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A representação social da escola para pais de estudantes do ensino fundamental II de uma escola estadual na cidade de Laguna-SC.

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A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PARA PAIS DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II DE UMA ESCOLA ESTADUAL NA CIDADE DE

LAGUNA-SCI.

Ingrid Vargas AlexandreII

Rosa Cristina Ferreira de SouzaIII

Resumo: Esta pesquisa, resultado do trabalho de conclusão de curso de graduação de

Psicologia, objetivou descrever a representação social da escola para pais de estudantes do ensino fundamental II de uma escola estadual na cidade de Laguna-SC. É uma pesquisa de campo de caráter descritivo e qualitativo. Utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário que foi enviado a todos os pais com filho no ensino fundamental II no período vespertino, perfazendo o total de 213 questionários, dos quais, fizeram efetivamente parte da análise a totalidade dos devolvidos: onze. Os dados coletados foram submetidos a análise de conteúdo. Observa-se a representação social estruturada na compreensão da escola como um espaço de multifuncionalidades, onde se constrói o conhecimento e o desenvolvimento de habilidades. Percebe-se que os responsáveis participantes reconhecem seus papeis junto a escola e a educação do filho. Considera-se a importância dos estudos sobre representação social da escola por ampliarem as possíveis contribuições para a educação.

Palavras-chave: Representações sociais. Escola. Pais.

1 INTRODUÇÃO

A escola e o sistema familiar representam, na vida da criança, dois papéis fundamentais para o amplo desenvolvimento da mesma, seja este de nutrir, de integrar socialmente, de abrir as portas para o processo de aprendizagem. Essa interrelação promove, portanto, que ambas as partes tenham suas responsabilidades distintas mas que corroborem entre si, se integrando para o desenvolvimento eficaz do sujeito (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010, p. 101).

A família, de acordo com Dessen e Polonia (2007), tem um grande impacto no comportamento dos integrantes do próprio sistema familiar, em especial nas crianças, que aprendem os valores sociais e as formas de ver o mundo a partir desse primeiro vínculo,

I Artigo produzido na Unidade de Aprendizagem “Construção de conhecimento científico em Psicologia”, como

Trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul.

II Estudante do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:

ingridvalexandre@gmail.com

III Professora orientadora. Doutora em Ciências da Linguagem – Unisul. Professora Titular na Universidade do

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colocando-os em prática no decorrer do seu crescimento e de suas interações com o meio, um destes, a escola.

As instituições educacionais, por sua vez, tendem a ter seus objetivos e metas pré-determinadas e com isso promovem uma interação entre estudantes com o conteúdo científico já elaborado, cultivando o senso criativo e o pensamento crítico do estudante (DESSEN; POLONIA, 2007).

Oliveira e Marinho-Araújo (2010) afirmam que, embora cada sistema tenha uma especificidade no que trabalhar para que o progresso do estudante seja efetivo, também existem pontos complementares entre ambos que podem ser trabalhados em conjunto. Dessa forma, a participação da família na escola mostra ao aluno, através do seu vínculo afetivo, a importância deste âmbito para sua formação como pessoa, assim como o prepara socialmente e moralmente para viver em sociedade, em qualquer meio cultural que o mesmo habite. Segundo Polonia e Dessen (2005), a união dessas duas áreas geram condições favoráveis para um melhor aprendizado e desenvolvimento da criança.

Por outro lado, quando não há esta correlação entre os dois âmbitos fundamentais da criança, a mesma pode apresentar uma perda significativa no seu desenvolvimento intelectual e socioemocional, por apresentar falta de interesse nas atividades ligadas a escola e até mesmo por não criar vínculo social com a instituição ou com os outros.

A ausência de contato entre família e escola vem sendo discutida por educadores e psicólogos há algumas décadas, pois de acordo com Silveira e Wagner (2009), há uma fronteira rígida entre os dois sistemas e que os papéis de ambos vêm sido projetados uns aos outros, não tomando a responsabilidade devida por aquilo que poderia ser feito em conjunto.

Este diálogo presente em sociedade sobre o papel da escola e o papel dos pais na educação propõe discussões e comentários sobre o tema que formam uma visão singular para cada sujeito. Dessa forma, há elementos significativos para que um estudo sobre a representação social da escola na visão daqueles que também estão envolvidos no desenvolvimento das crianças e participam deste ato: seus pais.

Segundo Spink (1995), o estudo das representações sociais se insere no estudo dos conhecimentos do senso comum, ou seja, como o meio é percebido e discutido pelos sujeitos. A autora afirma também que a teoria das representações sociais quebra com outras atuais pois a mesma propõe trazer à tona fatores interiorizados da realidade vivida pelo indivíduo, já que há uma integração entre os elementos afetivos, mentais e sociais. Assim, no âmbito escolar, a representação social se torna possível pois realiza a interlocução entre

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as crenças dos sujeitos relacionadas a este ambiente e as trocas realizadas entre o meio-sujeito na construção de conhecimento. Nesta pesquisa, objetiva-se descrever a representação social da escola para pais de estudantes do ensino fundamental II de uma escola estadual na cidade de Laguna-SC.

O estudo das representações sociais no contexto escolar têm sido alvo de discussões e de pesquisas nos últimos anos. Analisando as bases de dados BVS-Psi, Capes e BDTD com as palavras chaves “escola” e “representação social” , foram encontrados alguns artigos sobre a temática nos últimos dez anos. Sobre a representação social da escola propriamente dita, foram encontrados quatro artigos intitulados: “A escola para crianças da rede pública de ensino: um estudo de representações sociais” de Nova (2011), “Representações sociais sobre a escola e o trabalho docente: professores de Sociologia no ensino médio nas escolas públicas de Goiânia” de Melo (2017), “Imaginário e representação social da escola nos filmes Ser e ter, Pro dia nascer feliz e La educación prohibida” de Silva e Mendes (2013) e “Representações sociais de adolescentes grávidas sobre a escola” de Morais (2010). No contexto educacional, também foram encontrados muitos artigos sobre Educação especial e sua representação social para professores da área. Alguns dos encontrados nas bases de dados foram: “Representação social da deficiência intelectual na relação entre psicologia e educação” de Gomes e Lhullier (2017), “Representações sociais dos educadores de infância e a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais” de Fragoso e Casal (2012) e “A representação de crianças e adolescentes sobre a inclusão escolar” de Soares (2012). Outro tema que foi ressaltado no meio de pesquisas foi a representação social sobre a violência no campo educacional, sendo este o bullying e violências contra o professor. Um destes é “Violências e Silenciamentos: A Representação Social do Fenômeno Bullying, entre jovens de uma Escola Militar em Goiânia”, de Sousa (2012) e “Escola e violência: representações sociais de um grupo de educadores de escolas públicas estaduais de Cuiabá- MT” de Saul (2010). Dessa forma, percebe-se que o público e objetos de pesquisa não possuem similaridade com a proposta de representação social da escola para pais de alunos, tendo em vista que correspondem apenas a percepção de alunos, professores e outros contextos e temas. Portanto, nesta pesquisa, tem-se como objetivos: a) levantar quais as crenças e opiniões de pais de estudantes acerca da escola; b) verificar as atitudes realizadas por pais perante a escola; c) identificar a relação da família-escola.

Sendo a família parte integrante e fundamental para a formação do estudante, se torna possível realizar um estudo que apure qual a representação social da escola para pais. Além disso, o estudo sobre este tema pode contribuir também para a área da Psicologia

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Educacional, agregando maiores possibilidades de intervenções e um maior conhecimento para o profissional atuante.

2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Com origem na sociologia e na antropologia, a teoria das Representações Sociais, de acordo com Oliveira e Werba (2003) são os saberes populares elaborados e partilhados no coletivo com o objetivo de interpretar o real, trazendo a ele um sentido mais coloquial. Com isso, o estudo das representações sociais busca conhecer o modo de construção de saberes de grupos sociais, compreendendo modos de pensar e comportamentos dos sujeitos.

Sabe-se que as representações sociais são simbólicas e, de acordo com Jovchelovitch (1995), apresentam-se a partir da capacidade representacional de cada sujeito. Com isso, para se compreender a teoria das representações sociais precisa-se entender o diálogo, rituais, padrões estabelecidos e a cultura das interações cotidianas dos indivíduos entre si. Tais interações que ocorrem entre mundos de perspectivas diferentes, trazem à tona uma busca por um sentido e por um significado que explique um determinado assunto. Assim, “são as mediações sociais, em suas mais variadas formas, que geram as representações sociais” (JOVCHELOVITCH, 1995, p. 81).

Portanto, como Jovchelovitch (1995) revela, o sujeito vai além da sua individualidade própria, assimilando aos seus conceitos aspectos que vão ao encontro com a cultura na qual o mesmo se localiza e com as mediações que ele realiza neste meio. Com isso, se expressa a interpretação de mundo que um grupo de indivíduos apresenta.

Moscovici (2007), afirma que as representações sociais estão presentes na maioria das relações estabelecidas, sendo estas constituídas entre os próprios integrantes da sociedade ou entre eles e o meio. De um lado há a presença cientifica, o próprio significado do saber. De outro há suas correspondências, numa ação simbólica que é repassada dentro de um grupo cultural por meio de suas interações. Ou seja, de acordo com De Sá (1995), para Moscovici coexistem na sociedade contemporânea duas classes de pensamentos: o universo consensual – conhecimento produzido através da interação social – e o universo reificado, que apresenta o conhecimento científico propriamente dito. Dessa forma, pode-se dizer que estes dois universos moldam a realidade na qual nos encontramos.

Almeida, Santos e Trindade (2014) colocam que a teoria das representações sociais traz consigo processos fundamentais criados por Moscovici para a condução do não familiar em familiar. Moscovici (2007) retrata esses processos como dinâmicos, sendo assim maneiras de

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lidar com a memória. Um destes conceitos importantes é o da ancoragem, que promove a comparação de algo estranho a algo conhecido e segundo Moscovici (1981), incorporado na rede de categorias do sujeito, permitindo que o mesmo compare com outros assuntos já apropriados. Sendo assim,

Ancorar é, pois, classificar e dar nome a alguma coisa. Coisas que não são classificadas e que não possuem nome são estranhas, não existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras. Nós experimentamos uma resistência, um distanciamento, quando não somos capazes de avaliar algo, de descrevê-lo a nós mesmos ou a outras pessoas. O primeiro passo para superar essa resistência, em direção à conciliação de um objeto ou pessoa, acontece quando nós somos capazes de colocar esse objeto ou pessoa em uma determinada categoria, de rotulá-lo com um nome conhecido. No momento em que nós podemos falar sobre algo, avaliá-lo e então comunicá-lo - mesmo vagamente, como quando nós dizemos de alguém que ele é “inibido” - então nós podemos representar o não-usual em nosso mundo familiar, reproduzi-lo como uma réplica de um modelo familiar (MOSCOVICI, 2007, p. 61-62).

Desta forma, Moscovici (1981) explica que, ao nomear o que não era nomeável anteriormente, já está se classificando e portanto, representando. Atribuir um rótulo não se denomina como uma tarefa de cunho neutro, tendo em vista que ao classificar se requer que o sujeito atribua um valor positivo ou negativo sobre algo, dando a este uma posição hierárquica. Cabe ressaltar que “qualquer conjunto de categorias pressupõe uma teoria definindo-a e especificando seu uso” (MOSCOVICI, 1981b, p. 196).

Simultaneamente, o processo de objetivação funciona, de acordo com Almeida, Santos e Trindade (2014) transformando uma imagem ou algo, ocorrendo uma ressignificação. Dessa forma, “a objetivação une a ideia de não-familiaridade com a de realidade, torna-se a verdadeira essência da realidade” (MOSCOVICI, 2007, p. 71). Moscovici (1981) retrata o processo de objetivação como o responsável por domar o desconhecido.

Sendo contextualizada em duas etapas pelo autor, em sua primeira, Moscovici (1981) concebe a ideia de que a objetivação se inicia na categorização do desconhecido, em sua ancoragem, incorporando o assunto ao seu núcleo figurativo. Desse modo, o sujeito tem mais facilidade ao falar sobre o tema refletido. Em sua segunda fase, acontece a duplicação de significados, ou seja, o “percebido substitui o concebido e se torna sua extensão lógica” (MOSCOVICI, 1981, p. 24).

A objetivação e a ancoragem seriam então, para Jodelet (1984/1988 apud ALMEIDA, SANTOS; TRINDADE, 2014) dois processos cognitivos que se importam com a elaboração e funcionamento da representação social, tornando-a real para Moscovici (2007), porém em um nível diferente de realidade.

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Tendo em vista que as Representações Sociais exercem um papel importante dentro das relações cotidianas, cabe dizer que toda representação social tem, segundo Moreira e Oliveira (1998), quatro funções principais. A primeira destas funções, segundo as autoras, é a Função de Saber, que corresponde ao saber prático do senso comum. Esta função, nada mais é, que a facilitadora para a própria comunicação social, já que permite que o ser social adquira conhecimentos e os assimile, podendo, dessa forma, compreender e comunicar aos demais.

A segunda função estruturante para a teoria seria a Função Identitária, que compreende o processo de comparação social. Segundo Bertoni e Galinkin (2017, p. 110) esta função “define a identidade e permite a proteção da especificidade dos grupos. A definição da identidade do grupo garante a imagem positiva do grupo de inserção e terá um papel importante no controle social pela coletividade nos processos de socialização." Ou seja, a função identitária protege os sujeitos dentre seus grupos assim como age como uma proteção a seus significados identitários.

Moreira e Oliveira (1998) trazem como o terceiro item, a função de Orientação, capaz de guiar os comportamentos e as práticas. Dessa forma, este processo é resultado de três fatores fundamentais: a representação influencia nas relações sociais, produz um sistema de antecipações e expectativas sobre a realidade e reflete normas presentes na sociedade, estabelecendo comportamentos obrigatórios. Esta função “define o que é lícito, tolerável ou inaceitável em um dado contexto social” (MOREIRA; OLIVEIRA. 1998, p. 30).

Por último, têm-se a Função Justificadora, que Moreira e Oliveira (1998) apresentam como aquela que possibilita a justificativa da tomada de posições e comportamento. Assim, há uma avaliação da ação pelo ator social, permitindo que o mesmo consiga se explicar e justificar suas condutas. Inserido em um grupo, este fator também ocorre, podendo ser observado quando o indivíduo tem o objetivo de justificar um comportamento hostil dentro do grupo, por exemplo. Com isso, é possível afirmar que, de acordo com Moreira e Oliveira (1998, p. 30) que“a representação tem por função preservar e justificar a discriminação social, e ela pode estereotipar as relações entre os grupos, contribuir para a discriminação ou para a manutenção da distância social entre eles”.

Moscovici (1978) retrata também, que diferentemente da ciência e da ideologia, o objetivo da Representação Social é o de provocar os comportamentos e visões adaptados sobre a realidade. Por exemplo, “as dimensões do espaço, tal como o físico as concebe, não se harmonizam espontaneamente com as sensações da vista ou do tato, com as sensações reconhecidas da vida cotidiana” (MOSCOVICI, 1978, p. 77). Sabe-se também que a ciência

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pura não chega a todos os membros da sociedade, sendo esta adaptação necessária para que todos possam estruturar sua base de significados e sentidos próprios.

Porém, a representação não se limita a apenas a este objetivo. Segundo Moscovici (1978, p. 78),

[...] por um lado, a representação toma o lugar da ciência e, por outro, a constitui (ou a reconstitui) a partir das relações sociais envolvidas; de um lado, portanto, através da representação, uma ciência recebe uma duplicação, sobra colocada sobre o corpo da sociedade, e, de outro lado, ela se desdobra – na medida em que está fora do ciclo e no ciclo de transações e dos interesses correntes da sociedade.

Logo, para Duveen (1995), Piaget e Moscovici compartilhavam do mesmo pensamento sobre o mundo, isto é, como o mundo que foi construído através de operações psicológicas dos sujeitos sociais. Sendo assim, para se compreender as representações sociais, precisa-se entender os processos dos quais elas se originam e se transformam.

3 A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

3.1 PERCURSO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Historicamente, o processo educacional no Brasil tem seu início marcado pelos ensinamentos passados pelos jesuítas para os povos nativos e filhos de colonos, sendo depois de algum tempo, estendido este direito aos escravos. Mas a educação naquela época era restrita para aqueles que deveriam ou poderiam ter conhecimento correspondendo a necessidade de trabalho efetivo para a civilização. Ainda nesta época, a divisão clara de classe interferia na estrutura do ensino jesuítico, que submetia o sujeito devido a sua função social e ao certo tipo de educação. O elitismo, portanto, não surgiu casualmente, sendo que a escola jesuítica formava novos sacerdotes para a Igreja mas deixava seus trabalhadores aprenderem na prática sobre o trabalho a ser realizado, tornando-os os analfabetos funcionais como é discutido hoje em dia. Dessa forma, a dicotomia entre a educação para pobres e a educação para ricos nasceu. (SILVA, 2015)

Atualmente, embora as possibilidades de ensino e aprendizagem sejam mais numerosas, de acordo com Nascimento e Hetkowski (2009), as práticas educacionais se diferenciam entre os educandos vindos de camadas dominantes e a maioria da camada popular. Sendo a educação uma forma de experienciar autonomia, esta ajuda o estudante em sua prática intencional e racional, de forma que consegue o conhecimento de si próprio e sobre os outros, desenvolvendo relações de respeito mútuo e de negociações. Dessa forma, para os autores, “ a educação, dessa

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maneira, institui-se como exigência do contrato social” (NASCIMENTO, HETKOWSKI, 2009, p. 142).

A partir de 1988, a educação se tornou um direito de todos assim que foi promulgada a nova Constituição da República Federativa do Brasil. Qualquer pessoa é amparada pela lei, de acordo com Marchelli (2010), sendo o sujeito que reside em área urbana ou rural, tem qualquer etnia, descendência, classe social e outros fatores adjacentes. A Constituição Brasileira de 1988, em seu art. 205 defende que “[...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL. 1998)

Como consequência fundamental, Marchelli (2010) afirma que para uma educação mais efetiva para os estudantes, ocorreu em 1990 uma reformulação em alguns aspectos que englobam o sistema educacional. Treinamentos para os professores, a facilitação do acesso aos livros didáticos, criação de parâmetros educacionais e uma comunicação entre a equipe pedagógica e o centro de gerenciamento da educação do município, são alguns exemplos de mudanças que aconteceram na época.

Dezenove anos depois desta reforma, decretou-se a nova Emenda Constitucional nº 59 que se agrega ao art. 205 da Constituição de 1988, definindo a educação básica obrigatória entre o período de quatro anos aos dezessete anos de idade, assegurando, de acordo com Cury (2002), de que estes indivíduos tenham uma oferta gratuita em seu munícipio e uma educação de qualidade como consta no art. 4º da LDB. A educação é “indispensável, como direito social, a participação ativa e crítica do sujeito, dos grupos a que ele pertença, na definição de uma sociedade justa e democrática” (CURY, 2002, p. 170-171).

Barreto (1998) destaca que para Paulo Freire, a educação só ocorre pelo fato de as pessoas buscaram por completude. Adquirindo conhecimento e técnicas cientificas e históricas, estes sujeitos se preenchem ao longo do tempo. Dessa forma, para Paulo Freire a educação é uma teoria de conhecimento colocada em prática (BARRETO, 1998, p. 59). Portanto, o conhecimento se torna fruto das interações humanas entre si e com o mundo.

Nestas relações, homens e mulheres são desafiados a encontrar soluções para situações para as quais é preciso dar respostas adequadas. Para isto, precisam reconhecer a situação, compreendê-la, imaginar formas alternativas de responder e selecionar a resposta mais adequada. A cada resposta, novas situações se apresentam e outros desafios vão se sucedendo. Estas respostas e suas consequências representam experiência adquirida e constituem o conhecimento das pessoas. São registradas na memória e ajudarão a construir novas respostas (BARRETO, 1998, p. 60).

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Freire (2002) defende uma educação transformadora, onde as pessoas ou se acomodem ao mundo em que vivem de forma passiva ou se envolvam na transformação dele. Assim, o educador democrático deve reforçar a capacidade crítica do estudante, amparando sua curiosidade e ampliando sua insubmissão. O saber do professor não deve ser somente transferido aos seus educandos, conservando de uma forma intensa a matéria discutida pelos sujeitos. “Pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo” (FREIRE, 2002, p. 13). Pode-se dizer então, que a “[...] a educação ou será conservadora ou transformadora” (BARRETO, 1998, p. 61).

Freire (2002) aponta também a necessidade da formação ética para os educandos. Diariamente, todos podem ser tentados a encontrarem maneiras fáceis para as dificuldades do dia-a-dia a partir das suas escolhas, intervenções e decisões. Porém, estas escolhas podem também serem baseadas nos ensinamentos éticos que a educação provém a partir dos educadores, que passam para os educandos a formação moral e ética. De acordo com Barreto (1998), a discussão entre educador e educando traz a possibilidade de se perceber o uso da criatividade para transformar a natureza e o mundo onde habita, trazendo também reflexões éticas sobre estas transformações.

3.2 O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO

O estudo entre a sociedade e a educação e sua contribuição para a área educacional e transformação dos atores sociais, foram assinalados por Arelaro (2005) como um avanço no discurso sobre as funções determinadas à escola e aos seu modos de trabalhar o conhecimento em tempos capitalistas. Sem as escolas, segundo Young (2007), cada geração teria que começar do zero, sempre como uma tábula rasa. A visão sobre o papel da escola vêm sido discutida por educadores e outros profissionais da área, tendo algumas visões diferentes cada.

De acordo com Young (2007, p. 1289), “para muitos pesquisadores educacionais, uma ênfase no conhecimento mascara o ponto até o qual os detentores do poder definem o que conta como conhecimento”. Porém, segundo o autor, não há contradições quando o assunto é a ideia de que a escola promove a aquisição do conhecimento para o estudante.

Young (2007) afirma que a educação embasa algumas políticas governamentais na atualidade. Uma delas é chamada de “Educação como Resultado”. Dessa forma, “o ensino e o aprendizado são dominados pela definição, avaliação e aquisição de metas e a preparação dos alunos para provas e exames” (YOUNG, 2007, p. 1293). Outra ideia discutida pelo autor é a

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de que a escola tem como objetivo especifico a transmissão de conhecimento em diferentes áreas. Dessa forma, o educador passa o conteúdo que ministra, tratando o ensino como um processo mecânico e unidirecional, sendo o estudante passivo no processo de aprendizagem. Outro ponto prejudicial para a formação do sujeito crítico aos estudantes, na visão de Freire (2002), seria a abominação da tecnologia por parte de um educador e o relacionamento do mesmo com os alunos com ar de superioridade, passando para os estudantes a impressão de que é o único que detém a verdade absoluta do conteúdo. “O modelo autoritário dificulta a produção do conhecimento, sendo, portanto, um empecilho para o processo educativo” (BARRETO, 1998, p. 63-64).

Paulo Freire, por outro lado, segundo Barreto (1998), considera que o diálogo é uma exigência para o papel de educador, já que o mesmo não irá simplesmente propor ao educando sua visão de mundo e seus conhecimentos já adquiridos, mas irá realizar uma troca de percepções, dados científicos e informações com o estudante, problematizando a realidade concreta em que atuam e dessa forma permitindo que o mesmo pense, faça suas próprias conexões e assimilações e que por fim, aprenda. A escola se torna então, de acordo com Morais (2010), um local onde existe articulação e relação interpessoal, grupal e intergrupal, consequência direta de uma pluralidade de culturas.

Morais (2010) reconhece que é necessário que o educador saiba que a humanidade se caracteriza pelo sistema simbólico da produção da linguagem. Consequentemente, o desenvolvimento cognitivo e construção de referências culturais, por exemplo, são aspectos que se aperfeiçoam, fazendo com que o estudante se expresse e respeite outras ideias diferentes.

Além do papel educacional empregado à escola, Silva e Ferreira (2014) afirmam que ela se torna relevante com a sua função social, visto que a mesma integra o estudante que frequenta este meio e entra em contato com membros de seu munícipio. Ou seja, a escola faz com que os alunos coabitem com seres diferentes em um ambiente onde há a presença de uma autoridade e de regras. Sendo assim, a escola acaba se tornando uma extensão do aprendizado sobre cidadania, moral e ética.

A relação cultural também é ressaltada quando o assunto são os papeis que a escola assume, porém, indiretamente. Dentro do contexto escolar, segundo Silva e Ferreira (2014), há a presença de pessoas com diferentes etnias, religiões, raças e culturas. Dessa forma, o estudante inserido neste meio se relaciona com pessoas diferentes de sua própria realidade, conhecendo histórias e ideologias de um país e de grupos, que por sua vez, podem ser diferentes da sua. Assim, o sujeito conseguirá aprender e refletir sobre o que é diferente, respeitando e evitando ações preconceituosas. “Nada mais é do que um meio educativo que prepara a criança para

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futuramente viver no mundo social adulto” (SILVA; FERREIRA, 2014, p. 7). Dessa forma, a escola deve se encontrar preparada para as adversidades que virão no caminho do processo de aprendizagem dos estudantes, abordando estratégias criativas e efetivas para que o trabalho da educação dos mesmos seja realizado de maneira ativa. Portanto,

para dar conta da formação do cidadão do século XXI, a escola deve estar comprometida em propiciar, através de diversas linguagens, a construção do saber, do conhecimento, preparando o educando para a transformação do mundo. Pela convivência com as diversas manifestações culturais, impregnadas de crenças, costumes e valores, espera-se que cada indivíduo passe a reconhecer e respeitar o direito do outro à diversidade. (MORAIS, 2010, p. 58).

A formação do cidadão e a transformação do mundo estão relacionadas, também, ao exercício de uma atividade profissional e, portanto, ao mercado de trabalho - outro ponto chave para o trabalho realizado pelas instituições de ensino e aprendizagem. Alguns docentes da área de Sociologia, segundo Melo (2017), refletem que a escola seja um espaço de construção e formação de um trabalhador e de um cidadão. Seguindo este fato, a escola teria a função de preparar o estudante para atuar no mercado , capacitando-o com os conhecimentos que o instruem a ter competências para pertencer a este meio.

Portanto, é possível ressaltar que o compromisso da escola é preparar o estudante para o domínio dos conteúdos escolares, porém, também o prepara para o mercado de trabalho, para viver em sociedade, promovendo dessa forma mudanças pessoais e sociais com o mesmo.

3.3 O PAPEL DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO

O ensino didático e o papel social da escola dentro do âmbito educacional é uma fonte primordial de aquisição de conhecimento. Porém, vale ressaltar que é necessária a presença de outros pontos fundamentais para que o aprendizado seja pleno e efetivo, já que além da escola, há um mundo mais amplo em ideologias e normas. A família, então, entra como parte essencial para esta etapa da vida do estudante.

Para Berger e Luckman (2003), a criança nasce com uma predisposição à sociabilidade. Dessa forma, a mesma interioriza ao longo do tempo e a partir de suas relações sociais aquilo que o mundo lhe oferece de informação. Como suas primeiras relações sociais são com a seus parentes mais próximos, o contexto de valores e costumes da família logo vão sendo repassados para o membro da nova geração. A visão de mundo que a criança terá, então, faz parte daquela empregada pela família, sendo interiorizada pela mesma como fruto de uma verdade absoluta. Dessa forma, Nogueira (2006) aponta que os valores e costumes primordiais são repassados

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pela família desde o nascimento, para que a criança possa desenvolver seu pensamento e lidar com questões do cotidiano.

Para Nogueira (2006), a hierarquização no plano familiar vem se alterando para que um plano de democratização possa se instalar. Isto é, a subordinação dos mais novos aos mais velhos e das mulheres aos homens tende a ser cada vez menos considerados. Assim, a família hierárquica vai se tornando igualitária, levando em consideração a vida privada do indivíduo e suas opções, concentrando-se no seu verdadeiro eu. Mas não é por conta dessa alteração que o respeito se perdeu. Ele apenas mudou de sentido. Assim, o respeito marca o reconhecimento a todo o indivíduo de ser considerado como pessoa.

Com base nessa nova forma de vivência, surgem novos valores educacionais que prezam pelo respeito a individualidade e autonomia do sujeito, estendendo-se às relações entre pais e filhos que são pautadas pela comunicação e diálogo, deixando de lado o autoritarismo. “Em suma, os pais tornam-se provedores de bem-estar psicológico para os filhos. Esse novo modelo de família alarga de forma intensa a responsabilidade parental em relação aos filhos” (NOGUEIRA, 2006, p. 160)

Logo, a criança costuma usar um membro da família como espelho , já que suas visões de mundo estão entrelaçadas e o vínculo emocional é alto. Silva e Gontijo (2016, p. 22), afirmam que “é através das relações familiares que a criança vai constituindo sua autoimagem”. Dessa forma, se a pessoa cuja influência familiar exala na criança, não der tanta importância à escola, por exemplo, a criança também não se sentirá motivada a comparecer a este âmbito, fazendo com que a aquisição de conhecimento seja deficiente. Porém, se ocorrer a integração entre o familiar e a escola, a criança poderá visualizar, na prática, como a escola pode ser benéfica para si e também um local para aproveitamento social, onde fará novas amizades e novos vínculos, além de conhecer novas culturas e desafios, encontrando assim, motivação para a prática educacional.

Em contrapartida, os pais também se vêm refletidos nos acertos e erros dos filhos, acompanhando o sentimento de orgulho ou de culpa pelo comportamento da criança.

Os pais tornam-se, assim, os responsáveis pelos êxitos e fracassos (escolares, profissionais) dos filhos, tomando para si a tarefa de instalá-los da melhor forma possível na sociedade. Para isso, mobilizam um conjunto de estratégias visando elevar ao máximo a competitividade e as chances de sucesso do filho, sobretudo face ao sistema escolar – o qual, por sua vez, ganha importância crescente como instância de legitimação individual e de definição dos destinos ocupacionais (NOGUEIRA, 2006, p. 161).

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De acordo com Silva e Gontijo (2016), outro fator que cabe a família é o ensinamento de limites, já que o mesmo permite que a criança perceba até onde vai seu espaço e onde começa o do outro. Silva e Gontijo (2016) refletem que, atualmente, a família ou sufoca a criança com uma superproteção ou as deixa com uma liberdade excessiva, perdidas em um mundo com tanta informação. Isso pode causar no âmbito escolar algumas consequências, tendo em vista que a criança pode não potencializar suas vivências, se experimentando e descobrindo novas alternativas, assim como podem-se formar crianças sem o senso de limite, ou seja, que não sabem respeitar as regras e valores que a instituição educacional impõe como norma. Assim,

A família deve participar dessa etapa do desenvolvimento da criança na medida adequada, sem proteger demais ou de menos, de acordo com a idade e possibilidades dela. A família deve valorizar suas potencialidades, permitir que ela faça escolhas e mostrar que as escolhas têm consequências, ajudando a lidar com seus fracassos e a aceitar os erros (SILVA; GONTIJO; 2016, p. 23).

Dessen e Polonia (2005) afirmam que a escola precisa reconhecer a importância da colaboração dos pais no projeto escolar dos seus filhos, auxiliando os responsáveis a executarem seu papel na educação e se envolverem ativamente no progresso dos estudantes até o seu sucesso profissional e sua participação social. Logo, práticas educacionais que envolvam a participação da família do estudante faz com que o desenvolvimento acadêmico do mesmo seja mais proveitoso, e consequentemente, que o aprendizado ocorra de forma mais eficiente. 3.4 A UNIÃO FAMÍLIA – ESCOLA PARA A EDUCAÇÃO

A família e a escola apresentam um papel importante no desempenho escolar do estudante, tendo em vista que os pais e as crianças têm um vínculo entre si, corroborando em consequência com o aprendizado. Para Silva e Ferreira (2014) os filhos vivem os reflexos do contexto familiar, sendo eles positivos ou negativos, acomodando os modos de vida e transmitindo no contato social com o outro dentro da escola. Sendo assim, são as experiências que as crianças tem com os pais que contribuem com o crescimento deles enquanto adolescentes e adultos.

Segundo as autoras, muitos pais e responsáveis acreditam que a participação na escola, isto é, na vida educacional da criança ou adolescente, seria apenas ir em reuniões para receber o boletim escolar, não dando tanta importância para o desenvolvimento pessoal e escolar do filho (SILVA; FERREIRA, 2014). Para Dessen e Polonia (2005), a escola precisa reconhecer a importância da colaboração dos pais no projeto escolar dos seus filhos, auxiliando os responsáveis a executarem seu papel na educação e se envolverem ativamente no progresso dos

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estudantes até o seu sucesso profissional e sua participação social. Dazzani e Faria (2009) ressaltam que algumas instituições escolares já agregam alguns projetos para colaboração entre família e escola como campanhas sociais promovidas pelo Estado, jornadas com o intuito de unir a família à a escola e entre outros.

Freire (2002) entende que não é possível a escola alinhar a formação de estudantes sem levar em consideração as condições sociais, culturais e econômicas de seus alunos e familiares. Pode-se compreender que o sucesso e o fracasso do estudante dentro da instituição escolar não é de responsabilidade somente da escola, tendo fatores adjacentes de comum importância para a determinação do foco e empenho escolar pelo estudante.

O modelo de avaliação educacional vigente no Brasil faz com que crianças em idade escolar e suas famílias não mantenham motivação para o ato de estudar, tendo em vista que não reconhecem a escola como um espaço para desenvolver as competências e habilidades, desenvolvendo um aspecto de autonomia na criança. Dazzani e Faria (2009) apontam que ações educacionais que promovam projetos de intervenção dentro da escola, unindo a vertente familiar ao âmbito escolar, podem verdadeiramente modificar o quadro de fracasso e evasão escolar, além de ampliar a motivação da criança e de sua família no ato de aprender. Isso se influencia pelo fato de que a escola passa a fazer sentido e ter um papel relevante para o sujeito. Desse modo, “a avaliação educacional deve ter papel fundamental no sentido de investigar, compreender e fomentar ações de parceria entre escola-família” (DAZZANI; FARIA, 2009, p. 261).

Segundo Nogueira (2006), uma proposta lançada pelo Ministério da Educação (MEC) em 24 de abril de 2001 caminha para que a relação entre escola e família seja possível. O “Dia Nacional da Família na Escola” que propõe um trabalho da escola em parceria com os pais. Este dia deveria ser realizado a cada semestre, tendo a programação a critério de cada instituição de ensino.

Em todos os casos, ao que parece, a razão principal das ações estatais associa-se a uma estratégia de promoção do sucesso escolar, uma vez que inúmeras pesquisas vêm demonstrando a influência positiva, sobre o desempenho acadêmico, do envolvimento parental na escolaridade dos filhos, o que contribuiria, a termo, para a redução das taxas de evasão e de repetência. (NOGUEIRA, 2006, p. 157).

Outro ponto levantado por Dazzani e Faria (2009) é o do fracasso escolar. Fatores sociodemográficos, nível de instrução de pais, responsividade dos pais e o próprio desenvolvimento cognitivo e emocional do estudante vêm sendo apontados como fatores que influenciam no baixo desempenho estudantil. Para tanto, é necessária uma investigação com a

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finalidade de compreender o universo do estudante, sendo este em seus contextos histórico, social e cultural.

Logo, é possível reconhecer que a parceria da escola com a família realiza a tentativa de alcançar o possível para que o aluno desenvolva a aprendizagem. Dessa forma, vários instrumentos podem ser utilizados como projetos integrados, gincanas que promovem a competição entre turmas e favorecem a aprendizagem tanto quanto a presença dos pais na escola. Palestras e jornadas sobre orientação ou temas adjacentes também são alternativas.

4 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo de caráter descritivo, tendo em vista que possui “como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2002, p. 42). Segundo Gil (2002), também pode-se propor o levantamento de opiniões, atitudes e crenças de uma população, tendo por fim, o conhecimento da visão dos indivíduos na população pesquisada.

Quanto a abordagem da pesquisa, a mesma se caracteriza como qualitativa. Neste caso, ao se trabalhar com a abordagem qualitativa, pretende-se desenvolver a qualidade do objeto estudado, ou seja, se compreende e se explica as dinâmicas sociais e seus universos de significados, crenças e atitudes.

Foram estimados na pesquisa o contato com a população de 213 pais de estudantes do Ensino Fundamental II do período vespertino cujos filhos estão matriculados regularmente em uma escola da cidade de Laguna-SC. Porém, o número de pais que concordaram em participar e responderam ao questionários foi de 11 pessoas, muito abaixo do esperado.

A técnica de coleta de dados foi por meio de questionários com perguntas mistas que, segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 201), “é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. Gil (2002) aponta que o uso de questionários é um meio rápido para a obtenção de informações além de garantir o anonimato dos participantes. Primeiramente foram enviados aos pais, por meio do estudante (filho) o termo de consentimento livre e esclarecido com uma etiqueta para colocação do nome do aluno referente. Após assinado o termo, o aluno mediador colocou o mesmo em uma caixa apropriada que estava presente na biblioteca da escola pelo período de duas semanas. A partir dos termos devolvidos foram enviados pelos alunos os questionários e a segunda via do termo de consentimento livre e esclarecido para que

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ficasse em posse dos pais. O número termos que voltaram assinados pelos pais foi de 19 porém, quando enviados os questionário, somente 11 retornaram.

Os princípios éticos que norteiam essa pesquisa tiveram como base as exigências do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, previsto na resolução CNS/466/12 e 510/16 e foi aprovada segundo protocolo 3.459.487. Para trabalhar os resultados foi utilizado o procedimento de análise de conteúdo que, segundo Bardin (2011), possui a finalidade de investigar a ponto de definir uma descrição objetiva e sistemática.

Os participantes foram retratados com números e com a letra “Q” de Questionário. A seguir apresenta-se tabelas com os dados obtidos a partir dos questionários sobre os participantes.

Quadro 1 - Identificação dos participantes da pesquisa. Idade (anos)

Estado civil

Solteiro Casado Divorciado Viúvo

29 a 35 Q5, Q8, Q10

36 a 39 Q3,Q9

40 a 50 Q6 Q2 Q7 (masculino)

Acima de 51 Q4,Q11 Q1

Fonte: Pesquisa de campo realizada pela autora, 2019.

Observa-se que a maioria dos pais possui ensino médio Completo, (Q2, Q3, Q4, Q6, Q8, Q9, Q11), seguido de pais que possuem ensino superior completo (Q5,Q7, Q10) e um participante que possui ensino fundamental incompleto (Q1).

5 RESULTADOS

Os dados da pesquisa foram organizados de modo a explorar a representação social de escola para os pais conforme expressam os objetivos descritos no estudo. Sendo assim, a representação social da escola foi articulada em aspectos subjacentes a sua função, participação e ação para com alunos, pais e comunidade. Questionados sobre o que lhes ocorre diante da palavra escola, se fez o convite aos pais para uma reflexão da palavra descrita com seu real significado, sendo relacionada com seus fatores históricos e sociais.

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As palavras: educação (Q3, Q4, Q7, Q8, Q9), aprendizagem (Q4, Q5, Q6, Q7),

conhecimento (Q2, Q5, Q7), ensino (Q4, Q6, Q9) foram muito evocadas pelos participantes,

pautando-se na compreensão de visão da escola como o lugar que propicie a aprendizagem. Isto corrobora com Young (2007) que discute a ideia de que a escola tem como objetivo principal a transmissão de conhecimento em diferentes áreas ao aluno. Sendo assim, o educador passa ao estudante o conteúdo ministrado, fazendo com que o conhecimento seja adquirido, aprendido e que a educação seja bem sucedida.

Porém, a escola também apresenta, segundo a visão dos pais, outras vertentes para sua função completa. Evocações como socialização (Q5, Q6), responsabilidade (Q3, Q10, Q11),

respeito (Q2, Q3, Q6, Q10), amigos/professor (Q1, Q2, Q7, Q10, Q11), regras (Q4, Q7), lanche (Q1, Q9), moralidade (Q2) foram propostas pelos questionados. Tais expressões

remetem ao papel social e cultural que é conferido a escola tal como discutido por Silva e Ferreira (2014): a escola integra o estudante a um meio onde há a presença de outros estudantes que podem não possuir as mesmas características entre si e uma pessoa com autoridade para ditar regras e organizar a escola de maneira coerente com o propósito da educação. Dessa forma, a questão de socialização, responsabilidade, respeito e moralidade podem ser vistas nesta perspectiva pelos pesquisados.

Neste caso, os pais de estudantes fizeram uma associação da palavra escola com o seu papel funcional, social e cultural e estabeleceram seus sentidos a partir disto, objetivando desta forma sua representação. Sendo processo de objetivação, segundo Moscovici (1981) aquele que promove a categorização de algo por meio de associações em sua ancoragem e, por conseguinte, torna o percebido como sua extensão, além de nomeá-la, o objetifica, a escola é um lugar onde se dá a aprendizagem de conhecimentos e modos de ser/conviver. Um lugar social de formação do sujeito.

Dessa forma, é possível observar o ambiente escolar como uma forma do estudante vivenciar a vida em sociedade, aprendendo a respeitar e lidar com diferenças e com o controle de ações adequadas às situações e locais. Também pode ser discutido a questão de proporcionar ao aluno o contato com diversos conteúdos, possibilitando que o mesmo comece a pensar criticamente e analise os dados que lhe foram ensinados. Freire (2002) reflete que uma verdadeira educação garante aos educandos uma construção de si, possibilitando aos mesmos uma visão, lado a lado do educador. Ou seja, para Paulo Freire, a educação é uma teoria do conhecimento colocada em prática (BARRETO, 1998, p. 59).

Neste contexto, a escola pode possibilitar ao estudante que transforme seus pré conceitos, de modo que reflita sobre temas contemporâneos ou até históricos e científicos

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produzindo transformação do conteúdo aprendido criticamente, ampliando seu olhar sobre novas possibilidades e temas. Entretanto, o estudante pode atuar de forma passiva, recebendo a informação prestada do educador e a aceitando como forma final da palavra. Desse segundo modo, e de forma metafórica, o estudante apenas recebe o conteúdo ministrado em sala de aula, não interpretando o que foi relatado, muitas vezes não alcançando um sentido próprio. Ou seja, como destaca Barreto (1998) “a educação ou será conservadora ou transformadora” e isso depende do movimento do professor, mas também dos estudantes e suas famílias, os quais podem participar, refletir e questionar.

Assim, para efetiva educação de cada estudante, vê-se a necessidade da participação dos pais no ciclo educacional de seus filhos, já que, de acordo com Silva e Gontijo (2016), mediante as relações familiares formadas, a criança constitui sua própria imagem. Ou seja, com o alinhamento familiar, o estudante consegue perceber a importância ou não da escola, visualizando isso dia após dia na rotina familiar. Porém, segundo Silva e Ferreira (2014), muitos pais creem que a participação na vida escolar do filho se resume a comparecer em reuniões agendadas e ao receber o boletim escolar, ou seja, quando são chamados a comparecer na escola, não havendo preocupação sobre o desenvolvimento pessoal do aluno em suas funções relacionais e em outros contextos. Pensando nisso e seguindo as respostas assinaladas nos questionários, a maioria dos pais comparece a escola em momentos de entrega de boletins e

reuniões pré-programadas pela própria escola com o fim de fazer algumas observações sobre

comportamento ou nota dos filhos (Q1, Q2, Q3, Q5, Q6, Q7, Q8, Q9, Q10, Q11). Nota-se então, que a atitude de participação espontânea dos responsáveis não é efetiva, necessitando da ajuda da escola para que este contato seja realizado. Dessen e Polonia (2005) reconhecem a importância de os colaboradores da escola auxiliarem os responsáveis a se envolverem ativamente na educação de seus filhos, chamando-os até a escola e dialogando sobre uma colaboração conjunta na educação do estudante para que o mesmo consiga estabelecer seu desenvolvimento.

Por outro lado alguns pais referiram realizar esta visita espontânea à escola para reconhecer os aspectos de seu filho em sua prática de desenvolvimento de si e de sua autonomia (Q1, Q2, Q5, Q10), em eventos escolares (Q5, Q6, Q8, Q10) ou levar e buscar seu filho (Q5, Q7, Q8, Q10).

Silva e Ferreira (2014) afirmam que os filhos vivem os reflexos do contexto familiar, sendo eles positivos ou negativos, acomodando os modos de vida e transmitindo no contato social com o outro dentro da escola. Sendo assim, são as experiências que as crianças tem com os pais que contribuem com o crescimento deles enquanto adolescentes e adultos. Por esse lado,

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percebe-se que a maioria dos pais vê a necessidade de auxiliar os filhos em tarefas de casa e em estudo para a prova (Q1, Q2, Q3, Q5, Q6, Q7, Q8, Q10, Q11) e também no auxílio aos trabalhos escolares (Q1, Q2, Q3, Q4, Q5, Q6 Q7, Q8, Q10, Q11).

Alguns pais (Q1, Q2, Q3, Q5, Q6, Q8) também acreditam que podem fazer a diferença no desenvolvimento da aprendizagem dos filhos. A partir disso, estes pais podem trazer para si o reflexo do sucesso ou dificuldade de aprendizagem do filho, acompanhando o sentimento de orgulho ou culpa pelo comportamento exercido pelo estudante. Nogueira (2006) estabelece que alguns pais tomam para si a responsabilidade total da tarefa de instalar os filhos da melhor forma possível em sociedade, mobilizando estratégias para que isso ocorra como o esperado.

Como já discutido anteriormente, a influência familiar desenvolve na criança um ponto fundamental para a importância que ela atribui a escola. Dessa forma, se os que convivem intimamente com a criança, não atribuírem importância à escola, por exemplo, a criança também não se sentirá motivada a adentrar e participar desse espaço, fazendo com que a aquisição de conhecimento seja deficiente. Porém, se ocorrer a integração entre o familiar e a escola, a criança poderá visualizar, na prática, como a escola pode ser benéfica para si e também um local para aproveitamento social, onde fará novas amizades e novos vínculos, além de conhecer novas culturas e desafios, encontrando assim, motivação para a prática educacional.

Dentre os participantes da pesquisa, a maioria dos pais (Q1, Q2, Q3, Q5, Q6, Q7, Q8, Q10) responderam que se sentem responsáveis pela motivação do estudante com seus estudos. Outros (Q4, Q9, Q11) sentem-se parcialmente responsáveis. Assim é possível afirmar que em algum momento, todos os pais presentes no estudo refletiram sobre o seu papel na vida dos estudantes, considerando seu papel de pai como influenciando ou não na motivação do filho nas atividades propostas pela instituição de ensino e no ato de estudar, ou seja, em seu desenvolvimento educacional.

Porém, como dado indireto à pesquisa houve também a pequena adesão dos pais na realização da pesquisa proposta. Conforme já mencionado, foram entregues 213 convites de participação na pesquisa. Dezenove pais emitiram aceite. Neste tempo, alguns alunos disseram que os pais sequer leram e outros, que os pais não se importam em assinar, ainda que tivesse a ver com a escola. Evidencia-se aí um distanciamento dos papeis entre a escola e os pais.

Dessa forma, tem-se a premissa de que, segundo Moreira e Oliveira (1998), os sujeitos tem seu comportamento guiado a partir de um sentido atribuído a um significado. Sendo assim, estes pais que participaram da pesquisa, possuem suas condutas atreladas a partir da representação da escola formada pelos mesmos, ou seja, são orientados conforme suas ideias a terem a atitude de visitar a escola e ter um tipo de relacionamento participativo com ela. Assim,

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pode-se considerar o fato de muitos pais não aceitarem participar da pesquisa como uma possibilidade de alheamento à escolarização/educação formal do filho sendo que, provavelmente, sua representação social sobre a escola difere dos participantes, orientando sua atitude de não se envolver em assuntos escolares incluindo uma pesquisa relacionada ao tema. Este comportamento pode ser visto como a função de Orientação da Representação social, que, segundo Moreira e Oliveira (1998), fazem com que o sujeito guie seus comportamentos e práticas a partir de suas crenças.

Dessa forma, a relação entre família e escola se mostra dificultada pela falta da inserção da família dentro da escola, o que pode prejudicar o estudante em seu desenvolvimento escolar. Freire (2002) entende que a escola não é a única responsável pelo sucesso ou fracasso do estudante dentro da instituição de ensino, já que a educação tem como fatores adjacentes e de comum importância o foco e o empenho escolar pelo próprio estudante. Estes dois fatores se associam com a motivação do aluno ao ato de estudar, corroborando com sua potencialização de habilidades e competências. Com essas etapas formadas, o aluno começa a ver sentido no ato de estudar e essa ação passa a ser efetuada com êxito.

Cientes de seu papel junto a educação do estudante, a maioria dos pais (Q3, Q5, Q6, Q7, Q8, Q11) assente que a escola sozinha não dá conta da educação. Logo, é possível perceber que os pais reconhecem que a parceria da escola com a família realiza a tentativa de alcançar o possível para que o aluno desenvolva a aprendizagem e habilidades do sujeito.

Um dos participantes da pesquisa escreve ainda:

Os pais tem que serem parceiros da escola pois nossos filhos passam a maior parte do tempo na escola. Sempre lembrando que a maior parcela da educação seja sempre dos pais. A escola auxilia, tem que haver parceria. Mas como já comentei, não adianta a escola ser responsável, profissional, se meu filho não me respeita, como irá respeitar os colegas, professores? (Q2)

Isso pode suscitar uma discussão sobre a aplicação de limites ao comportamento dos filhos. Alguns pais permitem que a criança saiba até onde vai seu espaço e onde começa o do outro. Ciente disso, o estudante consegue respeitar o próximo e suas diferenças, pois refletirá questões acerca da ética e moral aplicadas em sociedade. Silva e Gontijo (2016) comentam que a família deve participar do desenvolvimento da criança na medida adequada sem proteger demais ou de menos, potencializando suas habilidades e permitindo que façam as suas escolhas pois assim saberão que as mesmas trarão consequências que podem ser benéficas ou maléficas para si. Dessa forma, o estudante aprende também a lidar com seus fracassos e a acertar o seus

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erros. Nogueira (2006) afirma que os pais atuais se tornaram provedores de bem-estar psicológico aos filhos, aumentando suas responsabilidades em relação a eles.

No questionário haviam campos em aberto, nos quais o participante poderia se sentir livre para escrever o conteúdo que lhe ocorresse mentalmente. Sendo assim, um dos participantes manifestou o seguinte:

“O papel da escola é: ensinar as disciplinas obrigatórias com respeito. Não tendo diferenças as: classe social, credo religioso, raça, que esse respeito seja livre. Que todo o ser humano tenha o livre arbítrio. Sempre dentro dos limites das leis, seja ela quem for”. (Q2)

A expressão do participante propicia a análise de que desde o direito da educação a todos, a escola tem a função de ensino de conteúdo de forma respeitosa com todas as classes sociais, raças e entre outros fatores de diversidade social. Isto vai ao encontro com a legislação vigente, encontrada na nova Emenda Constitucional nº 59 em conjunto com o art. 205 da Constituição de 1998, apresentando como indispensável a educação básica obrigatória a todos os sujeitos sociais que vivem em comunidade.

A partir das informações obtidas nos questionários também foi possível compreender que alguns pais (Q2, Q3, Q4, Q6, Q7, Q10) consideram que mais contato entre a família e a escola é essencial para que o filho aproveite mais o ambiente escolar. Assim se contempla a importância de estar ao lado do filho no seu processo de desenvolvimento pleno, e aproveitando esse momento junto a ele.

A maioria dos pais (Q1, Q2, Q3, Q4, Q5, Q6, Q7, Q8, Q10, Q11) consideram importante para que o desenvolvimento do filho na escola seja mais aproveitado que hajam mais atividades práticas em sala de aula e fora dela, fazendo com que o estudante vivencie o conteúdo e se coloque em ação. Essa lógica dos pais pode ser vista a partir de Freire (2002), que analisa uma educação mais pautada no desenvolvimento da autonomia, deixando de lado as vertentes onde se pregam somente o repasse de conhecimento. Dessa forma, o estudante consegue desenvolver seus pensamentos críticos e se observar em situações repletas de conhecimento. Entretanto, também pode-se questionar o quanto esses pais sabem ou se interessam pelo o que ocorre dentro de sala-de-aula e o que se passa na educação dos filhos em tarefas educacionais. É compreensível que a maioria dos pais que participaram do estudo respondem que auxiliam os filhos em conteúdos relacionados a escola. Porém, existe a possibilidade, de que, muitos dos que não participaram, tenham o movimento contrário.

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Neste artigo buscou-se descrever a representação social da escola para pais de estudantes do ensino fundamental II de uma escola estadual na cidade de Laguna-SC, onde puderam ser observadas as crenças e atitudes acerca do tema proposto.

Os dados da pesquisa consideraram então a percepção do grupo participante sobre a escola, sendo apontada a importância da aprendizagem para adquirir conhecimento o que por fim, reforça que o papel da escola é educar. Porém, a escola também foi apontada como um local de socialização, de desenvolvimento pessoal, onde o estudante além de conhecer aspectos científicos, possa ser apresentado ao mundo dos saberes e de formação intelectual, crítica, interpessoal, afetiva e cultural.

Também se reflete o potencial de que a escola e a família trabalhem juntas em prol do desenvolvimento do estudante, propiciando um ambiente de estabilidade para que o mesmo cresça conforme suas potencialidades e habilidades. Os pais reconhecem que seus respectivos filhos podem possuir uma motivação maior quando os mesmos [pais] estão mais engajados na escola, reconhecendo dessa forma a importância de sua contribuição nesse caminho de conhecimento.

A representação social da escola para os participantes pode ser entendida com base derivada do seu significado real e usual de que a escola é um espaço de multifuncionalidades, ou seja, um âmbito que possui o poder de educar as crianças e adolescentes em suas diversas formas, conscientizando e reiterando o conhecimento como forma de saber. Por fim, entende-se que a escola, para os responsáveis tenha a função social de educar para a vida, entende-sejam conteúdos científicos ou conteúdos culturais.

Sabe-se que a amostra populacional aqui representada condiz com somente uma parcela da população pretendida, concretizando assim uma parcela da representação social vista no contexto empregado. Assim, uma nova pesquisa poderia pensar em alternativas para maior obtenção de respostas como em conhecer melhor a recusa de participação dos pais.

Avalia-se que os objetivos da pesquisa foram alcançados. As crenças e opiniões de pais de estudantes que participaram foram levantadas assim como foi possível verificar as atitudes destes perante a escola. Foi possível identificar a relação da família-escola presente diante das respostas dos questionários, por meio dos quais percebe-se que os responsáveis reconhecem seus papeis junto a escola para a educação do filho, havendo dessa forma, um auxilio mútuo entre escola-família. No entanto, com base no número de respostas do questionário não se consegue generalizar este resultado.

Considerando os comentários dos alunos e até mesmo o número de questionários respondidos percebe-se que ocorre um desinteresse em participar ativamente na construção e

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conhecimento do estudante, podendo assim, ocasionar uma defasagem na educação do mesmo. Portanto, essa pesquisa pôde revelar a relação dos pais no desenvolvimento dos seus filhos que estudam em uma escola estadual e da falta desse relacionamento, possibilitando planos de ações estratégicos para que esse déficit seja reparado, como por exemplo, gincanas escolares com a presença de pais e responsáveis, dia da família na escola e entre outros estratégias.

Também vale ressaltar que, ao final da pesquisa, se compreende a importância dos estudos sobre representação social da escola que podem trazer abrangentes contribuições para a área da Psicologia na educação, compreendendo este espaço e também da sociedade que o participa. Possibilita também reavaliações do comportamento da escola perante a pais sejam feitos, assim como ao contrário. Portanto, outras pesquisas concomitantes a este tema podem ser produzidas a fim de ampliar o campo de visão sobre o assunto e dessa forma difundi-lo muito mais.

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Referências

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