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MINISTÉRIO DA JUSTIÇA SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE PROTEÇÃO E DEFESA ECONÔMICA COORDENAÇÃO-GERAL DE CONTROLE DE MERCADO

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Data de entrada: 23 de setembro de 2002 Autos nº: 08012.006718/2002-52

Natureza: Nota Técnica em Ato de Concentração Econômica

Interessadas: CONSTRUTORA TRIUNFO S/A

SBS ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA

CONCEPA - CONCESSIONÁRIA DA RODOVIA OSÓRIO – PORTO ALEGRE S/A

Senhora Coordenadora,

1. Trata-se de operação de âmbito nacional, relativa à constituição da Concessionária Rodovia Osório Porto Alegre S/A – “CONCEPA” pelas empresas CONSTRUTORA TRIUNFO S/A – “TRIUNFO” e SBS ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES LTDA – “SBS”, as quais atuam no mercado brasileiro de construção civil.

2. A CONCEPA é uma sociedade por ações de propósito específico e exclusivo de explorar, sob regime de concessão, a Rodovia BR-290-RS, trecho Osório-Porto Alegre-Entrocamento BR-116 (entrada para Guaíba), e respectivos acessos, no Estado do Rio Grande do Sul. Referida concessão compreende a recuperação, o melhoramento, a manutenção, a conservação, a operação e a exploração da rodovia, mediante a cobrança de pedágios, conforme Contrato de Concessão nº PG-016/97-00, firmado em 04 de março de 1997, com a União Federal, em decorrência de procedimentos licitatórios realizados por intermédio do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Órgão do Ministério dos Transportes.

3. Saliente-se, inicialmente, que a presente operação originou-se do procedimento de Apuração nº 08012.00259/00-15, o qual concluiu que a operação em pauta não havia sido notificada ao SBDC e determinou a instauração do procedimento de Apuração de Ato de Concentração Econômica por parte desta SDE.

4. Assim, em 23/09/2002, a SDE instaurou o APAC nº 08012.006718/2002-52 e, após análise, em 05/09/2005, por meio do Ofício nº 4337/DPDE (fls. 14/15), determinou às requerentes a regular apresentação da operação.

5. Em atendimento ao requerido as requerentes protocolizaram a documentação pertinente, em 22/09/2005 (fls. 20/157) e, desse modo, segundo nota técnica de fls. 159/160 foi procedida a conversão do procedimento no Ato de Concentração Econômica ora em análise.

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6. Em 14/03/2006 foram encaminhadas cópias do pleito à Secretaria de Acompanhamento Econômico - SEAE/MF - para elaboração de parecer técnico e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE - para conhecimento (fls. 179/180). O parecer técnico da SEAE/MF foi protocolizado nesta Secretaria em 28/03/2006, (fls. 166/176) e concluiu pela aprovação do ato sem restrições.

7. A SDE publicou edital submetendo aos interessados os termos do presente ato de concentração, para eventual impugnação, por meio de publicação no Diário Oficial da União em 10/03/2006 (fl. 162). No entanto, até a presente data, não houve qualquer manifestação.

8. Cabe ressaltar que as requerentes não solicitaram sigilo de informações prestadas a esta SDE.

Este é o relatório.

II – TEMPESTIVIDADE

9. O primeiro documento vinculativo da operação foi a Ata de Constituição da

Sociedade Concessionária da Rodovia Osório – Porto Alegre S/A – CONCEPA, datada de

06/01/1997, juntada às fls. 26 a 28 dos autos. O ato, por sua vez, foi apresentado em 22/09/2005 (fls. 20), estando, portanto, fora do prazo legal de 15 dias úteis, o que caracteriza sua intempestividade.

III – ANÁLISE DOS ASPECTOS CONCORRENCIAIS

A. Do Mercado Relevante do Produto

10. O ato em pauta envolve a atividade de concessão e exploração de rodovias, no qual é possível identificar os seguintes mercados relevantes do produto:

(i) o uso de rodovias, em que a mercadoria transacionada é a utilização da rodovia. As entidades que têm o direito de exploração e a obrigação de conservação das rodovias, os concessionários ou órgãos da administração pública, são os seus ofertantes, enquanto que seus demandantes são todos os usuários reais e potenciais da rodovia; e

(ii) o mercado (metamercado) da exploração privada de rodovias, em que a mercadoria transacionada é o direito de exploração de uma rodovia, o direito de acesso ao mercado do uso da rodovia. A oferta neste mercado é composta por

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todos os trechos rodoviários, existentes ou ainda por construir, passíveis de ser objeto de concessão pública para exploração privada, e a demanda corresponde a todas as empresas, ou os grupos de empresas, que possam configurar como concessionários potenciais.

11. Portanto, verifica-se que os mercados relevantes do produto possivelmente afetados pela operação sob análise são o mercado do uso de rodovias e o mercado pelo mercado (metamercado) da exploração privada de rodovias.

B. Dos Mercados Geográficos

12. A delimitação geográfica do mercado do uso de rodovia é determinada pela ligação do trecho rodoviário no mínimo entre dois municípios, já que o usuário apenas consideraria duas rodovias como substitutos entre si nos casos em que possuem trechos coincidentes.

13. Além da CONCEPA, a TRIUNFO participa do capital social da

i) CONCER – companhia de Concessão Rod. Juiz de Fora – Rio, que explora a Rodovia BR-040 – Trecho Juiz de Fora-Rio de Janeiro e respectivos acessos; ii) ECONORTE – empresa Concessionária de Rodovia do Norte S/A, que explora as

Rodovias PR 323, Trecho da divisa entre Paraná e São Paulo; Rodovia PR-445, entroncamento PR-323; Rodovia BR-369, entroncamento BR 153 e Trecho da Rodovia PR-090 segmentos da BR-369 a PR-323;

iii) ECOVALE – Empresa Concessionária de Rodovias do Vale do Itajaí S/A, que explora o sistema Rodoviário BR-470-SC.

14. A SBS, por sua vez, além da CONCEPA, participa do capital social da ECOSUL – Empresa Concessionária de Rodovias do Sul S/A, que explora a concessão do Sistema Rodoviário Pólo Pelotas-RS. Já a CONCEPA explora a Rodovia BR-290-RS, Trecho Osório-Porto Alegre, entroncamento BR 116 (entrada para Guaíba) e respectivos acessos.

15. Como se vê, os trechos acima descritos não podem ser considerados alternativos entre si por não interligarem os mesmos pontos iniciais e finais. Por conseguinte, conclui-se que da presente operação não decorre concentração horizontal no mercado do uso de rodovias, na dimensão geográfica definida como os trechos rodoviários de exploração das requerentes.

16. Saliente-se que a existência de concorrência efetiva neste mercado é rara, pois, como o concessionário que explora dada rodovia o faz em regime de monopólio, apenas pode-se considerar que há concorrência nos casos em que duas rodovias interligam os mesmos pontos

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iniciais e finais, ou pontos iniciais e finais relativamente próximos. Portanto, esta SDE não dará seguimento à análise concorrencial neste mercado.

17. Por outro lado, quanto ao mercado pelo mercado pelo mercado (metamercado) da exploração privada de rodovias, tendo em vista que, conforme dito acima, a oferta é composta por todos os trechos rodoviários, existentes ou ainda por construir, passíveis de ser objeto de concessão pública para exploração privada, e a demanda corresponde a todas as empresas, ou os grupos de empresas, que possam configurar como concessionários potenciais, sua delimitação geográfica é nacional. Assim, como a presente operação gera concentração horizontal neste mercado, esta SDE passará ao exame acerca da possibilidade de exercício de poder de mercado, coordenado ou individual.

C. Da Possibilidade de Exercício de Poder de Mercado

18. Cumpre-nos, em primeiro lugar, analisar a estrutura do mercado pelo mercado da exploração privada de rodovias, identificando as participações de mercado das requerentes e, por conseqüência, a possibilidade ou não de exercício de poder de mercado decorrente desta operação.

19. A concessão da exploração privada de uma rodovia é efetuada por licitação pública, pela qual o poder público determina, por edital, as condições e os critérios de escolha. Os editais de licitação para a contratação de uma concessionária impõem exigências relativas aos índices para qualificação econômico-financeira e à comprovação de capacidade técnica dos candidatos. Tais exigências restringem a estimativa dos potenciais competidores com capacidade para submeter lances vencedores e limitam a concorrência às empresas de construção civil de grande porte, excluindo, inclusive empresas estrangeiras e empresas médias do setor, além de outros agentes econômicos como os fundo de investimentos.

20. Assim, com vistas a avaliar o poder de mercado das requerentes, não serão consideradas as respectivas participações vis à vis o universo atual das rodovias concedidas à exploração privada, mas sim sua representatividade no universo das empresas ou grupos de empresas que têm capacidade, real ou potencial, de submeter lances vencedores.

21. A SEAE/MF analisou, em pareceres anteriores, o mercado de construção pesada e verificou a existência de um grande número de empresas com receita líquida anual superior a R$ 60 milhões (sessenta milhões de reais) que podem, de forma individual ou em consórcio, apresentar propostas vencedoras em licitações deste porte1,. Neste sentido, a SEAE/MF apresentou, em seu parecer técnico, um ranking nacional das 20 maiores empresas do setor de construção civil pesada no Brasil em 2004, capazes, técnica e financeiramente, de submeter propostas vencedoras em licitações para concessão da exploração de rodovias.

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22. Note-se que tanto a TRIUNFO como a SBS não estão entre as 20 maiores empresar do setor; e que a maioria das empresas que integram referido ranking participaram de processos licitatórios para concessão de rodovias.

Maiores Empresas do Setor de Construção Civil – 2004

Empresa Faturamento (R$ mil) Norberto Odebrecht 2.597.823 CR Almeida Engenharia 1.667.062 Andrade Gutierrez 1.346.362 Camargo Corrêa 1.096.743

Queiroz Galvão Construtora 877.460

OAS 653.424

Walter Torres Junior 449.142

Método 402.425 Matec 366.944 Serveng-Cilvisan 285.098

Hochtlef 275.100

Cosntrucap CCPS 252.125

Mendes Junior Trading 230.806

Delta 228.314 Racional 221.041 Carioca Christiani Nielsen 213.821

Schahin 190.368

Via Empreendimentos 186.341

A.R.G. 166.672

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23. Depreende-se do quadro acima que o universo das empresas ou grupos de empresas que têm capacidade, real ou potencial, de submeter lances vencedores em licitações é bastante largo, compreendendo um número significativamente maior que 20 empresas.

24. Na ausência de dados precisos, pode-se concluir, portanto, que as participações das requerentes neste mercado é inferior a 5%, e que o mercado pelo mercado da exploração privada de rodovias é constituído por inúmeros concorrentes.

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IV – CONCLUSÃO

25. Assim, tendo em vista os princípios da economia processual e da eficiência da Administração Pública, concorda-se com o teor do parecer da SEAE/MF, nos termos do § 1º do artigo 50 da Lei 9.784/99.

26. Opina-se, portanto, pela aprovação do ato sem restrições, tendo em vista a inexistência de efeitos anticoncorrenciais, e sugere-se o encaminhamento ao CADE para as providências de sua competência.

À consideração superior.

Brasília, de de 2006.

ADRIANA FERNANDES S. FERRAZ DE AZEVEDO Chefe de Divisão

De acordo.

À consideração da Sra. Diretora do DPDE. Brasília, de de 2006.

CAMILA KULAIF SAFATLE Coordenador-Geral da CGCM,

De acordo.

Encaminhe-se ao Sr. Secretário de Direito Econômico. Brasília, de de 2006.

MARIANA TAVARES DE ARAUJO Diretora do DPDE

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