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DIVERSIDADE SEXUAL E GÊNERO Maria Lucia Badalotti Tavares 1 - Celer Faculdades

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Academic year: 2021

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DIVERSIDADE SEXUAL E GÊNERO

Maria Lucia Badalotti Tavares1- Celer Faculdades Marli Kasper Rex2 - Celer Faculdades

Eixo Temático 1:Sexualidade Humana Resumo

A diversidade sexual e de gênero tem sido um tema muito comentado nas mídias através de programas de televisão, novelas, revistas, jornais, facebooks, vídeos no Youtube e outras formas de comunicação feita através da Internet, de discussões nas escolas e universidades, entre outros espaços. O objetivo deste estudo é apresentar uma breve introdução sobre a diversidade sexual e de gênero. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho teórico. Apresenta-se um conceito inicial sobre diversidade sexual, gênero e conceitos específicos sobre o assunto. Por fim, o estudo aponta a necessidade de maiores informações à população e maior aprofundamento teórico em relação à diversidade sexual e de gênero, visto que são temas muito complexos, cercados pelo estigma, preconceito e desinformação e ainda, poucos compreensíveis pela sociedade em geral.

Palavras-chave: Diversidade. Sexual. Gênero.

1. INTRODUÇÃO

O conceito de Diversidade Sexual é usado para designar as várias formas de expressão da sexualidade humana. Já, o termo Gênero refere-se “a condição de produção sociocultural das identidades masculinas e femininas, remetendo-se à natureza sexual de cada pessoa, e sexo é tudo aquilo que está relacionado às características físicas do ser humano.” (SANTIAGO E XAVIER, 2010, p. 42).

Alguns autores em suas teorias clássicas definem o conceito de gênero, como:

Na minha definição de gênero tem duas partes e diversas subconjuntos, que estão inter-relacionados, mas devem ser analiticamente diferenciados. Elas são ligadas entre si, mas deveriam ser distinguidas na análise. O núcleo da definição repousa /numa conexão integral entre duas proposições: (1) o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e (2) o gênero é uma forma primária de dar significado às relações de poder. (SCOTT, 1995, p.86).

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Especialista em Sexualidade Humana. Graduada em Psicologia. Professora da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, FACISA/CELER FACULDADES. E-mail: luciapsc@hotmail.com

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Para a autora, a questão de gênero tem uma grande importância na estruturação da vida social e dos sistemas simbólicos que contemplam o ser humano e, as diversas formas de representação do conceito de gênero para a sociedade, acontecem por meio dos símbolos, conceitos e metáforas, as quais contribuem para formação da personalidade do ser humano.

Conforme Saffioti (1999, p. 43), o conceito de gênero pode ser compreendido como “um conceito geral, a-histórico, apolítico e pretensamente neutro”. Para Butler (1999) em sua obra “Feminism and the Subversion of identity”, o conceito cultural de gênero expande os horizontes de alguns pesquisadores, quando referem às relações homem-mulher, como pode observar neste trecho:

Gêneros "inteligíveis" são aqueles que, de alguma forma, instituem e mantêm relações de coerência e continuidade entre sexo, gênero, práticas sexuais e desejo. (...) Sua persistência e proliferação, entretanto, oferece críticas oportunidades para evidenciar limites e objetivos reguladores daquele domínio de inteligibilidade e, portanto, inaugurar, no seio dos próprios termos daquela matriz de inteligibilidade matrizes rivais e subversivas da desordem de gênero. (BUTLER, 1999, p. 43).

Retomando a fala de Scott (1996), durante uma entrevista que concedeu a um grupo de antropólogos na França, a autora disse:

Quando falo de gênero, quero referir-me ao discurso da diferença dos sexos. Ele não se refere apenas às ideias, mas também às instituições, às estruturas, às práticas quotidianas, como também aos rituais e a tudo que constitui as relações sociais. [...] Portanto o gênero é a organização da diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas ele constrói o sentido dessa realidade. A diferença sexual não é a causa originária da qual a organização social poderia derivar. Ela é antes uma estrutura social movente, que deve ser analisada nos seus diferentes contextos históricos. (SCOTT, 1996, p.1).

Entretanto, a noção de gênero é muito ampla, envolve também a diversidade cultural, como enfatiza Scott (1995), vai se estabelecendo a partir das relações, da percepção social e das diferenças biológicas entre os sexos. Para Bourdieu (1999), essas percepções sofreram uma hierarquização, classificando-se em masculino e feminino; forte e fraco; grande e pequeno; dominante e dominado e construídas historicamente, como pode-se observar: “a divisão entre os sexos parece estar na ordem das coisas [...] incorporado, nos corpos e nos habitus [...] funcionando como sistemas de esquemas de percepção, de pensamento e de ação”. (BOURDIEU, 1999, p. 17).

Desta forma, o conceito de diversidade sexual e gênero nos remetem aos conceitos e significados que são dados na prática social. Como comentado por

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Campos (2015), os significados são construídos, compartilhados e cristalizados ao longo da história e aparecem como forma de disciplinar e normatizar, tornando-se reducionista. Mas, muito mais do que isto, o conceito de diversidade sexual e gênero devem estar voltado à construção de uma política pública de educação e gênero e acima de tudo, reconhecer que as leis não tem sentido, se não houver a transformação das mentalidades das pessoas e mudanças nas suas práticas diárias. Muitas vezes, os indivíduos, entendem a diversidade sexual, como algo doentio e ordenam o sexo, o gênero e a sexualidade associado à constituição biológica do ser humano e entendem o gênero, simplesmente, como sendo macho ou fêmea. No entanto, práticas como estas levam ao preconceito, discriminação, exclusão e marginalização e estas práticas, geralmente, são influenciadas pela economia, política, religião, entre outros fatores (FREIRE, HADDAD E RIBEIRO, 2007).

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho foi desenvolvido através da pesquisa qualitativa, de cunho teórico, com base no referencial bibliográfico fundamentado em autores e teorias clássicas sobre diversidade sexual e gênero (SAFFIOTI, 1999; BUTLER, 1999; SCOTT 1995 e 1996; BOURDIEU, 1999).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme a teoria de alguns autores clássicos quanto ao tema diversidade sexual e gênero, ficou compreensível que a ideologia das pessoas e da sociedade em si, influencia e muito nas questões de gênero e diversidade sexual, esta muitas vezes, é compreendida como uma ordem patriarcal de gênero, como apontado na teoria de Saffioti (2004), no qual o poder é exercido pelo homem, branco e heterossexual, sendo que a sociedade também mascara e discrimina, não somente pelas discriminações de gênero, mas também pela etnia, classe social, raça e pelas diferentes formas de orientação sexual.

Como também propõem a autora Judith Butler (1990), em sua obra “Problemas de gênero: o feminismo e a subversão da identidade”, desde a história da humanidade criou-se um signo cultural, no qual o corpo estabelece limites para os significados imaginários, porém, um corpo fantasiado, jamais poderá ser compreendido em relação a um corpo real, pois o corpo fantasiado, só poderá ser

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compreendido em relação à outra fantasia, que é instituída culturalmente. A autora, traz uma crítica que o sexo na sua materialidade é forçado pelas normas e a ideia não é de negar a materialidade corporal, mas colocar em evidência os processos e as práticas discursivas.

E, por fim Bourdieu (1999), reforça que o gênero é um conceito relacional, uma estrutura de dominação simbólica, que de certo modo, constituem-se em relações de poder em que "o princípio masculino é tomado como medida de todas as coisas" (BOURDIEU, 1999, p. 23). O que corrobora com Freire, Haddad e Ribeiro (2007), ao relatarem que as pessoas entendem a diversidade sexual, como algo patológico e veem o sexo e a sexualidade como associado à constituição biológica e, entendem o gênero como, simplesmente, macho ou fêmea, como também podemos observar alguns conceitos enraizados na sociedade. Entretanto, fica ai um desafio para a sociedade (re)pensar acerca deste assunto.

4. CONCLUSÃO

Este estudo não teve o propósito de concluir uma pesquisa, uma vez que o assunto é de grande relevância para a sociedade em geral e, as reflexões aqui levantadas nos interrogam, nos deixam inquietos, estando longe de um fim, mas de um início para novos estudos e debates.

Portanto, o tema sobre a diversidade sexual e de gênero, tem sido muito comentado em diversos meios de programas de televisão, revistas, jornais, internet e no cotidiano das pessoas, porém é um tema muito complexo, que se faz necessário, trabalhar em diferentes áreas e campos, seja de forma interdisciplinar, alcançando toda a população desde homens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos.Por fim, compreender a diversidade sexual e o gênero, como uma doença é discriminar e marginalizar o indivíduo em toda a sua plenitude.

SEXUAL AND GENDER DIVERSITY Abstract

Sexual and gender diversity has been widely commented on in the media through television programs, soap operas, magazines, newspapers, facebooks, videos on Youtube and other forms of communication made through the Internet, discussions in schools and universities, Among other spaces. The purpose of this study is to present a brief introduction on sexual and gender diversity. This is a qualitative research of a theoretical nature. It presents an initial concept on sexual diversity, gender and specific concepts on the subject. Finally, the study points out the need for more information to the population and greater theoretical depth regarding sexual and gender diversity, since they are very complex subjects, surrounded by stigma, prejudice and disinformation, and still few understood by society at large.

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REFERÊNCIAS

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. BUTLER, Judith. Gender Trouble: feminism and the subversion of identity. Londres, Routledge, Chapman & Hall, Inc., 1990.

CAMPOS, Luciana Maria Lunardi. Gênero e diversidade sexual na escola: a

urgência da reconstrução de sentidos e de práticas. Revista Ciência & Educação. Bauru, vol.21, n.4, p 1- 4, out. - dez., 2015,

FREIRE, N.; HADDAD, F.; RIBEIRO, M. Construindo uma política de educação em gênero e diversidade. In: PEREIRA, M. E. et al. (Org.). Gênero e diversidade na

escola: formação de professoras/es em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnico-raciais. Rio de Janeiro: CEPESC, 2007. p. 15-16. Disponível em:

<http://www.spm.gov.br/central-de-conteudos/publicacoes/publicacoes/2007/gde-2007.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2017.

SAFFIOTI, Heleieth. Já se mete a colher em briga de marido e mulher. In: Violência disseminada. Revista Perspectiva. São Paulo, v.13, n. 4. p. 82-91, out. - dez., 1999. SANTIAGO, Nilza Bernardes; XAVIER, Joelma Aparecida dos Santos. Educação sexual: problematizando sobre a diversidade. Revista Pedagogia em Ação. Minas Gerais, v. 2, n. 1, p. 1-103, fev.- jun., 2010.

SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil para a análise histórica. Recife: Editora SOS Corpo, 1996.

______. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação &

Referências

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