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Diplomacia Educacional e Política Externa Brasileira contemporânea (2003-2018)

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4, 5 e 6 de Setembro de 2019 UNILA | Foz do Iguaçu, Brasil

CONGRESSO DE

INTERNACIONALIZAÇÃO

DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Diplomacia Educacional e Política Externa Brasileira contemporânea (2003-2018)

ALMEIDA, Felipe Cordeiro de.

Área de Relações Internacionais, Instituto Latino-Americano de Economia, Sociedade e Política, Universidade Federal da Integração Latino-Americana/ Programa de Pós Graduação em Relações

Internacionais San Tiago Dantas (UNESP/PUCSP/UNICAMP)

felipe.ameida@unila.edu.br

Palavras-chave: Internacionalização, Política Externa, Diplomacia Educacional

O presente artigo tem como objetivo analisar as experiências de políticas nacionais brasileiras para a internacionalização da educação superior nos governos Luiz Inácio Lula da Silva (2003-10), Dilma Roussef (2011-16) e Michel Temer (2016-18) como instrumentos da Política Externa Brasileira. Essas experiências serão analisadas a partir do conceito de Diplomacia Educacional, verificando-se sua relevância para a política externa brasileira a exemplo do que ocorre em países como Estados Unidos e Canadá.

Para tanto, recorreremos aos debates acerca da diplomacia educacional, da internacionalização da educação superior e da integração regional educacional. verificando-se a aplicabilidade dessas formulações à experiência brasileira no período.

Destacaremos em nossa análise, dentre as iniciativas de diplomacia educacional brasileira, os programas desenvolvidos no âmbito do Mercosul, as universidades federais de missão institucional internacional, os programas governamentais de recepção de estudantes estrangeiros, de intercâmbio científico educacional, e de envio de estudantes brasileiros ao exterior. A partir disso, verificaremos também como essas iniciativas relacionam-se com diferentes aspectos da Política Externa Brasileira no período.

A partir das contribuições de Daniela Perrota (2018), Senhoras e Silva Neto (2014), e Morosini (2006) pudemos formular uma abrangente relação das políticas nacionais brasileiras de internacionalização do ensino superior. Aproveitamos assim, os modelos de J. Knight e H. De Wit (1997), de Zha Qiang (2003) e a crítica pós-colonial de Abba e Streck (2018) para compormos um quadro que apresenta essas políticas nacionais a partir de suas contribuições.

Por último, fazemos uma leitura da contribuição de Daniela Perrota (2018) sobre a integração da educação superior no Mercosul e as suas contradições e complementaridades com outras experiências brasileiras

Desde a década de 1960 existem políticas nacionais direcionadas para a internacionalização do ensino superior como instrumento de política externa, o que autores como Senhoras e Silva Neto (2014), Qiang (2003) e o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América denominam de Diplomacia Educacional. Apesar de considerarmos essa denominação ainda insuficiente para o

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fenômeno, em especial, no caso brasileiro, essa será a denominação que utilizaremos no presente artigo.

Marília Marosini (2006) apresenta o relevante fluxo de estudantes brasileiros no início do século vinte-e-um para os países desenvolvidos e como esse fluxo é inverso na relação do Brasil com outros países em desenvolvimento, em especial África e América do Sul. Segundo a autora essa dinâmica seria característica de um modelo periférico de universidade presente no país.

O conceito de internacionalização quando aplicado ao ensino superior pode adquirir uma série de diferentes interpretações. Segundo Qiang (2003), a internacionalização seria uma resposta à intensificação ao processo de globalização experimentado nas últimas décadas do século vinte (20). Entretanto, essa internacionalização não necessariamente produziria um efeito homogeneizante, já que a resposta dada a partir de cada país estaria muito vinculada à sua formação cultural, chegando a poder ser chamada de "relações internacionais/interculturais". O autor, entretanto, reconhece a pertinência de ler-se o fenômeno a partir das políticas nacionais como no trabalho de Knight, J. & De Wit, H. (1997). Para os autores, a internacionalização da educação superior seria um instrumento de política externa, em especial no campo da segurança e da garantia da paz. Os autores apontam que apesar de no passado a relevância desse instrumento ter sido maior, esse ainda é relevante à política externa. Segundo os autores, o investimento nessa área pode depender dos desafios no campo da segurança enfrentados pelo país.

As experiências de políticas nacionais brasileiras de internacionalização do ensino superior encaixam-se com certa facilidade no conceito de Diplomacia Educacional, representando um relevante instrumento da Política Externa Brasileira (PEB). As contradições entre os programas desenvolvidos no âmbito do Mercosul, as universidades de missão institucional internacional, e os altos investimentos nas parcerias e intercâmbios com poucos países desenvolvidos são evidências de como esses instrumentos refletem diferentes nuances da PEB, entre o regional e o global, entre as relações sul-sul e norte-sul, e as diferentes estratégias para a promoção do desenvolvimento.

Bibliografia

Knight, J./De Wit, H. Internationalization of Higher Education in Asia Pacific Countries. European Association for International Education. Amsterdã, 1997.

MOROSINI, Marilia Costa. Internacionalização da educação superior: um modelo em construção? Modelos Institucionais de Educação Superior. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Coleção Educação em Debate Vol 7. Mês: Dez. Ano: 2006.

PERROTA, Daniela. La internacionalización de la universidad desde el MERCOSUR IN: VALLE, Damian del/ SUASNÁBAR, Claudio (orgs). Política y tendencias de la educación superior a diez años de la CRES 2008. 1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires : IEC - CONADU : CLACSO : UNA-Universidad nacional de las Artes, 2018.

QIANG, Zha. Internationalization of Higher Education: towards a conceptual framework. Policy Futures in Education, Volume 1, Number 2, 2003

Referências

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