalismo. A parte que adquire os bens é chamada de consumidor, enquanto a parte que fornece os bens é denominada genericamente de fornecedor.

A Relação Jurídica de Consumo, pode então assim ser definida como um vínculo estabelecido entre o Consumidor, destinatário final, e um Fornecedor, decorrente de um ato de consumo ou como reflexo de um acidente de consumo, que incide sobre uma norma jurídica específica, visando harmonizar as interações desiguais da sociedade moderna. Tais objetivos encontram-se previstos no artigo 4º do Código de Proteção e Defesa do Consumidor.

Referindo-se ao artigo 4º do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, mencionaram Cláudio Bonatto e Paulo Valério Dal Pai Morais71 que este artigo é considerado uma norma-objetiva, porque define os fins da política nacional das relações de consumo, posto que define os resultados a serem alcançados. Todas as normas de conduta e todas as normas de organização, que são as demais normas que compõem o Código do Consumidor, instrumentam a realização dos objetivos, com base nos princípios enunciados no próprio artigo 4º.

Através desses princípios, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, busca assegurar um equilíbrio entre as partes, Consumidores e Fornecedores, contudo, agindo sempre como um amparo legal para o primeiro,

70GOMES, Marcelo Kokke. Responsabilidade Civil: Dano e Defesa do Consumidor. Belo

Horizonte: Del Rey, 2001, p.87.

71BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Questões Controvertidas no Código de Defesa do Consumidor: Principologia, Conceitos, Contratos, p.62.

(46)

uma vez que sempre será considerada a parte mais frágil na Relação de Consumo.

Não se trata, contudo, de uma elevação ao Consumidor e um desprezo ao Fornecedor, por isso, seu objetivo primordial é conciliar os interesses do Consumidor, compensando a desigualdade fática com uma proteção jurídica eficiente, e conseqüentemente equilibrando a Relação de Consumo possibilitando que ela transcorra em harmonia, para que ambas as partes sejam beneficiadas.

2.3 SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Os sujeitos que fazem parte na Relação de Consumo são o Consumidor e o Fornecedor, abrangendo este último, a figura do fabricante, do produtor, do construtor, do importador e do comerciante.

2.3.1 Consumidor

A figura do Consumidor ganhou importância nas últimas décadas, quando foi reconhecido como centro da relação econômica. Tal fato se deve especialmente ao aumento da concorrência entre empresas do mercado e a institucionalização do Estado Democrático de Direito, tendo este elevado a exigências de respeito à pessoa humana, ao passo que aquela condicionou o sucesso de cada empresa perante as concorrentes à satisfação dos Consumidores de seus produtos.

O conceito de Consumidor encontra-se previsto no artigo 2º do Código de Proteção e Defesa do Consumidor:

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas

relações de consumo72.

Referências

Documentos relacionados

Através da análise por meio da observação com microscópio óptico e objetiva de 100x, foi possível constatar que as bactérias submetidas à coloração de Gram tinham as

Com base nos resultados, concluiu-se que o manejo sanitário, adotado nas propriedades de caprinos e ovinos nas mesorregiões Centro, Leste e Norte Maranhense, é

A Justiça não é um luxo e esta diminuição dos meios que lhe são afetos implica naturalmente a utilização de menos recursos humanos (que têm vindo a diminuir de ano para ano em

Numa análise global verificamos que as Metas Globais para as quais foram realizadas mais Atividades Formativas Proporcionadoras de Aprendizagem, por ordem decrescente: 1, 2,

“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - PRESCRIÇÃO Observada a natureza civil do pedido de reparação por danos morais, pode-se concluir que a indenização deferida a tal título em

Proporção de gestantes com pelo menos 6 (seis) consultas pré-natal realizadas, sendo a primeira até a 20ª semana de gestação. >=80% 60%

APELAÇÃO RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO VIOLAÇÃO À GARANTIA DE INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO DANOS MORAIS Pretensão inicial voltada à reparação

[r]