• Nenhum resultado encontrado

A inclusão do deficiente físico no mercado de trabalho em caxias-ma (2010-2015)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A inclusão do deficiente físico no mercado de trabalho em caxias-ma (2010-2015)"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

THE INCLUSION OF THE PHYSICAL DISABLED IN THE LABOR

MARKET IN CAXIAS-MA (2010-2015)

A INCLUSÃO DO DEFICIENTE FÍSICO NO MERCADO DE TRABALHO EM CAXIAS-MA (2010-2015)

INCLUSIÓN DE MALA FÍSICA DEL MERCADO DE TRABAJO EN CAXIAS-MA (2010-2015)

ABSTRACT

This study aims to study the inclusion of the physically disabled in the labor market in Caxias-Maranhão, during the period 2010-2015. This is a quantitative-qualitative research. The methodology used in the beginning was a bibliographical survey and readings referring to the subject, related to the studies and field research in the Municipal Department of Labor and Employment and official data of governmental sites of the Brazilian Institute of Geography and Statistics - IBGE - and the Ministry of Labor And Employment - MTE-MA. Individuals with disabilities had guaranteed rights through many discussions in the social field and, consequently, in the legal arena and were able to be considered as subjects of rights. The work presented here demonstrates the creation and evolution of laws, in international legal instruments and in the legal order of the country. In Brazil, the state gradually created public policies aimed at eradicating discrimination, inequalities and providing social action for the physically handicapped through their insertion in the labor market.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo estudar a inclusão do deficiente físico no mercado de trabalho em Caxias-Maranhão, durante o período de 2010-2015. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa. A metodologia utilizada a princípio foi um levantamento bibliográfico e leituras referentes á temática, relacionados aos estudos e pesquisas de campo na Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego e dados oficias de sites governamentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - e do Ministério do Trabalho e do Emprego - MTE-MA.As pessoas físicas com deficiências tiveram direitos garantidos através de muitas discussões travadas no campo social e, consequentemente, no âmbito jurídico e conseguiram ser considerados como sujeitos de direitos. O trabalho ora apresentado demonstra a criação e a evolução de leis, nos diplomas legais internacionais e no ordenamento jurídico pátrio. No Brasil, o Estado aos poucos foi criando políticas públicas com objetivos de erradicar a discriminação, as desigualdades e proporcionar a atuação social para os deficientes físicos, através da inserção dos mesmos no mercado de trabalho.

RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo estudiar la inclusión de los discapacitados en el mercado laboral en Caxias, Maranhao, durante el período 2010-2015. Se trata de una investigación cuantitativa y cualitativa. La metodología utilizada en un principio era una literatura y lecturas relacionadas con el tema, relacionado con los estudios e investigaciones de campo en el Departamento Municipal de Trabajo y Empleo y datos oficiales de sitios web del gobierno del Instituto Brasileño de Geografía y Estadística - IBGE - y el Ministerio de Trabajo y Empleo - MTE-MA. Las personas con discapacidad han garantizado los derechos a través de muchas discusiones en el ámbito social y, en consecuencia, el marco legal y logró ser considerados como sujetos de derechos. El trabajo presentado aquí demuestra la creación y evolución de las leyes, los instrumentos jurídicos internacionales y el ordenamiento jurídico brasileño. En Brasil, el estado poco a poco ha sido la creación de políticas públicas con objetivos para erradicar la discriminación, la desigualdad y proporcionar actividades sociales para personas con discapacidad, mediante la inserción en el mercado laboral.

Gabriela Mota Moraes¹

Nair Cristina Pereira da Silva¹

Janny Wesllany Sousa Silva²

Emília Saraiva Nery³

202 Descriptors

Handicapped. Labor Law. Dignity of human person. Systems of quotas.

Descritores

Deficiente físico. Direito do Trabalho. Dignidade da Pessoa Humana. Sistemas de cotas.

Descriptores

Discapacitados físicos. Directo del trabajo. La dignidad humana. Cuotas de sistemas.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2016-09-12 Accepted: 2017-01-19

Publishing: 2017-03-28

Corresponding Address

Cintya Andreia do Nascimento Santos

Rua Cristo Rei, 1983 – Castelo Branco, Caxias/MA

Celular: (99) 984314312 E-mail: cikincrivel@gmail.com Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão, Caxias/MA

¹Graduanda do quarto período de Direito na Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA.E-mail:gabilestrange10@hotmail.com; cristinaalmada@hotmail.com

²Graduanda do quinto período de Direito na Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. E-mail:

jannywesllany@hotmail.com

³Orientadora e Autora responsável. Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia/UFU. Docente em Direito pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. E-mail: emilia.nery@gmail.com

(2)

INTRODUÇÃO

O estudo das normas jurídicas, atualmente, exige do cientista do direito a discussão de conceitos, institutos, das normas e a interpretação das mesmas sistematicamente dentro do ordenamento jurídico, sempre atrelando esse estudo normativo aos valores trazidos pela Constituição federal Brasileira de 1988.

A discussão aqui apresentada estuda a gradual visibilidade do deficiente físico no meio social e a constante busca do reconhecimento de seus direitos, enfocando a proteção prevista nos diplomas internacionais, na Constituição Federal de 1988 e nas diversas leis infraconstitucionais voltados à reconstrução dos valores humanos.

No Brasil, busca-se a equiparação de oportunidades de acesso ao mercado de trabalho da pessoa com deficiência, através da adoção de um sistema de cotas ou reserva legal. O sistema de cotas brasileiro obriga à contratação de pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho, por meio de contrato entre empregado e empregador, ou através da utilização de vaga reservada em concurso público. A obrigatoriedade de contratação de pessoas com deficiência, o aumento da fiscalização do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho e as contratações sem qualquer planejamento são causas de questionamentos legais e sociais que são as problemáticas analisadas no presente trabalho.

O Estado do Maranhão tem o pior índice de empregabilidade do país, de acordo com o último relatório anual de informações sociais de 2014 realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, somente 17% das vagas de emprego voltadas aos deficientes físicos são preenchidas. Pelo menos 12 mil vagas no Maranhão não foram ocupadas. Trazendo as estatísticas para a cidade de Caxias-MA, de acordo com o Sistema Nacional de Emprego – SINE -, há apenas 2% de pessoas com deficiência empregadas, um número baixo, mas que não está atrelado à falta de vagas e sim à quantidade de pessoas qualificadas que procuram por estas vagas.

Segundo a supervisora do SINE de Caxias, as empresas buscam estes profissionais para seu quadro

de funcionários, porém, a disponibilidade na cidade é muito baixa.

O portador de deficiência física trata-se, portanto, de um universo significativo de pessoas que, nos dias de hoje, buscam condições humanas e materiais que lhes permitam viver com independência. O acesso ao mercado de trabalho é decisório na conquista de sua independência. A política de inclusão de todos os tipos de trabalhadores, em busca de um meio ambiente de trabalho que inclua todas as diversas faces culturais e profissionais, é hoje o ideal buscado pela sociedade moderna. A inclusão social das pessoas com deficiência é acompanhada de uma série de questões relevantes, tratadas no trabalho, que devem ser enfrentadas pelo Estado e por toda a sociedade.

METODOLOGIA

Para a concretização do desenvolvimento do presente artigo, foram realizados um levantamento bibliográfico e leituras referentes aos temas relacionados aos estudos e às pesquisas a serem desenvolvidas pelo referido Grupo de Estudo e de Pesquisa: Direitos Constitucional, Penal, Civil e do Trabalho e História do Brasil, do Maranhão e de Caxias–MA.

Foram realizadas ainda pesquisas exploratórias de localização de fontes nos em instituições municipais, tais como: Ministério do Trabalho, Secretaria do Trabalho e Economia Solidária e no Sistema nacional de Emprego (SINE). Essas investigações terão como objetivo encontrar o maior número possível de dados numéricos e projetos de políticas públicas.

A metodologia de análise dos referidos dados se deu principalmente através de um questionário de coleta de dados sobre os níveis de garantias constitucionais ao trabalho.

Em seguida, foi realizada uma análise interpretativa detalhada de dados estatísticos e bibliográficos e das causas, circunstâncias e resultados vinculados aos níveis de garantias constitucionais ao trabalho para a população de Caxias-Maranhão.

(3)

RESULTADOS

Os principais resultados foram obtidos por meio da revisão de literatura sobre a História do direito constitucional brasileiro e as discussões em torno das relações entre os direitos constitucionais e os direitos humanos e sociais. Sendo assim, contribuindo de maneira efetiva, sobretudo, com a área Penal, Civil e Trabalhista.

Os dados estatísticos revelaram que o nível de garantia constitucional ao trabalho em Caxias-MA não é pleno. O desemprego está vinculado principalmente às atividades de serviços gerais e ao grupo dos jovens. As razões para a falta de empregabilidade está relacionada à pouca escolaridade dos desempregados. Dentre esses, os deficientes físicos preferem programas sociais em detrimento do emprego. Por outro lado, as empresas caxienses estão sempre procurando os mesmos para empregá-los.

DISCUSSÃO

Na seara dos Direitos Sociais, destacam-se nesdestacam-se artigo, os direitos destinados aos trabalhadores. Direitos esses que estão expostos no art. 7° da Constituição Federal do Brasil de 1988 – CF estão assegurados pela Consolidação das Leis Trabalhistas- CLT de 1943, legislação complementar que vigora há mais de setenta anos colaborando com a efetiva aplicação dos direitos relativos ao trabalho com destaque aos direitos atribuídos à pessoa do deficiente físico no mercado de trabalho.

O Direito Laboral tem por finalidade promover a manutenção da igualdade em todos os aspectos sociais, tanto formal como material. Dessa maneira, a Constituição Federal, por meio de sua força normativa, auxilia os hipossuficientes, dentre esses o deficiente físico, na aquisição de condições materiais mínimas para seu desenvolvimento com dignidade.

Conhecer a história da humanidade nos faz compreender como as pessoas com deficiências foram vitimas de discriminação em todas as esferas sociais. Esse fenômeno é uma prática que foi se estruturando e que até hoje tem reflexos nas relações sociais e no sistema jurídico dos países, tendo em vista, que a

discriminação e o preconceito não têm incidência apenas em países em crescimento como o Brasil.

O Direito do Trabalho no Brasil e suas garantias concernentes aos direitos fundamentais tiveram uma participação singular dentro do ordenamento jurídico nacional vigente, pois as fontes da área trabalhista não se encontram estruturada em uma hierarquia rígida como a que encontramos no Direito comum. Na solução de um caso concreto, quando duas ou mais normas podem ser aplicadas, decide-se pela norma que seja favorável ao trabalhador, independente da posição hierárquica da norma.

As pessoas com deficiências através de muitas discussões travadas no campo social e, consequentemente, no âmbito jurídico conseguiram ser considerados como sujeitos de direitos. O Estado aos poucos foi criando políticas públicas com objetivos de acabar com a discriminação, as desigualdades e proporcionar a atuação social para os deficientes físicos através da inserção dos mesmos no mercado de trabalho.

As primeiras contribuições para a erradicação da discriminação e do preconceito contra a pessoa do deficiente físico e posteriormente para a sua efetiva inclusão na sociedade, tiveram substratos nas convenções e tratados Internacionais que define tratados internacionais como: “todo acordo formal concluído entre sujeitos de Internacional publico, e destinado a produzir efeitos jurídicos” (9-9). O

cumprimento dos tratados Internacionais por parte dos países signatários que o celebraram é de cunho obrigatório. Esses tratados são regidos pelo princípio da boa-fé, como prevê o artigo3º, parágrafo1º, da Convenção de Viena, “um tratado deve ser interpretado de boa-fé e de acordo com o significado de seus termos e seu contexto à luz de seu objetivo e propósitos” (6-9).

Destacaremos aqui algumas dos mais importantes tratados e convenções como a Carta das Nações Unidas de 1945, que nos seus dispositivos repudia veementemente todo e qualquer tipo de discriminação fundada em raça, língua, sexo, ou, por qualquer, outra natureza.

A Declaração dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, promulgada pela

(4)

Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1975, dispõe sobre os direitos civis políticos e trabalhistas e da proteção contra a exploração e tratamento desumano contra os deficientes de todo os países.

O seu artigo 27 trata especificamente do Trabalho e do Emprego como direto constitucional que deve ser exercido plenamente pelas pessoas portadoras de deficiências.

Esse artigo aborda que deve ser garantida a igualdade de emprego e trabalho de oportunidades com as demais pessoas. Protege o direito da pessoa deficiente a ter igual remuneração como as demais pessoas; condições seguras e salubres de trabalho; empregada no setor público e no setor privado, mediante políticas públicas e medidas apropriadas, que poderão incluir programas de ação afirmativa, entre outras medidas.

A Organização Internacional do Trabalho – OIT –é um órgão regulamentado pela ONU exerce o papel de fomentar estudos e debates que por meio de suas recomendações e convenções sobre a Justiça social e os Direitos humanos na esfera trabalhista. A OIT adotou diversas convenções e recomendações com o objetivo de promover a igualdade no âmbito trabalhista, em categorias específicas, dentre as quais está a pessoa do trabalhador deficiente.

A recomendação n°99 de junho de 1995, da OIT, versa sobre a reabilitação profissional das pessoas com deficiência. Essa reabilitação está inserida no processo para o aumento de oportunidade de empregos e a capacitação. Assim sendo, busca-se possibilidades para que a pessoa do deficiente físico venha não só ter mecanismos para conseguir, mas também manter-se no emprego.

Outra convenção da OIT que veio fortalecer o direito do trabalhador deficiente, foi de n° 111, aprovada em 1958, e ratificada pelo Brasil em 1968. A citada convenção é considerada como uma das mais importantes normas vigentes no tocante ao combate à discriminação existente nas relações trabalhistas, tanto no plano nacional como no Internacional.

No plano internacional regional, os principais instrumentos de proteção são:

Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, a Carta Internacional Americana de Garantias Sociais, a Carta da Organização dos Estados Americanos, a Convenção Americana dos Direitos Humanos, a Declaração Sociolaboral do Mercosul e a Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (6-9) .

Dentre as normas citadas acima, cabe acrescentara Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, também conhecida de Convenção da Guatemala. Essa convenção trata de temáticas relacionadas a todos os tipos de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e tem por objetivo preveni-los e eliminá-los, bem como criar mecanismos para a plena integração na sociedade, como postula:

Artigo II: Esta Convenção tem por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua plena integração à sociedade.

O conceito de pessoa com deficiência sofreu significativas transformações ao longo tempo em razão das dinâmicas sociais e culturais de cada época. O termo pessoa com deficiência e suas significações são reflexos dos valores sociais vigentes em determinados momentos históricos e resultados das conquistas sociais alcançadas.

O conceito jurídico de pessoa com deficiência foi desenvolvido e aperfeiçoado, a partir de diversos instrumentos internacionais e também à luz da nossa legislação pátria. O Brasil, através do Decreto nº 5.296/04, estabeleceu que:

A alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (2-9).

Essas legislações corroboraram para a inclusão dos deficientes físicos na sociedade e destinam-se a promover de forma eficaz e em condições de igualdade o exercício dos direitos e

(5)

garantias fundamentais das pessoas com deficiências, visando desta forma a inclusão social dos mesmos, com as devidas condições humanas e matérias que lhes permitam viver com respeito, com autonomia individual, e acima de tudo, com dignidade.

O mercado de trabalho, neste contexto, apresenta-se como um mecanismo eficaz no processo dessa independência. No Brasil, existem leis específicas que regulamentam a o acesso de deficientes (físico) ao trabalho de sua livre escolha e com condições e instrumentos adaptados às suas necessidades que lhe possibilite desenvolver plenamente suas tarefas. Dentre essas leis que garantem a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, destaca-se a lei n. 8213 de 1991.

Um documento importantíssimo que deve sempre ser abordado que está relacionado intrinsecamente com a temática abordada é a declaração Universal dos Direitos Humanos. Os direitos humanos é a fonte primária dignificadora do ser humano e, portanto, é considerado o princípio máximo na hierarquia dos ordenamentos jurídico nacional e internacional.

A dignidade da pessoa humana é um princípio ímpar dos direitos fundamentais, explícito no Art. 1º, inciso III, da atual Constituição Federal Brasileira. As Constituições contemporâneas têm uma preocupação peculiar com o referido princípio, pois colocam o ser humano no centro do ordenamento positivado. É como ressalta Moraes(5-9) sobre o

princípio da dignidade da pessoa humana da seguinte maneira:

O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana sob duas perspectivas: a) a primeira a qualifica como direito individual assegurado ao titular particular nas relações que trava com o Estado e nos ajustes privados que celebra com outro particular; b) a segunda concepção descortina a dignidade como dever fundamental de tratamento igualitário e respeitoso aos semelhantes, desdobrado em três enunciados básico do direito romano: honesterevivere (viver honestamente); alterum non laedere (não prejudicar o outro) e suum cuique tribuere (dar a cada um o que lhe é devido).

A Declaração Universal dos Direitos Humanos carrega em si um escopo abrangente que lhe faculta instrumento suficiente para garantir

proteção a todos os direitos humanos. No entanto, a ONU, ainda na fase de elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, iniciou um processo paralelo de proteção especializada contra certos tipos de violação e para determinados grupos de indivíduos, como as pessoas com deficiência.

Embora, na Declaração Universal dos Direitos Humanos não se mencione expressamente a pessoa com deficiência, ela dispõe no artigo I, que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. No seu artigo XXIII, consigna ainda que “toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, às condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego”.

Através do conhecimento acerca dos diversos diplomas internacionais que versam sobre a proteção do deficiente físico, percebe-se que o combate à discriminação não deve estar pautado somente na criação de leis sancionatórias. Paralelo a isso, deve haver o incentivo para uma convivência harmônica na sociedade, acercando-a sempre no respeito às diferenças, elemento essencial para a construção de um país justo com acessibilidade.

Ao se falar em deficiente no mercado de trabalho, o primeiro problema a ser enfrentado é o receio dos empregadores em contratar estas pessoas, ao se considerar de forma equívoca a sua incapacidade laborativa. Um instrumento capaz de rever esse quadro é a inclusão social das pessoas portadoras de deficiência por meio de políticas públicas e ações afirmativas, onde se investirá tanto na preparação profissional do deficiente quanto da adequação da empresa para receber esta pessoa.Desta forma, encontrar-se-á uma maneira de tratar estes cidadãos com igualdade de direitos.

Políticas de inclusão social têm sido cada vez mais difundidas na sociedade atual com o intuito de garantir um tratamento digno e oportunidades iguais para pessoas que devido às suas limitações e aos preconceitos que às cercam encontram-se descriminalizadas no meio social. Cabe aqui destacar a figura do deficiente frente à Lei nº 8.213/ 91, que possui no seu texto cinco artigos (art. 89 ao 93) voltados para deficientes e beneficiários reabilitados.

(6)

O artigo 89 que trata da habilitação e reabilitação profissional dispõe que:

Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re) educaçãoe de (re) adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.

Com a Lei 8.213/91, a legislação brasileira estabelece que empresas com 100 (cem) ou mais funcionários devem destinar de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) de seus postos de trabalho a pessoas com deficiência (de acordo com o grau de qualificação para a vaga de emprego), obedecendo-se uma proporção entre a porcentagem e o número de funcionários.

Art.93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) à 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I- até 200 Empregados...2%

II- De 201 a 500...3%

III- de 501 a 1000...4%

IV- De 1001 em diante...5%

Além de estabelecer a proporção de empregados, a lei 8.213/91 também determina as condições para dispensa de funcionário, onde deverá haver a substituição deste por outro em condição semelhante. Está disposto no art. 93 da seguinte maneira:

Art.93. §1. A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou outro beneficiário reabilitado da Previdência Social.

Garantir que os portadores de deficiência tenham acesso ao mercado de trabalho é também possibilitar que eles possam gozar do valor constitucional da dignidade da pessoa humana. Para que isto possa ocorrer exige-se muito mais do que a figura do Estado no cumprimento deste papel. De acordo com o Ministério do Trabalho (1-9):

A obrigação, porém, não se esgota nas ações estatais. Todos nós somos igualmente responsáveis pela efetiva compensação de que se cuida. As empresas, por sua vez,

devem primar pelo respeito ao princípio constitucional do valor social do trabalho e da livre iniciativa, para que se implementem a cidadania plena e a dignidade do trabalhador com ou sem deficiência.

A inserção do portador de deficiência no mercado de trabalho deve ser construída com base na igualdade de oportunidades, onde se deve prezar o que está disposto no texto da Constituição Federal nos seus artigos 1º e 6º, em que o trabalho configura-se como um valor indispensável para uma vida digna em sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A transformação de um panorama social depende do esforço individual e coletivo. O direito é o grande ordenador da sociedade e tem como objetivo promover a Justiça. Neste contexto o Poder Judiciário tem participação fundamental, a qual se inicia pelas interpretações mais extensivas das normas e de acordo com o estabelecido na Constituição Federal e sua aplicação no casos concretos.

A inserção das pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho está amparada na Constituição Federal seguida das Leis nº. 7.853/89 e 8.213/91. Sua efetivação é uma necessidade em detrimento dos direitos das pessoas portadoras de deficiência. Através da aplicação dos dispositivos legais e do desprendimento de preconceitos é que as pessoas portadoras de deficiência podem exercer qualquer ofício ou profissão.

Ao Estado cabe promover e fiscalizar políticas eficazes voltadas ao acesso à educação e a qualificação profissional, para que efetive a inserção das pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho. Assim a sensibilização e a conscientização da sociedade e das empresas promoverão a quebra todas estas barreiras e efetivamente resultará em medidas eficazes e inclusivas.

Portanto, a problemática da inserção do deficiente físico no mercado de trabalho deve não apenas ser analisado e resolvido não somente com a observação legal de leis de cotas, mas também sob o viés da dignidade da pessoa humana.

(7)

REFERÊNCIAS

1 BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. 2.ª ed., Brasília, 2007.

2 ______.Decreto nº 5.296/04, art. 5º,§1º, I, “a”, c/c Decreto nº 3.298/99, art. 4º, I. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm Acesso em: 13 de dezembro de 2016.

3 ______. Lei 8.213/91, arts.89-93. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons .htm Acesso em: 13 de dezembro de 2016.

4 HUSEK, Carlos Alberto. Curso de Direito Internacional Público. 8. ed. São Paulo: Ltr, 2008. 5 MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 198. 6 PIOVESAN, Flávia .Código Internacional dos Direitos Humanos anotado. São Paulo: Saraiva, 2008.

7______. Flávia, Convenção da ONU sobre os direitos humanos das pessoas com deficiência: inovações, alcance e impacto. In: LEITE, Glauber Salomão et al. Manual dos direitos da pessoa com deficiência. São Paulo: Saraiva, 2012.

8 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado: incluindo noções de direitos humanos e de direito comunitário. 7. ed. Salvador: JusPODIVM, 2015.

9 REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 5. ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.

Referências

Documentos relacionados

Os organismos e Entidades de apoio são todos os serviços e instituições, públicos ou privados, com dever especial de cooperação com os agentes de Proteção Civil ou com

Em âmbito internacional, a regulamentação dos direitos humanos se faz por meio de vários diplomas, como a Declaração Universal de Direitos Humanos ou Declaração Universal de

verbais e sucessivos, pela ordem decrescente de classificação até a proclamação do vencedor. Não poderá haver desistência dos lances apresentados, sob pena de

A Geografia, seja como ciência seja como disciplina escolar, tem passado ao longo do tempo por uma série de modificações, não só no estudo e visões da parte teórico-conceitual

No entanto, a grande conquista para os direitos humanos de forma geral foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, proclamada pela ONU (organização das

As inscrições serão feitas na Comissão Permanente de Vestibular da UFMG (COPEVE), situada no Prédio da Reitoria da UFMG, à Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 – Campus da

Toxicidade aguda (oral) : Não classificado Toxicidade aguda (via cutânea) : Não classificado Toxicidade aguda (inalação) : Não classificado Corrosão/irritação cutânea :

O presente estudo buscou mostrar como uma aula de papiloscopia forense, envolvendo um contexto de investigação criminal, junto com uma oficina temática de técnicas de revelação