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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CAMILA PAULINO R. A. TEIXEIRA EFEITOS COMPORTAMENTAIS E PSICOFISIOLÓGICOS DA MEDITAÇÃO

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CAMILA PAULINO R. A. TEIXEIRA

EFEITOS COMPORTAMENTAIS E PSICOFISIOLÓGICOS DA MEDITAÇÃO MINDFULNESS NO EMPREGO DE DUAS ESTRATÉGIAS DE

REGULAÇÃO EMOCIONAL

São Paulo

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CAMILA PAULINO R. A. TEIXEIRA

Efeitos comportamentais e psicofisiológicos da meditação Mindfulness no emprego de duas estratégias de regulação emocional

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Distúrbios do

Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio

São Paulo 2018

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T266e        Teixeira,  Camila  Paulino  Rodrigues  Alves.  

                                         Efeitos  comportamentais  e  psicofisiológicos  da  meditação  

mindfulness  no  emprego  de  duas  estratégias  de  regulação  emocional  /   Camila  Paulino  Rodrigues  Alves  Teixeira.    

                                         68  f.  :  il.  ;  30  cm      

                                         Dissertação  (mestrado  em  Distúrbios  do  Desenvolvimento)  -­‐   Universidade  Presbiteriana  Mackenzie,  São  Paulo,  2018.                                            Orientador:  Paulo  Sérgio  Boggio.  

                                         Bibliografia:  f.  54-­‐58.    

                                         1.  Regulação  emocional.  2.  Meditação.  3.  Mindfulness.  I.  Boggio,   Paulo  Sérgio,  orientador.  II.  Título.  

 

                                                                                                                                                                                   

                                                                                                                                                                                     CDD    158.12  

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Apoio:

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Dedico este trabalho aos meus pais, cujo amor, entrega e dedicação sem medidas são os combustíveis da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a pessoa do Senhor Jesus Cristo, autor e consumador da minha fé, que me salvou e assim deu a mim um novo sentido de vida e a todas as coisas que faço.

Agradeço ao meu marido, Davi, por ter escolhido casar com uma mestranda na reta final de seu trabalho. Agradeço, principalmente, pela felicidade que me proporciona todos os dias e pelos 7 anos e meio de companheirismo, parceria, suporte e incentivo, tão transformadores para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

Agradeço aos meus pais, Lysias e Sandra e ao meu irmão Gabriel, pelo exemplo de responsabilidade, comprometimento, ética e excelência que por eles foi ensinado a mim por toda a vida e que tanto fizeram diferença neste trabalho e pessoa que sou hoje.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio, por ter me acolhido e acreditado em mim quando cai de paraquedas no laboratório no início de 2015. Receber seu apoio, amizade, instrução e tantos aprendizados foi o que me direcionou para hoje colher este trabalho como fruto. Sou grata pelo exemplo de profissional e ser humano que é para mim e para todos os seus alunos. Isso faz toda a diferença!

Agradeço ao meu amigo Lucas Marques, por tanto me ensinar ao longo destes 3 anos dessa minha caminhada na neurociências. Você não só tanto me ajudou no desenvolvimento deste trabalho, mas também contribuiu para o meu desenvolvimento profissional com o seu exemplo e apoio. Gratidão.

Agradeço a todos os meus parceiros do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, pelo acolhimento, amizade, motivação e companheirismo de todos os dias. Agradeço, principalmente à Ruth Lyra Romero pela amizade especial que construímos ao longo desse tempo e que tornou-se essencial para mim. Agradeço também à Ana Luísa Hack pela força nas coletas e pelos chocolates ao final do dia.

Agradeço ao Fernando Stok pela disposição e alegria com que participou ativamente das coletas do Grupo 1 (Meditação nos Corações Gêmeos). Sou grata por ter disponibilizado tanto do seu tempo para que este trabalho fosse possível de acontecer dessa maneira. Agradeço também aos demais colaboradores da Uni Prana: Rony, Flávio, Inara e Clara, por também auxiliarem nestas coletas.

Agradeço, por fim, à Universidade Presbiteriana Mackenzie por ser minha casa desde 2011 e a todos os professores do programa de Distúrbios do Desenvolvimento com quem tive o prazer de aprender.

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“Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre! Amém”. (Romanos 11:36)

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RESUMO

Dentre as variadas estratégias de se modular os componentes da resposta emocional, a reavaliação cognitiva e a distração se destacam nas pesquisas atuais. Como indicam estudos recentes, a capacidade de regulação emocional é tipicamente aprimorada a partir da meditação mindfulness, prática esta que costuma oferecer benefícios para o funcionamento cognitivo das pessoas e visa aperfeiçoar uma característica intrínseca a todo ser humano: a capacidade de voltar a atenção para o momento presente. Nesse sentido, este estudo buscou investigar o efeito do mindfulness na reavaliação cognitiva e distração. Foram coletados 90 sujeitos saudáveis e sem experiência com meditação. Desses participantes, 30 foram submetidos a uma prática de mindfulness com atenção plena na observação de pensamentos; 30 passaram pela Meditação nos Corações Gêmeos (MCG); e os 30 restantes não passarão por nenhuma das duas práticas (grupo controle). Após a prática, todos os participantes responderam a uma tarefa de observação de imagens de conteúdo afetivo, adotando as estratégias de regulação emocional e avaliando cada uma das imagens quanto sua valência e intensidade. Além dos dados comportamentais, foram registradas medidas psicofisiológicas dos participantes, através da eletrocardiografia (ECG). Os resultados demonstram maior eficácia da MCG em suprimir ou amplificar as emoções, quando analisadas as escalas de valência das imagens. Para as demais medidas (escalas de intensidade e ECG), não houve efeito de grupo, apenas das estratégias. Dessa forma, para diminuir a intensidade de uma imagem negativa, reavaliação cognitiva e distração mostraram-se igualmente eficientes, contudo, somente a reavaliação mostrou-se eficaz para aumentar uma excitação emocional, quando diante de imagens positivas. Em relação aos dados da ECG, não foi encontrada diminuição da aceleração cardíaca estatisticamente significativa em função das estratégias de regulação emocional, do contrário, distração foi a estratégia que recrutou maior aceleração cardíaca durante a tarefa experimental, independentemente da categoria da imagem. Os resultados indicam que a meditação do tipo contemplativa pode influenciar positivamente na capacidade de regulação emocional, mesmo quando efetuada por não-meditadores e uma única vez. Já em relação à meditação Mindfulness, foco deste estudo, não foi encontrado este mesmo efeito imediato, indicando uma maior probabilidade de que os benefícios desta meditação sejam percebidos a partir de uma prática contínua e de longo-prazo, como já visto na literatura.

Palavras-chave: regulação emocional; reavaliação cognitiva; distração; meditação mindfulness; atividade eletrocardiográfica

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ABSTRACT

Among the various strategies for modulating the components of the emotion responses, the cognitive reappraisal and distraction are highlighted in current researches. As indicated in recent studies, the capacity for emotion regulation is typically improved from mindfulness meditation. This practice usually offers benefits to people's cognitive functioning, and aims to perfect a characteristic that is intrinsic to every human being: the ability to turn attention to the present moment. In this sense, this study sought to investigate the effect of mindfulness on cognitive reappraisal and distraction. Ninety healthy subjects without any previous experience in meditation were collected. Of these participants, 30 were submitted to a mindfulness practice with full attention on the observation of thoughts; 30 went through the Meditation on Twin Hearts (MTH); and the remaining 30 did not go through either practice (control group). After the practice, all the participants attended to a task of affective contend images observation, adopting emotion regulation strategies and evaluating each of the images as to their valence and intensity. In addition to the behavioral data, the participants' psychophysiological measures were recorded via electrocardiography (ECG). The results demonstrate a greater efficacy of MTH in suppressing or amplifying the emotions when analyzed the valence scales of the images. For the other measures (intensity scales and ECG), there was not effect of the group, only of the strategies. Thus, to reduce the intensity of a negative image, cognitive reappraisal and distraction were equally efficient. However, only reappraisal proved to be effective in increasing emotional arousal when faced with positive images. Regarding ECG data, there was no statistically significant reduction in cardiac acceleration resulting from emotion regulation strategies. Otherwise, distraction was the strategy that recruited greater cardiac acceleration during the experimental task, regardless of the category of the image. The results indicate that contemplative meditation (MTH) can positively influence the emotion regulation ability, even when performed by non-meditators and only once. However, in Mindfulness meditation, the focus of this study, this same immediate effect was not found, which indicates that the benefits of this meditation can be perceived from a continuous and long-term practice, as already seen in the literature.

Keywords: Emotion Regulation; Cognitive Reappraisal; Distraction; Mindfulness Meditation; Heart Rate Variability

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

 

Figura 1: Os retângulos internos dizem respeito ao modal model (Gross e Thompson, 2007), que

organiza em etapas como se dá o processamento emocional. Os retângulos externos remetem às diferentes estratégias de regulação emocional, alinhadas a cada uma das etapas do processamento emocional. Adaptação do esquema criado e atualizado por Gross (2007; 2015). ... 17

Figura 2: Simulação de uma sequência da tarefa experimental. Após o ponto de fixação, aparecia

uma imagem cuja valência poderia ser positiva, negativa ou neutra. Em seguida, a mesma imagem voltava a aparecer na tela acompanhada da palavra que indicava a estratégia que deveria ser aplicada (i. reavaliação cognitiva: diminua ou aumente; ii. distração ou cálculo matemático; iii. observação ou olhe). A instrução saia da tela e a imagem permanecia por mais 5seg enquanto o sujeito efetuava a estratégia (com exceção do cálculo matemático). Para finalizar a sequência, eram apresentadas mais duas telas com as avaliações de valência e intensidade respectivas à imagem. Ao final deste trial, o ponto de fixação aparecerá novamente e a sequência se repetia ... 26

Figura 3: Gráfico dos níveis de afeto positivo observado antes da intervenção; após intervenção e

após tarefa. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ... 35

Figura 4: Gráfico dos níveis de afeto negativo e positivo observado antes da intervenção; após

intervenção e após tarefa. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. .. 36

Figura 5: Gráfico representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias

de regulação emocional para imagens negativas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ... 37

Figura 6: Gráfico de valência representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das

estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ... 39

Figura 7: Gráfico de valência representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das

estratégias de regulação emocional para imagens neutras. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ... 41

Figura 8: Gráfico de intensidade representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego

das estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ... 42

Figura 9: Gráfico de intensidade representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego

das estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA. ... 43

Figura 10: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação

emocional em relação aos valores de IBI para imagens negativas. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de

significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada. ... 44

Figura 11: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação

emocional em relação aos valores de IBI para as imagens positivas. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de

significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada. ... 46

Figura 12: Gráfico representativo das diferenças entre cada uma das estratégias de regulação

emocional em relação aos valores de IBI para as imagens neutras. Estão representados os valores do IBI0 ao IBI7 ao longo do tempo. Intervalo de confiança de 95%. Os valores de F e o nível de

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LISTAS DE TABELAS

Tabela 1: Tabela representativa de todas as médias (erro padrão) dos scores obtidos em cada uma das escalas. Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada.  34   Tabela 2: Tabela referente às médias (desvio padrão) de cada um dos grupos em relação às estratégias de regulação emocional para imagens negativas. Valores de t, df e p decorrentes de test t para amostras

dependentes. (*) para valor de p significativo (<0.01).  ...  38   Tabela 3: Tabela referente às médias (desvio padrão) de cada um dos grupos em relação às estratégias de regulação emocional para imagens positivas. Valores de t, df e p decorrentes de test t para amostras

dependentes. (*) para valor de p significativo (<0.01).  ...  40   Tabela 4: Tabela referente aos valores de média e erro padrão de cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos IBI 05, 06 e 07 para as imagens negativas. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni.  ...  44   Tabela 5: Tabela referente aos valores de média e erro padrão para as estratégias de distração e observação passiva em relação aos IBI 05, 06 e 07 para as imagens positivas. Valor de p decorrente de post-hoc de

Bonferroni.  ...  45   Tabela 6: Tabela referente aos valores de média e erro padrão de cada uma das estratégias de regulação emocional em relação aos IBI 04, 05, 06 e 07 para as imagens neutras. Valor de p decorrente de post-hoc de Bonferroni.  ...  47  

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LISTA DE ABREVEATURAS

BAI – Inventário de Ansiedade de Beck BDI – Inventário de Depressão de Beck EAPN – Escala de Afeto Positivo e Negativo ECG – Eletrocardiografia

EEG – Eletroencefalografia

EFM – Escala Filadélfia de Mindfulness

FMIR – Ressonância Magnética Funcional IAPS - International Affective Picture System MCG – Meditação nos Corações Gêmeos MF - Mindfulness

PANAS – Positive and Negative Affective Scale QRE – Questionário de Regulação Emocional SAM – Self Assesment Manikin

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1.   INTRODUÇÃO  ...  15   1.2  Objetivos  ...  21   1.3  Hipóteses  ...  22   2.  MÉTODO  ...  24   2.1  Participantes  ...  24   2.2  Instrumentos  ...  24  

2.2.2  Registro  da  Atividade  Eletrocardiográfica  (ECG)  ...  26  

2.2.3  Escalas  e  questionários  ...  27  

2.3  Procedimento  ...  28  

2.3.1  Procedimento  para  o  Grupo  1  (Corações  Gêmeos)  ...  29  

2.3.2  Procedimento  para  o  Grupo  2  (Mindfulness)  ...  29  

2.3.3  Procedimento  para  o  Grupo  3  (Controle)  ...  30  

3.   CONSIDERAÇÕES  ÉTICAS  ...  31  

4.    ANÁLISE  ESTATÍSTICA  ...  32  

5.  RESULTADOS  ...  34  

5.1  Caracterização  da  amostra  ...  34  

5.2  Níveis  de  afeto  ...  35  

5.3  Julgamento  de  Valência  ...  36  

5.3.1  Das  imagens  negativas  ...  36  

5.3.2  Das  imagens  positivas  ...  38  

5.3.3  Das  imagens  neutras  ...  40  

6.4  Julgamento  de  Intensidade  ...  41  

6.4.1  Das  imagens  negativas  ...  41  

6.4.2  Das  imagens  positivas  ...  42  

6.5  Variação  do  intervalo  inter-­‐batidas  (IBI)  ...  43  

6.5.1      IBI  para  as  imagens  negativas  ...  43  

6.5.2  IBI  para  as  imagens  positivas  ...  45  

6.5.3  IBI  para  as  imagens  neutras  ...  46  

7.    DISCUSSÃO  ...  48  

7.1  Efeitos  da  meditação  ...  48  

7.2  Efeitos  das  estratégias  de  regulação  emocional  ...  50  

7.3  Efeitos  da  tarefa  de  regulação  emocional  ...  51  

8.  CONCLUSÃO  ...  53   9.   REFERÊNCIAS  ...  54   ANEXO  I  ...  59   ANEXO  II  ...  61   ANEXO  III  ...  62   ANEXO  IV  ...  63   ANEXO  V  ...  66   ANEXO  VI  ...  67   ANEXO  VII  ...  68    

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1. INTRODUÇÃO

Emoção e Regulação Emocional

Estudos atuais caracterizam a emoção como um complexo fenômeno decorrente de respostas a estímulos externos e internos (representações mentais) do indivíduo (CACIOPPO et al, 2000). Tal fenômeno aparece quando uma pessoa entra em contato com uma situação relevante para ela (GROSS & THOMPSON, 2007) e pode se manifestar em respostas fisiológicas, comportamentais e subjetivas (GROSS & JOHN, 2003).

Para a melhor compreensão de como se dá o fenômeno da emoção, Gross e Thompson (2007) organizaram em um esquema, uma representação didática e sequencial que explica o processamento emocional. Este esquema, denominado de modal model, foi elaborado no intuito de unir os pontos convergentes entre variados pesquisadores a respeito da emoção e pode ser dividido em quatro etapas chamadas de: 1) Situação; 2) Atenção; 3) Avaliação; e 4) Resposta.

A primeira etapa diz respeito a um estímulo que pode ser proveniente do ambiente interno do indivíduo ou externo a ele. A etapa “Atenção” é aquela na qual ocorre o direcionamento de mecanismos cognitivos da atenção para a situação emocional. A “Avaliação”, por sua vez, é realmente como o próprio nome diz, uma avaliação do que foi absorvido através da etapa anterior e a quarta e última fase, denominada “Resposta”, trata-se do produto da situação inicial. Entretanto, essa resposta, além de ser um resultado da primeira etapa, pode também alterar a situação e, por consequência, gerar uma nova resposta (GROSS & THOMPSON, 2007). Supondo que uma pessoa está desabafando” com outra (situação). O ouvinte, por sua vez, se levanta e vai embora (resposta), deixando o outro sozinho e constrangido (situação nova). Diante disso, ele começa a chorar (nova resposta) chamando a atenção de quem está à sua volta. Neste caso, fica evidente a facilidade com que uma emoção, sofrendo influência de múltiplos fatores (externos e internos), pode variar com o tempo, alterando a emoção vigente.

Tendo em vista esta característica moduladora da emoção, alguns estudos investigam estratégias de regulação emocional, ou seja, maneiras de se modular componentes da resposta emocional (GROSS, 2002). Esta modulação, no entanto, não visa a modificação da valência da emoção (transformar tristeza em alegria, por exemplo), mas tipicamente altera sua

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dinâmica, aumentando; diminuindo; ou mantendo a intensidade da resposta emocional (GROSS & THOMPSON, 2007).

Para tanto, Gross (1998) propôs um modelo que divide as estratégias de regulação emocional em dois grandes grupos, sendo um com o foco nos aspectos antecedentes da resposta emocional e o outro focalizado na própria resposta (MOCAIBER et al., 2008). A partir deste modelo, o autor determina algumas estratégias de regulação emocional possíveis, são elas: a) seleção da situação; b) modificação da situação; c) direcionamento atencional; d) mudança cognitiva; e e) modulação da resposta, sendo os quatro primeiros itens pertencentes ao grupo das estratégias antecedentes da resposta e o último item o único que se enquadra no grupo das estratégias focalizadas na resposta. Na Figura 1 é possível identificar em que lugar cada uma dessas estratégias se encontra no modelo criado por Gross e Thompson (2007) para explicar o processamento emocional.

O estudo presente terá como foco duas das estratégias de regulação emocional que se enquadram no grupo de estratégias antecedentes à resposta, a saber: distração e reavaliação cognitiva. A distração ou direcionamento atencional, como definido no modelo acima, envolve, tal como o próprio nome diz, o uso da atenção seletiva para regular os efeitos de uma resposta emocional proveniente de uma situação atendida e avaliada (MCRAE et al., 2010). Em outras palavras, a distração utiliza-se da modulação da atenção para alterar a intensidade da resposta emocional. Tal estratégia faz parte também das chamadas “estratégias de desengajamento”, que são aquelas cujo o foco atencional é retirado do estímulo emocional para um estímulo alternativo (SHEPPES et al., 2011).

A estratégia de reavaliação cognitiva ou mudança cognitiva, por sua vez, visa alterar a trajetória da resposta emocional, à medida em que o significado do estímulo é reinterpretado (GROSS, MCRAE, OCHSNER & RAY, 2010). Dessa forma, diante de um estímulo, o uso da reavaliação pode diminuir a excitação emocional (down-regulate) que uma determinada situação causaria se não houvesse a transformação cognitiva que esta estratégia propõe (GROSS, 2002), bem como pode aumentar (up-regulate) esta excitação (GROSS, MCRAE, OCHSNER & RAY, 2010). Levando em consideração os três aspectos constituintes da emoção, a modificação do significado do estímulo emocional pode, então, manifestar-se fisiológica, comportamental e subjetivamente (GROSS, MCRAE, OCHSNER & RAY, 2010).

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Figura 1: Os retângulos internos dizem respeito ao modal model (Gross e Thompson, 2007), que organiza em

etapas como se dá o processamento emocional. Os retângulos externos remetem às diferentes estratégias de regulação emocional, alinhadas a cada uma das etapas do processamento emocional. Adaptação do esquema criado e atualizado por Gross (2007; 2015).

Apesar de ambas as estratégias possuírem grande relevância para as recentes pesquisas acerca da regulação emocional e suas implicações (MCRAE et al., 2010), elas possuem entre si diferenças importantes a depender das condições e contextos em que forem empregadas (SHEPPES et al., 2011).

Enquanto a distração caracteriza-se como uma “estratégia de desengajamento”, a reavaliação cognitiva pode ser compreendida de forma oposta, como uma “estratégia de engajamento”. A particularidade deste último tipo de estratégia é o uso da memória operacional para modular a interpretação do estímulo emocional, reduzindo sua intensidade (SHEPPES et al., 2011). Nesse sentido, na medida em que a distração ocorre antes que a emoção seja gerada (pois intervém antes da elaboração do significado do estímulo emocional), a reavaliação cognitiva exige que o indivíduo entre em contato com o estímulo emocional vigente (SHAPPES & GROSS, 2011). Essas diferenças foram testadas por Thiruchselvam e colaboradores (2011). Eles mostraram, através de medida eletroencefalográfica (EEG) e durante uma tarefa de regulação emocional, que a distração e a reavaliação cognitiva de fato ocorrem em etapas diferentes da trajetória emocional. Entende-se, dessa forma, que a distração se dá antes do desenvolvimento do estágio atencional, ao

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passo que a reavaliação ocorre após tal estágio e durante a etapa de avaliação, partindo do princípio que esta estratégia requer o processamento do significado do estímulo emocional para então reinterpretá-lo.

Do ponto de vista prático, há uma preocupação em se estudar os efeitos da regulação emocional no dia a dia das pessoas e, consequentemente, a importância dessa função cognitiva no bem-estar emocional (BROCKMAN et al., 2016). Sabe-se, entretanto, que os benefícios da distração e reavaliação cognitiva podem ser diferentes e, portanto, dependem do contexto individual e das circunstâncias em que o indivíduo se encontra durante a emprego de cada uma das estratégias (MCRAE, 2016; BROCKMAN et al., 2016) Apesar disso, outros estudos sobre regulação emocional já evidenciaram a grande relevância deste tópico para o contexto clínico. De acordo com a revisão elaborada por Berking e Wupperman (2012), o mal emprego de estratégias de regulação emocional está positivamente relacionado com desordens neuropsiquiátricas, tais como: transtorno de personalidade borderline (SCHULZE et al., 2011); depressão (EHRING et al., 2010); transtorno de ansiedade (CISLER et al., 2010); e abuso de substâncias químicas (BAKER et al., 2004). Nesse sentido, torna-se evidente a importância de dar continuidade a estudos que tenham como foco a regulação emocional e o impacto desta função cognitiva para a saúde mental dos indivíduos.

Regulação Emocional e Mindfulness

Mindfulness é simplesmente a capacidade que já temos de saber o que está acontecendo quando algo está acontecendo.

Jon Kabat-Zinn (2015)

As publicações recentes acerca da regulação emocional também têm sido associadas a uma prática que costuma oferecer benefícios para o aumento do funcionamento cognitivo das pessoas (ORTNER, KILNER, & ZELAZO, 2007). Tal prática tem suas raízes na filosofia Budista e é mais conhecida como meditação mindfulness. Esta, por sua vez, pode ser compreendida como uma prática sistematizada de refinamento de um modo de consciência intrínseco a todo ser humano: a capacidade de voltar a atenção para o momento presente, sem

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julgamento, reação ou interferência (KABAT-ZINN, 2015). Mindfulness, dessa forma, é considerado um atributo da consciência que utiliza de dois outros importantes componentes da própria consciência: awareness e atenção. Embora awareness e consciência tenham a mesma tradução, o primeiro pode ser compreendido como o componente que mantém um foco amplo de tudo o que chega ou sai da consciência. Em contrapartida, atenção é compreendida como o processo de direcionar o foco para um estímulo ou experiência específicos (BROWN & RYAN, 2003). Nesse sentido, mindfulness resulta no processo de encaminhar o awareness para uma experiência que ocorre no presente, com o auxílio da regulação da atenção sustentada neste foco. Ainda, ser mindful significa ter a mente flexível e orientada para a curiosidade, abertura e aceitação das experiências cuja a consciência encontra-se engajada (BISHOP et al, 2004). Por outro lado, ser mindless pressupõe a existência de uma mente rígida, controlada pela rotina e pouco engajada no presente, em outras palavras, uma mente que funciona como se estivesse no “piloto automático”. Apesar de muitas vezes as pessoas serem mindless, Kabat-Zinn (2015) parte do princípio de que o estado de consciência mindfulness é uma qualidade inerente de toda mente e, por esta razão, possui potencial para ser aprimorada a partir da meditação.

A meditação mindfulness é tipicamente descrita como uma prática que traz benefícios para o tratamento de desordens clínicas de variadas origens, desde condições neuropsiquiátricas até questões relacionadas à saúde física, como ansiedade e redução nos níveis de cortisol (HÖLZEL et al, 2016). Por essa razão, tal prática tem ganhado amplo destaque em pesquisas empíricas nos últimos 20 anos, além de também já ter conquistado seu espaço na área clínica (BISHOP et al, 2004). Apesar desses achados a respeito dos benefícios da meditação mindfulness, os mecanismos por trás desses efeitos ainda são relativos, justamente pelo fato de haver um grande número de pesquisadores que descrevem essa operacionalização de diferentes formas (BISHOP et al, 2004; HÖLZEL et al, 2016). Sabe-se, entretanto, que independente da forma como tal descrição é feita, o aspecto mais importante e determinante da prática do mindfulness é a capacidade de manter a atenção em um foco particular (sensações corporais, pensamentos, emoções ou a própria respiração, por exemplo), esforçando-se para que essa atenção não seja distraída (GARLAND et al, 2009). Caso outros pensamentos ou emoções cheguem à consciência durante a meditação, os indivíduos são instruídos a notarem a presença deles e então deixá-los ir gentilmente, voltando sua atenção novamente para o foco (BISHOP et al, 2004; HÖLZEL et al, 2016).

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Partindo desta perspectiva e de acordo com a filosofia Budista, a regulação emocional constitui outro aspecto fundamental do mindfulness, que é a diminuição de emoções negativas (ex. ódio, ressentimento e ciúmes) e o aumento das positivas (ex. generosidade, paciência, gentileza e compaixão), o que caminha na direção de um “despertar da consciência e de um estado positivo do ser” (GARLAND et al, 2009, apud TRUNGPA, SHAMBHALA, 1985). Os dois conceitos ainda se assemelham pelo próprio objetivo da regulação emocional: aumentar as chances de uma emoção ser favorável e não prejudicial, através da modulação da mesma (GROSS, 2015). Empiricamente falando, a capacidade cognitiva de regulação emocional parece realmente ser aprimorada a partir da prática do mindfulness. Opialla e colaboradores (2014) compararam um grupo de pessoas que receberam a instrução para realizar a reavaliação cognitiva e outro grupo instruído a partir da perspectiva do mindfulness, em relação a uma tarefa de observação e avaliação de imagens. Os resultados da ressonância magnética funcional (fMIR) demonstraram que ambas as estratégias envolveram circuitos neurais semelhantes, a saber: córtex pré-frontal e amígdala.

Estudos anteriores já investigaram que durante o processo de regulação emocional, a ativação do córtex pré-frontal diminui a atividade da amígdala, estrutura ativada tipicamente diante de estímulos de conteúdo afetivo (OCHSNER et al., 2004). Da mesma maneira, um estudo de neuroimagem que investigou o efeito da disposição (traço) para o mindfulness nas áreas cerebrais previu que, durante uma tarefa de identificação de conteúdo emocional em expressões faciais, níveis mais elevados desta disposição (medidos pela escala Mindful Attention Awareness Scale) aumentaram a ativação do córtex pré-frontal, à medida em que houve a inibição da atividade da amígdala (CRESWELL, WAY, EISENBERGER, & LIEBERMAN, 2007).

Além dos achados a partir dos estudos de neuroimagem, a relação entre mindfulness e regulação emocional tem sido investigada também no âmbito psicofisiológico. Nesse sentido Pavlov e colegas (2015) realizaram um estudo em que um grupo experiente de 20 meditadores foi comparado a um grupo controle, durante uma tarefa de observação e avaliação de imagens de conteúdo positivo e negativo. Os dados comportamentais e o registro da atividade eletrocardiográfica demonstraram influência da prática do mindfulness no controle emocional. Partindo do princípio de que estudos anteriores já investigaram a influência entre mindfulness e a regulação emocional, mostrando tal relação mais especificamente com a estratégia de reavaliação cognitiva (KRYGIER et al., 2013), torna-se interessante investigar o

(21)

efeito deste tipo de meditação também na distração. Esta linha de pesquisa é congruente com discussões que vêm sendo realizadas no panorama atual, a respeito das diferenças entre as estratégias de regulação emocional (SHEPPES et al., 2011), além de centralizar dois dos temas mais presentes nas pesquisas atuais (MCRAE et al., 2010; BISHOP et al, 2004) e que contribuem para o bem-estar e qualidade de vida as pessoas (BROWN & RYAN, 2003; BERKING & WUPPERMAN, 2012).

1.2 Objetivos

§

Gerais: Este estudo objetivou investigar os efeitos comportamentais e psicofisiológicos de uma prática de 20 min de mindfulness em duas estratégias de regulação emocional, a saber: reavaliação cognitiva (up e down-regulate) e distração. Nesse sentido, foram coletados 90 participantes sem qualquer experiência com meditação. Desses participantes, 30 participaram de uma prática de mindfulness com atenção plena na observação de pensamentos; 30 participaram de outra prática de meditação (Meditação nos Corações Gêmeos - ver tópico 2.3.1 Procedimentos para o Grupo 1 ) e os 30 restantes não participaram de nenhum tipo de meditação (grupo controle).

§ Específicos:

1. Investigar o efeito imediato da prática de mindfulness nas duas estratégias de regulação emocional (reavaliação cognitiva e distração), a partir da avaliação deliberada de valência e intensidade de imagens de conteúdo negativo, positivo e neutro (ver tópico 2.2.1 Tarefa de Regulação Emocional) e a partir do nível de variabilidade do afeto positivo e negativo durante a tarefa experimental (ver tópico 2.2.4 Escalas e Questionários: Escala de Afeto Positivo e Negativo);

2. Investigar o efeito da prática de mindfulness nas duas estratégias de regulação emocional ao nível psicofisiológico, a partir do registro da atividade eletrocardiográfica dos participantes (ver tópico 2.2.3 Registro da Atividade Eletrocardiográfica);

3. Fazer uma comparação intergrupos entre os participantes que receberam o treino de mindfulness; os que participaram da Meditação nos Corações Gêmeos; e o grupo controle, em relação aos aspectos emocionais voluntários e involuntários envolvidos na tarefa de regulação emocional.

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1.3 Hipóteses

Diante da revisão teórica e dos objetivos aqui expostos, este estudo tem a expectativa de encontrar:

a) Efeito dos dois tipos de meditação nos afetos positivos e negativos ao longo de todo o experimento, medidos pela Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS). É esperado que ambas as meditações aumentem os afetos positivos e diminuam os negativos, após os 20 min de prática e em comparação com os níveis de afeto do participante antes de iniciar a prática. Espera-se também que os níveis de afeto negativo após a tarefa emocional sejam menores nos grupos de meditação do que para o grupo controle, levando em consideração o efeito prévio da prática pela qual os grupos experimentais foram expostos.

b) Variações no julgamento de valência e intensidade das imagens a depender da estratégia de regulação emocional. Espera-se que o uso da estratégia de down-regulation (suprimir a emoção) e distração (direcionamento de atenção) possam contribuir para avaliações menos negativas e de menor intensidade nas imagens de conteúdo emocional negativo. No entanto, após estratégia de up-regulation (aumentar a emoção), espera-se avaliações mais positivas e mais intensas, uma vez que esta estratégia será disposta somente para as imagens positivas. Já quando na condição de distração para as imagens positivas, espera-se que não haja efeito na amplificação da intensidade da imagem, uma vez que durante esta estratégia o participante se encontra distraído. Para as imagens neutras, por sua vez, não é esperado efeito significativo da estratégia, uma vez que nessas imagens não há excitação emocional vigente. Há a expectativa de que todas essas diferenças ocorram na comparação entre cada uma dessas estratégias e a condição de observação passiva da imagem (não efetuar nenhuma das estratégias).

c) Ainda nesse sentido, espera-se que o grupo que passará pela prática de Mindfulness desempenhe melhor ambas as estratégias de regulação emocional do que comparado com o outro tipo de meditação (Meditação nos Corações Gêmeos) e ao grupo controle, como descrito no tópico acima, avaliando, desde forma, as imagens como menos negativas e menos intensas (para as imagens negativas) e mais positivas e mais intensas (para as imagens positivas).

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d) Em relação ao registro eletrocardiográfico (ECG) de intervalo inter-batidas (IBI), espera-se encontrar maior IBI, ou seja, diminuição da aceleração cardíaca, para os grupos de meditação em comparação com o grupo controle. Entre os grupos de meditação, espera-se encontrar maior IBI para o Mindfulness, com base na literatura prévia (PAVLOV et al, 2015). Já entre as estratégias de regulação emocional, espera-se encontrar menos IBI (maior aceleração cardíaca) na condição de obespera-servação passiva do que nas condições de regulação emocional (up- e down-regulation; distração).

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2. MÉTODO 2.1 Participantes

Participaram do estudo 90 adultos saudáveis entre 18 e 35 anos (22,02±3,73). O cálculo amostral foi realizado através do software G*Power®, utilizando o estudo de Kanske e colaboradores (2010) como referência. Foram excluídos indivíduos com histórico de transtornos neuropsiquiátricos; com histórico de dependência de álcool e outras drogas.; e que possuíam experiência com qualquer tipo de meditação, incluindo yoga. Dos 90 participantes, 30 foram submetidos a uma prática de mindfulness com atenção plena na observação de pensamentos; 30 submetidos a prática da Meditação nos Corações Gêmeos; e 30 fizeram parte do grupo controle, cujo qual não foi submetido a nenhuma das duas práticas de meditação. O recrutamento dos participantes de pesquisa se deu através anúncios em redes sociais em grupos de estudantes da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Todos os participantes forneceram seu consentimento de participação através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – ANEXO I) e aqueles que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão, foram convidados a comparecerem uma vez ao Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da universidade. 2.2 Instrumentos

2.2.1 Tarefa de regulação emocional

Foi utilizado um desenho experimental semelhante ao que foi desenvolvido por Kanske e colaboradores (2010), bem como os mesmos estímulos emocionais escolhidos pelo autor. Nesse sentido, foram selecionadas 48 imagens a partir da IAPS (International Affective Picture System) uma base de imagens internacional (LANG et al, 1999) e normatizada para o brasil por Ribeiro, Pompeia e Bueno (2004). Das imagens selecionadas, 16 eram de valência positiva; 16 de valência negativa; e as 16 restantes neutras.

A tarefa experimental (Figura 3) ocorreu da seguinte forma: o participante se sentava confortavelmente diante de um computador e então observava uma sequência pseudo-randomizada composta pelas imagens selecionadas. Cada grupo de imagens (negativas, positivas ou neutras) aparecia em 3 condições emocionais diferentes, a saber: estratégia de reavaliação cognitiva; estratégia de distração; e observação passiva da imagem.

Na estratégia de reavaliação cognitiva, o participante observava a imagem em questão (por 1seg) e então era exposto a uma tela com a instrução de como deveria executar a reavaliação. Se aparecesse a palavra “DIMINUA” (1 seg.), o participante deveria executar o down-regulate, ou

(25)

seja, diminuir a excitação emocional provocada pela imagem (5 seg.). Para tanto, antes de iniciar a tarefa, o colaborador era instruído pela pesquisadora da forma como deveria realizar tal estratégia. Nesse sentido, era sugerido que o participante pensasse que aquela situação representada pela imagem era uma situação passageira e que diminuiria de intensidade (mesma instrução dada para todos os participantes). Caso a palavra que surgisse na tela fosse “AUMENTE” (1 seg.), o participante deveria efetuar o up-regulate, aumentando a excitação emocional vigente. A sugestão então era para que o participante imaginasse que a situação ali representada ficaria ainda mais intensa. Após o tempo em que a palavra de instrução permanecia na tela, a imagem voltava a ser exibida sozinha por mais 5 seg., para que o participante pudesse então realizar a estratégia em questão.

Na estratégia de distração, por sua vez, o participante entrava em contato novamente com uma

imagem (1 seg.) e em seguida aparecia na tela uma marca d’agua com um cálculo matemático (todos os cálculos eram formados por 3 operandos, incluindo uma subtração e adição). O objetivo neste momento era que o participante resolvesse o cálculo enquanto a imagem permanecesse na tela e, no teclado, ele deveria dizer se a resposta do cálculo estava correta ou incorreta (letra “c” e “i” do teclado, respectivamente). Tanto a imagem como o problema aritmético permaneciam na tela por 6 seg. Já na condição de observação passiva da imagem, após a imagem aparecer por 1 seg., o participante era exposto a uma tela com a palavra “OLHE” e então deveria apenas observar a imagem que voltava a aparecer na tela, respondendo espontaneamente a ela.

Após a observação, distração ou reavaliação de cada imagem, o participante deveria avalia-la quanto sua valência e intensidade, a partir de uma escala likert de 9 pontos. Em relação a escala de valência, o colaborador deveria avaliar a imagem entre extremamente negativa (1 ponto) a extremamente positiva (9 pontos). Já para a escala de intensidade, ele deveria avalia-la entre extremamente pouco intensa (1 ponto) e extremamente muito intensa (9 pontos). Tais escalas dizem respeito a uma versão adaptada para o Brasil da Self Assessment Manikin (SAM; BRADLEY e LANG, 1994) (ver tópico 2.3.4 Escalas e Questionários).

(26)

Figura 2: Simulação de uma sequência da tarefa experimental. Após o ponto de fixação, aparecia uma imagem

cuja valência poderia ser positiva, negativa ou neutra. Em seguida, a mesma imagem voltava a aparecer na tela acompanhada da palavra que indicava a estratégia que deveria ser aplicada (i. reavaliação cognitiva: diminua ou aumente; ii. distração ou cálculo matemático; iii. observação ou olhe). A instrução saia da tela e a imagem permanecia por mais 5seg enquanto o sujeito efetuava a estratégia (com exceção do cálculo matemático). Para finalizar a sequência, eram apresentadas mais duas telas com as avaliações de valência e intensidade respectivas à imagem. Ao final deste trial, o ponto de fixação aparecerá novamente e a sequência se repetia

Ao todo foram apresentados ao colaborador 128 trials. As 16 imagens negativas apareciam nas 3 condições experimentais (observação, distração e reavaliação, este último somente na condição de down-regulate). As imagens positivas também eram expostas nas 3 condições, substituindo o down-regulate por up-regulate. Em contrapartida, as imagens neutras só eram apresentadas nas condições de observação e distração. Toda a tarefa experimental teve duração aproximada de 35 min.

2.2.2 Registro da Atividade Eletrocardiográfica (ECG)

O aparelho da ECG é responsável por registrar os potenciais elétricos que resultam na atividade do músculo cardíaco. Tal aparelho possui três eletrodos principais, os quais foram fixados em regiões específicas: os polos positivo e negativo localizados nos encontros intercostais direito e esquerdo, respectivamente; e o eletrodo de referência na região anterior da tíbia esquerda. Para a fixação dos eletrodos, foi utilizado o gel próprio dos eletrodos descartáveis, logo após serem higienizadas as superfícies citadas anteriormente, com algodão e álcool etílico 70. Foram considerados como parâmetros de captação do sinal elétrico os seguintes filtros: a) ganho de 1000µS/V; b) filtro de 0.05Hz (High Pass Filtering); c) filtro de 35Hz (Low Pass Filtering); e d) detecção de artefatos.

A tarefa experimental, desenvolvida pelo software E-prime®, foi associada ao registro da ECG. Nesse sentido, levando em consideração o trial desenvolvido para a presente tarefa, foram criados marcadores para a imagem e demais estímulos pertencentes ao trial e então foi possível registrar o tempo do intervalo inter-batidas (IBI) para a tarefa inteira. Dessa forma,

(27)

foram extraídos 8 pontos de IBI, sendo um desses pontos criado para o momento anterior à apresentação da imagem (IBI-1), o seguinte para a imagem propriamente dita (IBI0) e os demais pontos (do IBI1 ao IBI7) para os estímulos posteriores à imagem. Tal padrão foi baseado em outros trabalhos realizados no laboratório no qual o presente estudo ocorreu, em que utilizaram a mesma técnica para o registro dos IBIs e de acordo com literatura prévia (MARQUES, 2015; MOOR, CRONE, e VAN DER MOLEN, 2010). O registro e análise dos dados obtidos foram realizados através do equipamento BIOPAC® e do software Acknowledge®.

2.2.3 Escalas e questionários  

o Questionário Pessoal: Questionário que foi aplicado na intenção de caracterizar o perfil doparticipante em relação a: sexo, idade, uso de substâncias químicas e outras informações pertinentes ao estudo. Tal questionário foi respondido antes do início da tarefa experimental (ANEXO II).

o Questionário de Regulação Emocional (QRE; BOIAN, SOARES, e LIMA, 2009), versão brasileira do ERQ (GROSS e JOHN, 2003): Escala do tipo likert de sete pontos que pretende avaliar as diferenças individuais e cotidianas a respeito do uso de estratégias de regulação emocional (reavaliação cognitiva e supressão). O questionário foi aplicado antes de iniciar o experimento com o objetivo de caracterização da amostra (ANEXO III).

o Escalas Beck: Versão brasileira do Inventário de Depressão (BDI) e do Inventário de Ansiedade (BAI) de Beck (GORENSTEIN; ANDRADE, 1998). Tais escalas medem, respectivamente, a intensidade dos sintomas de depressão e ansiedade. Os níveis das escalas são classificados em: mínimo, leve, moderado e grave. Os participantes classificados com intensidade grave em qualquer uma das escalas, não poderão dar continuidade à participação no estudo (ANEXO IV).

o Escala Filadélfia de Mindfulness (EFM; SILVEIRA, CASTRO, GOMES, 2012): versão brasileira da Philadelphia Mindfulness Scale (PMS; CARDACIOTTO et al, 2008). Os 20 itens dessa escala pretendem avaliar dois dos componentes principais do mindfulness:

(28)

Awareness (consciência do momento presente) e Aceitação (postura de não julgamento e abertura para as experiências). Para este estudo, essa escala teve o objetivo de caracterizar e controlar a amostra (ANEXO V)

o Escala de Afeto Positivo e Negativo (EAPN; SIQUEIRA, MARTINS, e MOURA, 1999): versão brasileira da Positive and Negative Affect Schedule (PANAS; WATSON, CLARK, e TELLEGEN, 1988). O objetivo desta escala é avaliar o nível de afeto positivo e negativo do participante, através de um modelo de escala likert de cinco pontos. A escala possui 20 itens ao todo e foi utilizada para medir o nível de afeto antes da intervenção, após a intervenção e depois da tarefa experimental (ANEXO VI).

o

Self Assessment Manikin: Versão brasileira das escalas likert de nove pontos criadas por Sam, Bradley e Lang (1994). Tais escalas avaliam os níveis de valência e intensidade de estímulos emocionais. Para as avaliações de intensidade, as respostas variam entre (i) extremamente pouco intensa (um ponto); e (ii) extremamente muito intensa (nove pontos). Já para as avaliações de valência, as respostas variam entre (i) extremamente positiva (um ponto); e (ii) extremamente negativa (nove pontos). Neste estudo, ambas as escalas foram apresentadas no decorrer da tarefa experimental, mais precisamente, logo após a apresentação de cada uma das imagens e suas respectivas estratégias de regulação emocional (ANEXO VII).

2.3 Procedimento

Todas as coletas foram realizadas no Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Presbiteriana Mackenzie, localizado no 10º andar do nº181 da Rua Piauí – Higienópolis.

Após a chegada do participante no local determinado, foi explicado a ele o objetivo do estudo, a tarefa proposta e os métodos que seriam utilizados, bem como todos os riscos e benefícios possíveis do experimento. Em seguida, ele foi encaminhado à sala experimental para ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Todos os participantes que se enquadraram aos critérios de inclusão e exclusão do estudo, e estiveram de acordo com a participação voluntária no mesmo, foram convidados a responder, inicialmente, os questionários

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descritos no item 2.2.4. Escalas e Questionários: Questionário Pessoal; Questionário de Regulação Emocional (QRE); Escalas Beck de Ansiedade e Depressão (BAI e BDI); Escala de Filadélfia Mindfulness (EFM); e Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS 1). Após o preenchimento de todas as escalas, o participante foi posicionado confortavelmente em uma cadeira e recebeu algumas instruções da pesquisadora de acordo com o grupo no qual este participante se enquadrava.

2.3.1 Procedimento para o Grupo 1 (Corações Gêmeos)  

A instrução desta prática foi realizada por um participante do grupo Uni Prana (escola de Cura Prânica (Pranic Healing) e Yoga Arhática do Grandmaster Choa Kok Sui), o qual estava habilitado a instruir como se davam os procedimentos da prática dos Corações Gêmeos. Esta prática, por sua vez, teve duração de 27 min e era apresentada ao participante por meio de um áudio. Durante o áudio, o participante era instruído constantemente a desejar coisas boas para a Terra e para a humanidade. Apesar desta meditação não ser popularmente conhecida e de não existir literatura prévia que operacionalize o modo de praticá-la, ela se assemelha à Loving Kindness Meditation (Meditação da Bondade Amorosa), prática de compaixão bastante conhecida, além de se parecer também com outros tipos de práticas contemplativas. Durante a meditação nos Corações Gêmeos, o participante é convidado a imaginar a Terra em sua frente, colocar suas mãos em direção à ela e então repetir consigo mesmo palavras e frases positivas. Nesta meditação, a atenção é direcionada para este exercício de compaixão.

O instrutor então explicava de forma sucinta e padronizada o objetivo da meditação e orientava o participante a sentar com os pés apoiados no chão, coluna ereta e sem estar apoiada no encosto da cadeira. Após o participante se posicionar desta forma, o instrutor dava início ao áudio e então deixava o participante sozinho na sala experimental efetuando a prática.

2.3.2 Procedimento para o Grupo 2 (Mindfulness)  

A prática de Mindfulness, semelhantemente à meditação nos Corações Gêmeos, foi

instruída pelo participante através de um áudio de 20 min. Dessa vez, a própria pesquisadora explicava ao participante o objetivo da prática e dava as orientações padronizadas de como deveria ser a postura (exatamente como instruído no Grupo 1) do participante ao longo de toda a meditação, deixando-o sozinho durante a prática. Esta prática, diferente da anterior, tem o objetivo de orientar a atenção do praticante para a observação de seus próprios pensamentos, percebendo a chegada deles e deixando-os ir. Como uma prática clássica de mindfulness (ex. focar a atenção na

(30)

respiração ou sensações corporais), a prática da observação dos pensamentos também tem o objetivo de regular a atenção para um estímulo específico (neste caso os pensamentos), sem reagir ou ser afetado por eles. Durante toda a meditação, o participante era convidado a manter a atenção neste foco, retornando sempre que se distraísse.

2.3.3 Procedimento para o Grupo 3 (Controle)  

Para o grupo controle, foi adotado o mesmo período de tempo utilizado pelos outros dois grupos para a realização de suas respectivas meditações, com a diferença de que a orientação para o grupo controle era de permanecer esse tempo em repouso, ou seja, manter-se na sala experimental sem efetuar nenhum tipo de atividade (inclusive sem utilizar smartphones para nenhuma finalidade) até o término dos 20 min.

Para todos os grupos, ao final do período de intervenção, a pesquisadora retornava à sala e distribuía novamente o PANAS (2). Finalizado o preenchimento da escala, a pesquisadora posicionava os eletrodos da eletrocardiografia nos locais determinados e devidamente higienizados, como descrito no tópico 2.2.2. Registro da Atividade Eletrocardiográfica e então pedia para o participante manter-se sentado diante do computador, movendo-se o mínimo possível a fim de não interferir no registro da tecnologia. Dessa forma, o participante estava pronto para o início da tarefa experimental propriamente dita (tópico 2.2.1 Tarefa de Regulação Emocional).

Ao término da tarefa, a pesquisadora entrava novamente na sala, desconectava os eletrodos do participante e distribuía novamente a ele a Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS 3). Após o preenchimento da escala, o pesquisador finalizava o experimento, reiterando os principais objetivos do estudo e a importância de sua participação no mesmo. Como retribuição, os colaboradores que necessitavam, recebiam horas complementares em pesquisa por sua participação neste estudo.

O tempo aproximado de cada procedimento experimental era de 2h.

(31)

3. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O estudo foi conduzido de acordo com os requerimentos do Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie e também baseado nas recomendações estabelecidas na Declaração de Helsinki (1964), conforme emenda em Tóquio (1975), Veneza (1983) e Hong-Kong (1989). Todos os participantes tiveram pleno conhecimento dos objetivos e métodos do experimento assim como forneceram consentimento por escrito através do TCLE. Foi devidamente avisado que os mesmos poderiam deixar o estudo a qualquer momento, sem necessidade de justificativa. Além disso, todas as informações fornecidas foram estritamente sigilosas. O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pela Plataforma Brasil (CAAE: 79465017.7.0000.0084).

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4. ANÁLISE ESTATÍSTICA

As análises do presente estudo foram realizadas através do pacote STATISTICA (versão 8.0, cary, N. C., USA) e todos os testes adotaram erro α=5%. Nos itens abaixo estão as especificidades de cada uma das análises.

§ Caracterização da amostra

Foram realizadas nove Análises de Variância (ANOVA) univariada. Além da idade, as demais variáveis dependentes foram compostas pelos valores obtidos nas escalas preenchidas pelos participantes antes do início da tarefa experimental. São elas: Escalas Beck de Ansiedade e Depressão (BAI e BDI); Questionário de Regulação Emocional – Supressão (QRE-S) e Reavaliação Cognitiva (QRE-RC); Escala Filadélfia de Mindfulness – Aceitação (EFM-AC) e Awareness (EFM-AW); e a Escala de Afeto Positivo e Negativo. Os fatores considerados foram os grupos (Corações Gêmeos; Mindfulness; e Controle).

§ Afetos positivos e negativos

A variação dos afetos positivos e negativos ao longo da tarefa, medida através da escala PANAS, foi analisada a partir de duas ANOVAs de medidas repetidas, uma para o afeto positivo e outra para o negativo. As variáveis dependentes se caracterizaram pelos valores obtidos nos momentos anterior à intervenção; posterior à intervenção; e após a tarefa de regulação emocional. Os fatores foram: GRUPO, TEMPO e a interação GRUPO*TEMPO. Adicionalmente, foi realizado teste post-hoc de LSD para os efeitos significativos (p<.05).

§ Julgamento da valência e intensidade

Para os dados comportamentais, obtidos através das escalas likert de valência e intensidade das imagens, foram realizadas seis ANOVAs de medidas repetidas, três para as avaliações de valência (cada uma para uma categoria de imagem – positivas, negativas e neutras) e três para as avaliações de intensidade. As variáveis dependentes consideradas foram os valores das escalas e os fatores foram os GRUPOS, a ESTRATÉGIA (up e down regulation, distração e observação passiva) e a interação GRUPO*ESTRATÉGIA. Adicionalmente, a partir da análise de variância, foram realizados três test t para amostras dependentes, levando em consideração cada um dos grupos no emprego de cada uma das estratégias.

(33)

§ Variação do intervalo inter-batidas

Com relação aos dados psicofisiológicos (ECG), foram analisados os tempos de cada intervalo inter-batida registrado (IBI0 até IBI7). Foram realizadas três ANOVAs de medidas repetidas, uma para cada categoria de imagem, em que as variáveis dependentes foram os valores de IBI e os fatores considerados foram: GRUPOS, ESTRATÉGIA,

TEMPO e as interações GRUPO*ESTRATÉGIA, GRUPO*TEMPO,

ESTRATÉGIA*TEMPO e GRUPO*ESTRATÉGIA*TEMPO. Após as análises de variância, para os efeitos significativos (p<.05), foram realizados testes post hoc de Bonferroni.

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5. RESULTADOS

A descrição dos valores significativos encontrados a partir das análises de variância e post hoc, estão representados com os valores de média±erro padrão. Sendo assim:

5.1 Caracterização da amostra

Para a caracterização da amostra, foram realizadas dez ANOVAs univariadas, cujas quais mostraram não haver diferenças significativas entre os 3 grupos, em relação ao fator IDADE (F(2,87)=0,24; p=0,78; ηp=0,005) e aos escores nas escalas de BAI (F(2,87)=0,79; p=0,46; ηp=0,02), BDI (F(2,87)=2,04; p=0,14; ηp=0,04), QRE-RC (F(2,87)=0,78; p=0,46; ηp=0,02), QRS-S (F(2,87)=0,12; p=0,88; ηp=0,00), e EFM - AC (F(2,87)=0,19; p=0,83; ηp=0,00), EFM – AW (F(2,87)=0,71; p=0,49; ηp=0,02), PANAS 1 neg (F(2,87)=0,24; p=0,79; ηp=0,01), e PANAS 1 pos (F(2,87)=0,28; p=0,76; ηp=0,01). Dessa forma, pode-se garantir que a amostra coletada possuía um caráter homogêneo em relação a esses fatores.

Tabela 1: Tabela representativa de todas as médias (erro padrão) dos scores obtidos em cada uma das escalas.

Os valores de F e o nível de significância (p) representam os resultados obtidos através da ANOVA realizada.

(35)

5.2 Níveis de afeto

As análises relativas aos níveis de afeto ao longo de todo o experimento, foram realizadas de acordo com a valência do afeto (positiva ou negativa) e o momento em que a escala foi respondida (antes da intervenção; após a intervenção; e após a tarefa). Após realizada a análise dos níveis de afeto positivo ao longo da tarefa, a ANOVA para medidas repetidas mostrou efeito significativo para o fator Tempo (F2,174=43,39; p<0,001; ηp=0,33), mas não para o fator GRUPO (F2,87=0,43; p=0,65; ηp=0,01), ou a interação GRUPO*Tempo (F4,174=1,48; p=0,21; ηp=0,03). O teste post-hoc de LSD demonstrou que a diferença significativa no fator Tempo está no terceiro momento em que a escala foi aplicada, ou seja, após a realização da tarefa experimental (26,94±0,78) em comparação com o momento antes da intervenção (32,26±0,68) e após a intervenção (31,34±0,79). Dessa forma, destaca-se menores níveis de afeto positivo após a realização da tarefa, demonstrando que a mesma foi eficiente em modular esse tipo de afeto (ver Figura 3)

.

Figura  3:  Gráfico dos níveis de afeto positivo observado antes da intervenção; após intervenção e após tarefa.

Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.

Já em relação aos níveis de afeto negativo, ANOVA para medidas repetidas demonstrou efeito significativo novamente para o fator Tempo (F2,174=27,17; p<0,001; ηp=0,24) mas não para GRUPO (F2,87=2,99; p=0,06; ηp=0,06) e não para a interação GRUPO*Tempo

(36)

(F4,174=0,66; p=0,62; ηp=0,01). Nesse sentido, post-hoc de LSD demonstra que há menores níveis de afeto negativo após a intervenção (12,93±0,35), seja ela uma das práticas de meditação ou o repouso para o grupo controle, em comparação com o momento antes da intervenção (16,67±0,58) e após a tarefa (17,61±0,61). Nesse sentido, há um efeito estatisticamente significativo na diminuição dos níveis de afeto negativo após os 20min de intervenção, independentemente de seu tipo (ver Figura 4)

Variação do Afeto Negativo (PANAS) F(2,174)=27,170; p<,001

Pré-intervenção Pós-intervenção Pós-tarefa

TEMPO 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 N ív el d e A fe to N eg at iv o (m éd ia e in te rv alo d e co nf ia nç a)  

Figura 4: Gráfico dos níveis de afeto negativo e positivo observado antes da intervenção; após intervenção e após

tarefa. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.  

 

5.3 Julgamento de Valência  

5.3.1 Das imagens negativas

Com relação aos resultados das análises de julgamento de valência das imagens negativas, ANOVA para medidas repetidas mostrou que há efeitos significativos para o fator Estratégia (F2,174=29,07; p<0,001; ηp=0,25), também para o fator GRUPO (F2,87=7,17; p<0,001; ηp=0,14) e ainda para a interação Estratégia*GRUPO (F4,174=2,68; p=0,03; ηp=0,06). Test-t para amostras independentes demonstrou que o grupo Corações Gêmeos (3,03±0,19) possui diferenças significativas em comparação com o grupo Mindfulness (2,36±0,19) e o grupo Controle (2,11±0,19), quando efetuada a estratégia de down-regulation. Tal efeito pode significar uma maior efetividade do grupo Corações Gêmeos em

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suprimir a excitação emocional em função dos outros grupos, medida através de julgamentos menos negativos nas escalas de valência das imagens. O mesmo tipo de análise ainda mostrou que Corações Gêmeos (2,31±0,16) e Mindfulness (2,26±0,16) são mais efetivos em efetuar a estratégia de distração quando comparados ao grupo controle (1,64±0,16), uma vez que suas avaliações de valência foram mais positivas após o emprego dessa estratégia. Este mesmo padrão pôde ser identificado, também após efetuado test-t para amostras independentes, na comparação dos três grupos em função da estratégia de observação passiva da imagem. Nesse sentido, Corações Gêmeos (1,89±0,13) e Mindfulness (1,92±0,133) mais uma vez avaliaram a imagem de forma menos negativa, após observá-la sem efetuar nenhuma estratégia de regulação emocional, em comparação com o grupo controle (1,46±0,13).

Figura 5: Gráfico representativo das diferenças de cada grupo em relação ao emprego das estratégias de

regulação emocional para imagens negativas. Intervalo de confiança de 95%. Valor de F e p decorrentes de ANOVA.    

 

Ainda foram efetuadas mais três test-t para amostras dependentes, a fim de identificar as diferenças para cada um dos grupos individualmente, em função do tipo de estratégia de regulação emocional. Dessa forma, foi possível identificar que o grupo Corações Gêmeos e o grupo controle apresentaram diferenças estatisticamente significativas na comparação entre todas as estratégias de regulação emocional, a saber: down-regulation, distração e observação passiva da imagem. O grupo Mindfulness, por sua vez, apresentou diferenças

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significativas somente para a comparação entre cada uma das estratégias e observação passiva da imagem, mas não para a comparação das duas estratégias entre si. Os valores de média, erro padrão, grau de liberdade e o nível de significância de cada um dos resultados obtidos através desta análise estão representados na tabela abaixo.  

Tabela 2: Tabela referente às médias (desvio padrão) de cada um dos grupos em relação às estratégias de

regulação emocional para imagens negativas. Valores de t, df e p decorrentes de test t para amostras dependentes. (*) para valor de p significativo (<0.01).

5.3.2 Das imagens positivas

ANOVA para medidas repetidas mostrou que há efeitos significativos para o fator Estratégia (F2,174=87,11; p<0,001; ηp=0,50) e para a interação Estratégia*GRUPO (F2,87=2,87; p=0,02; ηp=0,06), mas não para o fator GRUPO (F2,87=1,81; p=0,17; ηp=0,04). Nesse sentido, test-t para amostras independentes demonstrou que o grupo Corações Gêmeos (7,98±0,15) e o grupo Mindfulness (7,57±0,15) são estatisticamente diferentes em função da estratégia de up-regulation, mas não se diferem do grupo controle, o que demonstra uma maior efetividade do grupo Corações Gêmeos na reavaliação positiva da imagem, em

Grupo Estratégia Média  (desvio  padrão) t df p

Down-­‐regulation 3,03  (1,33) Obs.  passiva 1,89  (0,95) Down-­‐regulation 3,03  (1,33) Distração 2,31  (1,07) Obs.  passiva 1,89  (0,95) Distração 2,31  (1,07) Down-­‐regulation 2,36  (0,82) Obs.  passiva 1,92  (0,66) Down-­‐regulation 2,36  (0,82) Distração 2,23  (0,92) Obs.  passiva 1,92  (0,66) Distração 2,23  (0,92) Down-­‐regulation 2,11  (0,83) Obs.  passiva 1,46  (0,47) Down-­‐regulation 2,11  (0,83) Distração 1,64  (0,54) Obs.  passiva 1,46  (0,47) Distração 1,64  (0,54) 0,01* -­‐4,19 29 <0,01* 0,51 -­‐2,12 29 0,04* Controle 4,13 29 <0,01* 2,81 29 0,01* -­‐3,43 29 <0,01* 4,31 29 <0,01* 0,67 29 4,8 29 <0,01* 2,75 29 Mindfulness Corações  Gêmeos

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