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NACIONAL
Aproxima-se a data do nosso sétimo Congresso Nacional que se realiza de 19 a 22 de Novembro na Fundação Calouste Gulbenkian.
Será mais um momento importante na vida da Ordem, integrado no plano que se tem vindo a desenvolver e que contribuirá para a afirmação de que a Classe Médica se conseguiu libertar do clima de descrédito tão labo riosamente planeado por responsáveis do Ministério da Saúde.
Não podemos dizer que são «tempos do passado» porque subsiste a força motora que se aproveitou dos erros próprios e também dos nossos para nos tentar pôr uns contra os outros e os seus (deles) «utentes» contra nós ...
Mas o que interessa é que acabemos por conseguir libertar-nos de uma espécie de obsessão psicológico -política que tem vindo a preocupar os médicos de maneira ainda mais grave do que os representantes de outras profissões liberais.
E é justamente pelas características humanas e de uma ética que tem de nos ser peculiar que essa caracterís tica sobressai nos médicos. Temos de continuar, e cada vez mais, atentos às acções daqueles que se arvoraram em 11ossos inimigos. Mas sem que a nossa vida intelectual seja prejudicada. E é por isso que os festejos do cinquente nário da Ordem, em Novembro passado, o Sétimo Congresso Nacional e a próxima inauguração da nossa nova Sede, assumem uma posição de tão grande importância.
Depois deste intróito geral, volta-se ao Congresso. Como vai ser, que pontos de interesse vai ter? Para os médicos e para o público.
O nosso Congresso não vai ter um «cariz» científico. Nem deveria ter. Se achamos que «talvez» se realizem já reuniões desse tipo em número demasiado, seria natural que contribuíssemos para que ainda aumentassem? Não, o nosso Congresso vai focar pontos de específico interesse para uma associação profissíonal.
Teremos um primeiro dia que tratará de descobrimentos, em que, de manhã e à tarde, a mesma palavra será apresentada de maneira diferente: «A Medicina dos Descobrimentos» e «Os Descobrimentos na Medicina».
E assim será percorrido um caminho que nasce na História, com o grande contributo português dos séculos
XV e XVI e se prolonga até à nossa época em que os trajectos da Ciência têm sido acompanhados pelos progressos
da Medicina.
O segundo dia é puramente político. Mas não partidário nem crítico das actividades que tem procurado rebaixar o nível da Medicina. Sem comentários! Falar-se-á de Política de Saúde, da influência do Acto Único Europeu (a partir de 1 de Janeiro de 1993) na Medicina e nos Sistemas de Saúde, e serão focados os problemas de Ética Médica nos seus variados aspectos.
Na última manhã, quarta-feira, 22 de Novembro, serão apresentadas as Conclusões do Congresso. Tere mos seis convidados estrangeiros. Farão conferências e serão integrados em mesas redondas. Um deles tratará do papel do Clínico Geral na Política de Saúde.
Para além destas actividades, em diversas sessões de colaboração de estrangeiros e portugueses, mais expe rientes ou mais jovens, haverá outras que reputamos de influência fundamental. Serão as exposições permanentes durante o Congresso: Instrumentos antigos, médicos artistas, médicos escritores, livros clássicos de médicos desde o Renascimento.
Por agora, nada mais a dizer ou a desvendar.
Venham ao Congresso! Até há ... pândega! Acompanhemo-nos uns aos outros! A vossà Ordem trabalha por vós! Trabalhem também pela nossa profissão, pelos nossos doentes!
A união será o «segredo» da nossa Vitória!
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4
Director
Manuel E. Machado Macedo
Redactores
Artur Manuel Osório Morais de Araújo Pedro Correia da Silva
Isabel Cristina Pires Rui Pato
José Germano Rego de Sousa
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JULH0/89
Depósito Legal n.º 7421/85
Propriedade, Adminislrnção e Rcdacção: Ordem dos Médicos Avenida Almirante Reis, 242, 2. 0 Esq.
Telef. 805412 - 1000 LISBOA Preço avulso: 200$00 PUBLICAÇÃO MENSAi. 27 500 cxemJ>lnres Execução �ráfica: Sogapal, Lda.
Casal da Fome/ Pono de Paià Tclcfs. 4790142/49 -2675 ODIVELAS
A Ética e a Deontologia Médicas no Ensino Pré
-Graduado, na Prática Médica e na Investigação
- Um tema cujo interesse é cada vez maior no seio da
classe médica. Organizado pelo Conselho Nacional da
Ética e Deontologia Médicas, decorreu em Coimbra, na
presença de grande número de médicos, um encontro de
trabalho consagrado ao tema. E aqui ficam as conclu
sões aprovadas.
ACTUALIDADE - CARREIRAS MÉDICAS
Um tema actual que tem sido debatido largamente pelos
médicos.
N�sta revista apresentamos duas opiniões de reputados
clínicos sobre o tema, o Professor António Silva Leal e
o Dr. António Galhordas.
Carreiras Médicas - Escolha política ou escolha profis
sional foram intervenções efectuadas no âmbito do ciclo
de conferências promovidas pela Sociedade de Ciências
Médicas sobre o tema «O reencontro da Medicina con
sigo mesma».
EDITORIAL
ÉTICA E DEONT. MÉDICAS
NOTÍCIAS 3 6 10 ACTUALIDADE 16 e 21 CONGRESSOS 26 BENEFÍCIOS SOCIAIS
28
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A ÉTICA E A DEONTOLOGIA MÉDICAS NO ENSINO PRÉ-GRADUADO,
NA PRÁTICA MÉDICA E NA INVESTIGAÇÃO
Patrocinado pelo Presidente da Ordem dos Médicos e organizado pelo Conselho Nacional de Ética e Deonto logia Médicas, realizou-se no dia 6 de Maio, em um dos anfiteatros dos Hos pitais da Universidade de Coimbra, um encontro de trabalho consagrado à Ética e à Deontologia Médicas no ensino pré-graduado, na prática médica e na investigação.
O encontro foi presidido pelo Dr. Manuel Miranda Ramos Lopes, Coor denador do C. N. E. D. M. e teve a participação activa dos Drs. Abel Sampaio Tavares e Walter Osswald, António Santos Castro e José Carlos Telo de Morais (membros do C.N.E.D.M.); Lesseps Reys (Profes sor de Deontologia da Faculdade de Medicina de Lisboa e também mem bro do C.N.E.D.M.), Adelino Mar ques (Professor de Deontologia da Faculdade de Medicina de Coimbra e igualmente membro do C.N.E.D.M.) e Armando Santinho Cunha (Profes sor de Medicina Dentária Forense da Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa); Fernanda Sampayo (da Comissão de Ética do Hospital de Santa Marta), José Guilherme Mon teiro (da Comissão de Ética do Hospi tal de Santo António), Álvaro Almeida Sequeira (da Comissão de Ética do Hospital dos Capuchos), Fer rer Antunes (da Comissão de Ética dos Hospitais da Universidade de Coimbra e seu Director Clínico), Henrique Vilaça Ramos, Agostinho Almeida Santos, Jorge Biscaia e José Pinto Mendes (do Centro de Estudos da Bicética).
A abrir os trabalhos, o Prof. Dou tor Ramos Lopes tomou a palavra nos seguintes termos:
«Prezados Colegas:
Na qualidade de Coordenador das actividades do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médicas, ao qual coube a organização deste Encontro de Trabalho, cumpre-me dirigir-lhes uma palavra de saudação e boas vin das, o que faço com um gosto muito particular.
Vejo aqui Professores de Deontolo gia das Faculdades e Escolas Médicas, membros da Comissão de Ética dos Hospitais e alguns elementos do Cen tro de Estudos de Bio-ética, todos inte ressados, a vários níveis, neste Encon tro de Trabalho a que vamos dar início sobre A Ética e a Deontologia Médicas no Ensino Pré-Graduado, na Prática Médica e na Investigação. A todos eu desejo saudar e exprimir sentimentos de elevado �preço pessoal. E como não pretendo fazer uma intervenção 6
de fundo, talvez fosse oportuno parar .
por aqui.
Todavia, não resisto à tentação de acrescentar duas palavras mais. Têm sido tantos e tão diversificados os pro gressos no conhecimento médico:bio lógico, tão imprevistos os caminhos por que a prática médica se tem embrenhado, que os problemas éticos que podem levantar-se, se multiplica ram.
Quando, há mais de 30 anos, na Lição Inaugural do Curso de Deonto logia Médica que me coube reger uma dúzia de anos na Faculdade de Medi cina de Coimbra, eu afirmava que «o valor moral da profissão médica não se restringe ao valor ético da saúde mas atinge e ultrapassa mesmo o da própria vida, para se situar no plano dos mais altos valores do espírito», eu estava intuindo progressos que vieram muito depois de trazer uma complexi dade insuspeitada aos problemas éti cos da nossa profissão.
Os ensaios clínicos, os problemas ligados à origem da vida e ao seu termo - de relevante interesse para a prática da fecundação «in vitro» e dos transplantes de órgãos - a experimen tação sobre o homem e sobre os embriões sobrantes de técnicas hetero doxas de fecundação, são só alguns exemplos dos caminhos por onde se embrenhou a actividade médica, obri gando a reformular os programas de ensino da Deontologia Médica, a criar comissões de Ética Hospitalares e a dar uma atenção cada vez maior aos aspectos éticos da investigação médica.
Mas é tão grande e diversificado o interesse que subjaz a toda esta temá tica, que ele ultrapassa as fronteiras da actividade médica, levando médicos, filósofos e moralistas, sociólogos, juristas e sacerdotes a sentarem-se à roda da mesma mesa para discutir pro blemas de Bio-Ética por que todos se sentem atraídos e aglutinados.
Aliás, o interesse pelos problemas éticos da profissão, que estamos vendo ressurgir tão claramente, têm ainda motivação distinta daquela que resulta do aparecimento de novas técnicas e novos progressos biológicos.
E essa é a necessidade - cada vez mais premente e mais viva- de equa cionar e defender os bons princípios éticos neste mundo novo que está per dendo, de modo acelerado, os padrões morais de referência que durante tan tos anos orientaram sucessivas gera ções de profissionais da Saúde.
O recente surto eutanasista verifi cado na Áustria é só um exemplo do
ponto a que nos pode levar a perda dos padrões morais de referência a que acabei de aludir.
É por isso, para mim, motivo de grande regozijo a realização desta ·Reunião de Trabalho.
Ela deve-se, em grande parte, ao entusiasmo e estímulo do Presidente do Centro de Estudos de Bio-Ética, Dr. Jorge Biscaia, e deve-se natural mente à pronta e completa adesão do nosso Conselho Nacional de Ética e Deontologia, ao imediato patrocínio do nosso Bastonário da Ordem e ao esforço organizativo de alguns elemen-tos deste Conselho Nacional que nesta
.
Reunião de Trabalho vão desempe nhar relevante papel.
De acordo com o programa pre visto, debateremos sucessivamente 3 importantes temas:
- «O Ensino de Deontologia Médica nos Cursos Pré-Graduados», mo derado pelo Prof. Adelino Mar ques, professor de Nefrologia e de Deontologia Médica na Faculdade de Medicina de Coimbra e Secretá rio do nosso Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médicas. - «Aspectos Éticos da Investigação
Médica», moderado pelo Prof. Lesseps Reys, também membro do nosso Conselho Nacional de Ética de Deontologia Médicas e Profes sor de Medicina Legal e de Deonto logia Médica na Faculdade de Medicina da Universidade Clássica de Lisboa.
- «Missão das Comissões de Étic.dos Hospitais», moderado pel Prof. Walter Osswald, conhecido Professor de Farmacologia da Faculdade de Medicina do Porto e também destacado membro do nosso Conselho Nacional.
Espero que todos estes temas pos sam merecer a atenção e o interesse que realmente possuem e dêm origem a animados debates».
Os trabalhos, apenas interrompidos para almoço no refeitório do Hospital, foram caracterizados por acentuado interesse e viva discussão. Deles fica ram expressas, no final, as seguintes conclusões:
CONCLUSÕES
No termo dos nossos trabalhos e sem pretender ser exaustivo nas con clusões de toda a temática parece-nos lícito vincar aqui uma dúzia de ideias mestras emergentes de debate reali zado.
1. Reafirma-se a natureza imprescin dível da disciplina de Deontologia na formação do candidato à Li cenciatura em Medicina, outor gando-lhe dignidade e importân· cia idêntica à das mais prestigiosas cadeiras de Curso.
2. Sem embargo de se aceitar como correcta a colocação desta cadeira no 4. º ano do Curso - à entrada do ciclo clínico - considera-se desejável que as normas ético -deontológicas sejam evocadas de modo contínuo desde as cadeiras básicas às cadeiras clínicas, pros seguindo depois no ensino pós -graduado e na prática clínica. 3. Pelo que toca ao ensino pré
-graduado das matérias de Ética e Deontologia Médicas, recomenda -se uma troca de programas entre os Professores das várias Escolas de modo a garantir uma informa ção e formação ética-deontológica relativamente homogénea dos futuros médicos.
4. No concernente à investigação médica, considera-se desejável que os organismos, estatais ou
priva-dos, que subsidiam projectos de investigação humana exijam dos respectivos investigadores a cor respondente autorização da Comissão de Ética competente para o efeito.
5. Deverá constituir norma obrigató ria para qualquer Revista Médica, exigir do Autor de um trabalho que envolva investigação humana. 6. A investigação de dados colhidos na pura rotina clínica-semiológica não carece da autorização ética particular.
7. Fora disso, toda a actividade de investigação clínica deve receber a sanção da Comissão de Ética Hos pitalar (ou outra competente para o efeito) e conter a autorização dos pacientes, formalizada em documento de redacção clara, assinado após explicação correcta e bem compreensível para os doentes.
8. As comissões de Ética Hospitala res, provavelmente impulsionadas na sua criação em vários países pelos problemas de responsabili dade civil - médica ou
farmacêu-tica- começaram a surgir muito recentemente entre nós nalguns dos principais Hospitais Centrais. 9. Por isso, - e para além da neces sidade que se reconhece da sua maior difusão- é desejável que os correspondentes regulamentos sejam objecto de intercâmbio para se conseguir uniformidade de objectivos, de critérios e de com petência que, em bom rigor, deverá ser meramente consultiva e restringida aos aspectos éticos. 10. O Conselho Nacional de Ética e
Deontologia Médicas da Ordem dos Médicos deverá providenciar no sentido de que todas estas recomen dações e iniciativas sejam levadas ao conhecimento de todos aqueles - pessoas ou organismos - a quem possam interessar.
11. Ficou claro o desejo de que reu niões do tipo da que hoje ocorreu possam repetir-se com a periodici dade conveniente e defendeu-se a ideia de sensibilizar o Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos para a realização de um novo Congresso Nacional de Ética e Deontologia Médicas.
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VII Congresso Nacional
de
COMISSÃO DE HONRA: PresidenteMedicina
Lisboa
19 a 22 de Novembro de 1989
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN
Jacques MoulinSeeFetário-Geral da «Ordre des Médicins» (França) H. Anrys
Sua Excelência o Presidente da República -Presidente da «Chambre Syndicale eles Médicins» (Bélgica) Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa
Presidente do Conselho de Reitores
Reitor da Universidade de Lisboa
Reitor da Universidade Nova de Lisboa Reitor da Universidade de Coimbra
Reitor da Universidade do Porto
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Presidente do Conselho de Administração da Fundação
Calouste Gulbenkian Presidente do INIC Presidente do JNIC
Presidente da Academia das Ciências de Lisboa
Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa Presidente da Academia Portuguesa de História
Presidente do Conselho Nacional das Profissões Liberais CONVIDADOS ESTRANGEIROS:
Alberto Berguer
-Presidente do Comité Permanente dos Médicos da C.E.E. Louis René
- Presidente da «Ordre des Médicins» (França) André Wynen
- Secretário-Geral da Associação Médica Mundial
Jacques Beaupére
-Presidente da «Confédération eles Syndicats eles Médicins Français»
Allan Rowe
-Consultor ela O.M.S.
- British Medical Association
PRESIDENTE DO CONGRESSO
Manuel Machado Macedo
COMISSÃO ORGANIZADORA
Albeno Vilar Queiroz Alfredo Loureiro Alji-edo Rasteiro Amélia Ferraz António Silva Leal
C. Santana Maia F. Costa e Sousa F. Veiga Fernandes Femanda Stanis/au Her111es Castanhas J. C. Fernandes Rodrigues J. Germano de Sousa J. Santos Bessa
Maria do Rosário La111eiras
SECRETÁRIO-GERAL
Luís Sa111paio dos Reis
•
PROGRAMA PROVISÓRIO
19 DE NOVEMBRO - DOMt.,e.;O
18.00 horas
- SESSÃO DE ABERTURA Presidida por sua Excelência o Presidente da República
- INAUGURAÇÃO DE EXPOSIÇÕES -História da Medicina
- Arte Médica
-Livros Médicos Históricos
20 DE NOVEMBRO - SEGUNDA-FEIRA TEMA: A MEDICINA NOS DESCOBRIMENTOS
E OS DESCOBRIMENTOS DA MEDICINA MANHÃ:
09.30 horas - Mesa Redonda:
- A Medicina nos Descobrimentos
- Os Descobrimentos Portugueses e a Medicina
-O Hospital Real de Todos os Santos - Garcia de Horta
-Amato Lusitano
- Hospitais de Além-Mar e Assistência Sanitária ás Armadas
- A Medicina e o Ensino Médico em Goa
- A Medicina dos «Bárbaros do Sul» TARDE:
14.30 horas - Mesa Redonda: - Os Descobrimentos da Medicina
- Medicina Espacial
- Engenharia Genética 10
-Novas Tecnologias Médicas
-Implicações Jurídico-éticas ela Medicina do Futuro
21 DE NOVEMBRO - TERÇA-FEIRA
TEMA: POLÍTICA DE SAÚDE MANHÃ:
09.30 horas -Mesa Redonda: - Integração Europeia 11.30 horas - Mesa Redonda:
- Ética Médica TARDE:
14.30 tioras - Mesa Redonda: - Sistemas de Saúde
e Inclepenclência Profissional
16.30 horas - Mesa Redonda:
-Política ele Saúde
22 DE NOVEMBRO - QUARTA-FEIRA MANHÃ:
-CONCLUSÕES
-ENCERRAMENTO
EXPOSIÇÕES PERMANENTES SOBRE:
HISTÓRIA DA MEDICINA E ARTE MÉDICA
lo
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ta re rn E p A lo gr .p gASSEMBLEIA DA E.A.O.V.
Teve lugar, no passado dia 18 de Março, em Florença (Itália), convo cada ao abrigo do Artigo 8.º dos res pectivos Estatutos, uma Assembleia Geral Extraordinária da Academia Europeia de Dermatologia e Venereo logia (E.A.D.V.), sociedade científica criada, há 2 anos, pela monossecção de Dermatologia e Venereologia da União Europeia de Médicos especialis tas (U.E.M.S.). Estavam presentes os representantes de Itália, França, Dina marca, Reino Unido, Bélgica, Espanha, Irlanda, Grécia, Holanda e Portugal. Assistiram também à Assembleia alguns dos responsáveis locais pela organização do 1. º Con gresso da Academia, que irá ter lugar, -ambém em Florença, de 25 a 28 do
próximo mês de Setembro. Ausente, a representante do Luxemburgo.
A realização deste Congresso consti tuiu, aliás, um dos pontos fulcrais da reunião. O Presidente deu conta, de forma exaustiva e pormenorizada, dos diversos problemas surgidos e das me lhores soluções encontradas; e respon deram os restantes responsáveis locais pela organização do Congresso às per guntas dos vários delegados, pres tando esclarecimentos e desfazendo dúvidas. No final, a opinião generali zada dos presentes era a de que o Con gresso se deverá vir a traduzir por um êxito assinalável.
Foi preocupação constante do dele gado português garantir a participação
•
Na sua reunião de 16 de Maio de 1989, o Conselho dos Ministros da Saúde adaptou uma directiva sobre a etiquetagem dos produtos do tabaco, com o objectivo de proporcionar uma informação mais correcta a todos os consumidores da Comunidade Euro peia.
A partir do dia I de Janeiro de 1993, constarão obrigatoriamente de todos os maços de cigarros uma das seguin tes advertências:
do maior número possível de dermato logistas nacionais nas rubricas mais destacadas do Congresso.
O segundo ponto decisivo da agenda referia-se à alteração dos Estatutos por forma a permitir a admissão, como membros ordinários, de dermatologis tas de países europeus não pertencen tes à e.E.E. Salvaguardados os inte resses das diversas organizações nacio nais que, no âmbito da U.E.M.S., financiaram os primeiros passos da E.A.D.V. (e que irão ser reembolsa das, na totalidade dos montantes dis pendidos, logo que tal for possível, sob a forma da atribuição de bolsas de estudo, de prémios, etc.), foi resol vido, por unanimidade, abrir as portas da Academia - criação, é certo dos países da C.E.E. - ao maior número possível de dermatologistas europeus.
A Direcção da Academia reunirá no dia 24 de Setembro (véspera do início do Congresso), em Florença. Seguir -se-á, no mesmo dia, a reunião da monossecção de Dermatologia e Vene reologia da U.E.M.S. No dia 27 de Setembro (véspera do encerramento do Congresso), verificar-se-á a Assem bleia Geral Ordinária da Academia, à qual se seguirá (eleitos os novos mem bros) a reunião da nova Direcção.
Lisboa, 26 de Março de 1989 ANTÓNIO CABRAL DE ASCENSÃO
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«Fumar provoca o cancro», «Fumar provoca doenças fatais», «Mulheres grávidas, fumar prejudica o vosso bebé», «Fumadores morrem mais cedo». Para além da indicação dos teores médios de condensado e de nicotina. Cada uma das referidas men sagens deverá cobrir, no mínimo, 4% da superfície em que está impressa. A percentagem sobe até 6% nos países com duas línguas oficiais.
ASSOCIAÇÃO
PORTUGUESA
DOS MÉDICOS
DE CLÍNICA
GERAL
Nota de Imprensa divulgada pela Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral, a propósito do Decreto-Lei que recentemente proce deu à revisão dos níveis de remunera ção dos médicos do Serviço Nacional de Saúde.
«Acaba de ser publicado no diário da República o Decreto-Lei que pro cede à revisão dos níveis de remunera ção dos médicos do Serviço Nacional de Saúde. Recorde-se que esta revisão foi objecto de negociações entre a Federação Nacional dos Médicos (FENAME) e o Ministério da Saúde.
A Associação Portuguesa dos Médi cos de Clínica Geral (APMCG) verifi cou, com grande perplexidade, que os clínicos gerais/médicos de família não
são contemplados com qualquer aumento.
alguns casos, os aumentos verifi cados atingem 2 letras (cerca de 27 contos) ou prevêm alterações do regime de trabalho com acréscimos reais mais elevados. Constata-se, no entanto, que os mais de 6000 médico que, diariamente e nas piores condi ções, prestam cuidados de saúde à população nos Centros de Saúde foram alvo de um tratamento inaceita velmente injusto.
Do Ministério, que gastou avultadas somas fazendo propaganda do médico ' de família, é aviltante esta atitude; da FENAME, de quem se esperava defen desse todos os médicos, o deixar pas sar esta situação em claro será, no mínimo� incompreensível.
Como é habitual, e à semelhança dos famosos 110% de aumento, certa mente irá ser amplamente divulgado pelos órgãos de comunicação social, que os médicos vão ser aumentados. É necessário esclarecer que essa informa ção não é correcta - grande parte dos médicos não têm qualquer aumento. A APMCG tudo fará para que seja, urgentemente, reparada a injustiça ora produzida.»
Lisboa, 89/05/ 15
A Direcção
RELATÓRIO DA DELEGAÇÃO PORTUGUESA
À REUNIÃO DA PRIMAVERA DA U.E.M.O.
Decorreu em Florença nos dias 6, 7 e 8 de Abril de 1989 a habitual reunião da Primavera da UEMO. Portugal fez-se representar pelos Drs.: A. Pinto de Almeida, Jácome Ramos, Guilherme Jordão e José Cabeças. A reunião do dia 6 foi restrita aos Presidentes (actuais e antigos) e nela se ultimou a preparação das reuniões que viriam n decorrer nos dias subsequentes.
Foram no entanto aí decididas algu mas questões, que serão mais tarde apresentadas pelo Presidente Pfaff, e que se relacionam com a actualização das cotizações dos países membros da União. Ficou também decidido que a Delegação Portuguesa passará a bene
ficiar de tradução passiva no decorrer dos trabalhos da Direcção e Assem bleia Geral, sendo esta solução a que acarreta menores custos quer para Portugal, quer para os restantes paí ses.
Foi também apresentada a candida tura da Dinamarca e futura eleição para a Presidência da Direcção e Secretariado da UEMO.
No dia 7 de Abril, decorreu na parte da manhã uma reunião do grupo de trabalho «Tratamento electrónico de dados em Medicina Geral» em que estiveram presentes toda as delega ções, e que foi presidida pelo Dr. Asb jorn, da delegação dinamarquesa.
Discutiu-se profundamente a ques tão dos «smart-cards» e dos «sistemas de classificação - códigos», na base de inquéritos feitos anteriormente pelo grupo de trabalho, a todas as delega ções nacionais, e referiu-se também o projecto AIM.
O acento tónico da discussão centrou-se essencialmente na análise dos aspectos éticos e deontológicos que esta questão envolve. Foi opinião generalizada que, embora estes proble mas não digam apenas respeito aos clí nicos gerais, a UEMO deve tomar uma posição oficial sobre o assunto.
processos de formação em cada país, e também, sobre a formação comple mentar específica dos Formadores.
No que respeita à aplicação da directiva da CE nos diferentes países, é de realçar, pela positiva, a situação Portuguesa que neste momento já acompanha perfeitamente os seus objectivos e pela negativa a situação Italiana, cuja delegação reafirmou mais uma vez, a extrema dificuldade, senão mesmo impossibilidade, do seu cumprimento.
O dia 8 de Abril, foi integralmente preenchido pela reunião da Direcção da UEMO, a que assistiram todas as delegações, e onde se não conseguiu esgotar a respectiva Ordem de Traba lhos.
Foi aprovada a constituição de um grupo de trabalho para o estudo de uma maior difusão e promoção da UEMO, em termos de meios de comu nicação e de inter acção com outras estruturas comunitárias.
Foi aprovada uma proposta do Pre sidente Pfaff respeitante à alteração regimental do processo de sucessão Presidencial, tendo como modelo o existente no Comité Permanente -CEE.
Decidiu-se que na próxima reunião de Outubro se discutiria a problemá tica da Política dos Medicamentos vigente em cada país, aliás após expo sição pela nossa delegação da situação Portuguesa.
O Dr. Allen Rowe apresentou um relatório relacionado com o Programa comunitário «Europa contra o Can cro», tendo sido devidamente comen ta dos os resultados do inquérito feito
em cada país pelas comunidades, nomeadamente os resultados obtidos em Portugal, Grécia, Luxemburgo e Holanda, que não correspondem mini mamente à realidade.
Foi aprovada uma recomendação,
da UEMO, no que respeita à utilização dos «smart-cards» para a necessidade de uma discussão urgente sobre o assunto a nível europeu, no Comit.
Permanente de médicos da CEE. Foi ainda discutida, embora superfi cialmente, a questão da Medicina/ /Geriatria, ficando no entanto para a próxima reunião de Outubro, uma decisão sobre o assunto.
Portugal apresentou a sua candida tura à realização da reunião da Prima vera em 1991, que terá lugar em Lis boa.
Como chefe da delegação devo refe rir que, a mesma, teve uma actuação dinâmica e activa no decorrer dos dias de trabalho contribuindo para o êxito das reuniões e prestigiando a Ordem dos Médicos Portuguesa.
No decorrer do jantar oficial ofere cido pelos nossos Colegas e amigos Italianos, tive a oportunidade e a honra de proferir algumas palavras e entregar ao Presidente Pfaff, ao chefe da delegação Italiana - Dr. Cricelli, e ao Presidente do Colégio de generalis tas Italiano, a medalha da Ordem dos Médicos Portuguesa, comemorativa do seu 50. º Aniversário.
Ficou marcada a próxima reunião do Outono, para os dias 27 e 28 de Outubro de 1989, e terá lugar em Munique.
A. Pinto de Almeida No mesmo dia, na parte da tarde,
decorreu uma reunião do grupo de tra balho «Distribuição de cuidados ambulatórios/Distribuição de cuida dos de Medicina Geral», em que esti veram presentes todas as delegações e que foi presidido pelo Dr. Meisch da
delegação luxemburguesa.
DESCONTOS DE VERÃO
Aí foram analisadas as respostas de todas as delegações aos inquéritos fei tos anteriormente pelo grupo de tra balho, respeitantes aos problemas decorrentes da aplicação da Directiva da CE sobre formação específica em Clínica Geral em cada país, e também ao conteúdo dt: Formação t:�pt:c111ca respectiva.
Discutiram-se ainda algumas ques tões relacionadas com a avaliação dos critérios de qualidade nos respectivos 12
Os médicos Portugueses dispõem agora de um desconto de 20 por cento na aquisição de entrada para o Ondaparque da Costa de Capa rica.
Situado a cerca de 15 minutos de Lisboa, o Ondaparque é um estabe lecimento de diversões aquáticas
composto de várias piscinas, escor regas, esplanadas, restaurantes, lojas e respectivas estruturas de apoio ao utente.
O Ondaparque é o maior parque aquático do País, estendendo-se por um anfiteatro natural de 120 mil metros quadrados.
•
15 gr
60 gr
Cust
QUIMIFAR. LIEXAMES DE ESPECIALIZAÇÃO
PROGRAMAÇÃO
A época de Exames terá sempre início no princípio de Maio, prolongando-se até 31 de Junho.
Os Colégios deverão propor a constituição dos Júris até 31 de Dezembro do ano precedente e os Júris deverão indicar as datas precisas do início das provas até 15 de Fevereiro, para que até ao fim do mês, cheguem ao conhecimento dos candidatos. Esta marcação será feita de acordo com os respectivos Conselhos Regionais (onde se realizam as provas).
Anatomia Patológica
. . . .
Anestesiologia. . . .
Cardiologia. . . .
Cardiologia Pediátrica. . . .
Cirurgia Geral. . . .
Cirurgia Pediátrica. . . .
Cirurgia Plástica. . . .
Cirurgia Torácica. . . .
Cirurgia Vascular. . . .
Dermatologia. . . .
Endocrinologia. . . .
Estomatologia. . . .
Farmacologia Clínica. . . .
Gastrenterologia. . . .
Generalista. . . .
Ginecologia/Obstetrícia ... - Ginecologia. . . .
- Obstetrícia. . .
'. . .
Hematologia Clínica ... lmunoalergologia. . . .
Medicina Física e de Reabilitação ...Medicina Interna ... Medicina Nuclear
. . . .
Medicina do Trabalho. . . .
Medicina Tropical ... Nefrologia. . . .
Neurocirurgia. . . .
Neurologia. . . .
Oftalmologia. . . .
Ortopedia. . . .
Otorrinolaringologia ... Patologia Clínica ... Pediatria. . . .
Pedopsiquiatria. . . .
Pneumologia. . . .
Psiquiatria. . . .
Radiodiagnóstico. . . .
Radioterapia. . . .
Reumatologia. . . .
Urologia. . . .
1990 Coimbra Porto Coimbra Lisboa Coimbra Coimbra Lisboa Lisboa Porto Porto Lisboa Porto Coimbra Coimbra Coimbra Coimbra Coimbra Coimbra Porto Lisboa Porto Lisboa Porto Lisboa Lisboa Porto Lisboa Coimbra Coimbra Lisboa Coimbra Coimbra Lisboa Porto Coimbra Porto Porto Lisboa Porto Porto LOCAL DE EXAMES 1991 1992 1993 1994Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Porto Coimbra Lisboa Porto
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Porto Coimbra Lisboa Porto
Porto Coimbra Lisboa Porto
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Porto Coimbra Lisboa Porto
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Porto Lisboa Coimbra Porto
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Porto Coimbra Lisboa Porto
Lisboa Coimbra Porto Lisboa
Porto Coimbra Lisboa Porto
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
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Porto Coimbra Lisboa Porto
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Porto Coimbra Lisboa Porto
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Porto Coimbra Lisboa Porto
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Porto Coimbra Lisboa Porto
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Lisboa Porto Coimbra Lisboa
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Porto Coimbra Lisboa Porto
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
Coimbra Lisboa Porto Coimbra
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CARREIRAS MÉDICAS
ESCOLHA POLÍTICA ... ? ESCOLHA PROFISSIONAL ... ?
• ANTÓNIO DA SILVA LEAL
O tema proposto parece-nos adequado e a resposta às duas interrogações não nos parece difícil por considerarmos que não há uma escolha a fazer entre ambas, dado que elas se interpenetram.
Se ninguém põe em dúvida a importância das carreiras médicas (e acrescenta mos nós, das outras profissionais de saúde) num sistema de saúde, o tipo deste condiciona em certa medida a estruturação daquelas.
Numa comunidade livre e democrática como é a nossa, qualquer sistema de organização de saúde tem de ter como opções fundamentais:
- A protecção das pessoas utilizadoras dos cuidados de saúde, sem alienar a personalidade do indivíduo, devendo subordinar-se à liberdade de escolha do médico pelo doente.
Tal «desideratum» não é possível num sistema estatizado de saúde em que os direitos e liberdades do Homem são sacrificados às super-estruturas burocráticas em que o Estado não está ao serviço dos cidadãos, mas sim o inverso.
Há, pois, que escolher um sistema humanizante, eficaz e o mais ade quado às necessidades e realidades nacionais e aos valores que tradicio nalmente a Medicina sempre tem defendido e nomeadamente a Ordem dos Médicos.
Entre esses valores encontram-se os principias indeclináveis que regem a relação médico-doente e repelam qual quer ligação burocrática e despersona lizada, pois o doente procura no médico um Homem solidário, um con fidente e não um agente funcionali zado e frio.
Se a finalidade dum sistema de saúde é a protecção da saúde dos uten tes, a escolha do modelo a eleger ou criar, deve obedecer a critérios utili tários e realistas e não a postulados ideológicos mais ou menos rígidos e envelhecidos.
O cidadão deve receber os cuidados de saúde de que necessita independen temente das suas condições económi cas e deve poder escolher livremente os profissionais de saúde e nomeada mente o médico e as instituições que lhe ministrem as prestações de cuida dos indicados.
O cidadão deve, ainda, ter ao seu alcance as diversas prestações de saúde de que necessita o que implica a diver sificação do sistema de saúde no qual, equilibradamente, existam cuidados de
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saúde pública e preventiva, curativa e de reabilitação.
Há, por outro lado, que assentar um sistema de saúde em entidades diversi ficadas, públicas e privadas, a que todos possam aceder independente mente dos seus recursos e que permita uma verdadeira escolha dos interessa dos.
Todos os recursos médicos deverão estar voltados para dar satisfação, em igualdade de condições, às necessida des de cada um dos cidadãos. Tal objectivo só pode ser conseguido no respeito pela dignidade da pessoa humana, salvaguardando sempre e até onde for possível, em cada momento, as suas aspirações à liberdade que se concretizam no direito à liberdade de escolha do médico pelo doente. É pois neste princípio e na sua exequibilidade que se tem de basear qualquer política e sistema de saúde na nossa maneira de ver.
Além deste ponto fundamental é necessário que os métodos e os meios utilizados na prestação dos cuidados de saúde respeitem, sempre, a perso nalidade e a dignidade do doente e a sua privacidade e o sigilo profissional, e que os serviços postos à disposição de cada cidadão procurem ser igual mente eficientes, rentáveis e de quali dade.
Os profissionais de saúde - médi cos, enfermeiros e técnicos de serviços complementares ou paramédicos são os responsáveis pelas prestações de saúde. Trata-se de um papel funda mental e insubstituível em qualquer sociedade. Por isso, há que asegurar condições para que possam desenvol ver a sua actividade em condições de dignidade e competência.
Deve ser abandonada a ideia de reduzir todos os profissionais de saúde e, no caso presente, todos os médicos, a assalariados do Estado. Os inconve nientes de tal situação podem suma riar-se em:
- Falta de independência técnica. - Falta de incentivo profissional.
- Massificação tendencial.
A independência profissional dos médicos, especialmente defendida pela Ordem dos Médicos, é o contrapont da liberdade de escolha da entidade prestadora por parte dos utentes dum sistema nacional de saúde. Pensamos, também, que a independência técnico -profissional dos médicos e das outras entidades prestadoras de saúde é um dos pontos basilares na prossecução do direito à saúde. Essa independência é posta em perigo dentro das pesadas estruturas hierarquizadas do Estado, num fenómeno que se agravaria se o Estado fosse elevado à categoria de empregador praticamente único.
Quando decide dar cuidados a pres tar ao utente ou ao doente, o médico não pode ter outra bússola que não seja o interesse daquele, o que não coincide, muitas vezes, com a lógica do funcionalismo burocrático.
Daqui o pensarmos e defendermos que os profissionais de saúde e entre eles, os médicos, não poderem nem deverem ser abrangidos pela lei gera do funcionalismo público, pois que as condições em que exercem a sua activi dade não podem estar sujeitas às nor mas burocrático-administrativos que limitam o rendimento do seu trabalho e não se ajustam à realidade do tipo de tarefas a que diariamente, hora a hora, são submetidos.
«Todos os recursos médicos
deverão estar voltados para
dar satisfação, em igualdade
de condições, às necessidades
de cada um dos cidadãos.»
Se todos defendemos o direito de acesso de todos os portugueses à saúde, no que respeita à promoção, prevenção, diagnóstico, cura ou reabi litação, há que defender, também, o direito à qualidade do serviço prestado não só nos actos médicos praticados,
1
médi quer tudo depe prest É blem profi H cos reali quen esqu úbl' -inó, mod múto
ser a quais funç Po abar possí estad máti sobr bons qual afere isto é únic fixos des e Na o inc reira .abilitent logo pode crimi pons face fissioCarr
e ed
A gride cos envel A essa médiccomo também na rapidez e humani dade do atendimento.
A qualidade, eficácia e mesmo ren tabilidade dos cuidados médicos a prestar, dependem do modo e das con dições de exercício da profissão do médico, tendo sempre presente que o médico é o elemento chave de qual quer sistema de saúde, pois é sobre tudo da sua actuação e orientação que dependerá a qualidade da assistência prestada.
É aqui que, na nossa opinião, o pro blema político entronca no problema profissional das carreiras médicas.
Há necessidade de motivar os médi cos oferecendo-lhes perspectivas de realização profissional com a conse quente maior responsabilidade, em esquemas fora do funcionalismo
.-E'úblico, criando condições para que, o • inómio médico-doente, se realize de modo personalizado e com confiança mútua.
O incentivo profissional continua a ser a melhor forma de fazer progredir quaisquer elementos dentro das suas funções.
Por isso um sistema de saúde deve abarcar vários esquemas de trabalho possíveis, ao invés de uma unificação estadual em carreiras amorfas, auto máticas e desprovidas de novidades ou sobressaltos. Quando pretenda atrair bons profissionais o Estado, como qualquer empregador, deve negociar, oferecendo melhores condições. Tudo isto é posto em causa se o Estado for o único empregador, pagando salários fixos em vez de remunerar as activida des efectivamente prestadas.
Naturalmente que a independência e o incentivo dados aos médicos de car reira têm como contraponto a respon ,aabilidade. Responsabilidade para os Wtentes ou doentes que se materializa logo através da livre escolha que estes
podem fazer. Responsabilidade civil e criminal quando disso seja caso, res ponsabilidade deontológica e ética face aos respectivos organismos pro fissionais.
Carreiras médicas
e educação médica contínua
A ciência e as técnicas médicas pro gridem com tal rapidez, que em pou cos anos o saber mais actualizado envelhece.A desactualização tem inconvenien tes gravíssimos na prática médica. A ignorância de um novo método de dia gnóstico ou de um processo de trata mento priva os doentes dos benefícios da medicina.
É, pois, necessário manter os médi cos em actualização permanente e se essa educação contínua cabe a cada médico e é um dever da sua profissão
há que os manter em contacto com as realidades permanentes, alentando
. -lhes o desejo de aperfeiçoamento e de progresso profissional.
A educação dos especialistas e clí nicos gerais para uma actualização permanente que possa acompanhar o ritmo da inovação e dos constantes avanços de medicina não pode limitar -se, exclusivamente, à tradicional prá tica clínica, no fácil acesso a mais sofisticados meios de diagnóstico e tra tamento e os bons livros e bibliotecas com a ciência produzida por outras, como escreveu Veiga Fernandes.
É necessário também, diz aquele Professor Catedrático, que os nossos médicos sejam amparados, e estimula dos a competir no campo das ideias inovadoras e criativas e na luta pelos meios que lhes permitam a prova des sas ideias de modo a podermos partici par com gosto e activamente no que continuará a ser a grande aventura do desenvolvimento científico da medi cina. Ou como se preconizara em 1961 no Relatório das Carreiras Médicas ... «a criação de condições dentro das carreiras que incitem os médicos desde os graus inferiores aos graus superio res da hierarquia a praticar a investiga ção dentro do âmbito da sua especiali dade ou função».
Desde começo até final, as carreiras médicas deverão ser um processo de aprendizagem permanente e de valori zação o mais objectiva possível dos elementos curriculares-profissionais e científicos.
Assim, também, cremos que as car reiras actuais com um sistema de pul verização de concursos hospitalares com múltiplas provas teóricas e práti cas não serve, provocando grande per turbação institucional e grandes sacri fícios e instabilidade profissionais.
«Desde começo até final, as
carreiras médicas deverão ser
um processo de aprendizagem
permanente e de valorização
o mais objectiva possível dos
elementos curriculares
-profissionais e científicos.»
Há que simplificar o método de selecção para os lugares do quadro permanente sem prejuízo da exigência, dignidade e justiça, o que passa funda mentalmente pelo curriculum. Muito mais que as temidas e longas provas de concurso tão perturbadoras da vida hospitalar (quer para os candidatos, quer para os membros do júri) deverão contar sobretudo as provas a que a vida quotidiana submete o candidato, isto é, o seu «curriculum vitae».
A prova de vida é a expressão do valor real do candidato, da sua inicia tiva, faculdades de trabalho, valor profissional e científico e do carácter. As únicas formas de subir na hierar quia profissional deverão ser o mérito próprio, a competência técnica e cien tífica e o zelo no desempenho das fun ções.
Garantias dos médicos
nas carreiras
Há um certo número de condições imprescindíveis que deverão ser preen chidas para garantir aos médicos nas carreiras uma vida desafogada e digna, e meios de trabalho capazes de modo a que os cidadãos e o país possam dispor de um corpo clínico de qualidade e efi ciente .
I - Há que estabelecer garantias para todos os médicos - garantias gerais e garantias particulares ou especiais para certas carreiras, cargos e funções, melhorando a situação dos médicos por meio de remunerações directas (ou fixas) e indirectas (ou variáveis).
II - Garantias de condições de acesso e promoção na carreira de modo a suscitar o interesse pelo pro gresso profissional e abrindo a todos as mesmas oportunidades de valorização pessoal, profissio nal e científica.
III - Garantias de condições de tra balho com regimes de trabalho que vão do tempo completo ao tempo completo prolongado e para certos casos o regime de dis ponibilidade permanente (inter nos em formação e clínicos gerais?), com limite máximo de horas. O tempo exclusivo só seria obrigatório para a carreira de saúde pública, e na carreira hos pitalar, seria sempre em regime de opção e desde que as condi ções o imponham ou justifique.
IV - Garantias de condições de aper feiçoamento e actualização com concessão de bolsas.
V - Garantia de segurança social na doença, invalidez ou reforma e seguro para doenças adquiridas ou acidentes e de responsabili dade civil.
VI - Garantia de protecção judicial dos médicos · dos serviços de saúde.
Políticas sectoriais
nas carreiras
Relativamente ao sector ambulató rio ou extra-hospitalar, designação que preferimos à de cuidados
primá-rios, e hoje é corrente na CEE, há que alterar a estrutura orgânica e funcional dos Centros de Saúde no sentido de neles se privilegiarem os serviços de índole preventiva, medicina no tra balho e medicina escolar, acrescidos das funções de coordenação, ética e funcional das acções dos médicos da carreira de Clínica Geral e outras espe cialidades médicas do ambulatório, integradas no esquema geral do sis tema de saúde. Por outro lado há que dar aos médicos de carreira de clínica geral e outras especialidades médicas integradas nos cuidados de saúde ambulatórios, um novo perfil, não funcionalizado, em que os cuidados de saúde prestados deverão sê-lo de molde personalizado e em regime de disponibilidade permanente.
Estes médicos deverão trabalhar em condições de boa comodidade para os utentes ou doentes e de dignidade para o exercício das suas funções utilizando instalações apropriadas dos centros ou instalações próprias conforme acordos e a estabelecer.
Além da atribuição de base deverão ser essencialmente remunerados em função da capitação.
A remuneração fixa deverá ser cal culada em função do serviço prestado ao Estado, mas com compensação geográfica, pela extensão da área e dis persão dos habitantes que influi no tempo e dificuldades das visitas, com pensação pelas deficiências de comuni cação e transporte, ser-lhe dado habi tação adequada à sua categoria social (papel das autarquias) e subvenção de transporte.
Política sectorial nos cuidados
hospitalares e que se prende
com a carreira hospitalar
Os hospitais devem deixar de consti tuir modelos monolíticos (na progra mação e desenvolvimento) e passarem a ser regidos por uma dinâmica pró pria das organizações livres e competi tivas, embora sujeitos às leis gerais e princípios orientadores.
A gestão hospitalar deve ser regula mentada num contexto de gestão empresarial específica para instituições de saúde, com responsabilidade acres cida dos órgãos de direcção na anga riação de receitas, na rentabilização do equipamento e racionalização das des pesas, responsabilização e autonomia extensiva à gestão dos recursos huma nos.
Aproveitamento dos recursos exis
tentes em relação aos hospitais:
1. Investir e reestruturar os Hospitais Centrais que estejam degradados
ou com falta de certos serviços e o mesmo quanto aos Hospitais Dis tritais (aumentos, renovação e ade quação à finalidade de prestação de cuidados de saúde diferenciados no Distrito).
2. Revisão dos quadros médicos, enfermagem e paramédicos tendo em vista os objectivos das institui ções hospitalares relativamente ao meio em que se inserem, as va lências que minimamente devem existir num Hospital (Medicina Interna, Cirurgia Geral, Ortopedia, Anestesiologia, Pediatria, Obstetrí cia/Ginecologia, Radiologia, Pato logia Clínica, Anatomia Patológica e outras) e o mínimo de camas de cada serviço ou unidade.
3. Serviços de urgência - sua revisão nos grandes centros, tendo presente que o problema das urgências depende sobretudo da reorganiza ção hospitalar.
- Criação de urgências nos Hospi tais (residentes), cuidados intensi vos na urgência e hospitalares. - Possível criação de médicos de
urgência (só para os serviços de urgência).
- Pôr a funcionar com as valências indispensáveis os serviços de urgência nos Hospitais Distritais.
4. Hospitais Concelhios - sua entrega às Misericórdias ou autar quias com subsídios para os que tiverem condições para funciona mento de algumas especialidades em convenção ou medicina livre, criando-se, se possível, consultas semanais de especialidades impor tantes e mesmo internamento para algumas (por exemplo consultas de Estomatologia ou Medicina Dentá ria, Otorrino, Oftalmologia, Pedia tria, Obstetrícia/Ginecologia e mesmo de Medicina Interna ou sub-especialidades e Cirurgia Geral).
Necessidade de revisão dos «cha mados» hospitais distritais com baixo número de camas (quase lodos ex-concelhios) e inseri-los na rede hospitalar, definindo o enqua dramento legal do seu funciona mento e se devem continuar sob a alçada do Estado apesar do finan ciamento escasso.
Tudo isto se insere na necessidade de um levantamento rápido da carta hospitalar actual e sua revisão tendo em conta as referências anteriores, o número de camas por unidade hospita lar, a criação de possíveis novas unida des, locais de implantação das mes mas, etc. (atenção ao grande Porto e grande Lisboa e à regionalização em termos de saúde).
A carreira médica hospitalar deverá ser revista numa perspectiva mais
insti-tucional e fora do quadro da função pública.
Concursos a abrir rapidamente, após a reavaliação dos quadros e necessidades, concursos curriculares e institucionais, de modo a no máximo dentro de um ano os Hospitais terem os seus quadros reajustados.
Revisão dos serviços idóneos após esses concursos e, em face das possibi lidades de estágios idóneos, revisão dos internatos a abrir.
Na revisão da carreira criar fases e promoções com remunerações acresci das.
Criar o residente para urgências nos serviços e apoio aos mesmos por Espe cialistas (assistentes hospitalares) que terão um regime de tempo completo prolongado.
Regime de disponibilidade perma nente para os internos de especial' dade, mas com um limite máximo de horas por semana.
Criação do lugar de consultor.
As carreiras médicas, em conclusão, devem existir para elevação profissio nal dos médicos, mediante uma apren dizagem prolongada e contínua, con forme as exigências da medicina moderna. Isto trás naturalmente um acréscimo de esforços e responsabili dades aos médicos que devem ter como contrapartida aliciantes na car reira e remunerações capazes e justas. Se os médicos colhem benefícios pes soais, maiores benefícios colherão a sociedade e os doentes.
Só assim os médicos se tornarão ele mentos activos, eficientes e de alta qualidade e com isso só lucrarão o bem-estar e a saúde das populações.
Mas a esta subida do nível profissio nal, que se deseja e impõe nas carreiras médicas, devem contrapôr-se garanti equivalentes da parte das entidad oficiais, com melhores condições de trabalho e retribuições compensado ras.
Há que prestar, pois, a devida aten ção aos problemas da profissão médica para que os médicos tenham a preparação adequada para o desem penho das suas tarefas.
Por fim, qualquer plano ou reforma do sistema de saúde tem de contar, como dado primordial, com o con curso dos médicos e hoje mais do que nunca o seu trabalho vale pela qualifi cação científica e técnica e depende da organização que o estrutura e integra, neste caso as carreiras médicas.
Como corolário do que ficou dito, as carreiras médicas correspondem a duas preocupações dos Estados Modernos - a educação e a saúde. Porém, os capitais investidos nestas áreas serão retribuídos generosamente a longo prazo.
CARREIRAS MÉDICAS*
ESCOLHA PROFISSIONAL OU ESCOLHA POLÍTICA
• ANTÓNIO GALHORDASINTRODUÇÃO - O PASSADO! 1 - Agradecimentos ao Presidente da Sociedade de Ciências Médicas, Prof. Ribeiro da Silva e ao Secretário -Geral Dr. Mendes de Almeida, pela oportuna e feliz iniciativa.
2 - O tema Carreiras Médicas nas ceu pública e politicamente há 30 anos
o seio da Ordem dos Médicos,
desta-ndo aqui o ilustre Bastonário de então, Prof. Jorge Horta a que junto o actual, Prof. Machado de Macedo, numa similitude de acontecimentos, em que se destacou a verticalidade, a coragem e a consciência intrínseca e clara da defesa dos valores e princípios que regem a nossa profissão de médi cos.
3 - Uma outra evocação e também agradecimento inquestionável, têm de ser feitos. Sem esquecer os muitos que contribuiram, não posso deixar de des tacar de forma particular a figura ilus tre do Prof. Miller Guerra, que quis dar-nos o prazer e a honra de estar presente nesta sessão, sobre um assunto de que foi o percursor e o Mestre.
4 - Em muito breve resenha histó
rica, é na transição dos anos 50 para 60 A958-1961) que de um movimento de
�vens médicos, que provoca em Julho de 1958 uma reunião de 800 a 900 médicos de Lisboa e limítrofes, a que está presente o Bastonário Jorge Horta, que assume a responsabilidade do encontro, onde é aprovada uma Comissão encarregada de elaborar um «Relatório sobre as Carreiras Médi cas» na Secção Regional de Lisboa, sendo Miller Guerra encarregado de o orientar.
5 - Com este acontecimento, pas sou a ser não os jovens, mas tão somente o Movimento Médico, a que a imprensa do tempo deu larga divulga ção (a possível!) e o Poder passou a dedicar uma especial atenção ao fenó meno, de tal forma que na sequência, o Chefe do Governo Oliveira Salazar, nomeia o primeiro ministró da Saúde de um Governo em Portugal, o Prof. Henrique Martins de Carvalho, que passou a ocupar o «centro político» que se gerou no país à volta do « fenó meno médico».
6 - Em 1961, após centenas de reu niões e num diálogo intenso entre os médicos das 3 Secções Regionais da Ordem, é finalmente aprovado, publi cado e divulgado pela O.M. o defini tivo «Relatório sobre as Carreiras Médicas», sob a égide do Prof. Basto nário Jorge Horta e tendo como rela tor o seu principal obreiro o Prof. Mil ler Guerra.
7 - Foi um facto político e social (como agora se diz!), com grande rele vância em todo o país e que levou o ministro Martins de Carvalho, a decla rar publicamente «que foi o maior contributo que um sector profissional até à altura tinha dado para um pro blema Nacional que ao sector dizia res peito».
8 - Foi sem dúvida, para a época (e não só) uma obra notável e uma vitória de prestígio e dignidade de uma classe profissional na sua relação dia lética com o Poder.
«As carreiras (de Saúde
Pública, Hospitalar e de
Clínica Geral) são para os
médicos nos tempos desta
Era da Medicina Sócio
-Económica, o esquema de
funcionamento essencial da
sua profissão.»
E HOJE? - O PRESIDENTE?** 1 - Há contornos sacio-políticos idênticos nas relações médico-poder, só que «nestes dias de agitada e vil tris teza», com semelhança de coordena das, os acontecimentos foram «dispa rados» não pelos médicos mas pelo Poder, neste novo tempo de mudança. Numa sucessão de acontecimentos, passou a considerar a actual ministra, que:
1.1 - Os médicos não cumprem com as suas responsabilidades, lança -se a perigosa insinuação, fruto de uma inaceitável incultura humanística de quem detém o poder de decidir, de
que os interesses dos médicos e dos doentes podem ser dissonantes e até antagónicos, cabendo ao Poder zelar pelos doentes (chamados de utentes!), face aos possíveis malefícios dos médi cos!
1.2 - Pelo mesmo ministério foram tomadas, em sucessão, várias medidas de carácter marcadamente voluntarista, que indo ao encontro de questões importantes que era preciso corrigir, não acautelaram, os necessá rios pareceres de responsáveis dos sec tores médicos, não tiveram em conta contradições graves que acabaram por surgir, passando a administração do sector da saúde a ser feita com a utili zação de processos expeditos e hetero doxos, que permaneciam na linha de toda a incultura humanística e política voluntarista que tem caracterizado desde o início a actual responsável do Ministério da Saúde.
2 - É essencial que nos entenda mos nesta dialética entre os médicos e o Poder na fase actual do exercício da medicina.
As Carreiras (de Saúde Pública, Hospitalar e de Clínica Geral) são para os médicos nos tempos desta Era da medicina Sócio-Económica, o esquema de funcionamento essencial da sua profissão.
Esta realidade impõe-se pela necessi dade de encontrar a única forma de organizar o exercício da medicina nesta era histórica de grandes massas humanas em movimento.
As Carreiras são a «espinha dorsal» de todo o fenómeno do sector, o que não pressupõe a estatização macissa do mesmo.
3 - É necessário definir com cla reza o que cabe às Carreiras Médicas (aos médicos) e o que cabe ao Poder. Só a partir daqui nos poderemos entender. Saber quem Escolhe! Saber o que cada parte tem a fazer, num diá logo de convergência, feito natural mente de contradições, mas que não queremos nem pode ser de antagonis mos irredutíveis, que resultam ou redundam em tendências hegemónicas de uma das partes, com graves reper cussões nacionais se o Poder o fizer.
4 - Às Carreiras Médicas (aos médicos) compete:
4. 1 - Manter a dignidade profis sional dos médicos na defesa intrasi
gente dos princípios deontológicos de que não abdicam «no amor» pelos doentes, ou seja pelo seu trabalho. Dizia o meu antigo mestre Leopoldo Laires, que nada mais gratificante para a consciência médica do que ver o seu doente são e salvo. «Nós é que lhes devíamos pagar» (costumava dizer). E é esta nossa dignidade que não pode admitir dívidas ou insinuações que ultimamente tanto têm inquinado a vida médica na sua relação com a sociedade civil, do médico com o doente.
«Há contornos sócio
-políticos idênticos nas
relações médico-poder, só
que nestes dias de agitada e
vil tristeza, com semelhança
de coordenadas, os
acontecimentos foram
disparados não pelos
médicos mas pelo Poder,
neste novo tempo de
mudança.»
4.2 - Manter a competência técnico-científica dos médicos perma nente e actualizada, que nesta era de prodigiosa aceleração se tornou de grande complexidade e responsabili dade, para manter vivo e actual o prin cípio IV do decálogo de Hipócrates, decálogo, onde radica ainda a cons ciência profunda da profissão médica.
Ali jura o médico: «Instruir com lições orais e outros métodos de ensino os meus «filhos» (doentes) e os do meu Mestre. E os discípulos que se juntem a mim por convénio e juramento. E a ninguém mais» (princípio IV do decá logo hipocrático).
Os médicos não abdicam deste e doutros princípios do seu «jura mento» e como tal, exigem em perma nência conhecer a ciência do saber da sua época e não lhe podem ser assaca das falhas ou erros que resultam das decisões de terceiros, orientações polí ticas e/ou administrativas. Podemos dizê-lo com orgulho, que nós médicos, apesar das dificuldades dos recursos e das incompreensões por vezes, é com improvisação e imaginação, que amiude, procuramos e conseguimos «estar a par» e lemos conseguido cum prir este nosso princípio hipocrático que mais do que ninguém nós quere mos que seja cumprido, pelo amor e dignidade pelo nosso trabalho.
4.3 - Manter a defesa dos legíti mos interesses dos médicos, o seu esta tuto de trabalho, as suas remunera-22
ções, as suas condições gerais de acção, enquanto prestadores de um serviço de alto valor humano e nacio nal.
5 - Ao Poder compete, através dos seus diversos órgãos de soberania
(P. R., Parlamento, Governo, Tribu
nais), um papel e objectivos que todos aceitamos e compreendemos, que votamos nas leis que nos regem.
5.1 -Definir o Sistema ou Serviço Nacional de Saúde que se entenda que
melhor defina o «substractum» onde deverá actuar toda a operacionalidade da prossecução da medicina e da saúde.
5.2 -Definir a melhor forma de promover as necessidades da saúde da
população com a melhor qualidade possível, mas ter-se-à que reconhecer que a qualidade só os médicos a podem determinar, e os doentes a sen tem!
5.3 -Aos Tribunais, todos natu ralmente reconhecemos, cabe dirimir
os conflitos que o diálogo e o consenso não permitem resolver.
6 -O que não pode acontecer, e
todos sabemos que assim está a suce der, é que as Carreiras Médicas, pela distorção a que se vem a assistir no seu funcionamento, sejam cada vez mais, actos judiciais, produtores de caríssi mos e volumosos processos jurídicos. É um espectáculo que está a tornar-se rotineiro, desprestigiante para o Poder e para os médicos perante a Sociedade Civil.
Não queremos que assim seja e con victamente afirmamos que isso resulta de erros importantes de administração do poder nas instituições de saúde e de intenções hegemónicas, erradas e des propositadas com que pretende gover ná-las.
A escolha dos mais aptos e dos mais competentes. os critérios de quem escolhe juris e julga candidatos, tem que ser um acto que se passa exclusiva mente enl re os médicos, nal uralmente de acordo com as leis que cabe ao Governo promulgar, tal como acon tece com a magistratura, a carreira militar e outras que justamente preser vam a todo o custo a sua independên cia, para poderem mante a sua quali dade e dignidade.
Esta é a essência da questão das Car reiras Médicas, e esta é a verdadeira resposta à alternativa (profissional ou política) que encima o tema desta palestra. Nas Carreiras a escolha é profissional, cabendo ao Poder legis lar na relação democrática que ambos devem manter.
7 - É certo, que nós médicos não estamos, no meu entender, isentos de
culpas e aqui o declaro sem com plexos.
O acto de fazer funcionar as Carrei ras e atribuir os títulos não pode, como deixamos antever, caber em exclusividade a uma das partes.
Neste sentido, não terá sido necessá rio nem saudável, denegrir ou substi tuir por sistemas duplicados o fruir das carreiras que resultam do funciona mento correcto das Instituições de Saúde, duplicando juris, actos e exa mes, sacrificando os candidatos e des prestigiando assim o valor das Institui ções, das nossas próprias instituições públicas.
E isto fê-lo a Ordem dos Médicos durante um tempo que reputo de nega tivo. Pelo meu lado, pessoalmente, sempre me opus passiva e activamente a tal prática, que em nada ajudou à necessária autonomia institucional.
A
Esta «mea culpa» não autorizl!9'
porém, a perversão de sentido contrá rio, a total hegemonia do poder, como actualmente se terá a fazer, de tal forma que a explosão aí esteve, e está, violenta, justa e demonstrativa dos erros do Poder, que apesar de tudo, parece ainda não os ter compreendido. Devemos concordar que a aberração quando parte do poder é bem mais prejudicial para os doentes e para a nação. Até pelo próprio peso e valor específico da palavra «podem!
8 -Foram analisadas até aqui o que poderemos considerar os princi pias essenciais que deverão reger a questão das Carreiras Médicas.
Resulta agora necessário encarar os
aspectos práticos do problema e que
dizem respeito à forma como e com que meios se podem resolver os gran des desafios da saúde e da mediei.
dos nossos dias.
W
«O que não pode acontecer,
e todos sabemos que assim
está a suceder, é que as
Carreiras Médicas, pela
distorção a que se vem a
assistir no seu
funcionamento, sejam cada
vez mais, actos judiciais,
produtores de caríssimos e
volumosos processos
jurídicos.»
A ERA SÓCIO-ECONÓMICA DA SAÚDE
1 - Durante séculos, até meados do actual, a medicina decorreu da con cepção personalizada de que a cada
indi� pria isola guiar Libeç que isola nhor pons ciênc 2 profi fissio com sua doen quer si ste médi Jll!j,.ão_ e 9.a1s fissio «rela é in trada: 3 1 Sóci adq SOS cres alter 4 sua i ,8:)ntr Weg 5 exerc neste conv mem eia que HO As desta em: enor Sã respe excel que i Paul Jul tiplic finan ment finan