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Mini Curso: Simetrias e Grupos

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Academic year: 2021

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(1)

Mini Curso:

Simetrias e Grupos

Cristalogr´

aficos

Celso M. Doria

UFSC - Depto. de Matem´

atica

Fev/2012

Figura 1: Homem Vitruviano, quadro de Leonardo da Vinci

Escola de Ver˜ao 2012- UFAM

(2)

1

Introdu¸

ao

No plano R2, considere o produto interno euclideano < ., . >: R2× R2

→ R u = (u1, u2),

v = (v1, v2)

, ⇒ < u, v >= u1v1+ u2v2 (1)

Defini¸c˜ao 1.0.1. O espa¸co euclideano E2 ´e o espa¸co R2 munido com a

m´etrica euclideana;

E2 = (R2, < ., . >); onde para cada p ∈ E2, < ., . >: T

pE2× TpE2 → E2 ´e o produto interno (1)

O produto interno permite-nos definir 1. o comprimento de um vetoru ∈ R2;

| u |=√< u, u >

2. ˆangulo entre vetores dois vetores u, v ∈ R2; seja θ a medida do ˆangulo

∠(u, v)

θ = arcos < u, v > | u || v |

(3)

p, q ∈ E2; seja

Ω(p, q) = {γ : [0, 1] → E2 | γ ∈ C0, γ(0) = p, γ(1) = q}

Seja γ : [a, b] → E2, γ = γ(t), uma curva diferenci´avel e γ0(t) o vetor tangente no instante t. O comprimento de γ ´e L : Ω(p, q) → R, L(γ) = Z b a | γ, | ds. Defini¸c˜ao

1. A distˆancia euclidena entre os pontos p, q ∈ E2 ´e

dE2(p, q) = min

γ∈Ω(p,q)L(γ).

2. uma curva ligando p `a q ´e umageod´esica se

(4)

Proposi¸c˜ao 1.0.2. Sejam p e q pontos em E2. A geod´esica ligando p a q

descreve uma reta. Al´em disto,

dE2(p, q) =| q − p |. (2)

Demonstra¸c˜ao. Seja α : [0, 1] → E2 uma curva ligando p = α(0) `a q = α(1). Assim,

q − p = Z 1

0

α,(t)dt.

Seja u ∈ E2 um vetor unit´ario qualquer. Desta forma, < q − p, u >= Z 1 0 < α,(t), u > dt ≤ Z 1 0 | α,(t) | dt tomando u = |q−p|q−p , ent˜ao | q − p |≤ L(α) e | q − p |≤ dE2(p, q).

Uma aplica¸c˜ao f : E2 → E2 ´e uma isometria se, ∀p ∈ E2, ∀u, v ∈ T pE2,

< dfp.u, dfp.v >=< u, v >

(5)

2

Isometrias de E

2

2.1

Rota¸

oes

Defini¸c˜ao 2.1.1. Uma rota¸c˜ao de ˆangulo θ com centro na origem ´e uma transforma¸c˜ao linear Rθ : E2 → E2 que satisfaz as seguintes propriedade:

para quaisquer θ ∈ R e u, v ∈ E2

< Rθ.u, Rθ.v >=< u, v >, det(Rθ) = 1

Decorrem da defini¸c˜ao as seguintes propriedades de uma rota¸c˜ao: 1. Rθ(0) = 0 para todo θ ∈ R.

2. Rθ.Rtθ = Rtθ.Rθ = I,

3. na base canonica β = {(1, 0), (0, 1)}, a matriz que representa Rθ ´e

[Rθ]β =

 cosθ −senθ

senθ cosθ

 .

• para quaisquer θ, φ ∈ R, valem as identidades

Rθ ◦ Rφ= Rθ+φ, Rθ−1= R−θ. (3)

(6)

Proposi¸c˜ao 2.1.2. Para todo θ ∈ R, a rota¸c˜ao Rθ ´e uma isometriade E2.

Demonstra¸c˜ao.

Rθ(x, y) = (cosθ.x + senθ.y, −senθ.x + cosθ.y).

Portanto, (dRθ)(x,y) : T(x,y)E2 → TRθ(x,y)E

2 ´e dada por

(dRθ)(x,y).v = Rθ.v,

da onde

< (dRθ)(x,y).u, (dRθ)(x,y).v >=< Rθ.u, Rθ.v >=< u, v > .

2.2

Reflex˜

oes

a reflex˜ao sobre o eixo-x definida por

rx(x, y) = (x, −y)

Desta forma, rx : E2 → E2 ´e uma transforma¸c˜ao linear tal que rx2 = idE2 e

cuja matriz, em rela¸c˜ao a base canonica, ´e [rx]β = 1 0 0 −1  . para qualquer θ ∈ R, Rθrx = rxR−θ.

(7)

Seja l ⊂ E2 a reta y = tg(θ) passando pela origem. A reflex˜ao em rela¸c˜ao a l ´e a transforma¸c˜ao linear rl : E2 → E2,

rl= Rθ◦ rx◦ R−1θ .

Segue que

rl = Rθ.rx.R−θ = R2θ.rx. (4)

a matriz de rl na base canonica ´e

[rl]β =

 cos2θ sen2θ

sen2θ −cos2θ 

. (5)

Seja l uma reta passando pela origem em E2 . Ent˜ao;

1. Se p ∈ l, ent˜ao rl(p) = p.

2. rl2 = idE2

3. rl : E2 → E2 linear satisfaz

< rl.u, rl.v >=< u, v >, ∀u, v ∈ E2

(8)

Proposi¸c˜ao 2.2.1. Sejam l, r retas em E2 passando pela origem que formam

ˆ

angulos α, β com o eixo-x, respectivamente. Ent˜ao, rl◦ rs = R2(α−β), rs◦ rl= R−2(α−β).

Demonstra¸c˜ao.

rl◦ rs= Rα◦ rx◦ R−α◦ Rβ◦ rx◦ R−β = Rα◦ rx◦ Rβ−α◦ rx◦ R−β =

= Rα◦ r2x◦ Rα−β ◦ R−β = R2(α−β)

Analogamente, rs◦ rl= R−2(α−β).

Ogrupo ortogonal ´e o conjunto

O2 = {A ∈ M2(R) | A.At= At.A = I}

munido com a opera¸c˜ao de multiplica¸c˜ao de matrizes. Lema 2.2.2. Seja A ∈ O2. Ent˜ao, h´a duas possibilidades;

(i) A = Rθ, A ∈ SO2 e det(A) = 1

(ii) A = Rθ◦ rx, A /∈ SO2 e det(A) = −1.

(9)

2.3

Transla¸

oes

Seja b ∈ R2. Uma transla¸c˜ao ´e uma transforma¸c˜ao T

b : E2 → E2 definida

pela express˜ao

Tb(x) = x + b, b = T (0). (6)

As transla¸c˜oes satisfazem a seguintes propriedades; 1. Para todo b ∈ E2, T

b : E2 → E2 ´e uma isometria.

2. Se b 6= 0 ent˜ao as transforma¸c˜oes Tb : E2 → E2 n˜ao s˜ao lineares.

3. Se b 6= 0, ent˜ao para todo x ∈ E2 Tb(x) 6= x.

4. Sejam b1, b2 ∈ E2, ent˜ao

Tb1 ◦ Tb2 = Tb2 ◦ Tb1 = Tb1+b2.

5. Para todo b ∈ E2, T−1

b = T−b.

6. T = {Tb | b ∈ E2}; (T , ◦) ' R2

A composi¸c˜ao de isometrias ´e uma isometria; sejam A ∈ O2 e b ∈ E2,

considere TA,b : E2 → E2 a isometria

(10)

Exemplos:

1. reflex˜ao sobre uma reta afim;

Se l = {(x, y) ∈ E2 | y = tg(θ)x − x

0tg(θ)} ´e a reta com inclina¸c˜ao θ

passando pelo ponto (x0, 0), ent˜ao

rl(u) = rxR−2θ | {z } A (u) − 2x0.tg(θ) 1 + tg2(θ)(−tg(θ), 1) | {z } b ⇒ rl = TA,b, (7)

2. Rota¸c˜ao com centro em P0 = (x0, y0); v0 = ~OP0;

RP0 θ (u) = Rθ |{z} A (u) + v0 − Rθ(v0) | {z } b ⇒ RP0 θ = TA,b. (8)

Proposi¸c˜ao 2.3.1. Sejam l, s retas em E2 e rl, rs as respectivas reflex˜oes.

Ent˜ao,

1. Se l//s, ent˜ao rl ◦ rs = Tb e rs ◦ rl = T−b, onde b ∈ E2 ´e um vetor

ortogonal as retas l, s e | b |= 2dist(l, s)

2. Se l, s s˜ao concorrentes em P , ent˜ao rs◦ rl = RP2θ e rl◦ rs= R−2θP s˜ao

rota¸c˜oes com centro em P e θ ∈ R ´e o ˆangulo formado por l e s.

(11)

Teorema 2.3.2. Se T : E2 → E2 ´e uma isometria, ent˜ao, existem A ∈ O

2 e

b ∈ E2 tais que, para todo x ∈ E2,

T (x) = Ax + b (T = TA,b)

Corol´ario 2.3.3. O grupo Isom(E2) goza das seguintes propriedades ao

fi-xarmos a origem em E2;

1. O grupo Isom(E2) ´e gerado pelas reflex˜oes.

2. Isom(E2) = R2

o O2.

Demonstra¸c˜ao. considere sobre R2 × O

2 o seguinte produto (semi-direto)

(a, A).(b, B) = (a + Ab, AB)

1. o produto ´e associativo,

2. o elemento neutro do produto ´e (0, I).

3. o elemento inverso de um elemento (a, A) ´e (−A−1a, A−1). R2o O2 ´e um grupo,

(12)

3

Grupos Cristalogr´

aficos 2-D

Um subgrupo G < isom(E2) age

discreto

z }| {

descontinuamente sobre E2 se, para todo conjunto compacto K ⊂ E2,

G(K) ∩ K ´e um conjunto finito de pontos.

3.1

Subgrupos Discretos de O

2

Proposi¸c˜ao 3.1.1. Se θ ∈ 2π(R\Q), ent˜ao G =< Rθ > ´e infinito.

Demonstra¸c˜ao. Por absurdo, suponhamos que G ´e finito ⇒ existe k ∈ N tq. Rkθ = I. Isto implica na existˆencia de n ∈ N tal que

k.θ = 2πn ⇒ θ = 2πn

k ⇒ θ ∈ 2πQ,

Consequentemente, G tem que ser infinito.

Proposi¸c˜ao 3.1.2. Se θ ∈ 2π(R\Q), ent˜ao A ´orbita de qualquer elemento x0 ∈ S1 ´e densa em S1.

(13)

Exemplos: Grupo Diedral Dn

1. Simetrias de um Triˆangulo Equil´atero D3.

uma simetria T ´e representada pela imagem dos seus v´ertices

T =  A B C T (A) T (B) T (C)  . (9)

As rota¸c˜oes centradas no ponto O com ˆangulos 0, 2π3 e 4π3 definem as simetrias I =A B C A B C  , R2π 3 = A B C B C A  , R4π 3 = A B C C A B  ,

As reflex˜oes sobre as bissetrizes AD, BE e CF definem as simetrias

rAD = A B C A C B  , rBE = A B C C B A  , rCF = A B C B A C  , Figura 4: D3

As simetrias do 4ABC definem o conjunto de transforma¸c˜oes

D3 =  A B C A B C  ,A B C B C A  ,A B C C A B  ,A B C A B C  ,A B C C B A  ,A B C B A C 

(14)

A opera¸c˜ao de composi¸c˜ao de transforma¸c˜oes induz uma opera¸c˜ao sobre o conjunto D3, conforme ilustra os exemplos abaixos;

rAD◦ R2π 3 = A B C A C B  ◦A B C B C A  =A B C C B A  = rBE, R4π 3 ◦ R 2π 3 = A B C C A B  ◦A B C B C A  =A B C A B C  = I,

A tabela abaixo representa o elemento (x ◦ y); x na 1a-coluna e y na

1a-linha ; I R2π 3 R 4π 3 rAD rBE rCD I I R2π 3 R 4π 3 rAD rBE rCF R2π 3 R 2π 3 R 4π 3 I rCF rAD rBE R4π 3 R 4π 3 I R 2π 3 rBE rCF rAD rAD rAD rBE rCF I R2π 3 R 4π 3 rBE rBE rCF rAD R4π 3 I R 2π 3 rCF rCF rAD rBE R2π 3 R 4π 3 I Tabela 1: tabela de D3.

(15)

Figura 5: D4 Figura 6: D5

Sejam l1, l2 duas retas;

(i) o ˆangulo entre elas ´e θ,

(ii) as reflex˜es sobre elas sejam r1, r2 (respect.)

r2◦ r1 = R2θ. O grupo G =< r1, r2 > age descontinuamente se

∃ p, q ∈ N tal que θ = p qπ

Teorema 3.1.3. Se G < O2 age descontinuamente sobre E2, ent˜ao G ´e

(16)

3.2

Subgrupos Discretos de T

Uma transla¸c˜ao ´e o produto de duas reflex˜oes sobre retas paralelas.

Proposi¸c˜ao 3.2.1. Seja G < T um subgrupo agindo descontinuamente sobre E2. Ent˜ao, ocorre uma das possibilidades abaixo;

1. G ' Z e existe v ∈ E2 tal que G =< T v >.

2. G ' Z ⊕ Z e existem u, v ∈ E2 tal que G =< Tu, Tv >.

Figura 7: T = Z Figura 8: T  Z

(17)

3.3

Subgrupos de Isom(E

2

) = T o O

2

que agem

descon-tinuamente sobre E

2

G < Isom(E2) (

OG, isotropia da origem

TG, transla¸c˜oes puras

Ao fixarmos a origem em E2 obtemos a sequˆencia exata

• OG ´e o subgrupo de SO2 isomorfo ao grupo de isotropia da origem,

• TG ´e o subgrupo de transla¸c˜oes puras de G.

0 −→ TG −→ G −→ OG−→ 1,

Classes de grupos discretos: • Tipo I: Se TG' Z 1. OG = {e}, 2. OG ' Zn 3. OG ' Dn • Tipo II: Se TG' Z ⊕ Z 1. OG = {e} 2. OG ' Zn 3. OG ' Dn

(18)

GRUPOS CRISTALOGR ´AFICOS

(19)

As proposi¸c˜oes a seguir s˜ao importantes para a classifica¸c˜ao dos grupos que agem descontinuamente sobre E2;

Proposi¸c˜ao 3.3.1. Sejam lb ⊂ E2 a reta definida pela equa¸c˜ao vetorial

r(t) = tu1+ u0, u1 ´e unit´ario e u0 = r(0). Se rl e Tv ∈ G, ent˜ao existe um

vetor w tal que [Tv, rl] = T2w.

w = v− < v, u1 > u1

Corol´ario 3.3.2. Se < v, u1 >6= 0 (n˜ao forem ortogonais) na proposi¸c˜ao

anterior, ent˜ao G ´e do tipo II.

Proposi¸c˜ao 3.3.3. Seja P ∈ E2 um ponto qualquer e suponhamos que a rota¸c˜ao RP

θ : E2 → E2, de centro em P e ˆangulo θ, pertence a G. Se Q ´e

um ponto na ´orbita de P , ent˜ao a rota¸c˜ao RQθ : E2 → E2 com centro em Q e

ˆ

angulo θ tamb´em pertence a G.

Proposi¸c˜ao 3.3.4. Se RP

θ e Tv pertencem a G, ent˜ao G cont´em a transla¸c˜ao

Tw, onde w = v − RPθ(v).

Corol´ario 3.3.5. Se o grupo G cont´em a isometrias RP

θ (θ 6= π) e Tv, ent˜ao

G ´e um grupo do tipo II.

Proposi¸c˜ao 3.3.6. Sejam u0 = OP e v0 = OQ. Se RPθ, R Q

φ ∈ G, ent˜ao G ´e

um grupo do tipo II, pois [RP θ, R

Q

φ] : E2 → E2 ´e igual `a transla¸c˜ao Tw0, onde

(20)

4

Grupos Triangulares

4ABC ´e formado pelos segmentos l1 = AB, l2 = BC e l3 = CA.

v´ertices: A = l1∩ l3, B = l1∩ l2 e C = l2∩ l3

medida dos ˆangulos internos: ˆA = α, ˆB = β e ˆC = γ nota¸c˜ao: 4ABC 4(α, β, γ);.

Sejam r1, r2, r3 as reflex˜oes sobre os lados l1, l2, l3, respectivamente.

Quest˜ao Sobre que condi¸c˜oes o grupo G =< r1, r2, r3 > age

descontinua-mente sobre E2 ?

Observe que

(i) os v´ertices do triˆangulo s˜ao centros de rota¸c˜ao: RA, RB, RC ∈ G.

(ii) para que a a¸c˜ao das rota¸c˜oes seja descont´ınua os ˆangulos internos do triˆangulo devem ser da forma

π m, π n, π p m, n, p ∈ N.

(iii) A soma dos ˆangulos internos de um triˆangulo euclideano ´e π, ou seja, 1 m + 1 n + 1 p = 1. (11)

Proposi¸c˜ao 4.0.7. As ´unicas solu¸c˜oes (m, n, p) ∈ N × N × N da equa¸c˜ao (11) s˜ao as triplas

(2, 4, 4), (2, 3, 6) e (3, 3, 3)

(21)

Uma abordagem geom´etrica

o ˆangulo interno de um pol´ıgono regular de n-lados medeπn−2n . Para azulejar o plano com este pol´ıgono deve existir k ∈ N tal que

k. n − 2 n

 = 2. as ´unicas solu¸c˜oes s˜ao

(i) n = 3 (triˆangulo equil´atero) e k = 6, (ii) n = 4 (quadrado) e k = 4,

(iii) n = 6 (hex´agono) e k = 3.

Figura 11: triˆangulo equil´atero Figura 12: quadrado

Figura 13: pent´agono Figura 14: hex´agono

Ao considerarmos as retas bissetrizes obtemos uma decomposi¸c˜ao do inte-rior do pol´ıgono em triˆangulos congruentes. No caso do triˆangulo equil´atero,

(22)

o triˆangulo obtido ´e o 4(2, 3, 6); no quadrado ´e o triˆangulo 4(4, 4, 2); e no hex´agono ´e o triˆangulo 4(3, 3, 3). Reciprocamente, o cada pol´ıgono poder ser constru´ıdo a partir destes triˆangulos.

Defini¸c˜ao 4.0.8. Dados (m, n, p) ∈ N × N × N, G(m, n, p) =< r1, r2, r3 > ´e

um grupos triangular euclideano quando a tripla (m, n, p) ´e uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (11).

Portanto, existem apenas trˆes grupos triangulares euclideanos G(2, 4, 4), G(2, 3, 6), G(3, 3, 3).

Todos os grupos que agem descontinuamente sobre E2 ao subgrupos de

al-gum destes subgrupos triangulares; isto porque s˜ao todos gerados por re-flex˜oes ou produtos delas.

1. G0 =< r1r2, r1r3, r2r3 > ´e um subgrupo de ´ındice 2 de G =< r1, r2, r3 >.

2. Considere o triˆangulo 4(2, 3, 6). Ao fixarmos a origem no v´ertice com ˆ

angulo interno π/2 obtemos a sequˆencia exata

0 −→ Z ⊕ Z −→ G −→ Z2 −→ 1.

Se a origem nos outros v´ertices teriamos uma das seguintes sequˆencias exatas;

0 −→ Z ⊕ Z −→ G −→ Z3 −→ 1

(23)

3. LEMBREM-SE ! Os comutadores [RA

2α, RB2β], [RB2β, R2γC] e [RC2γ, RA2α] s˜ao

transla¸c˜oes;

u0 = OA e v0 = OB; ent˜ao existe w0 tal que

Tw0 = [R A 2α, R B 2β] : E 2 → E2 w0 = (R2α+ R2β − R−2γ− I) (v0− u0). (12)

Seja 4(m, n, p) um triˆangulo onde m ≤ n ≤ p e m1 + n1 + 1p = 1. Considere a matriz M (m, n) = R2π m + R 2π n − R2π(m+n)mn − I (13)

Usando as identidades trigonom´etricas M (m, n) = 4.sen(π

m)sen( π

n)Rπ(p−1)p

. (14)

Os comutadores [RA, RB], [RB, RC] e [RC, RA] geram as transla¸c˜oes na dire¸c˜ao dos vetores decorrentes dos comutadores das rota¸c˜oes centradas nos v´ertices do triˆangulo 4(M, n, p), conforme a proposi¸c˜ao 3.3.6. Para este fim, consideramos a tabela 2 abaixo;

m n M (m, n) 2 3 2√3.R5π 6 2 6 2.R2π 3 3 6 √3.Rπ 2 2 4 4 2.R3π4 4 4 2.Rπ 2 3 3 3.R2π 3 Tabela 2: R(m, n)

Tamb´em vamos fixar os seguintes elementos: Sejam A, B e C os v´ertices do triˆangulo 4(m, n, p), assim como mostra a figura ??. Consideramos os seguintes vetores

(24)

u0 = OA, v0 = OB, w0 = OC, eAB = v0− u0, eBC = w0− v0, eCA = u0− w0. 1 - 4(2, 3, 6): Sejam ν1 = 2 √ 3.R5π 6 (eAB), ν2 = 2.R 2π 3 (eAC), ν3 = √ 3.Rπ 2(eBC)

Ao aplicarmos os dados na tabela 2, segue que

[RAπ, RB2π 3 ] = Tν1, [R A π, R C π 3] = Tν2, [R B 2π 3 , RCπ 3] = Tν3. (15) Se os v´ertices de 4(2, 3, 6) s˜ao A = (0, 0), B = (1, 0) e C = (0,√3), ent˜ao ν1 = (−3, √ 3), ν2 = (3, √ 3), ν3 = −ν2. 2 - 4(2, 4, 4): Da mesma maneira, ν1 = 4 √ 2.R 3π 4 (eAB), ν2 = 4 √ 2.R 3π 4 (eAC), ν3 = 2.R π 2(eBC), da onde, [RAπ, RBπ 2] = Tν1, [R A π, R C π 2] = Tν2, [R B π 2, R C π 2] = Tν3. (16) Se os v´ertices de 4(2, 4, 4) s˜ao A = (1/2, 1/2), B = (0, 0) e C = (1, 0), ent˜ao ν1 = (2, 0), ν2 = (0, −2), ν3 = −ν2.

(25)

3 - 4(3, 3, 3): Analogamente, ν1 = 3.R2π 3 (eAB), ν2 = 3.R 2π 3 (eAC), ν3 = 3.R 2π 3 (eBC) obtemos [RA2π 3 , RB2π 3 ] = Tν1, [R A 2π 3 , RC2π 3 ] = Tν2, [R B 2π 3 , RC2π 3 ] = Tν3. (17) Se os v´ertices de 4(3, 3, 3) s˜ao A = (0, 0), B = (1, 0) e C = (1/2,√3/2), ent˜ao ν1 = 3.(− 1 2, √ 3 2 ), ν2 = 3(− 1 2, − √ 3 2 ), ν3 = −ν2.

Segue da discuss˜ao acima que os vetores ν1, ν2, ν3 s˜ao linearmente

depen-dentes sobre Z; isto implica que o ret´ıculo gerado por um par deles independe do par escolhido.

4.1

Classifica¸

ao dos Subgrupos Discretos de Isom(E

2

)

Agora, aplicaremos os resultados obtidos para classificarmos os subgrupos discretos G de Isom(E2). Vamos considerar os seguintes casos: (1) G0

quando TG = {0}, (2) GI ´e do tipo I; TG ' Z e (3) GII ´e do tipo II;

TG ' Z ⊕ Z. A cada grupo G agindo discontinuamente sobre E2 temos,

associada a G, a regi˜ao fundamental PG.

1. TG = {0}. Sejam l1 e l2 retas que formam um ˆangulo θ entre si e sejam

r1, r2 : E2 → E2 as respectivas reflex˜oes. Segue que r1r2 = R2θ;

(a) Go =< r

1, r2 >=< r1, R2θ >' Dk

(b) Go =< r

1r2 >=< R2θ >' Zk

(26)

2. TG = Z, G ´e do tipo I.

Todos os grupos nesta categoria tem ordem infinita. Sejam l1, l2 e l3

retas distintas tais que l1 k l2 e l1 ⊥ l3 (considere l3 como sendo o

eixo-x). Sejam ri : E2 → E2, i ∈ {1, 2, 3} as respectivas reflex˜oes. Se

l1∩ l3 = {P } e l2∩ l3 = {Q}, segue que

r1r3 = RPπ, r2r3 = RQπ, r1r2 = T2u.

A transforma¸c˜ao M2u;3 = r3T2u ´e denominada reflex˜ao por

desliza-mento. Decorre de r3(u) = u que r3T2u = T2ur3 e M2u;32 = T4u.

Consi-deramos as seguintes possibilidades; (a) GI

1 =< r1, r2 >=< r1, T2u >,

(b) GI2 =< r1r2 >=< T2u >' Z, (age livremente)

(c) GI

3 =< r1, r2, r3 >,

Abaixo esta a tabela produto dos geradores de GI3:

I r1 r2 r3

I I r1 r2 r3

r1 r1 I T2u RPπ

r2 r2 T−2u I RπQ

r3 r3 RPπ RQπ I

Tabela 3: tabela dos geradores de GI 3 (d) GI 4 =< r1r2, r3 >=< T2u, r3 >; I T2u r3 I I T2u r3 T2u T2u T4u G2u;3 r3 r3 G2u;3 I

Tabela 4: tabela dos geradores de GI 4

(27)

I M2u;3

I I M2u;3

M2u;3 M2u;3 T4u

Tabela 5: tabela dos geradores de GI5 (e) GI

5 =< r1r2r3 >=< M2u;3>.

GI5 ' Z e age livremente sobre E2; (f) GI6 =< r1r3, r2r3 >=< RPπ, RQπ >;

De acordo com a proposi¸c˜ao 3.3.6, GI

6 ´e do tipo I; [RPπ, RQπ] = T4v0, onde v0 = P Q. I RP π RQπ I I RP π RQπ RP π RPπ I RPπ.RQπ RQπ RQπ RQπ.RPπ I

Tabela 6: tabela dos geradores de GI 6 (g) GI7 =< RπP, Tu >; I RP π Tu I I RπP Tu RPπ RPπ I RPπ.Tu Tu Tu Tu.RPπ T2u

Tabela 7: tabela dos geradores de GI 7

Por exaust˜ao, temos o seguinte resultado; Teorema 4.1.1. Os grupos GI

i, i = 1, . . . , 7 s˜ao, a menos de

isomor-fismos, os ´unicos grupos do tipo I. 3. TG = Z ⊕ Z, G ´e do tipo II.

(28)

(a) Grupos gerados pelas reflex˜oes sobre os lados do triˆangulo 4(2, 3, 6) (figura ??).

Sejam l1, l2, l3 os lados de 4(2, 3, 6) e r1, r2, r3 as respectivas

re-flex˜oes. Considere que os v´ertices de 4(2, 3, 6) sejam A = l1∩ l3, B = l1∩ l2, C = l2∩ l3,

cujos ˆangulos internos medem

ˆ A = ](l1, l3) = π 2, ˆ B = ](l1, l2) = π 6 ˆ C = ](l2, l3) = π 3. Desta maneira, as seguintes rota¸c˜oes resultam da composi¸c˜ao das reflex˜oes r1, r2, r3; r3r1 = RπA, r1r2 = RBπ 3, r1r3 = R C 2π 3 . Como visto na equa¸c˜ao 15,

[RAπ, RB2π 3 ] = Tν1, [R A π, R C π 3] = Tν2, [R B 2π 3 , RCπ 3] = Tν3.

H´a tamb´em as reflex˜oes por deslizamento Ki,νj = riTνj, onde 1 ≤

i ≤ 3 e 1 ≤ j ≤ 3. A seguir, vamos descrever os subgrupos do tipo II apresentando um conjunto de geradores e, em alguns casos, a tabela operacional deles.

(a.1) GII 1 =< r1, r2, r3 > (a.2) GII 2 =< RAπ, RB2π 3 , RC π 3 >; (a.3) GII 3 =< [RAπ, RB2π 3 ], [RA π, RCπ 3] >=< Tν1, Tν2 >; (a.4) GII 4 =< r1, [RAπ, RB2π 3 ] >=< r1, Tν1 >; a classe de

isomor-fismo independe da escolha da reflex˜ao ri, i = 1, 2, 3 e da

escolha da transla¸c˜ao. Observamos que o lado l1 e a dire¸c˜ao

(29)

I r1 r2 r3 I I r1 r2 r3 r1 r1 I RAπ RC2π 3 r2 r2 RAπ I RB5π 3 r3 r3 RC4π 3 RBπ 3 I

Tabela 8: tabela dos geradores de GII 1 I RA π RB2π 3 RC π 3 I I RAπ RB2π 3 RCπ 3 RA π RAπ I RAπRB2π 3 RA πRCπ3 RB2π 3 RB2π 3 RB2π 3 RAπ RB4π 3 RB2π 3 RCπ 3 RC π 3 R C π 3 R C π 3R A π RCπ3RB2π 3 RC π 3

Tabela 9: tabela dos geradores de GII 2 (a.5) GII5 =< RB2π 3 , [RπA, RB2π 3 ] >=< RB2π 3 , Tν1 >; (a.6) GII 6 =< RCπ 3, [R A π, RB2π 3 ] >=< RC π 3, Tν1 >; (a.7) GII 7 =< [RAπ, RB2π 3 ], Ki;νj >=< Tν1, Ki;νj >; (a.8) GII 8 =< RAπ, Ki;νj >; (a.9) GII 9 =< RB2π 3 , Ki;νj >; (a.10) GII 10 =< RCπ3, Ki,νj >; (a.11) GII 11 =< Ki,νj, Kk,νl >;

a classe de isomorfismo deste grupo independe da escolha das transforma¸c˜oes de deslizamento e refle˜ao usadas, desde ambas sejam distintas.

Nos casos acima, havendo um centro de rota¸c˜ao, a classe de iso-morfismo depende do ˆangulo de rota¸c˜ao.

(30)

(b) Grupos obtidos pela reflex˜ao sobre os lados do triˆangulo 4(3, 3, 3) (figura ??).

Sejam l1, l2, l3 os lados de 4(3, 3, 3) e r1, r2, r3 as respectivas

re-flex˜oes. Consideramos

ˆ A = ](l3, l1) = π 3, ˆ B = ](l1, l2) = π 3 ˆ C = ](l2, l3) = π 3. De maneira an´aloga ao caso do triˆangulo 4((2, 3, 6), as seguintes isometrias s˜ao obtidas pela composi¸c˜ao das reflex˜oes r1, r2, r3;

rota¸c˜oes: r1r2 = RAπ 3, r3r2 = R B π 3, r1r3 = R C π 3. transla¸c˜oes: Tν1 = [R A π 3, R B π 3], Tν2 = [R A π 3, R C 2π 3 ].

reflex˜oes-deslizamento: Ki,νj = riTνj, i = 1, 2 e j = 1, 2.

Dentre os grupos discretos obtidos a partir do grupo triangular 4(3, 3, 3), somente os grupos abaixo acrescentam novas classes de isomorfismo a lista grupos;

(b.1) GII 12 =< RA2π 3 , RB 2π 3 , RC 2π 3 >; (b.2) GII 13 =< RA2π 3 , [RA 2π 3 , RB 2π 3 ] >=< RB 2π 3 , Tν1 >; (b.3) GII 14 =< RA2π 3 , Ki;νj >.

(c) Grupos obtidos pela reflex˜ao sobre os lados do triˆangulo 4(2, 4, 4). (figura ??)

Sejam l1, l2, l3 os lados de 4(2, 4, 4) e r1, r2, r3 as respectivas

re-flex˜oes. Considere que os ˆangulos internos medem

ˆ A = ](l1, l2) = π 2, ˆ B = ](l2, l3) = π 4 ˆ C = ](l3, l1) = π 4. Como anteriormente, temos as seguintes isometrias:

rota¸c˜oes: r1r3 = RAπ, r2r3 = RBπ 2 e r3r1 = R C π 2, transla¸c˜oes: Tν1 = [R A π, RBπ 2] e Tν2 = [R A π, RCπ 2],

(31)

Os grupos abaixo somam-se as listas dos grupos (a.1)-(a.11) e (b.1)-(b.3); (c.1) GII 15 =< RAπ, RBπ 2 , RC π 2 >; (c.2) GII16 =< RBπ 2, [R A π, RBπ 2] >=< R B π 2, Tν1 >; (c.3) GII17 =< RBπ 2, Ki;νj >;

Por exaust˜ao, chegamos ao seguinte resultado;

Teorema 4.1.2. Os grupos GIIi , i = 1, . . . , 17 s˜ao, a menos de isomorfismos, os ´unicos grupos do tipo II.

4.2

Superf´ıcies e Orbitais Euclideanos

Defini¸c˜ao 4.2.1. Se G ´e um grupo agindo discretamente sobre a superf´ıcie X, a regi˜ao fundamental associada a a¸c˜ao de G ´e o conjunto fechado P ⊂ X tal que

1. X =S

g∈Gg.P,

2. int(P) ∩ g.int(P) = ∅, (int(P)=interior de P).

A a¸c˜ao de G restrita ao bordo ∂P = P − int(P) possue pontos que pertencem a uma mesma ´orbita, o que induz uma rela¸c˜ao de equivalˆencia sobre P;

x ∼ y ⇔ ∃g ∈ G tal que y = g.x.

Defini¸c˜ao 4.2.2. Seja X uma superf´ıcie e G um grupo agindo descontinua-mente sobre X. Se a a¸c˜ao n˜ao ´e livre dizemos que X/G ´e um orbital . Defini¸c˜ao 4.2.3. Seja X uma superf´ıcie compacta. A caracter´ıstica de Euler de uma triangula¸c˜ao T ´e

(32)

χ(X) = d.(VT − AT + FT) − n X i=1 ki.(νi − 1). χ(X) = d " VT − AT + FT − n X i=1  1 − 1 νi # = d.χ(X/G)

Referências

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