P s y C o m p
PSICOLOGIA E COMPORTAMENTO
Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 881 – conjunto 912 – Jardim Paulista
Tel: 3283-4972 – cel. 9912-3438
USO DE DROGAS: E O BRASIL JOGOU A TOALHA
O Brasil durante muitos anos, dos anos setenta aos anos noventa, tentou levar a cabo um programa de combate ao uso de drogas por parte de sua população, semelhante àquele dos Estados Unidos. Nunca foi levada em conta nossa localização no mundo diferente da
americana. Fronteiras terrestres imensas com vizinhos narcotraficantes são as características principais do Brasil.
O Paraguai grande exportador de maconha e facilitador do tráfico de cocaína para o Brasil e para a Argentina, pouco ou nada faz para conter o tráfico de drogas, que está nas mãos de seus habitantes mais influentes, ou nas mãos de traficantes brasileiros, procurados por nossas polícias, que habitam nas fronteiras do Brasil com o país vizinho. E, do Paraguai, inundam
nossas fronteiras com drogas baratas e falsificadas.
A Bolívia recentemente elegeu um líder cocalero para Presidente da República, sendo que o mesmo defende a produção livre da folha de coca para uso exclusivo na produção do chá de coca, como se isso fosse realmente possível, ou seja, em termos reais, legalizou a produção de folha de coca, e, por conseguinte, a produção de cocaína em seu país. Dados recentes publicados nos jornais brasileiros, de outubro de 2008, provam que 80% da cocaína produzida na Bolívia vêm para o Brasil, para uso aqui ou para ser exportada, de forma ilegal, para outros mercados.
O Peru, por suas dimensões territoriais e influências de grandes produtores de cocaína na economia nacional, pouco ou nada faz para conter a produção local de cocaína, que depois de produzida, é negociada pelos cartéis colombianos e bolivianos, e, o que é pior, saindo também para o mundo via Brasil.
A Colômbia, o maior país narcotraficante do mundo, se vê envolta em lutas internas com seus narcoguerrilheiros, que afrontam o mundo civilizado com seus raptos de pessoas inocentes e com o disfarce de libertação do país do jugo do imperialismo moderno. Lá, a produção de folhas de coca, de tráfico de cocaína é totalmente livre, e se inicia inclusive a produção da papoula para a produção da heroína, sendo tudo o que é produzido enviado aos Estados Unidos. Algumas vezes, com o auxílio de traficantes brasileiros, seus produtos, cocaína e heroína, são enviados à Europa, Ásia e, logicamente aos Estados Unidos, via Brasil. Recentemente foram desmanteladas quadrilhas de traficantes colombianos no Brasil, que daqui exportavam drogas para a Europa dentro de frutas e de carnes vermelhas brasileiras.
Milhares de quilômetros de fronteiras com países narcotraficantes, policiamento frágil,
insuficiente e mal equipado, deixam o Brasil totalmente livre à sanha dos que ganham milhões e milhões de dólares com a desgraça daqueles que vivem para usar drogas. A pergunta que deveria ser feita é: dá para conter esse tráfico de drogas entre nossos vizinhos e o Brasil? Logicamente que não, e o Governo Brasileiro sabe disso, mas não mostra a todos a situação que vivemos. De vez em quando, a dedicada Polícia Federal Brasileira aprende algumas toneladas de maconha, alguns quilos de cocaína, e alguns traficantes internacionais, sem qualquer expressão no tráfico internacional.
Recentemente as leis brasileiras descriminalizaram o uso e a posse de drogas, em pequenas quantidades para uso próprio, já que não tinham mais como prender a enorme quantidade de usuários de maconha e de cocaína, detidos com drogas no dia-a-dia de nossas cidades,
embora, por outro lado, as mesmas leis endureceram as penas de tráfico de drogas. Mas todos sabem que os pequenos traficantes são os mesmos usuários que o tráfico recruta, em troca do fornecimento de pequenas quantidades para uso próprio. Este novo modo de ver uso e tráfico tende a ser duro com alguns e leve com outros, aqueles que traficam e se passam por
usuários.
Outro fato que mostra a posição do Governo Brasileiro no enfrentamento do tráfico de drogas é a consolidação da política de redução de danos. Através dela, se aceita tratar a dependência química, substituindo-se o uso de uma droga mais forte, pelo uso de uma droga mais fraca, ou seja, trocar uso de crack pelo uso de maconha. Como se maconha não fosse droga. A lei fala bonito, mostra que não é bem isso, mas não mostra outras saídas para o tratamento da
dependência química, além da substituição da droga de escolha por outra mais fraca, a mesma bobagem da famigerada troca de seringas da época da cocaína injetável, praticada antes do aparecimento da AIDS.
Mas, se não bastasse os desmandos do Governo Federal no combate às drogas, a indústria do álcool, usando todo o poderio de seu dinheiro, e a tecnologia das principais agências de
cervejas, mostrando gente bem sucedida e belas mulheres bebendo e saboreando copos e mais copos da droga líquida, que, sem nenhuma dúvida, abre caminho para as crianças e adolescentes para o uso e abuso posterior das outras drogas, e para a dependência química. Nossos novos ícones da TV brasileira são o Zeca Pagodinho da Brahma, a Boa da Antárctica, o Baixinho da Kaiser, a que desce redondo da Skoll e outras aberrações da mídia, que
enriquece com as desgraças de muitos outros.
Se falarmos de tratamentos públicos no Brasil, aí veremos a falta de vergonha de nossos governantes. Não há nada que funcione, nada que trate a dependência química, nenhuma internação gratuita, a não ser a boa vontade de algumas associações religiosas, católicas, protestantes, crentes ou judaicas, ou os CAPS estaduais que dão alguma assistência aos dependentes químicos e aos que sofrem de transtornos psiquiátricos, embora estejam sempre lotados de pacientes e com parcos recursos técnicos e materiais.
Além dessa omissão pública nos tratamentos da dependência química há a outra grande omissão das autoridades da Saúde Pública Brasileira, os tratamentos particulares da dependência química. Nesse caso ela chega a ser até cômica. Dois ou três internos em
qualquer instituição de recuperação da dependência química quando deixam a instituição, não tendo ainda trabalho, se reúnem e decidem abrir uma nova comunidade para tratamento de dependentes. Alugam uma casa ou um sítio nos vizinhanças da cidade, contratam uma
empregada, um auto-intitulado consultor de Dependência química, com cartão de visita e tudo o mais, e está fundada uma nova comunidade. O nome, bom, este tem que ser bonito, tipo Refúgio dos Pássaros Azuis, Seres Iluminados por Deus, Abaixo às Drogas. Tudo
permanecerá funcionando, até a recaída dos sócios.
Mas qual é a responsabilidade dos Governos? É a falta de fiscalização, é a falta de cumprir com a legislação vigente sobre tratamentos do uso de drogas. Fingir que tudo não existe, para mostrar, em estatísticas falsas, que no Brasil há pessoas dependentes de drogas que estão
sendo tratadas.
Se conseguimos mostrar que o Brasil jogou a toalha para a epidemia de drogas que assola nosso país, o que os indefesos pais e familiares podem fazer para impedir que as drogas cheguem a seus lares? A resposta seria educar seus filhos mostrando os problemas que aparecem a todos aqueles que enveredam pelo caminho das drogas e as dificuldades de depois deixar seus usos. As perdas que acontecem na vida social, familiar, econômica e até espiritual. Outra providência importante para os pais tomarem com seus filhos é dar-lhes limites, trabalhar com eles o que pode ser feito e o que não pode. Mostrar, explicar e discutir o porquê desses limites. Não aceitar uso de álcool e de cigarros antes da maioridade, perguntar e ver com quem os filhos estão saindo, quem são os colegas e como são as estruturas
familiares desses colegas. Não transigir nunca com o uso e a posse de drogas. Em caso de qualquer possibilidade de estar fazendo uso de qualquer droga, consultar um profissional especializado.
Já que o Brasil não faz nada, cabe à sociedade em que vivemos nos mobilizarmos e exigir ações por parte de nossos governantes. Lembremo-nos que fomos nós que os colocamos lá, fomos nós que votamos neles. E somente nós que podemos mudar tudo.