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XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

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Academic year: 2021

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ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DA CIDADE DE NOVA FRIBURGO – RJ

ESTUDO PRELIMINAR

Rafael Marques de Figueiredo, Célia Maria Paiva, Alexandre Augusto Lopes Gadelha, Lázaro Costa Fernandes, Rafael Moreira Mello Araújo, Rodrigo Melo.

Departamento de Meteorologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Av. Brigadeiro Trompowisk, SN, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro-RJ, CEP: 21949-900.

ABSTRACT

The objective of this work is to verify climatic aptitude of the city of Nova Friburgo - RJ (22o 16 ' 55"s, 42o 31 ' 52"w and 846 m), for culture of banana, potato, coffee, citrus, bean, cassava and cane of sugar, as well as determining the periods adapted to the cultivation of these, starting from the correlation among normal hydric balance of the city (Rolim & Sentelhas, 1999) and the climatic demands of the cultures ( Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, 1980).

INTRODUÇÃO

Segundo pólo industrial do país, com 95% de sua população morando em cidades, o estado do Rio de Janeiro é tipicamente urbano (Fonseca, 1997). O relevo montanhoso dificultando a mecanização agrícola, a expansão das cidades e o atraso tecnológico em relação as principais regiões agropecuárias do país vêm contribuindo para o declínio das lavouras tradicionais do estado, assim como os elevados custos de produção, os baixos preços dos produtos agrícolas e a alta dos juros (Fonseca, 1997). Tal declínio se reflete na redução do número de estabelecimentos rurais (41,2%) e da área plantada (33%) conforme IBGE (1997).Silva (1997), destaca o declínio de produção e de área colhida da cana-de-açúcar, no decênio 1985-1995. Apesar de tal conjuntura, a proximidade de grandes centros urbanos, a demanda alimentar no mercado metropolitano (Fonseca, 1997) e o potencial empregatício (Silva, 1997) contribuem para a revitalização da agricultura fluminense. Dentre as principais regiões agrícolas do estado, destacam-se as regiões do norte fluminense, serrana, baixadas fluminenses e do médio Paraíba (IBGE, 1997).

A cidade de Nova Friburgo a 22o 16’ 55”s, 42o 31’ 52”w e 846 m de altitude (CIDE, 1999) constitui um dos principais pólos agrícolas do estado. Segundo município da região serrana e quinto do estado em número de estabelecimentos rurais (IBGE, 1997), destaca-se como importante centro de comercialização regional (Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, 1980), tendo como principais culturas o tomate, batata, mandioca e caqui (IBGE, 1997).

O objetivo deste trabalho é verificar aptidão climática da cidade de Nova Friburgo para suas culturas predominantes, assim como determinar os períodos adequados ao cultivo.

MATERIAL E MÉTODOS

Na elaboração do zoneamento agroclimático foi utilizado o balanço hídrico normal por Thornthwaite & Maither (1955) para a cidade de Nova Friburgo (Rolim & Sentelhas, 1999), baseado nas normais climatológicas (1961-1990) do Instituto Nacional de Meteorologia-INMET (1992), considerando a capacidade de água disponível no solo (CAD) igual a 100 mm e os seguintes parâmetros climáticos: Temperatura média mensal (ºC); Deficiência hídrica mensal (mm) e Excedente hídrico mensal (mm), sendo a temperatura média mensal (ºC) e a deficiência hídrica mensal (mm), parâmetros climáticos de maior significado no conhecimento da aptidão climática das culturas do estado do Rio de Janeiro (Sismanoglu & Reschke, 1996).

As culturas utilizadas no presente trabalho foram selecionadas de acordo com a produtividade agrícola da cidade de Nova Friburgo (IBGE, 1999), sendo suas exigências climáticas, ciclos vegetativos e peculiaridades obtidas no relatório da FAO de 1997 (efeito da água no rendimento das culturas) e no zoneamento agroclimático do estado de Minas Gerais (Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, 1980).

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Banana (Musa sp.)

Originária da zona quente úmida do sudeste asiático, mais precisamente das regiões compreendidas entre índia e parte oriental da Malásia (Diniz & Gaspar, 1969). Seu ciclo vegetativo varia de 7 a 9 meses, porém, com temperaturas inferiores em altitudes elevadas ou em zonas subtropicais chega a ser até de 18 meses (FAO, 1997). As exigências térmicas para o ciclo vegetativo da bananeira estão entre 18oC a 35oC, sendo a ótima igual a 25oC (Manica, 1971). Segundo Camargo & Ortolani (1974) são consideradas aptas às regiões com deficiências hídricas inferiores a 80 mm no período do ciclo vegetativo da cultura.

Batata (Solanum tuberosum l.)

Originaria das regiões andinas, seu ciclo vegetativo varia entre 140 e 200 dias (FAO, 1997). As exigências térmicas parao ciclo vegetativo estão entre 10oC e 20oC (Brasil, 1969), tendo seu ótimo em torno de 18,5oC, sendo que acima de 22oC a produção cai consideravelmente.Torna-se necessária irrigação em áreas cuja deficiência hídrica seja maior que 50 mm no período do ciclo vegetativo da cultura. (Tarifa, 1969).

Laranja (Citrus aurantifolia, Citrus aurantium) e Limão (Citrus limon)

Camargo (1974) menciona que os locais de origem dos citrus são o centro e o nordeste da Índia, o Paquistão oriental e a Birmânia, apresentando em geral clima de características monçônicas. Seu ciclo vegetativo varia de 7 a 14 meses (FAO, 1997). As exigências térmicas para o ciclo vegetativo podem ser: mínima de 10oC, ótima de 20oC a 30oC e maxima de 35oC sendo a deficiência hídrica recomendada para o ciclo vegetativo entre 0 e 60 mm (Camargo, 1974).

Feijão (Phaseolus vulgaris)

Planta de clima subtropical originária do México e América central (Guazzelli).Tem ciclo vegetativo variável de 60 a 90 dias para o feijão verde e de 90 a 120 dias para o feijão seco (FAO, 1997). Vieira (1957) e Camargo (1971) consideram que a as temperaturas mensais médias ótimas para a cultura no seu ciclo vegetativo estão entre 18oC e 32oC. Guazzelli considera uma condição favorável ao cultivo do feijoeiro, a existência de 1 ou mais meses do ciclo com temperaturas inferiores a 22oC. Segundo Tarifa (1969) em áreas com deficiências hídricas no ciclo vegetativo maiores que 50 mm há necessidade de rega.

Cana de açúcar (Saccharum spp.)

Originaria de Ásia, provavelmente na Nova Guiné, produzida entre latitudes 35oN e 35oS (FAO, 1997). O ciclo vegetativo varia entre 280 e 650 dias (FAO, 1997). Zink (1969) considera como ideais para o cultivo da cana de açúcar as temperaturas mensais médias no ciclo vegetativo entre 20oC e 24oC. Conforme Secretaria de Agricultura de Minas Gerais (1980) a deficiência hídrica máxima no seu ciclo vegetativo deve ser de 200 mm.

As exigências climáticas das culturas selecionadas para o presente estudo foram correlacionadas com os parâmetros da cidade de Nova Friburgo (Rolim & Sentelhas, 1999 e INMET, 1992), visando avaliar a aptidão climática desta, conforme classificação adotada pela Secretaria de Agricultura de Minas Gerais (1980): APTA - quando a cidade satisfaz as exigências térmicas e hídricas das culturas; RESTRITA - quando a cidade satisfaz apenas uma das exigências, seja hídrica ou térmica; INAPTA - quando a cidade não satisfaz as exigências térmicas e hídricas, assim como os períodos adequados ao cultivo, através da análise mensal das temperaturas e do balanço hídrico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

(3)

0 5 10 15 20 25

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez meses

ºC

Gráfico 1- Temperatura média mensal (ºC) da cidade de Nova Friburgo. Fonte: Rolim & Sentelhas (1999) e INMET (1992).

As deficiências hídricas mensais de Nova Friburgo são inferiores as deficiências hídricas toleráveis pelas culturas de banana, batata, feijão, cana de açúcar e citrus em todos os períodos do ano (gráficos 2 e 3).

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez meses

mm

Gráficos 2 – Excedente hídrico mensal (mm) da cidade de Nova Friburgo. Fonte: Rolim & Sentelhas (1999) e INMET (1992)

(4)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez meses

mm

Gráficos 3 – Deficiência hídrica mensal (mm) da cidade de Nova Friburgo.

Fonte: Rolim & Sentelhas (1999) e INMET (1992)

CONCLUSÕES

A cidade de Nova Friburgo – RJ é APTA ao cultivo de banana no período de julho a agosto do ano seguinte; batata, no período de janeiro a dezembro; laranja e limão, no período de janeiro a dezembro e feijão (verde e seco), no período de setembro a maio do ano seguinte, sendo RESTRITA ao cultivo da cana – de – açúcar, por insuficiência térmica, em todos os períodos do ano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.BRASIL, ministério de planejamento e coordenação geral, programa estratégico de desenvolvimento 1968-70, zoneamento agrícola e pecuário do Brasil, estudo especial, S.I, 1969, cap. II, pp. 43-96.

2.CAMARGO, A P. de & ORTOLONI. A.A, aptidão climática de culturas agrícolas. In São Paulo, secretaria de agricultura.Zoneamento agrícola do estado de São Paulo, São Paulo, cati, 1974, v.1 pp.109-149.

3.CAMARGO, A.P de, esboço de zoneamento de aptidão climática do feijão (Phaseolus vulgaris l.) no Brasil In: Simpósio brasileiro de feijão, Campinas, 1971, anais, Viçosa, UFV, 1972, v.1, pp. 119-128.

4.CENTRO DE INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DO ESTADO -CIDE, anuário estatístico do estado do Rio de Janeiro – 1998, Rio de Janeiro, 1999, pp.45.

5. DINIZ, A.C & GASPAR, A.M, contribuição para o fomento da cultura da bananeira em Angola, In: Instituto de investigação agronômica de Angola.Zonas naturais de Angola mais favoráveis para algumas culturas de interesse agrícola (Abacaxi, algodoeiro, bananeira, culturas horticulas e palmeira dendém). Nova Lisboa, 1969, pp. 37-61. 6. FONSECA, M.G.D, primeira sondagem do agribusiness do estado do Rio de Janeiro, In: 1o congresso agribusiness do Rio de Janeiro, 1997, pp. 186-199.

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9. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -IBGE, censo agropecuário 1995-96 numero 18, Rio de Janeiro, 1997.

10.ISTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, produção agrícola municipal – Rio de Janeiro/98, Rio de Janeiro, 1999.

11.INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA - INMET, normais climatológicas (1961-1990), Brasília, 1992, pp. 8-83.

12.MANICA, I., cultura da bananeira, Viçosa, UFV, 1971, pp. 3-4 (boletim UFV, série técnicas, 29).

13.NORMANHA, E.S, & PEREIRA, A. S, cultura da mandioca.O agronômico, Campinas, 15 (9-10): 19-35, 1967. 14.PEIXOTO, A. R, mandioca, Rio de Janeiro, serviço de informação agrícola, 1963, pp. 12-13.

15.PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA FRIBURGO, plano diretor – 1980, Nova Friburgo, 1980, p. 3/10 – 14/10. 16.ROLIM, G. de S. & SENTELHAS, P. C, balanço hídrico normal por Tornthwhite & Mather (1955), para a cidade de Nova Friburgo – RJ, Piracicaba, ESALQ – USP, 1999.

17.SANTOS, J. M, clima, In: Graner, R. A & Godoy Jr, C. Manual do cafeicultor, São Paulo, Melhoramentos, 1967, cap III.

18.SECRETARIA DE ESTADO DE AGRIGULTURA DE MINAS GERAIS, zoneamento agroclimático do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1980.

19.SILVA, J. de S, A agricultura é um dos caminhos para se acabar com o desemprego, In: 1o congresso agribusiness do Rio de Janeiro, 1997, pp.48.

20.SISMANOGLU, R. A & RESCHKE, G. de A, Aplicação de sistemas de informação geográfica para o zoneamento agroclimático do Rio de Janeiro, In: VIII Congresso brasileiro de meteorologia, Campos do Jordão, 1996, pp.378. 21.TARIFA, J. R, estudo preliminar das possibilidades agrícolas da região de Presidente Prudente segundo Tornthwhite & Mather (1948-1955), In: XXIV assembléia geral da associação de geógrafos brasileiros, Vitória, 1969. 22.VIEIRA, C., curso pratico de cafeicultura, Viçosa, UREMG/ESA, 1957, pp.10-12.

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