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A EDUCAÇÃO INFANTIL NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: AVANÇOS E DESAFIOS NA REDE MUNICIPAL

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Academic year: 2021

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1 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: AVANÇOS

E DESAFIOS NA REDE MUNICIPAL

Aline da Silva Ferreira1 Meiriane Ferreira Bezerra Santos2 Surama Angélica da Silva3

GT 1 – Educação de Crianças, Jovens e Adultos

RESUMO

Este artigo busca refletir a respeito dos avanços e desafios da Educação Infantil no âmbito das políticas públicas tendo como foco o município de Maceió. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, inspirada na análise documental e bibliográfica. As principais fontes são documentos legais e normativos, impressos e digitais, que norteiam a Educação Infantil, artigos científicos e livros. Inicialmente, realiza uma breve retrospectiva histórica, considerando as principais políticas públicas, bem como os documentos oficiais que norteiam essa etapa da Educação Básica nas últimas décadas. Em seguida, procura compreender como essas políticas educacionais estão sendo efetivadas em Maceió no que se refere à sua oferta. Os dados analisados evidenciaram que a Educação Infantil, no âmbito das políticas públicas nacionais e municipais, apresenta avanços legais e teóricos tardios que necessitam continuidade.

Palavras-chave: Educação Infantil. Legislação. Políticas públicas.

ABSTRACT

This article seeks to consider the advances and challenges of Early Childhood Education in the scope of public policies focusing on the city of Maceió. It is a qualitative research, inspired by the documentary and bibliographic analysis. The main sources are legal and normative documents, printed and digital, that guide Children's Education, scientific articles and books. Initially, it carries out a brief historical retrospective, considering the main public policies, as well as the official documents that guide this stage of Basic Education in the last decades. It then seeks to understand how these educational policies are being implemented in Maceió with regard to their offer. The data analyzed showed that the Early Childhood Education, in the scope of national and municipal public policies, presents late legal and theoretical advances that need continuity.

Keywords: Early Childhood Education. Legislation. Public policy.

1

Pedagoga, Especialista em Gestão Pública Municipal e em docência na Educação Infantil. Mestra e Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Integrante do Grupo de Pesquisa: Educação Infantil e Desenvolvimento Humano. Professora do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Alagoas. E-mail: aline.s.ferreira@hotmail.com

2

Pedagoga, Especialista em Pedagogia Organizacional e Gestão de Recursos Humanos. Professora do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Membro do grupo de Pesquisa Práticas de Aprendizagens Integradoras e Inovadoras (PAII). E-mail: me-i-rianeferreira1@hotmail.com

3

Pedagoga, Especialista em Educação em Direitos Humanos e Diversidade pela UFAL. Professora do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Membro do grupo de Pesquisa Práticas de Aprendizagens Integradoras e Inovadoras (PAII). E-mail: surama_angel@hotmail.com

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2 1 INTRODUÇÃO

O presente artigo se propõe a refletir a respeito dos avanços e desafios da Educação Infantil no âmbito das políticas públicas tendo como foco sua oferta no município de Maceió. O interesse pela investigação surgiu a partir de experiências acadêmicas e profissionais na área. Enquanto docentes na área de Educação Infantil, temos acompanhado e vivenciado mudanças no cenário político voltadas para a primeira etapa da Educação Básica.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa inspirada na análise documental e bibliográfica. Pois, busca interpretar determinado fenômeno por meio da interação constante entre a observação e a formulação conceitual, entre a pesquisa empírica e o desenvolvimento teórico, entre a percepção e a explicação (BULMER, 1977). Optamos pelo levantamento de fontes bibliográficas e documentais que irão compor um quadro teórico de discussão para fundamentar o objeto. Nesse sentido, as principais fontes serão documentos impressos e digitais que norteiam a Educação Infantil (BRASIL, 1996, 1998, 2001, 2010), artigos científicos e livros. Entre os principais referenciais teóricos utilizados destacam-se Kishimoto (1999, 2000) e Kramer (1994, 2006, 2011).

Após um breve levantamento de pesquisas relacionadas ao tema, foram encontradas um dissertação e quatro teses, três delas realizadas no Brasil e uma delas em Portugal: Silva (2009), Castanheira (2013), Nunes (2005), Serrão (2016), Tomé (2011). Essas pesquisas apresentam um resgate histórico da Educação Infantil em seus respectivos Estados e como acontece sua oferta no sistema municipal de ensino.

2 EDUCAÇÃO INFANTIL E POLÍTICAS PÚBLICAS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

Por décadas as instituições de Educação Infantil foram consideradas “um mal necessário, um recurso a recorrer nos casos de extrema necessidade”, ocupando o lugar da “falta de família” (HADDAD, 2002, p.91). Esta visão se refletiu na cisão de atribuições entre ambos: cabendo a família o cuidado e a socialização e ao Estado, a educação escolar dos maiores (HADDAD, 1997). Em consequência, surgiram disparidades na área relacionadas a aspectos como: objetivos, organização, perfil e formação profissional.

É de conhecimento de estudiosos e interessados da área da Educação Infantil que durante anos o trabalho docente desenvolvido nas instituições de Educação Infantil esteve

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3 constituído por um atendimento feito por pessoas com pouca ou nenhuma formação profissional. Essas instituições, que originalmente tinham caráter assistencialista, contavam com profissionais sem qualquer exigência de qualificação (KISHIMOTO, 1999, 2000).

A partir de mudanças sociais significativas que influenciaram reformas no sistema educacional, a preocupação com a organização e o funcionamento dos espaços que podem fazer parte de uma instituição de Educação Infantil foi fortalecida (BRASIL, 2006a). Além disso, embora as estatísticas demonstrem a precariedade da formação profissional nesse nível de ensino (KISHIMOTO, 1999), as atuais propostas de formação de professores de Educação Infantil visam um perfil profissional oposto àquele sem qualificação para atender às funções indissociáveis de cuidado e educação no atendimento à criança (AZEVEDO, 2002).

Alguns documentos legais que consideram a importância da Educação Infantil e do atendimento aos direitos da criança são a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº. 8.069/90) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996).

A Constituição Federal de 1988 atribuiu ao Estado o dever de garantir o atendimento às crianças em creches e pré-escolas. O art. 205 menciona que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa”. Ao passo que o art. 208 cita, entre os deveres do Estado, a garantia da educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de. A partir da Constituição Federal de 1988 emerge uma preocupação com a qualidade do atendimento, prestado às crianças e famílias da creche, para a promoção da cidadania (OLIVEIRA, 2001). Compete ao Estado, portanto, formular políticas, implementar programas e viabilizar recursos que garantam à criança desenvolvimento integral e vida plena de modo a complementar a ação da família.

Ainda nesse respeito o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA cita no art. 4º o direito ao “atendimento às crianças de 0 a 6 anos em creches e pré-escolas” e que “a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”.

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4 Através da inserção da Educação Infantil na Educação Básica (BRASIL, 1996), esse profissional necessita da devida qualificação: “professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço”, conforme art. 87. Além disso, a partir de 2009, por meio da Emenda Constitucional – EC n° 59/2009, as pré-escolas passaram a compor a obrigatoriedade escolar, que considera, desde então, crianças de 4 a 17 anos, englobando parte da faixa etária prevista para a educação básica, que também inclui as creches para crianças de zero a três anos, não alcançadas pela obrigatoriedade, e pré-escolas para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade (BRASIL, 2013).

A formação de profissionais de Educação Infantil passou a ser discutida, com maior vigor, em virtude das especificações da LDB nº. 9.394/1996, que propôs em seu artigo 87, § 4º a admissão somente de professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço. (BRASIL, 1996). Por sua vez, a Resolução n.º 3/1997 do Conselho Nacional de Educação - CNE, que fixa Diretrizes para os Novos Planos de Carreira e de Remuneração do Magistério dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, retoma o que está determinado no art. 62 da Lei nº 9.394/1996, a respeito do exercício da docência na carreira do magistério, que exige como qualificação mínima o ensino médio completo, na modalidade Normal, para a docência na Educação Infantil. (BRASIL, 1997).

As políticas públicas de atendimento à infância não podem ser analisadas isoladamente de outras políticas que afetam direta ou indiretamente à família e que têm por objetivo possibilitar aos indivíduos serem e sentirem-se bons e satisfeitos enquanto pais, trabalhadores, cidadãos e, enfim, seres humanos dignos. (p. 95).

Segundo Kramer (1994) garantir educação de qualidade para todas as crianças de 0 a 5 anos, considerando a heterogeneidade das populações infantis e dos adultos que com elas trabalham, exige fatores como decisão política e condições que viabilizem produção de conhecimentos, concepção, implantação e avaliação de múltiplas estratégias curriculares para as creches e pré-escolas e para a formação prévia e em serviço de seus profissionais. A formação de profissionais da Educação Infantil “é desafio que exige a ação conjunta das instâncias municipais, estaduais e federal”. (KRAMER, 2006, p. 804).

A LDB nº. 9.394/1996 possui três artigos que instituem as formas de organização para o atendimento às crianças na Educação Infantil e ressaltam o cumprimento do direito à educação. Essa lei estabeleceu pela primeira vez na história do Brasil a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, tendo por finalidade “o desenvolvimento integral

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5 da criança até 5 (cinco) anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996). A educação e o cuidado das crianças de 0 a 5 anos são de responsabilidade do setor educacional e “a Educação Infantil deve pautar-se pela indissociabilidade entre cuidado e educação” (BRASIL, 2006a, p.17).

O art. 30 da Lei nº. 9.394/1996, por sua vez, estabelece que a Educação Infantil seja oferecida em “creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade”. É dever do Estado, direito da criança e opção da família o atendimento gratuito em instituições de Educação Infantil.

Infelizmente, esse direito tem sido negligenciado ao longo dos anos. Em se tratando da política de Educação Infantil no Brasil no século XX, apenas a minoria das crianças dessa faixa etária estava sendo atendida (KRAMER, 2011):

Ora, no caso da educação pré-escolar brasileira, pode-se afirmar, sem dúvida, que o acesso não está sendo garantido e pode-se supor, ainda, que, se a pré-escola está sendo considerada como compensatória de deficiências, o benefício que poderia trazer às crianças não está sendo efetivado (p. 89).

Em Alagoas, no final do século XX, a oferta da Educação Infantil era bastante resumida na rede pública e acontecia de forma improvisada e com grande precariedade na rede privada. Eram comuns a falta de material, desqualificação do pessoal, desvalorização profissional dos que trabalhavam com educação em Alagoas e sob a responsabilidade do governo estadual, havia apenas um Jardim Infantil localizado no CEPA e uma ou outra sala em algumas escolas de Ensino Fundamental (SILVA, 2009).

Com base nesse contexto, Silva ressalta: “Se esse é o quadro no final do século XX, imagine-se o que vai ocorrer quando a LDB transferir a responsabilidade da educação para os municípios, sem que lhes dê os recursos necessários para a tarefa...” (SILVA, 2009, p.70). Diante dessa reflexão, surge o interesse em pesquisar a oferta da Educação Infantil na rede municipal de ensino de Maceió na atualidade.

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3 EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE MACEIO: ALGUMAS

CONSTATAÇÕES

No município de Maceió, até 2013 a SEMED ofertou vagas em Educação Infantil em 58 (cinquenta e oito) instituições, entre elas creches e pré-escolas. Naquela época, a rede pública de educação de Maceió contava com 7.626 (sete mil seiscentas e vinte e seis) crianças entre zero e cinco anos matriculadas, mais de 300 (trezentos) professores e 100 (cem) auxiliares de sala nessa etapa da educação básica. Enquanto 35 (trinta e cinco) escolas, 18 (dezoito) somente de Educação Infantil e 17 (dezessete) que ofertavam, ao mesmo tempo, Educação Infantil e Ensino Fundamental, atendiam crianças de 4 (quatro) e 5 (cinco) anos, somente 23 (vinte e três) escolas atendiam crianças de 0 a 3 anos e ainda assim junto às de 4 e 5 anos (FERREIRA, 2014).

Essa oferta deixava a desejar se comparada ao número de crianças entre 0 (zero) e 5 (cinco) anos residentes na cidade de Maceió. No ano de 2012, por exemplo, havia 5.443 (cinco mil quatrocentas e quarenta e três) crianças matriculadas na Educação Infantil distribuídas nas 53 (cinquenta e três) instituições municipais existentes na época. Quantidade desproporcional as 87.526 (oitenta e sete mil quinhentas e vinte e seis) crianças existentes no município naquele ano (FERREIRA, 2014). Ou seja, menos de dez por cento dessa população teve acesso à educação pública. Essa realidade, provocou grande inquietação no sentido que conhecer avanços e desafios da rede municipal. Para tanto, elegemos o município de Maceió e procuramos considerar a complexidade da pesquisa histórica voltada para a Educação Infantil. Pois, de acordo com Kuhlmann Jr (1998):

As primeiras histórias da Educação Infantil escritas em nosso país – e também várias de países estrangeiros – estão marcadas por uma certa pressa em responder às questões do presente e por um olhar desatento para os documentos históricos. Esses trabalhos selecionaram das fontes que pesquisaram aquilo que queriam encontrar para confirmar suas ideias prévias, projetando, por sobre a história passada, uma concepção definida de antemão. Muitos deles sequer tinham a pretensão de fazer pesquisa histórica, mas apenas apoiar-se em um referencial teórico para elaborar análises relativas às políticas ou às programações (p. 201).

É preciso um olhar atento e imparcial na análise de documentos que visam o resgate histórico e a compreensão dos fatos. Nosso desejo seria descrever dados positivos a respeito da oferta da Educação Infantil na rede pública de Maceió, entretanto, a realidade evidencia o oposto, uma vez que essa oferta tem sido um verdadeiro desafio ao longo dos

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7 anos. Em 2010 a população do município compreendia 932.748 (novecentos e trinta e dois mil, setecentas e quarenta e oito) habitantes, sendo 87.526 (oitenta e sete mil quinhentos e vinte e seis) crianças com idade de 0 a 5 anos (IBGE, 2010). Destas, 56.682 crianças de 0 a 3 anos deveriam frequentar a Creche e 30.574 (trinta mil quinhentas e setenta e quatro) crianças de 4 e 5 anos deveriam frequentar a Pré-escola.

Esses dados se contrapõem ao que está previsto nos documentos oficiais, que reafirmam o dever do Estado em garantir o atendimento em creches e pré-escola para crianças de 0 a 5 anos (BRASIL, 1988) e o reconhecimento desse atendimento enquanto direito da criança (BRASIL, 1990, 1996). Quanto à oferta de vagas destinadas à criança, atualmente Maceió possui 61 (sessenta e uma) instituições públicas municipais que ofertam vagas na Educação Infantil. Até 2014, essas instituições contaram com mais de 300 professores/as (incluindo profissionais do quadro e contratados temporariamente) e 100 (cem) auxiliares de sala, e receberam em média 6.710 (seis mil setecentos e dez)4 crianças entre 0 e 5 anos, sendo a maioria dessas vagas destinadas à pré-escola.

Matrícula da Educação Infantil por dependência administrativa 2012 a 2014

PÚBLICA/MUNICIPAL PRIVADA

CRECHE PRE-ESCOLA CRECHE PRÉ-ESCOLA

2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014 2012 2013 2014

1758 1721 1698 5343 5120 5012 3733 3677 4183 11038 10582 10744

Fonte: SEMED (2016)

Conforme evidenciado, a pré-escola (crianças de 4 a 5 anos) possui maior número de matrículas, enquanto a creche (crianças de 0 a 3 anos) apresenta um número bastante reduzido e até impactante. Uma das grandes razões desse contraste é a escassez na oferta voltada para essa demanda. Esse dado evidencia a dificuldade persistente no “atendimento limitado na faixa de 0 a 3 anos e a insuficiente oferta de atendimento em tempo integral”

4 As informações referentes ao quantitativo de crianças matriculadas na Educação Infantil foram retiradas do

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8 (AGUIAR, 2010, p. 717). Em consequência, houve aumento na procura de vagas na rede privada, que se repercute em sua crescente expansão.

Nesse respeito, Maceió vem buscando ampliar as ofertas através da construção de novos Centros do PROINFÂNCIA5. Seis Centros de Educação Infantil foram construídos e entregues a comunidade maceioense, dispondo de 1.188 (mil sento e oitenta e oito) novas vagas. Junto a essa construção, foi realizada a manutenção das escolas e dos centros municipais da rede pública de Maceió, 3 deles que ofertam vagas na pré-escola e 13 na creche e na pré-escola (SEMED, 2016).

Quanto à formação inicial de profissionais da área, é válido ressaltar que boa parte dos cursos de Pedagogia não contemplava em seus currículos disciplinas voltadas para a infância e a criança. No curso de Pedagogia da UFAL, por exemplo, a disciplina voltada para a Educação Infantil tinha caráter eletivo, sendo opcional cursá-la. Esses profissionais não alcançaram a reestruturação desses currículos, não tiveram formação específica sobre a Educação Infantil e ingressaram na área sem ter clareza a respeito da concepção de infância e das especificidades relacionadas ao desenvolvimento e à aprendizagem da criança. Durante anos, esse foi o perfil dos profissionais da rede municipal de Maceió e somente após a edição das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia (BRASIL, 2006b), eles foram modificados e a partir de 2006, tal curso passou a oferecer essas disciplinas em caráter obrigatório.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os documentos analisados e os estudos escolhidos para fundamentar a pesquisa, evidenciaram que a Educação Infantil no âmbito das políticas públicas nacionais e municipais teve avanços legais e teóricos, mesmo que timidamente e de modo bastante tardio.

Em Maceió, a oferta da Educação Infantil ainda é bastante escassa se consideramos o número de crianças existentes no município. E nesse contexto, há

5

O Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil - PROINFÂNCIA é um programa de assistência financeira ao Distrito Federal e aos municípios para a construção, reforma e aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da Educação Infantil. O programa tem por objetivo garantir o acesso de crianças a creches e escolas de educação infantil públicas, especialmente em regiões metropolitanas, onde são registrados os maiores índices de população nesta faixa etária (BRASIL, 2014).

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9 predominância do atendimento às crianças entre 4 e 5 anos em comparação com a faixa etária de 0 a 3. Essa carência tem se repercutido na procura por matrículas na rede privada e, consequentemente, em sua expansão.

No caso da formação de professores, somente após a reformulação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia (BRASIL, 2006), seus currículos passaram a contemplar disciplinas voltadas para a criança e a infância. Sendo essa a realidade da própria UFAL, os profissionais que não alcançaram essa reestruturação, ingressaram na área sem clareza a respeito da concepção de infância e suas especificidades.

Esses aspectos reforçam a necessidade da busca constante de possibilidades para fortalecer e a ampliar a oferta da Educação Infantil, bem como de investir nos (as) profissionais que atuam na área.

REFERÊNCIAS

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10 BRASIL, Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Brasília, em 11 de novembro de 2009. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emen das/Emc/emc59.htm>. Acesso em: 20 fev. 2014.

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