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PASTAGEM DE TIFTON 85 COM RESSEMEADURA NATURAL DE AZEVÉM

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PASTAGEM DE TIFTON 85 COM RESSEMEADURA NATURAL DE AZEVÉM 1. INTRODUÇÃO

Sistemas de produção animal que utilizam pastagens como base alimentar podem ser mais viáveis e competitivos, especialmente no Brasil, que possui condições climáticas favoráveis quando comparado à outros países (Fontaneli et al., 2005). Entretanto, as variações de temperatura e a diversidade do solo em nosso país no decorrer do ano limitam a produção forrageira e por consequência o desempenho animal. Assim, é necessária a adoção de estratégias para elevar a capacidade de produção forrageira de áreas de pastagem e prolongar ou otimizar sua utilização independente da época anual. A utilização de espécies perenes, o escalonamento de semeadura de espécies anuais, os consórcios e a sobressemeadura são exemplos de estratégias.

O uso de consórcios forrageiros, pode contribuir para a otimização dos recursos envolvidos, possibilitando um maior equilíbrio na dieta dos animais no decorrer do ano, além de aumentar o período de pastejo, resultando em melhor rendimento animal (Assmann et al., 2004). Já a sobressemeadura ganha destaque em regiões com inverno rigoroso, onde gramíneas tropicais têm seu crescimento limitado durante o período hibernal, e então realiza-se a sobressemeadura de forrageiras de inverno, como o azevém.

Dentre as forrageiras perenes utilizadas no sul do Brasil, destaca-se o Tifton 85, que possui uma incrível resistência a secas, geadas, fogos e pastejos intensivos. Por ser uma gramínea perene estolonífera com grande massa foliar e rizomas grossos, o que mantêm as reservas de carboidratos e nutrientes (Soares Filho et al. ,2002). Devido a essas características ele pode ser plantada em diferentes condições edafoclimáticas, mantendo altas produções de forragem no verão, que se reduzem drasticamente no inverno devido à queda das temperaturas.

Para viabilizar o uso para pastejo de áreas implantadas com Tifton 85 mesmo no período do inverno, pode-se utilizar a sobressemeadura, à lanço ou sob plantio direto com semeadora de pastagem de azevém. Assim como o Tifton 85, o azevém é uma pastagem de alto valor nutritivo, tendo como uma de suas principais características o fato de ser anual, mas podendo se tornar bianual a partir de sua ressemeadura natural. Esta é uma planta que se tornou muito popular pela sua facilidade de ressemeadura natural, resistência a doenças, bom potencial de produção de sementes e versatilidade de uso em associações. O azevém (Lolium multiflorum) é muito cultivado principalmente na região sul do Brasil e trata-se de uma gramínea temperada largamente utilizada para produção de forragem nas estações frias do ano (VanderPereira et al., 2008). Também, a pastagem destaca-se por possuir a possibilidade de ressemeadura natural requer a implantação via sementes no primeiro ano de formação da pastagem sobressemeada, e posteriormente há necessidade somente da reposição de sementes.

O consorcio do Tifton 85 sobressemeado com azevém pode auxiliar no aumento da produção de forragem durante o período de inverno, prolongando o pastejo dos animais no período em questão com uma forrageira de boa qualidade e se tratando de uma excelente alternativa na bovinocultura de leite, principalmente quando utilizado o sistema rotativo de pastagens. Apesar das vantagens de utilizar a sobressemeadura já terem sido relatadas em outras condições edafoclimáticas, para a Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul ainda são escassas informações de estudos

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que contemplaram a sobressemeadura de azevém em pastagens de Tifton 85 com ressemeadura natural.

Assim, com base no exposto, objetiva-se relatar o estudo realizado em uma área de Tifton 85 sobressemeada a de azevém, visando relatar as produções de massa verde e matéria seca (MS) destes.

2. METODOLOGIA

O estudo foi realizado em uma área de campo pertencente ao Tambo de leite da Universidade Federal do Pampa, campus Uruguaiana, situada na região oeste do Rio Grande do Sul. A localização apresenta clima subtropical Cfa e está localizada a 66 metros acima do nível do mar.

A área do estudo trata-se de um consorcio de Tifton 85 e azevém. A implantação do tifton 85 foi realizada em novembro de 2015 em área pré cultivada com consórcio de aveia e azevém e dessecada. O plantio do Tifton foi em sistema de plantio direto, com a utilização de mudas com no mínimo cinco perfilhos completamente desenvolvidos e comprimento radicular de 5 cm, obtidas em canteiro destinado a produção de mudas implantado em outubro de 2013. As mudas foram extraídas com retroescavadeira tratorizada e seccionadas com auxílio de enxadas. A implantação foi realizada na segunda quinzena de dezembro de 2015, manualmente, com auxílio de enxadas e o processo envolveu acadêmicos do GEPEBOL- Grupo de Estudos Pesquisas e Extensão em Bovinos de Leite. O espaçamento de plantio foi de 0,50 m entre linhas e entre mudas.

A área permaneceu vedada para o estabelecimento da pastagem de Tifton 85. No inverno de 2016 ocorreu o estabelecimento da pastagem de azevém, em sobresemeadura na pastagem de Tifton 85, por meio de ressemeadura natural. Foram realizados pastejos lenientes, por bovinos leiteiros, e em outubro de 2016 a área foi vedada para assegurar a produção de sementes pelo azevém e a manutenção do banco de sementes de azevém no solo.

Durante o verão de 2016/2017, com a pastagem de Tifton 85 parcialmente estabelecida devido a infestação pelo capim anonni, a área foi utilizada para pastejo também por bovinos leiteiros. Em maio de 2017 a área foi vedada para o estabelecimento da pastagem de azevém oriunda da ressemeadura natural.

Em agosto de 2017 foram realizadas as avaliações para estimativa da oferta de forragem e sua composição botânica, visando quantificar a viabilidade de utilização desta prática para produção de forragem a baixo custo para utilização nas propriedades. Para tal, procedeu-se a amostragem realizada com o auxílio de um quadrado com cerca de 0,25 m² e uma tesoura para realizar o corte das amostras, realizando este corte cerca de 0,10 m acima do nível do solo. No talhão da área experimental foram amostrados oito pontos aleatórios da área de pastagem. Cada amostra foi colocada em um saco plástico e pesada anotando-se o valor correspondente à produção de matéria verde em 0,25 m². Após pesar as mesmas, procedeu-se a separação botânica e as amostras foram separadas manualmente em Tifton 85, Azevém, Capim anonni e Material Morto. O capim anonni estava presente devido ao fato de o plantio do Tifton 85 ter sido realizado em área que anteriormente era pastagem nativa, sendo o capim anonni uma das principais plantas infestantes.

Após a separação, cada sub-amostra foi colocada em um saco de papel para realizar o processo de secagem em estufa a 55°C durante 72 horas. Após serem retiradas, foram pesadas em uma balança de precisão e analisadas a matéria seca (MS) de cada uma. A partir destes dados foram estimadas as produções de matéria verde e matéria seca total da pastagem, bem como as produções de matéria seca

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de Tifton 85, Azevém, Capim annoni e material morto. Os dados foram computados em planilhas Excel e analisados descritivamente.

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO

Foram verificados os valores individuais e porcentagens de cada uma em relação à quantidade total de matéria seca por hectare, correspondendo a um total de 2171 kg/Ha de MS (Figura 1).

Figura 1. Ofertas de matéria seca e matéria verde em pastagens consorciadas de tifton 85 e azevém

Nestas foi possível encontrar uma porcentagem equivalente a 9,25% de Tifton 85, 10,82% para azevém, 44,91% de annoni e 35% de material morto (Figura 1), além da avaliação separadamente da matéria seca (MS) de cada uma das pastagens encontradas nas amostras (Figura 2).

A matéria seca ofertada pelo Titon 85 foi extremamente baixa, como esperado para esta gramínea tropical no período do inverno (Maixner, 2006). Entretanto o capim annoni e o material morto encontram-se em uma porcentagem muito alta de forragem em relação as outras forrageiras. Este resultado demonstra o potencial competitivo do capim annoni mesmo sob condições de inverno, revelando seu potencial de desenvolvimento mesmo em temperaturas mais baixas. Cabe ainda ressaltar que a presença do capim anonni pode atrapalhar o pastejo dos animais inseridos no piquete, enfatizando o fato de que o anonni não é desejável nas pastagens por ser uma planta pouco nutritiva e muito fibrosa. Esse crescimento do capim anonni devem-se principalmente as temperaturas ocorridas, pois estas temperaturas presentes no período de plantio e de pastejo, podem ter sido contribuintes para o crescimento do mesmo.

Existem ainda entre os principais fatores de vulnerabilidade que afetam as pastagens, as alterações na estrutura do solo, provocadas pela alta taxa de lotação, pela erosão, pelo decréscimo da fertilidade do solo e, principalmente, pelo incremento da comunidade de plantas daninhas, devido a incapacidade da forrageira de manter bons rendimentos em baixos níveis de fertilidade (Townsend et al., 2009). Ost et al., (2010) estudando a sobressemeadura de forrageiras de inverno em pastagens de Tifton 85 não infestadas por capim annoni, também encontrou baixas produções de MS de azevém. Isso ocorre porque em sobressemeadura, a semente tem mais dificuldade de fixação, e emergência, pois para estabelecimento da planta, esta deve crescer até superar a liteira depositada e também o dossel remanescente da pastagem tropical. Esses fatores limitam significativamente o estabelecimento e crescimento de forrageiras de inverno em sobressemeadura em pastagens de verão.

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Figura 2. Composição da forragem com matéria seca de Tifton 85, Azevém, Anonni e Material Morto

Embora a participação de azevém na pastagem tenha sido baixa, vale ressaltar que não houve quaisquer custos com sua implantação, como sementes ou operações de semeadura tratorizada. Também, apesar de baixa participação do azevém na forragem ofertada, esta participação é significativa em contribuir para melhorar o valor nutricional da forragem ofertada. Gramíneas tropicais como o Tifton 85 apresentam, em geral, qualidade inferior às temperadas e contribuem muito pouco com produção de folhas no período de outono-inverno (Maixner, 2006). O azevém é uma pastagem de excelente valor nutricional, cuja presença em consórcios contribui melhorando o valor nutricional da matéria seca de forragem ofertada aos animais (Moreira, 2006). Essa contribuição do azevém em melhorar o valor nutricional de pastagens ocorre porque trata-se de uma forrageira de estação fria, que representa a base alimentar de ruminantes nas regiões de clima temperado, produzindo forragem de alta qualidade (Moreira, 2006).

Desta forma, os resultados obtidos neste estudo confirmam, os já sugeridos por outros autores para outras regiões do Brasil, de que a introdução de espécies forrageiras de inverno sobre pastagens perenes de verão é uma opção a ser considerada para aumentar sua produção, período de utilização e, principalmente, o valor nutritivo da forragem durante a estação fria do ano (Santos, 2005). As dificuldades observadas com o capim annoni já foram relatadas por outros autores, e devem-se a capacidade de competição desta espécie, que faz com que este se sobressaia na pastagem em relação ao azevém devido ao seu ciclo de fixação de carbono que é o ciclo C4 (Taiz e Zeiger, 2009).

O material morto presente na pastagem, apesar de negativo do ponto de vista de manejo do pastejo, é positivo para sustentabilidade da pastagem. Este, além de proporcionar um efeito de amortecimento com o pisoteio do gado, reduzindo as

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taxas de compactação do solo em altas cargas de lotação, nestas condições também ajuda a proteger as gemas basilares das pastagens e o meristema apical, contribuindo com a regeneração da pastagem após o pastejo. Também, a presença do material morto contribui para a incorporação de matéria orgânica e os nutrientes presentes na mesma, contribuindo com a preservação do solo e da pastagem á longo prazo.

4. CONCLUSÃO

A utilização de pastagem de azevém em sobressemeadura no Tifton 85, com manejo da pastagem de inverno para a ressemeadura natural é uma possibilidade de obtenção de pastagens de inverno, de forma prática e sem nenhum custo de implantação, apesar da baixa oferta forrageira e da competição com espécies tropicais infestantes como o annoni.

5. REFERÊNCIAS

ASSMANN, A.L.; PELISSARI, A.; MORAES, A. et al. Produção de gado de corte e acúmulo de matéria seca em sistema de integração lavoura-pecuária em presença e ausência de trevo-branco e nitrogênio. Revista Brasileira Zootecnia, v.33, n.1, p.37-44, 2004.

FONTANELI, R.S.; SANTOS, H.P.; ÁVILA, A. et al. Avaliação de cereais de inverno para rendimento de forragem verde, silagem e grãos, sob plantio direto, em Passo Fundo, RS. In: REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE AVEIA, 25., 2005, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: Iapra, 2005. p.3-6. (Resultados Experimentais).

MAIXNER, A. R. 2006. Gramíneas forrageiras perenes tropicais em sistemas de produção de leite a pasto no noroeste do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado em Zootecnia – Produção Animal. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria. 75p.

Maixner, A.R.et al.( 2009). Desempenho animal e produtividade de pastagens tropicais no noroeste do Rio Grande do Sul, Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, V.61, p. 927-934.

MOREIRA, A. L. 2006. Melhoramento de pastagens através da técnica da sobressemeadura de forrageiras de inverno. Presidente Prudente: Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – APTA

OST, H. J.; SILVA, G.M.; MAIXNER, A.R.; BERTO, J.L.; MONTARDO, D.P.; SARTORI, C.O. Sobressemeadura de forrageiras de inverno em pastagem de Tifton 85.I Congresso Sul Brasileiro de Produção Animal Sustentável (I ANISUS). Chapecó, SC –12 a 14 de maio de 2010.

PEREIRA, A.V.; MACHADO, M.A.; AZEVEDO, A.L.S. et al. Diversidade genética entre acessos de capim-elefante obtida com marcadores moleculares. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.7, p.1216-1221, 2008.

SANTOS, H.P. et al. 2005. Principais Forrageiras para Integração Lavoura-Pecuária, sob Plantio Direto, nas Regiões Planalto e Missões do Rio Grande do Sul. 2.imp. – Passo Fundo: Embrapa Trigo. 142p.

Soares Filho et al. Produção e valor nutritivo de dez gramíneas forrageiras na região Noroeste do Estado de São Paulo , Maringá, v. 24, n. 5, p. 1377-1384, 2002.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 819p. TOWNSEND, C. R.; COSTA, N. L.; PEREIRA, R. G. D. A. Aspectos econômicos da recuperação de pastagens no bioma Amazônia. Porto Velho: Embrapa, 2009. (Documentos, 131).

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