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Efeitos do Mercúrio na Saúde e no Meio Ambiente

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Academic year: 2021

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Efeitos do Mercúrio na Saúde e no

Meio Ambiente

José Antonio Menezes Filho

Professor de Toxicologia

Coordenador do LabTox

Faculdade de Farmácia

Universidade Federal da Bahia

(2)

2

Mercúrio e seus Compostos

O que é o mercúrio?

Símbolo químico:

Hg

do greco-latin hydragyrum (água de prata)

Peso atômico: 200,5

Ponto de fusão: -38,9

o

C

Densidade específica: 13,5939 g/mL a 20

o

C

Estados de valência: 0, +1 e +2

Mercúrio metálico (Hgº) ou elementar (líquido nas CNTP).

Sais inorgânico: mercuroso (1+) e mercúrico (2+): HgCl

2

.

(3)

Mercúrio

De onde vem o mercúrio?

Fontes naturais: emanação da crosta terrestre (gases vulcânicos)

lança no oceanos, lagos e rios.

As fontes naturais superam as fontes antropogênicas.

Fontes antropogênicas:

 Mineração e Fundição: mercúrio, ouro, cobre e zinco.

 Indústria cloro-álcali.

 Fabricação e uso de termômetros e outros equipamentos de medida (tensiômetros)

 Garimpo (220t em 1989, CETEM 1991)

 Queima de combustíveis fósseis (1 ppm): lança 5.000 t/ano na atmosfera.

(4)

Uso do Hg como medicamento

Como exemplo do seu uso como conservante/anti-séptico temos:

 Mercurocromo (dibromohidroximercurifluoresceina).

 Timerosal (tiosalicilato de etilmercúrio): conservante em vacinas e reagentes de imunoensaio.

Os compostos fenilmercúrio e etilmercúrio continuam a ter um uso

limitado como agentes antibacterianos e conservantes.

O cloreto mercúrico que é um agente anti-séptico ou

desinfectante tópico.

O cloreto mercuroso era incluído em produtos laxantes e pó

dentário.

(5)

Teores de Hg em equipamento médico

Aparelhos médicos

Teor aproximado

de Hg

Termômetros orais/retais/infantis

0,5 – 3,0 g

Termômetro basal

2,25 g

Termômetros de laboratório

3 – 5 g

Esfigmomanômetros/tensiômetros

50 – 140 g

Dilatadores esogafiais

907 – 1360 g

Tubos gastro-intestinais

907 g

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6

Ciclo biogeoquímico do Hg

Mobilização no meio ambiente`em escala global

 Mercúrio metálico (Hg0) é oxidado a divalente Hg2+.

 Este é metilado por bactérias anaeróbias: Metil e dimetil-mercúrio.

 Biota (plancton, zooplancton e peixes) bioacumulam ou desprendem para atmosfera. Ocorre o fenômeno da biomagnificação ao longo da cadeia trófica.

(7)

Mercúrio

Biomagnificação do Hg na cadeia alimentar

(8)

8

Quais são as fontes de exposição?

Não Ocupacional (população em geral)

 A principal fonte é a dietética. Os níveis de Hg na água e no ar são muito baixos.

 Os frutos do mar, sobretudo peixes carnívoros, são as principais fontes de Hg-Me.

 Medicamentos: antisépticos (tiomersal) e diuréticos*

Ocupacional

 Na fabricação de instrumentos científicos (termômetros, tensiômetros).

 Vapores de Hg metálico em planta cloro-álcali.

 Consultórios odontológicos: amálgama dentário.

 No processamento do ouro nos garimpos de ouro de aluvião.

 Produção de lâmpadas fluorescentes.

Acidental

 Quebra de instrumentos de medição com Hg metálico e lâmpadas fluoresc.

 Ingestão de grãos preservados com Me-Hg como fungicida (Iraque, 1971)

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Como o Hg interage com o organismo?

Absorção

Depende da forma química do Hg.

Respiratória

 Principal via de absorção do Hg metálico por conta da volatilidade.

 Atravéss facilemente os alvéolos (alta lipossolubilidade).

 Cerca de 80% inalado é absorvido e desses 20% é retido no organismo.

 Sais inorgânicos é dependente da solubilidade e do tamanho da partícula.

Dérmica

 O Hg0 é absorvido moderadamente pela pele intacta.

 A absorção dérmica do Hg metálico representa 2,2% da absorção pulmonar.

Gastrointestinal

 A absorção GI do Hg0 é insignificante <0,01%

(10)

10

Qual o destino do Hg no organismo?

Distribuição no organismo

Mercúrio elementar

Difunde-se facilmente através das membranas celulares.

Distribui-se em tecidos ricos em gordura.

Ao entrar na célula é oxidado a Hg

2+

por catalases (tecido e

eritrócitos).

Parte penetra no SNC (10%) ou atravessa a placenta antes de

ser oxidado.

Íons mercúricos (Hg

+

e Hg

+2

) penetram muito pouco a barreira

(11)

Distribuição no organismo:

Sais inorgânicos: razão eritrócitos/plasma <1 a 2

Metil-mercúrio: Razão eritrócitos/plasma 10

Hgº deposita-se preferencialmente no cérebro.

Inorgânicos maior deposição nos rins com meia-vida: 2

meses.

Organomercuriais: cérebro, no qual penetra ligado a

cisteína (grupamento –SH).

Acumula-se no cabelo. O metil-Hg é um bombiomarcador

(250x do sangue)

(12)

Exposição do feto

Transporte trans-plancetário

Todas as formas atravessam a barreira

Maior absorção do mercúrio metálico que iônicas.

O metilmercúrio alcança concentração no feto até 5-7x

a da mãe.

A amamentação também contribui para a

concentração no neonato.

12

(13)

Eliminação

Excreção renal e nas fezes varia de acordo com:

 Espécie química

 Dose

 Período após a exposição

Exposição ao vapor Hgº : pequena fração no ar expirado e maior

percentual via fezes, urina, também no suor, saliva e no leite

materno.

Sais inorgânicos: via fecal

A eliminação renal aumenta com o tempo após a exposição.

 Pequena fração (0,1%) excretado como Hg0 na urina.

 Meia-vida (t½):40 (35 – 90) dias

Metil-mercúrio: lentamente metabolizado a inorgânico pela

microflora intestinal 1%/d.

 90% eliminado nas fezes e <10% na urina.

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Como o Hg causa danos ao organismo?

Mecanismo de ação tóxica no SNC

Liga-se dentro da célula a diversos sistemas

enzimáticos (microssomas e mitocôndria).

Lesão ou morte celular.

Inibição de diversas enzimas e stress oxidativo

Interrupção de síntese proteica de DNA.

Resposta auto-imune.

Lesão renal decorre da reabsorção nas células

tubulares do complexo metalotioneína-Hg,

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Quais os efeitos do Hg?

Sinais e sintomas

Vapor de mercúrio (metálico)

Inalação de altas concentrações:

Bronquite aguda

Pneumonia intersticial

Sobrevivendo, ocorre sequelas neurológicas: tremor,

excitabilidade exacerbada.

Exposições crônicas

Síndrome denominada micromercurialismo ou astênico

vegetativo:

Sinais Clínicos Sintomas neurastênicos

Hipertireoidismo

Pulso débil

Taquicardia

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16

Sinais e sintomas do micromercurialismo

Tremor dos músculos (dedos, pálpebras, lábios, etc.)

Pode evoluir para tremor generalizado com espasmos.

Mudanças da personalidade

Perda de memória

Aumento da excitabilidade

Depressão

Delírio e alucinações

Quais os efeitos do Hg?

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Sinais e sintomas:

Compostos inorgânicos.

Ingestão ocorre por tentativa de suicídio ou acidental

Ulceração corrosiva

Hemorragia

Necrose do trato gastrintestinal

Choque e colapso respiratório

Insuficiência renal em 24 horas (necrose tubular)

Oligúria

Anúria

Uremia

Intoxicação crônica

Induz a doença glomerular imunológica (nefropatia

mercurial)

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18

Sinais e sintomas:

Metil-mercúrio

Geralmente a intoxicação é decorrente da exposição ambiental

 No Japão: Baía de Minamata

 Ilhas Feroe (Noruega): consumo de carne de baleia

 População do ribeirinha do Rio Tapajós (Amazonas).

Efeitos neurotóxicos

Danos fetais: encefalopatia e deformações congênitas.

Efeitos genotóxicos

Principais manifestações clínicas

 Parestesia: dormência de lábios e extremidades.

 Ataxia: dificuldade de engolir e expressar, equilíbrio.

 Neurastenia: sensação de fraqueza, fadiga e depressão.

 Perda de visão e audição

 Tremor

 Necrose de neurônios cerebrais (córtex e cerebelo). São substituído por células gliais após lise e fagocitose. Atrofia.

 Coma e morte

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É possível tratar?

Tratamento da Intoxicação

Diminuir a concentração do Hg nos órgãos alvo: Uso de quelantes.

Nos casos graves com insuficiência renal: hemodiálise e infusão de

penicilamina.

Intoxicação leve com Hg inorgânico: quelação com BAL.

Intoxicação aguda com organomercurial:

 Quelação não funciona.

 Drenagem da vesícula biliar, interrompendo a reabsorção.

Controle da Exposição Ocupacional

Ambiental

 Mercúrio metálico: TWA(8h) 0,05 mg/m3

 Alquil-mercúrio: TWA(8h) 0,01 mg/m3, Valor teto 0,04 mg/m3

Biológico

 Mercúrio urinário

 Valor de referência: até 5 g/g creatinina

 Índice Biológico Máximo Permitido:até 35 g/g creat.

Referências

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