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Indicação do eixo temático: Educação Especial e Inclusão Escolar Indicação da categoria: Pôster

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Academic year: 2021

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UTILIZAÇÃO DO MATERIAL MANUPULATIVO BARRAS DE CUISENAIRE ADAPTADO COMO MEDIADOR DA APRENDIZAGEM DO ALUNO CEGO

Marianna Florentina Lima Alves de Oliveira Drummond 1 Prof. Dr. Milton Rosa2

Indicação do eixo temático: Educação Especial e Inclusão Escolar Indicação da categoria: Pôster

Resumo:

Existe a necessidade do desenvolvimento de propostas pedagógicas que sejam elaboradas com base na utilização do material manipulativo das barras de Cuisenaire, que possam ser adaptadas para o ensino e a aprendizagem de conteúdos matemáticos para alunos cegos. Assim, estas atividades podem ser desenvolvidas a partir da utilização desse material por meio de sua relação com situações-problemas cotidianas vivenciadas por esses alunos, pois tem como objetivo aproximar o ambiente de aprendizagem com o seu dia-a-dia. Esse projeto será fundamentado teoricamente de acordo com os estudos de Vygotsky com relação à teoria da mediação. O participante desse estudo é um aluno de sete anos, com cegueira congênita, que está vivenciando as suas primeiras experiências escolares. Esse participante será acompanhado pela professora-pesquisadora em parceria com a professora da classe, que conjuntamente utilizarão as atividades curriculares de matemática elaboradas para possibilitar a apropriação de conceitos como número, quantidade, ordem, capacidade, soma e subtração. Os procedimentos metodológicos deste projeto de pesquisa estão fundamentados no estudo de caso e na observação participante, ambos de natureza qualitativa. O diário de campo da professora-pesquisadora, as entrevistas semiestrutradas e as atividades elaboradas com o material manipulativo barras de Cuisenaire serão os instrumentos utilizados para a coleta de dados deste estudo. Ao final da condução deste projeto, será elaborado como produto educacional um caderno de sugestões, que também poderá ser impresso em Braille, pois tem como objetivo auxiliar os professores no processo educacional de alunos cegos.

Palavras-chave: Educação Matemática; Alunos Deficientes Visuais, Barras de Cuisenaire.

1 Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Educação Matemática-UFOP 2

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Introdução

Um novo paradigma educacional vem sendo construído no Brasil. Esse paradigma está relacionado com a concepção de uma escola aberta, que tem por objetivo acolher as diferenças e a pluralidade cultural da população brasileira. Esse é um paradigma que vem sendo consolidado pela mídia, pelas organizações sociais e por políticas públicas, pois tem “levado a busca de uma necessária transformação da escola e das alternativas pedagógicas com o objetivo de promover uma educação para todos nas escolas regulares” (FERNANDES e HEALY, 2007, p. 59). Assim, em ressonância com esse

(...) novo paradigma educativo, a escola deve ser definida como uma instituição social que tem por obrigação atender todas as crianças, sem exceção. A escola deve ser aberta, pluralista, democrática e de qualidade. Portanto, deve manter as suas portas abertas às pessoas com necessidades educativas especiais (GOFFREDO, 1999, p. 31).

Dessa maneira, nas últimas décadas, tem-se tornado frequente o debate sobre um sistema educacional inclusivo, que abranja as esferas política, cultural, social e pedagógica, para que se possa manifestar em prol do direito de todos os alunos a uma educação de qualidade. Sob esta perspectiva inclusiva, os alunos com deficiência visual têm dificuldades para desempenhar as atividades curriculares nas quais a visão é essencial para a sua realização. Nesse sentido, os alunos cegos são limitados na realização dessas tarefas de acordo com a amplitude e a variedade de suas experiências escolares. Então, a adoção de medidas educacionais inclusivas é necessária para que esses alunos possam superar essas limitações (AGRAWAL, 2004).

Os conceitos matemáticos podem ser difíceis para os alunos entenderem em virtude de sua natureza abstrata. Nesse sentido, é importante que os professores tenham como foco facilitar o entendimento de conceitos matemáticos ao invés de preparar os alunos para praticar e decorar procedimentos de rotina (NCTM, 2000). A utilização de materiais manipulativos nas salas de aula de matemática apoia essa abordagem que possibilita que os alunos compreendam os conteúdos matemáticos permitindo-os descobrirem e aplicarem os conceitos propostos em sala de aula (CLEMENTS e BATTISTA,

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1990). Os materiais manipulativos são objetos concretos que podem ser fisicamente manipulados pelos alunos para demonstrar ou modelar conceitos matemáticos abstratos. Esses materiais incluem os Tangrams, os cubos, o material dourados e as barras de Cuisenaire.

A utilização contínua dos materiais manipulativos tem um efeito positivo no desempenho dos alunos, pois permitem a utilização de objetos concretos para observar, modelar e internalizar conceitos matemáticos (MILLER e O’NEIL, 2004). Esses materiais auxiliam os alunos a construírem os próprios modelos cognitivos para as ideias e os processos matemáticos por meio do oferecimento de uma linguagem comum para que possam comunicar esses modelos para os professores e demais alunos.

Metodologia

Este estudo utilizará a metodologia de pesquisa qualitativa, que tem por objetivo qualificar e atribuir qualidades quando se investiga questões subjetivas (JAVARONI, SANTOS e BORBA, 2011) Assim, a resposta para a questão de investigação será obtida a partir da coleta de dados descritivos e do contato direto e interativo da professora-pesquisadora com as informações que têm relação com a problemática desse estudo. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa tem como

(...) foco entender e interpretar dados e discursos, mesmo quando envolve grupos de participantes, (...) [Esse tipo de pesquisa] depende da relação [entre] observador-observado (...). Essa metodologia por excelência repousa sobre a interpretação e várias técnicas de análise de discurso (D’AMBROSIO, 2006, p. 10).

Dessa maneira, quando se está elaborando ou executando uma pesquisa em educação matemática, busca-se entender as relações que acontecem com o objeto do estudo, que está ancorado em uma perspectiva teórica que sustenta a maneira de concepção do mundo em que se vive. Então, a pesquisa pode ser descrita como uma

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(...) trajetória circular em torno do que se deseja compreender, não se preocupando única e exclusivamente com seus princípios, leis e generalizações, mas sim focando nos elementos que se constituem significativos para o pesquisador (JAVARONI et al., 2011, p. 198).

Nesse direcionamento, o processo metodológico qualitativo constitui-se por meio de ações da observação com as quais os “pesquisador[es] também se baseia[m] em hipóteses, possu[em] intencionalidade na participação do grupo” (FIORENTINI e LORENZATO, 2006, p. 109). Assim, diante dessa perspectiva, a abordagem qualitativa é o tipo de pesquisa que melhor responde às inovações intrínsecas ao desenvolvimento curricular, pois depende da observação das reações e do comportamento dos indivíduos. Então, os pesquisadores e os pesquisados desenvolvem uma relação íntima. De acordo com essa abordagem, as entrevistas são fundamentais na condução de pesquisas e investigações e a observação de reações dos respondentes são facilitadas pelos seus registros (D’AMBROSIO, 2006). Então, a técnica qualitativa permite aos pesquisadores e investigadores liberdade e flexibilidade para que possam focalizar de uma maneira ampla e holística os temas que estão relacionados com a problemática a ser estudada (BOGDAN e BIKLEN, 1992).

Resultados e discussão

As barras de Cuisenaire são materiais manipulativos versáteis utilizados para ensinar conteúdos matemáticos diversificados como as quatro operações básicas, as frações, as áreas e os volumes de figuras geométricas, raízes quadradas, a lineares e quadráticas e sistemas de equações. Essas barras (réglettes em francês) foram denominadas Cuisenaire por causa de seu inventor Georges Cuisenaire (1891-1976), um professor belga, que inventou essas réguas coloridas de madeira para ensinar aritmética para os seus alunos. Cuisenaire também publicou, em 1952, o livro intitulado Les Nombres

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en Couleurs sobre a utilização desse material. A figura 01 mostra as barras de

Cuisenaire.

Figura 01: Barras de Cuisinaire

Fonte: Arquivo pessoal da professora-pesquisadora

As barras de Cuisenaire podem ser utilizadas para auxiliar as crianças aprenderem muitos conceitos matemáticos como os numéricos e as medidas (CHARLES, HOLDEN e BRUMMETT, 1989). Por exemplo, os resultados do estudo conduzido por Marsh e Cooke (1996) mostraram que a utilização das barras de Cuisenaire contribuiu para que os alunos do terceiro ano do ensino fundamental pudessem identificar as operações matemáticas necessárias para a resolução dos problemas propostos em sala de aula.

A utilização de materiais manipulativos para representar as ideias matemáticas é recomendada pelo National Council of Teachers of Mathematics (NCTM, 2000), pois possibilita o emprego de objetos concretos, físicos e observáveis, como por exemplo, as barras de Cuisenaire, para ensinar conceitos matemáticos abstratos tornando-os visíveis, táteis e com significado (JESSICA, 1995). De acordo com esse contexto, é importante considerar a educação social de crianças com deficiências e o seu potencial de aprendizado, pois propõe que essas crianças sejam estudadas sob uma perspectiva qualitativa e não como uma variação quantitativa das crianças sem deficiências (VYGOTSKY, 1989 apud HEALY e FERNANDES, 2011).

Como o presente estudo é voltado o ensino de matemática para um aluno cego, as cores não têm influência para a percepção dos números relacionados com as barras do material manipulativo Cuisenaire. Então, esse material deve ser adaptado às necessidades educacionais desse participante. Nesse contexto, os materiais adaptados devem ser simples, resistentes, duráveis, de fácil manuseio, bem como agradáveis ao tato, para que possam

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favorecer a visualização dos conteúdos ensinados por meio desse sentido (SÁ, 2011), pois visa facilitar a leitura tátil desses materiais pelos alunos com deficiências visuais.

Dessa maneira, os códigos relacionados com a textura empregada nesses materiais podem ser utilizados para simbolizar as cores para alunos cegos ou com baixa visão. Então, os materiais manipulativos adaptados são recursos pedagógicos importantes para que os professores possam preparar e elaborar as atividades curriculares. Contudo, Sá (2011) afirma que a produção e a adaptação desses materiais devem a) aproximar-se do modelo original, b) ser atraentes e agradáveis ao tato, c) ser pertinentes em relação aos conteúdos a serem estudados, d) ser adequados à faixa etária dos alunos, e) observar as suas dimensões e tamanho, f) evitar o excesso de detalhes ou o exagero de formas e contornos e g) utilizar traços e formas simples para facilitar a percepção e a compreensão parcial e global do objeto representado.

Nesse sentido, é importante que os professores escolham os materiais manipulativos adequados em relação à qualidade, textura, durabilidade e consistência, para que os alunos com deficiências visuais e cegos sejam beneficiados pelo seu manuseio em sala de aula (SÁ, 2011). Dessa maneira, torna-se necessária uma adaptação do material manipulativo das barras de Cuisenaire, sem perder, contudo, a intencionalidade existente na correspondência entre os números representados por essas barras e as suas respectivas cores.

As adaptações realizadas nas barras de Cuisinaire foram realizadas pela professora-pesquisadora e seu orientador após conversas realizadas com o Professor Arthur Powell em um congresso de Educação Matemática realizado em Juiz de Fora em 2014 e também com o professor que acompanha o participante desse estudo. Assim, após o professor Arthur Powell comentar sobre a utilização das texturas para a adaptação das barras de Cuisenaire, a professora-pesquisadora e o seu professor orientador determinaram a correspondência entre as cores e os números que essas barras representam (GATTEGNO, 2011). Assim, para adaptar as barras de Cuisenaire às necessidades do participante desse estudo, as cores serão substituídas por

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texturas, com a preocupação de que não se despreze as correspondências existentes entre as cores de mesma nuance, que serão representadas no material adaptado de Cuisenaire com texturas iguais.

Ao final da realização dessa pesquisa, espera-se que se possa obter uma descrição detalhada da maneira como os processos de aprendizagem dos conteúdos matemáticos são desenvolvidos por um aluno cego de sete anos que está cursando o ensino regular de uma escola pública estadual do interior de Minas Gerais com o auxílio do material manipulativo barras de Cuisenaire. Nesse direcionamento, espera-se também que essa investigação mostre quais são as contribuições da utilização de materiais manipulativos como a barras de Cuisenaire para o desenvolvimento do processo de numeracia desse aluno. Dessa maneira, é esperada a verificação de como é desencadeada a apropriação dos conceitos iniciais de conteúdos matemáticos por um aluno com deficiência visual congênita.

Assim, essa verificação poderá contribuir com o desenvolvimento da numeracia deste aluno, pois poderá possibilitar a verificação das contribuições desse material manipulativo como mediador do processo de apropriação dos conhecimentos matemáticos de uma maneira dinâmica e criativa. Finalizando, espera-se que o produto educacional que se originará da realização desse projeto possa contribuir para auxiliar os professores no desenvolvimento de sua prática docente com os alunos com deficiências visuais.

Referências

AGRAWAL, S. Teaching mathematics to blind students through programmed learning

strategies. Delhi, India: Abhijeet, 2004.

CHARLES, W.; HOLDEN, L.; BRUMMETT, M. R. Linking mathematics with

manipulative. Sunnyvale, CA: Creative Publications, 1989.

CLEMENTS, D. H.; BATTISTA, M. T. Research into practice: constructivist learning and teaching. Arithmetic Teacher, v. P. 38: 34-35, 1990.

FERNANDES, S. H. A. A. Das Experiências Sensoriais aos conhecimentos

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cegos e com visão subnormal numa escola inclusiva. Tese de Doutorado, Pontifícia

Universidade Católica, São Paulo, SP, Brasil., 2008

FIORENTINI, D; LORENZATO,S. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2006.( Coleção de Formação de professores)

HEALY, L.; FERNANDES, S.H.A.A.Relações entre atividades sensoriais e artefatos

culturais na apropriação de práticas matemáticas de um aprendiz cego. Educar em

Revista (Impresso), v. Esp., p. 227-244., São Paulo, SP, 2011

GATTEGNO, C. Mathematics textbook 1.Qualitative arithmetic – the study of numbers from 1 to 20. New York, NY: Educational Solutions Worldwide Inc., 2011.

GOFFREDO, V. L. F. S. Educação: direito de todos os brasileiros. Salto para o futuro: educação especial. Tendências atuais. Brasília, DF: SEED/MEC, 1999.

JAVARONI, S. L.; SANTOS, S. C.; BORBA, M. C. Tecnologias digitais na produção e análise de dados qualitativos. Educação Matemática Pesquisa, v.13, n. 1, p. 197-218, 2011.

JESSICA D. Using the cuisenaire rods: a text guide for teachers. Fishguard, England: Cuisenaire Company of America, Inc., 1995.

MILLER, J.; O’NEIL, M. Beginning Algebra. New York, NY: The McGraw- Hill Companies, Inc., 2004.

MARSH, L. G.; COOKE, N. L. The effects of using manipulatives in teaching math: problem-solving to students with learning disabilities. Research and Practice, v. 11, n. 1, p. 58-65, 1996.

NCTM. Principles and standards for school mathematics. Reston, VA: National Council of Teachers of Mathematics, 2000.

SÁ, E. D. Atendimento educacional especializado para alunos cegos e com baixa visão. São Paulo, SP: Atendimento Educacional Especializado – AEE, 2011. Disponível em

Referências

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