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OCORRÊNCIA DE CISTICERCOSE BOVINA EM MATADOURO FRIGORÍFICO EXPORTADOR DE ITUIUTABA / MG

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OCORRÊNCIA DE CISTICERCOSE BOVINA EM MATADOURO FRIGORÍFICO

EXPORTADOR DE ITUIUTABA / MG

SANTOS, C. C. G. 1; MOREIRA, M. D..2

1Médico Veterinário pela UFU - Universidade Federal de Uberlândia, Av. Pará, 1720

CEP 38400-902, Uberlândia – MG. e-mail: carlos.gomes@agricultura.gov.br;

2Prof. MSc. Titular Tecnologia e Inspeção de Carnes, UFU - Universidade Federal de Uberlândia, Av. Pará, 1720 –

CEP 38400-902, Uberlândia – MG. e-mail: marcosdmlogos@yahoo.com.br

RESUMO: A cisticercose bovina é a zoonose parasitária de maior incidência diagnosticada em bovinos abatidos em

frigoríficos sob inspeção, causando grandes perdas econômicas além de ser um grave problema de Saúde Pública. Os dados referentes aos bovinos abatidos durante o período de Janeiro de 2005 a Dezembro de 2009 foram coletados dos arquivos do Serviço de Inspeção Federal (SIF 504), Ituiutaba - MG. Foram considerados positivos para cisticercose os animais que apresentaram cistos viáveis (vivos) ou degenerados (calcificados). No período estudado foram abatidos 1.516.597 bovinos provenientes de 196 municípios dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, sendo diagnosticados 14.126 casos de cisticercose (viva e calcificada), dando uma prevalência média de 0,93%, variando de 0,82% a 1,12%. Os resultados demonstram a necessidade de se implantar ações de educação sanitária e orientação da população quanto aos hábitos alimentares, dentre eles evitar o consumo de carnes bovinas provenientes de abate clandestino.

PALAVRAS CHAVE: Abatedouro. Cisticercose bovina. Prevalência.

OCCURRENCE OF BOVINE CYSTICERCOSIS IN SLAUGHTERHOUSE EXPORTER FROM ITUIUTABA / MG ABSTRACT: Bovine cysticercosis is a parasitic zoonosis of greatest incidence diagnosed in cattle in slaughterhouses under

inspection, causing great economic losses in addition to being a serious public health problem. The data for cattle slaughtered during the period January 2005 to December 2009 were collected from the files of Federall Inspection Service (SIF 504), Ituiutaba - MG. Were considered positive for cysticercosis animals that had cysts viable (alive) or degenerated (calcified). In the study period were 1,516,597 cattle slaughtered from 196 municipalities in the states of Goias, Mato Grosso, and Minas Gerais, 14 126 diagnosed cases of cysticercosis (live and calcified), giving an average prevalence of 0.93% and ranged from 0, 1.12% to 82%. The results demonstrate the need to implement actions for health education and guidance of the population regarding eating habits, among them avoid the consumption of beef from illegal logging.

KEYWORDS: Bovine cysticercosis. Prevalence. Slaughterhouse.

INTRODUÇÃO

O Brasil ocupa atualmente uma posição de destaque no comércio do agronegócio internacional, sendo hoje o maior produtor e exportador de carne bovina e de frango. Soma-se a isso o fato de o Brasil ser o possuidor do maior rebanho bovino comercial do mundo, e com condições favoráveis de expansão. (BRASIL, 2010).

Neste cenário todas as enfermidades dos bovinos passam a ter importância, pois as barreiras sanitárias constituem o maior entrave às exportações, se destacando entre elas a cisticercose que além dos prejuízos econômicos é um risco à Saúde Pública.

Esta enfermidade apresenta distribuição cosmopolita, sendo considerada de grande potencial zoonótico, apresentando prevalência variável em diferentes áreas geográficas do mundo (ACHA; SZYFRES, 1986; QUEIROZ et al., 2000; SANTOS, 1993b). No Brasil, é considerada enzoótica, podendo muitas vezes ter um

caráter epizoótico, sendo seus dados publicados muito menores do que a ocorrência verdadeira (SANTOS, 1993 b).

Tem como causadora a forma larvar da Taenia

saginata, que forma cisticercos, depois de se fixar na

musculatura de diversas partes do corpo do hospedeiro intermediário. Este se contamina a partir da água ou alimento contaminado por fezes do hospedeiro definitivo, neste caso o ser humano.

A fase adulta deste cestóide ocorre no trato intestinal do homem que se infecta ingerindo carne crua ou insuficientemente cozida, parasitada com a larva: o

Cysticercus bovis.

Os abatedouros com serviço de inspeção são considerados um instrumento de profilaxia e vigilância epidemiológica de doenças veiculadas por alimentos, pois possibilitam o rastreamento de áreas de ocorrência de teníase e cisticercose animal (RICCETTI et al., 1989; PARDI et al., 1991). Através da inspeção sanitária dos

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animais abatidos e das suas respectivas carcaças e vísceras nos matadouros se consegue diminuir ou até erradicar da população humana, o complexo teníase-cisticercose. (REIS; RAGHIANTE, 2000).

O diagnóstico da cisticercose bovina é realizado na inspeção post mortem que ocorre durante o abate nos matadouros e consiste basicamente na avaliação visual macroscópica de cisticercos nos tecidos e órgãos da carcaça. A inspeção das carcaças é feita rotineiramente mediante incisões praticadas em áreas consideradas de predileção para o cisticerco, como coração, músculos da mastigação, língua, diafragma e seus pilares e massas musculares da carcaça. Porém, a inspeção por si só não consegue detectar todos os cisticercos presentes na carcaça, uma vez que por questões estéticas e comerciais, não são retalhados todos os órgãos, vísceras e músculos das carcaças, caso contrário a depreciação da mesma seria muito grande (BRASIL, 1996).

Durante a inspeção post-mortem de carcaças e vísceras, o médico veterinário e auxiliares de inspeção, podem se deparar com diferentes formas de apresentação de cisticerco, desde viáveis (císticos) ou degenerados (calcificados), até os localizados ou generalizados, de acordo com o aspecto larvar e a sua distribuição na carcaça (BIONDI et al, 2000; SANTOS, 1984; COSTA, 2003). Nesses casos, as carcaças e órgãos são encaminhados ao Departamento de Inspeção Final (DIF), onde é feita uma inspeção rigorosa dos achados post-mortem, que leva, dependendo do desenvolvimento da doença e do nível de infestação, ao destino adequado de tal carcaça, sempre de acordo com o Artigo 176, Parágrafos 1°, 2°, 3°e 5° do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 1950).

O presente estudo apresenta a prevalência da doença nos animais abatidos durante os anos de 2005 a 2009 em frigorífico sob Inspeção Federal, e também a procedência dos animais doentes, com o intuito de mostrar a disseminação da doença nos rebanhos de diferentes regiões e fornecer subsídios para a elaboração de uma política de controle efetivo do problema.

A cisticercose bovina, segundo DUARTE et al (1981), é uma infestação causada pela larva da Taenia

saginata, o Cysticercus bovis, que se desenvolve de

preferência no tecido conjuntivo intermuscular e ocasionalmente no fígado, pulmão, olhos, cérebro, baço, rins e coração.

A Taenia saginata é um enteroparasita grande, achatado, em forma de fita, segmentado e de cor branca. Pode medir de 4 a 12 metros, já tendo sido encontrado exemplar com até 25 metros. Quando adulta é constituída de cabeça ou escólex, colo, e de um estróbilo ou corpo, em forma de fita, compondo uma cadeia de segmentos 8 denominados proglotes ou anéis. O homem é um elo essencial na epidemiologia da teníase / cisticercose, pois é o único hospedeiro definitivo da forma adulta da Taenia

saginata, infectando-se através da ingestão de carne bovina

crua ou insuficientemente cozida, contendo cisticercos viáveis (BRASIL, 1996).

A única fonte de infecção capaz de eliminar ovos viáveis da Taenia saginata é representado pelo hospedeiro humano portador da forma adulta deste parasita (CÔRTES, 2000).

Um homem que tem teníase elimina junto com as suas fezes ovos da tênia. Esse portador pode eliminar milhões de ovos, diariamente, livres nas fezes ou como segmentos intactos (proglotes), contendo cada um cerca de 250.000 ovos e estes podem sobreviver no pasto durante vários meses (URQUHART, 1987).

A cisticercose, somente é adquirida pela ingestão, de ovos viáveis de Taenia saginata, sendo que o mecanismo de disseminação é representado pelo solo, água e alimentos contaminados com esses ovos (CÔRTES, 2000).

Um bovino susceptível ingere tais ovos no pasto ou na água contaminada, e estes seguem pelo intestino, e lá eclodem pela ação do suco pancreático. Seus embriões penetram na mucosa intestinal, caem no sangue, chegando a musculatura estriada. A predileção por essa musculatura se dá pelo tropismo do parasito por áreas com maior aporte sanguíneo (ALMEIDA et al., 2006).

O cisticerco maduro, no bovino, é branco acinzentado, com cerca de 1 cm de diâmetro e cheio de líquido, no qual o escoléx em geral é nitidamente visível, também não possui nem rostelo nem ganchos. Pode ser encontrado em qualquer parte da musculatura estriada (URQUHART et al., 1998).

Os cisticercos podem se extinguir em todas as fases de desenvolvimento, podendo se calcificar, serem absorvidos e substituídos por tecidos de granulação, 14 dias após a morte do animal, os cisticercos vivos se extinguem da musculatura (ARÇARI, 2008).

A cisticercose bovina, geralmente, não apresenta sinais clínicos aparentes, impossibilitando assim o diagnóstico da doença em animais vivos (URQUHART et al., 1998).

Geralmente, no caso de teníase, que é caracterizada pela presença da Taenia saginata no homem, observa-se hemorragias causadas pela fixação do parasita na parede do intestino delgado, produção de muco pela inflamação, apetite excessivo, náuseas, perda de peso, prurido anal, cefaléia, vertigem, diarréia, vômito, tonturas, entre outros (REY, 2001).

Nos abatedouros, a inspeção das carcaças têm grande importância no controle da introdução do complexo teníase/cisticercose em uma população, com este monitoramento é possível detectar área onde a teníase humana apresenta índices maiores, sendo assim um instrumento da profilaxia e vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis (PARDI et al., 1991; RICCETTI et al., 1989).

Segundo Fukuda (1996), as carcaças e órgãos após devidamente inspecionados, devido ao seu

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comprometimento, de acordo com o médico veterinário responsável, são encaminhados aos seus destinos, desde a liberação para consumo, salsicharia, tratamento pelo sal (salga), conserva (esterilização pelo calor), congelamento (tratamento pelo frio), a até condenação total (graxaria).

Tais carcaças devem ser examinadas por uma equipe de fiscalização sanitária sob a supervisão do médico veterinário encarregado dos trabalhos de inspeção sanitária (FUKUDA, 1996).

Santos (1998), em estudo realizado em Divinópolis/MG verificou que do abate de 42.854 bovinos, 1591 apresentavam-se infestados pela cisticercose. A prevalência encontrada foi de 3,71%

Batista (1999), em estudo realizado nos Matadouro frigoríficos de abate bovino com Inspeção Federal em Minas Gerais, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 1997 encontrou uma prevalência global de 2,90%, com variações por matadouro frigorifico de 0,32% a 6,865.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados apresentados no presente trabalho foram coletados pelo autor a partir do acompanhamento diário dos trabalhos da equipe do Serviço de Inspeção Federal – SIF 504, junto ao Frigorífico Bertin S.A, em Ituiutaba/MG. Durante 5 (cinco) anos, de janeiro de 2005 a dezembro de 2009, foi acompanhado o trabalho de inspeção ante mortem, verificação documental, incluindo as Guias de Trânsito Animal e declarações que habilitam os animais para exportação, o abate propriamente dito e, principalmente os achados na inspeção post mortem. Foram abatidos em média 850 animais / dia, sendo todos inspecionados independente de sexo e idade. Todas as carcaças e vísceras em que se encontraram pelo menos um cisto viável ou um calcificado, foram desviadas para o DIF (departamento de inspeção final), onde foram criteriosamente examinadas por um médico veterinário que emitiu o diagnóstico e deu o destino à carcaça:

- baixa infestação por cisticercose viva a carcaça é destinada para congelamento por no mínimo 15 dias a -10ºC;

- média infestação a carcaça é destinada para esterilização pelo calor (conserva);

- alta infestação a carcaça é destinada para graxaria. (BRASIL, 1950; MONTEIRO, 2010).

A partir do diagnóstico firmado eram anotados os dados referentes aos animais e sua procedência. Estes dados foram anotados diariamente, resumidos por mês, ano e posteriormente agrupados para o período amostrado. As tab. 1 e 2 a seguir são exemplos das planilhas usadas para anotações dos dados:

TABELA 1 -

MAPA MENSAL DE CONDENAÇÕES-SIF 504 ABRIL 2009

Quantidade Abate

DIA MACHO FEMEA CIST.

VIVA

CIST. CALCIF. 01 Não Houve Abate

02 651 262 4 8

03 764 258 3 4

04 615 467 7 7

05 Domingo

06 Não Houve Abate

07 684 104 3 6

08 468 285 5 9

09 683 229 7 4

10 Feriado

11 Não Houve Abate

12 Domingo

13 887 183 1 13

14 Não Houve Abate

15 834 275 3 28

16 796 337 7 5

17 1.186 216 6

18 1.194 197 4 6

19 Domingo

20 Não Houve Abate

21 Feriado 22 1.153 184 3 13 23 1.207 215 5 24 1.256 183 6 13 25 1.159 272 1 9 26 Domingo 27 1.063 348 10 12 28 1.173 226 17 2 29 1.142 265 3 5 30 1.060 342 2 5 Total 18.075 4.848 91 155 TABELA 2 -

MAPA ANUAL DE CONDENAÇÕES – ANO2006

Mês Quantidade Abate Cist.

Viva Cist. Calcif. Janeiro 22.711 156 265 Fevereiro 18.078 121 207 Março 22.546 143 131 Abril 21.328 115 154 Maio 45.921 202 199 Junho 29.576 158 216 Julho 29.847 157 157 Agosto 28.773 157 73 Setembro 26.673 160 71 Outubro 30.122 181 87 Novembro 27.306 209 123 Dezembro 28.864 185 97 Total 331.745 1.944 1.780

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram abatidos no período (janeiro/2005 a dezembro/2009), 1.516.597 bovinos provenientes de 196 municípios dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, sendo diagnosticados 14.126 casos de cisticercose (viva e calcificada), dando uma prevalência média de 0,93%, variando de 0,82% a 1,12% conforme demonstrado na Tab. 3.

TABELA 3 - Ocorrência anual de cisticercose bovina viva e calcificada em matadouro frigorífico exportador no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009, Ituiutaba/MG.

Ano Total de animais abatidos N° de casos de cisticercose calcificada Prevalência % N° de casos de cisticercose viva Prevalência % Total de animais diagnosticados com cisticercose bovina Prevalência cisticercose bovina (%) 2005 229.788 566 0,25 1.327 0,58 1.893 0,82 2006 331.745 1.780 0,54 1.944 0,58 3.724 1,12 2007 277.236 732 0,26 1.808 0,65 2.540 0,92 2008 338.914 1.335 0,39 1.711 0,50 3.046 0,90 2009 327.339 1.624 0,50 1.299 0,40 2.923 0,89 Total 1.516.517 6.037 0,40 8.089 0,53 14.126 0,93

A Tab. 4 mostra os Estados da Federação que tiveram animais abatidos no Matadouro Frigorifico no período estudado e que apresentaram cisticercose viva. Os dados foram analisados e determinados as respectivas prevalências.

TABELA 4 – Prevalência da cisticercose viva de acordo com a origem por Estado dos animais abatidos em matadouro frigorífico exportador no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009, Ituiutaba/MG.

Procedência ( UF) N/ animais abatidos N° casos cisticercose viva Prevalência ( % )

Goiás 148.053 548 0,37

Mato Grosso 20.440 20 0,01

Minas Gerais 1.348.104 7.521 0,56

Total 1.516.517 8.089 0,53

Este resultado difere de outros apurados em trabalhos publicados, sendo que Reis et al.(1996), analisando dados de um período de 15 anos (1979 – 1993), do abate de bovinos em frigorífico de Uberlândia, Minas Gerais, encontraram uma prevalência média de 1,87%. Já Fukuda et al.(1996) analisando os dados do Serviço de Inspeção Federal do Estado de São Paulo no período de 1980 a 2001, encontraram uma prevalência média de 4,28%.

Verifica-se que a porcentagem de bovinos com cisticercose (0,93%) encontrada no atual trabalho é baixa quando comparada com estudos realizados por Lagaggio et al. (2007), em frigorífico de Inspeção Estadual do Rio Grande do Sul, em que a prevalência foi de 4,11% num estudo abrangendo dez anos, em trabalhos realizados por Fukuda et al. (2003) em um frigorífico de Inspeção Federal do Estado de São Paulo, em que foi encontrada a ocorrência de 4,28% no período de 1980 a 2001, em um estudo feito por Moreira et al. (2002), no Município de Uberlândia/MG onde encontrou-se uma prevalência de

cisticercose bovina de 7% em matadouro-frigorífico sob inspeção federal, compreendendo o período de 1997 a 1999 e em trabalho realizado por Almeida et al. (2002), onde observaram incidência de 10% de animais positivos em dois matadouros frigoríficos da cidade de Uberlândia, um com Inspeção Municipal e outro com Inspeção Federal. Alguns estudiosos obtiveram resultados próximos ao encontrado nesse trabalho, como Corrêa et al. (1997) que detectaram 1,8% de animais positivos em um matadouro-frigorífico de inspeção oficial do Estado, Bueno (2006), observou uma prevalência de 1,08% em matadouros frigoríficos do município de Muzambinho de 1995 a 2006.

Prevalências de cisticercose bovina maiores que as encontradas no presente trabalho também foram descritas por Polegato et al. (2001), na cidade de Marília – SP, em que foi visto um percentual de 6,5%; por Calderari et al. (2001), em Ponta Grossa – PR, com prevalência de 2,25% entre 1995 e 2000. Em outro estudo feito no Rio Grande do Sul, Junior (2001), observou uma prevalência de

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cisticercose bovina de 2,47% no ano de 2000 em frigoríficos do Estado com inspeção estadual. Já em Goiás, Penido (2006), avaliou a ocorrência de animais com cisticercose em um matadouro-frigorífico de Inspeção Estadual, observando índices de 2,4% de animais positivos.

Para melhor visualização dos resultados, os municípios foram divididos de acordo com o número de casos de cisticercose viva diagnosticados, tendo encontrado a seguinte distribuição:

- 107 municípios (cor verde) ou 54,59% tiveram entre 1 a 10 casos;

- 52 municípios (cor amarela) ou 26,53% tiveram entre 11 a 50 casos;

- 37 municípios (cor vermelha) ou 18,88% tiveram acima de 50 casos, até o máximo de 1007 casos.

Estes dados por Estado de origem dos animais são apresentados nas Fig. 1, 2, e 3.

FIGURA 1. Prevalência da cisticercose por procedência dos bovinos abatidos no Frigorífico Bertin, em Municípios de Minas Gerais, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009, Ituiutaba-MG.

Abadia dos Dourados, Açucena, Aimorés, Alpercata, Araçuaí, Ataleia, Augusto de Lima, Bonfinópolis de Minas, Campanario, Campo Azul, Campos Altos, Cascalho Rico, Central de Minas, Chapada Gaucha, Conceição das Alagoas, Coração de Jesus, Comendador Gomes, Conselheiro Pena, Delta, Divino das Laranjeiras, Dom Bosco, Douradoquara, Engenheiro Caldas, Engenheiro Navarro, Felixlândia, Fernandes Tourinho, Formoso, Francisco Dumont, Frei Gaspar, Frei Inocencio, Fronteira, Galiléia, Gameleiras, Guimarânia, Grupiara, Indianópolis, Inimutaba, Januária Jequitaí, Lagoa da Prata, Luz, Manga, Mathias Lobato, Martinho Campos, Matipó, Marilac, Monjolos, Montalvânia, Monte Azul, Pará de Minas, Patis, Perdigão, Pescador, Pirapora, Raul Soares, Resplendor, Romaria, Salinas, Santa Fé de Minas, Santa Juliana, São Domingos do Prata, São Geraldo do Baixio, São João da Ponte, São José do Divino, São José do Goiabal, São Pedro dos Ferros, Sobralia, Tapira, Teófilo Otoni, Tumiritinga, Uruana de Minas, Urucuia, Varzelândia, Verissimo.

Araguari, Araxá, Arinos, Bocaiúva, Buritis, Brasilândia de Minas, Cabeceira Grande, Cachoeira Dourada, Campo Florido, Centralina, Cruzeiro da Fortaleza, Curvelo, Estrela do Sul, Francisco Sá, Frutal, Governador Valadares, Itacarambi, Itapagipe, Iturama, Jaíba, Janaúba, Juramento, Lagamar, Lagoa dos Patos, Matias Cardoso, Monte Carmelo, Montes Claros, Pedrinópolis, Pratinha, Riachinho, Rio Paranaiba, Sacramento, São Francisco, São Francisco de Sa, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, São Romão, Tiros, Tupaciguara, União de Minas, Varjão De Minas, Verdelãndia.

Buritizeiro, Campina Verde, Canápolis, Capinópolis, Capitão Enéas, Carmo do Paranaíba, Carneirinho, Coromandel, Guarda-Mor, Gurinhatã, Ibiá, Ipiaçu, Ituiutaba, João Pinheiro, Lagoa Formosa, Lagoa Grande, Limeira do Oeste, Matutina, Monte Alegre de Minas, Natalândia, Nova Ponte, Paracatu, Patos de Minas, Patrocínio, Perdizes, Pompéu, Prata,Presidente Olegário, Santa Vitória, Serra do Salitre, Uberaba, Uberlândia, Unaí, Várzea da Palma, Vazante.

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FIGURA 2. Prevalência da cisticercose por procedência dos bovinos abatidos no Frigorífico Bertin, em Municípios de Goiás, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009, Ituiutaba-MG.

Aruanã, Aparecida do Rio Doce, Bom Jesus de Goias, Cachoeira Alta, Cachoeira Dourada, Catalão, Cumari, Doverlândia, Firminópolis, Goianésia, Inaciolândia, Ipameri, Itarumã, Jandaia, Jataí, Joviânia, Marzagão, Nova Aurora, Piracanjuba, Piranhas, Pirenópolis, Pires do Rio, Pontalina, Porteirão, Santa Helena de Goiás, Santa Rita do Araguaia, São Simão, Turvelândia.

Aporé, Caçu, Gouvelândia, Itaja, Itumbiara, Jussara, Morrinhos, Paranaiguara, Parauna, Quirinópolis. Corumbaiba, Nerópolis, Mato Grosso

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FIGURA 3. Prevalência da cisticercose por procedência dos bovinos abatidos no Frigorífico Bertin, em Municípios de Mato Grosso, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009, Ituiutaba-MG.

Campinápolis, Cocalinho, Pedra Preta, Ribeirão Cascalheira, Rondonópolis.

As diferenças encontradas no número de casos diagnosticados não podem ser por si só utilizadas para afirmar que a prevalência absoluta seja maior ou menor. As variações na freqüência de abate ( n° de propriedades que abatem / município e n° de abates/ propriedade) , no número de animais abatidos, no tipo de exploração da propriedade (extensiva / intensiva), na execução das técnicas de diagnóstico “post mortem”, influenciam os resultados obtidos já que podem haver falhas e animais doentes não serem diagnosticados Pode-se, no entanto, afirmar que a doença está presente em todos os municípios amostrados.

CONCLUSÕES

A prevalência da cisticercose bovina no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009 foi de 0,93%.

No período estudado a ocorrência 0,53%) de cisticercose viva foi superior à calcificada (0,40%). Com relação à procedência dos animais abatidos o Estado de Minas Gerais apresentou maior prevalência de cisticercose viva (0,53%).

As estratégias de combate a esta doença devem ser realizadas em função das endemias regionais identificadas, do estado sanitário do rebanho, do perfil de sistema de produção e da orientação do órgão de defesa estadual. As medidas devem levar em conta aspectos multidisciplinares que interrompam o ciclo do parasita e impeçam que bovinos ingiram ovos do verme, tais como: uso de fossas sanitárias nas propriedades rurais, para evitar a contaminação de aguadas e pastagens; conscientização dos trabalhadores rurais quanto a sua importância no controle da doença; tratamento antiparasitário semestral dos funcionários das propriedades com medicamento específico para o parasito, diminuindo assim as chances de ocorrência do parasito no intestino do homem e possível eliminação de ovos nas fezes; combate ao abate clandestino (não inspecionado) , visando reduzir as chances do homem ingerir carne bovina infectada e capacitação da mão de obra com melhoria dos métodos de diagnóstico “post mortem” nos abatedouros através da reciclagem e atualização dos agentes de inspeção e médicos veterinários.

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Referências

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