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FUNGOS ASSOCIADOS A ÁRVORES E ARBUSTOS EM VIAS PÚBLICAS DE VITÓRIA DA CONQUISTA, BA

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FUNGOS ASSOCIADOS A ÁRVORES E ARBUSTOS EM VIAS PÚBLICAS DE VITÓRIA DA CONQUISTA, BA

Gileno Brito de Azevedo1, Gabriel Fernandes Pinto Ferreira2, Glauce Taís de Oliveira Sousa1, Quelmo Silva de Novaes3

1. Graduandos em Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

2. Mestre em Fitotecnia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 3.Professor doutor do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (qsnovaes@uesb.edu.br), Caixa Postal 95,

45031-300, Vitória da conquista, BA

Data de recebimento: 02/05/2011 - Data de aprovação: 31/05/2011 RESUMO

O levantamento de fitopatógenos é de grande importância para a arborização urbana. O diagnóstico correto e o reconhecimento de sintomas ou sinais das doenças presentes em espécies florestais são essenciais para o tratamento fitossanitário. O presente estudo teve por objetivo realizar a identificação das doenças fúngicas e seus respectivos agentes causais em espécies utilizadas na arborização urbana da cidade de Vitória da Conquista, BA. Para tanto, foram coletadas amostras de folhas e/ou frutos que visivelmente apresentasse algum problema fitossanitário, além de eventuais coletas de sementes. Estas amostras foram coletadas em 25 hospedeiros diferentes.Todo material foi encaminhado para identificação no Laboratório de Fitopatologia da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia). Os resultados deste estudo apontam uma grande diversidade de espécies fúngicas presente na arborização urbana do município de Vitória da Conquista, BA, sendo identificados 20 gêneros e/ou espécies de fungos em folhas, cinco em frutos e dez em sementes. Como agentes causais de manchas foliares, destacaram-se Colletotrichum sp., Cladosporium sp., Cercospora sp. e Oidium sp, sendo que, o segundo também foi encontrado associado as sementes de todas as espécies estudadas.

PALAVRAS-CHAVE: arborização urbana, espécies florestais, manchas foliares FUNGI SPECIES ASSOCIATE TO THE TREES AND SHRUB PRESENT AT

STREETS IN VITÓRIA DA CONQUISTA, BA ABSTRACT

The survey of pathogens is of great importance for urban forestry. The correct diagnostic and recognition of symptoms or signs of diseases to forest species are essential actions in the treatment plant. This study was aimed at the identification of fungal diseases and their causative agents in species used in reforestation in the Vitória da Conquista, BA. The samples of leaves or fruits, and eventually seeds, with visibly symptoms or signs of diseases were collected. Samples from 25 different hosts were collected and sent for identification at the Laboratory of Plant Pathology of the Unversidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). The results show a

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five in the fruits and ten in the seeds. The Colletotrichum sp., Cladosporium sp.,

Cercospora sp. and Oidium sp. were causal agents eminence of leaf spots, and the Cladosporium sp. was found associated with seeds of all species studied.

KEYWORDS: urban forestry, forest species, leaf spot

INTRODUÇÃO

A arborização é um componente importante na paisagem urbana. A mesma oferece vários benefícios, tais como o fornecimento de sombra, diminuição da poluição do ar e sonora, absorção de parte dos raios solares, proteção contra o impacto direto dos ventos, redução do impacto das gotas da chuva sobre o solo e a erosão, além de embelezar a cidade (SILVA et al., 2002). Serve ainda de abrigo para a fauna urbana e na valorização visual e ornamental dos espaços públicos (LOBODA; ANGELIS, 2005).

As árvores desempenham papel vital para o bem-estar das comunidades. Sua capacidade única em controlar muitos dos efeitos adversos do meio urbano deve contribuir para uma significativa melhoria da qualidade de vida, exigindo uma crescente necessidade por áreas verdes a serem manejadas como um recurso de múltiplo uso em prol de toda a comunidade (VOLPE-FILIK et al., 2007). Além disso, o setor de produção e comercialização de flores e plantas ornamentais tem experimentado um marcante crescimento nas últimas quatro décadas e tem se desenvolvido como um dos ramos econômicos mais promissores da agricultura moderna (SOLOGUREN; JULIATTI, 2007). No entanto, durante o crescimento dessas plantas, surgem muitos problemas, que além de interferir na sua beleza cênica, podem comprometer também o seu desenvolvimento, ou até mesmo, levá-las à morte. Alguns problemas podem ser citados, tais como: ocorrência de doenças, alteração nas condições climáticas, estresse causado pela pressão urbana (insuficiente arejamento para as raízes, déficit hídrico ocasional, agentes poluentes e injúrias mecânicas, temperaturas extremas, entre outros) e a senescência precoce das árvores (MARCHETTI et al., 1997; RAGAZZI, 1998).

As doenças de plantas podem ser causadas por diversos microrganismos,

dentre eles, fungos, bactérias e vírus (AGRIOS, 2005), no entanto, os fungos fazem parte da maioria dos relatos de doenças de plantas, onde uma gama destes infectam diversas espécies de plantas hospedeiras. POZZA et al. (1999), ao estudar a freqüência da ocorrência de doenças da parte aérea de plantas na região de Lavras, MG, constatou que 81,5% das amostras analisadas apresentavam doenças que tinham os fungos como agentes etiológicos. Em trabalho semelhante realizado por TALAMINI et al. (2003), a ocorrência de fungos foi de 70,5% do total das amostras analisadas.

Os microrganismos podem ser encontrados associados a diversas partes das plantas, tais como raiz, caule, folhas, botões florais, flores, frutos e sementes, porém, grande parte dos relatos de fungos baseia se em manchas foliares, e pouco se trata das interações dos patógenos com outras partes das plantas. Segundo Pozza et al. (1999), as doenças de plantas podem reduzir a produção e a produtividade das diversas culturas, tanto em quantidade quanto em qualidade. BATISTA et al. (2007), salienta a importância de se realizar periodicamente

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levantamentos dos fitopatógenos causadores de doenças de plantas em áreas de plantios, como os reflorestamentos, áreas agrícolas, pastos, florestas naturais, campos naturais e sistemas agroflorestais, antes que estes se tornem endêmicos e possam causar danos expressivos às plantas.

Os levantamentos periódicos de doenças podem ser feitos com o objetivo de avaliar os prejuízos e/ou fornecer dados à pesquisa e à extensão rural. Sendo assim, o levantamento de fitopatógenos da arborização urbana se enquadra no mesmo contexto, e é de extrema importância para a mesma, pois o seu diagnóstico é fundamental na identificação de doenças inerentes às espécies florestais, bem como no reconhecimento de sintomas ou sinais de doenças, que são ações essenciais para o tratamento fitossanitário.

Diante do exposto, fez-se necessário o levantamento da ocorrência de fungos associados a árvores e arbustos em vias públicas de Vitória da Conquista, BA, tendo o presente estudo o objetivo de realizar a identificação das doenças fúngicas e seus respectivos agentes causais em espécies utilizadas na arborização urbana da referida cidade.

MATERIAL E MÉTODOS Localização

Este estudo foi realizado na cidade de Vitória da Conquista, BA, situada a 14º53' de latitude Sul e 40º48' de longitude Oeste, apresentando altitude média de 928 m, e de acordo com a classificação de Köppen, apresenta o clima tropical de altitude (Cwa). As médias de temperaturas máximas e mínimas são de 25,3º C e 16,1º C, respectivamente. A precipitação média anual é de 733,9 mm, sendo o maior nível encontrado de novembro a março (SEI, 2010).

Coleta das amostras

No período de agosto de 2009 a julho de 2010, foram coletadas amostras em árvores e arbustos, em praças e vias públicas, e na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em Vitória da Conquista, BA. Estes locais apresentam grande diversidade de espécies arbóreas. Folhas e frutos com sintomas e/ou sinais de doenças foram acondicionados em sacos de papel devidamente identificados e encaminhados ao Laboratório de Fitopatologia da UESB para a realização do devido diagnóstico. Também foram coletadas sementes de algumas espécies para avaliação da sanidade das mesmas.

Diagnóstico e identificação dos fungos

Após a análise dos sintomas, o material coletado foi examinado em microscópio estereoscópico e óptico. Quando era observada a presença de fungos, amostras de frutificações dos mesmos eram retiradas e colocadas sobre lâminas microscópicas para observação. Para a montagem destas, utilizou-se o meio de montagem lactofenol com adição do corante azul-de-algodão. Todos os sintomas e estruturas fúngicas observados foram fotografados para auxiliar na identificação dos patógenos.

Quando não foi possível a identificação do material por meio da análise direta, este era colocado em câmara úmida e/ou isolado em meio de cultura

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contendo batata-dextrose-ágar (BDA). Para tanto, foi realizada a desinfestação superficial do material, mergulhando o mesmo em solução de hipoclorito de sódio 1% por umminuto e álcool 70% por mais um minuto, e em seguida lavado com água destilada e seco em papel toalha. Este material foi mantido em câmara úmida até o surgimento de estruturas que possibilitassem a identificação, dois a quatro dias após, ou quando plaqueado em BDA, era mantido em câmara de crescimento (BOD) com temperatura de 25 ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas, durante sete dias. Para a identificação dos fungos foram utilizadas chaves taxonômicas descritas por Barnett e Hunter (1998), Ellis (1976) e descrições realizadas por Ferreira (1989).

A sanidade das sementes foi avaliada pelo método "blotter test" (NEERGAARD, 1977). As sementes foram desinfestadas superficialmente, as quais foram imersas por dois minutos em soluções de hipoclorito de sódio 1% e de álcool 70%, também por dois minutos, lavadas em água esterilizada e secas em papel toalha. Posteriormente foram distribuídas em placas de Petri de 150 mm esterilizadas, contendo duas folhas de papel filtro autoclavadas, as quais foram umedecidas com cinco mililitros de água esterilizada por placa. As placas foram incubadas em BOD, com temperatura de 25 ± 2 ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por sete dias.

Análise e interpretação dos dados

Os dados foram analisados por meio das figuras e tabelas obtidas a partir da incidência das doenças e em relação à freqüência dos gêneros de fungos. Assim, os dados obtidos foram interpretados através de uma estatística descritiva a partir dos fungos identificados na área em que foi realizado o estudo.

Para o estabelecimento da freqüência relativa em que ocorreram as doenças em cada espécie, obteve-se a relação do número de doenças encontradas por espécie com o número total de doenças associadas às manchas foliares. A freqüência foi estabelecida pela fórmula:

F = (Ne / Nt) x 100 Onde:

Ne = nº de doenças que ocorreu por espécie;

Nt = nº de doenças que ocorreu em todas as espécies analisadas.

Para o cálculo da incidência dos fungos nas sementes, foi utilizado o percentual de sementes em que o fungo apareceu.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Fungos associados a manchas foliares

Foram coletadas 45 amostras foliares em 24 hospedeiros diferentes, sendo identificados 20 gêneros ou espécies de fungos, conforme pode ser observado no Quadro 1. Algumas doenças com sintomas de manchas foliares e/ou seus respectivos patógenos também podem ser observados nas Figuras 1, 2 e 3.

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QUADRO 1. Fungos associados a manchas foliares em árvores e arbustos da arborização urbana de Vitória da Conquista, BA. Agosto de 2009 a julho de 2010.

Espécie vegetal

Fungos Encontrados

Nome científico Nome Vulgar

Araucaria angustifolia Pinheiro-do-paraná Diplodia sp. Pestalotiopsis sp. Bauhinia forficata Pata de vaca Cladosporium sp. Colletotrichum sp.

Bougainvillea sp. Primavera Cladosporium sp.

Colletotrichum sp. Pestalotiopsis sp.

Bixa orellana Urucum Cercospora sp.

Oidium sp.

Caesalpinia echinata Pau-brasil Colletotrichum sp. Caesalpinia tinctoria Falso pau-brasil Bipolaris sp.

Cassia grandis Acácia rosa Phyllachora sp.

Clitoria racemosa Sombreiro mexicano Alternaria sp. Cercospora sp. Cladosporium sp. Oidium sp.

Duranta repens Pingo-de-ouro Oidium sp.

Ficus benjamina Ficus Colletotrichum sp.

Hibiscus sp. Hibisco Nigrospora sp.

Jacaranda mimosifolia Jacarandá-mimoso Cladosporium sp. Colletotrichum sp.

Licania tomentosa Oiti Colletotrichum sp.

Macadamia integlifolia Macadâmia Pestalotiopsis sp.

Mangifera indica Mangueira Colletotrichum sp.

Myracrodruon urundeuva Aroeira Cercospora sp.

Plumeria rubra Jasmin-manga Coleosporium plumeriae

Pterogyne nitens Madeira nova Cercospora sp.

Oidium sp.

Rosa sp. Roseira Diplocarpon rosae

Oidium leucocomium Roystonea oleracea Palmeira imperial Bipolaris sp.

Lasiodiplodia theobromae

Schinus molle Aroeira salsa Cladosporium sp.

Curvularia sp. Tabebuia chrysotricha Ipê amarelo Alternaria sp.

Apiosphaeria guaranitica Colletotrichum sp. Phomopsis sp.

Tabebuia sp. Ipê rosa Cercospora sp.

Colletotrichum sp. Ovulariopsis sp. Rhizoctonia sp. Polychaeton sp. Tibouchina granulosa Quaresmeira Rhizoctonia sp.

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FIGURA 1. Polychaeton sp. em Tabebuia sp. (Ipê-rosa): sintomas (A) e picnídio (B); Ovulariopsis sp. em ipê-rosa (Tabebuia sp.): sintomas (C) e conídio (D); Aphiosphaeria guaranitica em Tabebuia chrysotricha (Ipê amarelo): sintomas (E)

e massa de conídios (F); Alternaria sp. em Tabebuia chrysotricha (Ipê-amarelo): conidióforos sobre a superfície das folhas vista com auxilio de microscópio estereoscópico (G) e conídios (H).

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FIGURA 2. Phyllachora sp. em Cassia grandis: sintomas (A), ascas (B) e ascósporos dentro das

ascas (C); Coleosporium plumeriae em Plumeria rubra; sintomas (D) e uredinósporos (E);

Lasiodiplodia theobromae em Roystonea oleracea (Palmeira imperial): sintomas (F) e

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FIGURA 3. Pestalotiopsis sp. em Macadamia integlifolia (Macadâmia): sintomas (A), conídios (B) e

colônia do fungo em BDA (C); Oidium sp. em Pterogyne nitens (Madeira-nova): sintomas (D) e conídios (E); Colletotrichum sp. em Licania tomentosa (Oiti): sintomas (F) e conídios (G).

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Os resultados demonstraram que Colletotrichum sp., Cladosporium sp.,

Cercospora sp. e Oidium sp. foram os fungos encontrados com maior frequência

associados as manchas foliares, totalizando 52,3% das ocorrências (Figura 4). Provavelmente, nas condições climáticas da região onde foi realizado o presente estudo, estes fungos apresentam maior ação de disseminação e desenvolvimento entre as plantas, em relação aos demais fungos encontrados.

Em estudo similar a este, realizado por SOLOGUREN & JULIATTI (2007), os fungos que apresentaram maior frequência de ocorrência em manchas foliares foram Pestalotiopsis e Alternaria, ambos com 19% de frequência. No entanto, TALAMIMI et al. (2003) estudando a ocorrência de doenças em plantas encontraram

Fusarium (25,5%), Colletotrichum (16%), Rhizoctonia (11%) e Alternaria (5%)

associados às amostras analisadas. POZZA et al. (1999), ao estudar a ocorrência de doenças na parte aérea de plantas na região de Larvas, MG, encontraram Fusarium sp. (12,1%), Colletotrichum sp. (10,5%), Alternaria sp. (7,6%), Cercospora sp. (6,4%) e Oidium sp. (5,8%) como principais agentes etiológicos. Em trabalho realizado no Estado de Rondônia, FERNANDES et al. (2006) encontraram Mycosphaerella (31,3%), Colletotrichum (19,8%) e Fusarium (13,1%) como principais agentes etiológicos em seu estudo. Esta diversidade na frequência se deve provavelmente às características climáticas de cada região estudada.

FIGURA 4. Freqüência relativa de fungos associados a manchas foliares em árvores e arbustos da cidade de Vitória da Conquista, BA. Agosto de 2009 a julho de 2010.

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As espécies de plantas que apresentaram maior número de fungos associados às manchas foliares foram ipê-rosa, ipê-amarelo e sombreiro mexicano, em que foram identificados cinco gêneros ou espécies de fungos na primeira e quatro em cada uma das demais. Os fungos encontrados nos ipês (gênero

Tabebuia), Apiosphaeria guaranitica (crosta-marron), Ovulariopsis sp. (oídio) e Polychaeton sp. (fumagina) estão entre aqueles descritos por FERREIRA (1989) e

AUER (2001) para este hospedeiro. Segundo FERREIRA (1989), a crosta-marrom no ipê-amarelo, é conhecida em toda a América Latina, onde a árvore ocorre. Em Viçosa, MG, é uma grave enfermidade, que entre os meses de janeiro/fevereiro até o caducifolismo, praticamente 100% dos folíolos apresentam a doença. No presente estudo, foram observados poucos folíolos com incidência da doença, fato este que talvez possa ser explicado pelas diferenças climáticas entre as regiões. Ainda segundo FERREIRA (1989), as hifas de Polychaeton sp. não penetram no hospedeiro e, portanto, não causam parasitismo nas plantas. No entanto, WIELEWSKI et al. (2003) relata que o desenvolvimento das fumaginas nas folhas, acarreta danos no desenvolvimento das mesmas, uma vez que reduz a área foliar que participa do processo fotossintético. Em relação aos demais microrganismos encontrados nos ipês, não foram observados relatos destes associados a manchas foliares.

Oidium sp. é um dos fungos que ocorre com mais freqüência em Clitoria racemosa, ocorrendo principalmente nas épocas mais secas do ano (FERREIRA,

1989). Este fato foi observado no presente estudo inclusive para as outras espécies de plantas em que ocorreu a doença, tais como Bixa orellana, Duranta repens,

Pterogyne nitens e Rosa sp. SOLOGUREN & JULIATTI (2007) destacam que Cercospora, Cylindrocladium, Cladosporium e Oidium são importantes patógenos

causadores de manchas foliares em plantas ornamentais na região dos trópicos. Fungos associados aos frutos

Em frutos foram encontrados cinco gêneros de fungos associados a dois hospedeiros (Quadro 2). Em Clitoria racemosa foi observada a presença de manchas necróticas que surgiam a partir da extremidade dos frutos verdes, sendo possível perceber a presença de acérvulos (Figura 5). Em Jacaranda mimosifolia foram encontradas estruturas fúngicas na superfície dos frutos, sendo então identificado o fungo Cladosporium sp. Os gêneros Fusarium e Alternaria também foram encontrados nesta espécie. No entanto, só foram observados e identificados depois do preparo de câmara úmida e isolamento dos mesmos.

QUADRO 2 - Fungos associados a lesões em frutos de espécies arbóreas na cidade de Vitória da Conquista, BA. Agosto de 2009 a julho de 2010.

Espécie vegetal Fungos encontrados

Nome Científico Nome Vulgar

Clitoria racemosa Sombreiro mexicano Colletotrichum sp. Lasmeniella sp. Jacaranda mimosifolia Jacarandá-mimoso Cladosporium sp.

Fusarium sp. Alternaria sp.

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FIGURA 5. Colletotrichum sp. e Lasmeniella sp. associados a lesão em frutos de Clitoria racemosa

(Sombreiro mexicano). A) Frutos com sintomas. B) Lesão com acérvulos e borda escura. C) Conídios de Colletotrichum sp. associados a conídios de Lasmeniella sp. e D) Conídios de Colletotrichum sp.

Fungos associados às sementes

Em sementes foram identificadas 10 gêneros ou espécies de fungos presentes em seis hospedeiros diferentes, conforme se observa na Tabela 1. O fungo Cladosporium sp., esteve presente em todos os hospedeiros analisados.

Caesalpinia tinctoria foi o que apresentou a maior incidência deste fungo (30%),

sendo que nos demais não ultrapassaram 4%. Em Bahuinia forficata foi encontrada a maior diversidade, na qual foram identificados seis gêneros fúngicos.

Dos fungos encontrados em frutos de Jacaranda mimosifolia, apenas

Cladosporium sp. foi encontrado no teste de sanidade das sementes. Os demais,

podem ter sido eliminados na desinfestação superficial para a realização do “blotter test”, ou então não terem encontrado condições ideais de temperatura e umidade para o seu desenvolvimento.

Trabalho semelhante, realizado por BOTELHO et al. (2008) cita que os principais gêneros de fungos que têm sido encontrados em sementes de espécies arbóreas no Brasil são: Alternaria, Aspergillus, Lasiodiplodia, Chaetomium,

Cladosporium, Curvularia, Cylindrocladium, Diplodia, Epicoccum, Fusarium, Drechslera, Macrophomina, Monocillium, Nigrospora, Oidiodendron, Penicillium, Pestalotiopsis, Phoma, Pithomyces, Peyronellacea, Rhizoctonia e Trichoderma. Já

em sementes de ipê-rosa (Tabebuia pentaphylla). PARISI et al. (2004) identificaram

Fusarium sp. e Phoma sp., como principais fungos responsáveis pelo aumento do

número de sementes mortas. MENDES et al. (2005) ressalvam que no Brasil, a maioria dos trabalhos existentes tem apenas relacionado os microrganismos que ocorrem nas sementes, sendo poucos os trabalhos que verificam seus efeitos sobre a germinação e desenvolvimento das plantas. Portanto, torna-se necessária a realização de estudos complementares visando os danos que os fungos possam causar às sementes e posteriormente às mudas de espécies arbóreas.

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TABELA 1 - Fungos presentes em sementes de espécies arbóreas da cidade de Vitória da Conquista, BA. Agosto de 2009 a julho de 2010.

Espécie vegetal Fungos Encontrados Nº de sementes infectadas/Nº total de sementes Incidência (%) Nome

científico Nome Vulgar

Bahuinia

forficata Pata de vaca Alternaria sp.

2/100 2,0 Aspergillus niger 9/100 9,0 Aspergillus sp. 24/100 24,0 Cladosporium sp. 5/100 5,0 Curvularia sp. 10/100 10,0 Penicillium sp. 23/100 23,0 Caesalpinia

tinctoria Falso Pau-Brasil

Cladosporium sp. 9/30 30,0 Pestalotiopsis sp. 1/30 3,3 Jacaranda mimosifolia Jacarandá-mimoso Cladosporium sp. 2/25 8,0 Lasmeniella sp. 1/25 4,0 Nigrospora sp. 3/25 12,0 Moringa

oleifera Moringa Aspergillus sp.

1/40 2,5

Cladosporium

sp.

3/40 7,5

Pterogyne

nitens Madeira nova Cladosporium sp. 2/100 2,0

Penicillium sp. 5/100 5,0 Clitoria racemosa Sombreiro mexicano Aspergillus sp. 3/100 3,0 Cladosporium sp. 1/100 1,0 Fusarium sp. 9/100 9,0 Penicillium sp. 5/100 5,0 CONCLUSÕES

1. Há uma grande diversidade de gêneros e/ou espécies fúngicas presentes na arborização urbana do município de Vitória da Conquista,BA, e estas foram identificadas em folhas, frutos e sementes.

2. Como agentes causais de manchas foliares, destacaram-se os gêneros

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3. Cladosporium sp. constituiu-se em um importante patógeno de sementes de árvores da cidade de Vitória da Conquista,BA, sendo importante a realização de estudos que visem o conhecimento dos efeitos que estes causam as mesmas.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de Bolsa de Iniciação Científica ao primeiro autor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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