Perspectivas da Produtividade no Longo Prazo:
Perspectivas da Produtividade no Longo Prazo:
Uma Visão Micro
Uma Visão Micro
XII Seminário Anual de Metas para a Inflação XII Seminário Anual de Metas para a Inflação Banco Central do Brasil
Banco Central do Brasil –– 14 de maio de 201014 de maio de 2010
Rodrigo R. Soares Rodrigo R. Soares PUC
Introdução
Produtividade é a capacidade de uma economia de transformar
insumos em produto.
N f i i l Y F(K L)
Na forma mais simples: Y = F(K,L).
Produtividade aumenta produto diretamente e aumenta retorno a fatores incentiva acumulação.
Mudanças de produtividade podem tomar diversas formas, então literatura tipicamente se concentra em uma formulação específica:
Y = AKα(hL)1-α.
Introdução
Renda per capita pode ser escrita como:
Y/P = A1/(1-α)(K/Y) α /(1-α)(hL/P)
Y/P = A1/(1-α)(K/Y) α /(1-α)(hL/P)
Permite que mudanças na renda per capita sejam decompostas em:
Produtividade do trabalho e composição da população [hL/P]
Produtividade do trabalho e composição da população [hL/P];
Intensidade do uso do capital na produção [K/Y = f(s,...)];
Tecnologia [A].
Vamos nos concentrar no trabalho e produtividade total dos fatores
Introdução
É necessário cuidado na interpretação dessa formulação:
Produtividade de K, dimensões não observadas de L ou h (qualidade);
Bens públicos não-mensuráveis ou que não sabemos como incorporar;
Alocação ineficiente de recursos na economia (ex.: distorções geradas por intervenções);
Outros “resíduos”;
Todos esses fatores são absorvido por A.
Mantendo essas perspectiva em mente, vamos adotá-la como ponto
de partida para a discussão de partida para a discussão.
Introdução
Evidência Macro:
[Ferreira, Pessoa e Veloso, 2008 & Hsieh e Klenow, 2010]
M i d i é ib í l l ã d
Maior parte do crescimento recente é atribuível a acumulação de fatores (K e hL).
Mas maior parte das diferenças de renda – e das diferenças nas taxas de crescimento – entre países é explicada por diferenças na “ d i id d l d f ” (A)
“produtividade total dos fatores” (A).
Fatores de produção explicam em torno de 40% (20% cada),
enquanto “produtividade total dos fatores” explica os 60% remanescentes.
C l f d d d d d
Correlação entre os fatores de produção e produtividade tem aumentado ao longo do tempo complementaridades.
Trabalho e População
hL/P:
h: produtividade do trabalho (educação, qualidade da educação,
úd t ) saúde, etc.);
L/P: composição da população.
Analisar estado e evolução da quantidade e qualidade de educação, e avaliar perspectiva de mudanças demográficas.
Trabalho e População:
Educação
Anos Médios de Estudo da População acima de 15 - 2005 [Barro & Lee 2010]
12 8 10 12 2 4 6 0 2
Trabalho e População:
Educação
Anos Médios de Estudo da População acima de 15 Brasil, 1950-2010
[Barro & Lee 2010]
8 5 6 7 s tudo 3 4 5 A nos de E s t 1 2 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
Trabalho e População:
Educação
Taxa de Alfabetização por Ano de Nascimento - Brasil - 1900-1980 [PNAD's 1982-2007] 1.00 0.80 0.90 ti z a d a 0.50 0.60 0.70 % a lf a bet iz 0.40 0.50 1900 1905 1910 1915 1920 1925 1930 1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980
Trabalho e População:
Mudanças Recentes na Educação
Taxa de Matrícula por Idade e Ano - Brasil - 1992-2005 [PNAD's 1992-2005] 1.00 0.90 0.95 ri c u la 0.80 0.85 tx. m a tr ic 0.75 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 aos 10 anos aos 11 anos aos 12 anos aos 13 anos aos 14 anos
Trabalho e População:
Mudanças Recentes na Educação
Anos Completos de Estudo por Idade e Ano - Brasil - 1992-2005 [PNAD's 1992-2005] 8.50 6.50 7.00 7.50 8.00 s tudo 5.00 5.50 6.00 6.50 an os de e s t 4.00 4.50 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 aos 14 anos aos 18 anos aos 25 anos
Trabalho e População:
Mudanças Recentes na Educação
Anos de Estudo da População com 25 Anos - Brasil - 1992-2016 [PNAD's 1992-2005 e projeções] 11.00 9.00 10.00 es tudo 7.00 8.00 a nos de es 5.00 6.00 1992 1995 1997 1999 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
Trabalho e População:
Qualidade da Educação
Performance Média no Exame Padronizado de Matemática - PISA - 2006 450 500 300 350 400 450 100 150 200 250 0 50
Trabalho e População:
Qualidade da Educação
Porcentagem de Alunos no Nível de Proficiência Mínimo do Exame Padronizado de Matemática - PISA - 2006
45 50 30 35 40 45 10 15 20 25 % 0 5
Trabalho e População:
Qualidade da Educação
Evolução da Performance Relativa do Brasil no Exame Padronizado de Matemática - PISA
1 0.85 0.9 0.95 /N o ta Pa ís 0.7 0.75 0.8 N o ta BR A / 0.65 2000 2003 2006
Trabalho e População:
Demografia
Esperança de Vida ao Nascer - Brasil - 1950-2050 [UNPD 2008] 80 85 65 70 75 80 os 50 55 60 65 anos 40 45 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040
Trabalho e População:
Demografia
Razão de Dependência - Brasil - 1950-2050 [UNPD 2008] 90 100 50 60 70 80 90 0 0 ad ul to s 10 20 30 40 50 po r 10 0 0 10 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Total Crianças Idosos
Trabalho e População:
Síntese
Situação atual é ruim, em grande parte devido ao peso do passado.
Melhorias substancias ocorreram nas últimas décadas.
Composição populacional oferece uma janela de oportunidade nos
ó i 20
próximos 20 anos.
Produtividade Total dos Fatores
Produtividade Total dos Fatores (A):
Evidência sugere que A mensurado reflete, em grande parte,
l ã i fi i t d [B j D fl 2005 H i h
alocação ineficiente de recursos [Banerjee e Duflo, 2005, Hsieh e Klenow, 2009, 2010].
Não é tanto uma questão de acesso a tecnologias, mas de distorções microeconômicas dentro de uma economia.
Distorções levam firmas pouco produtivas a produzir mais do que deveriam, e firmas muito produtivas a produzir menos do que deveriam redução na produtividade média mensurada.
Produtividade Total dos Fatores
Distorções alocativas:
Regulação excessiva com custos burocráticos elevados (mercado de
b lh b d ó i )
trabalho, abertura de negócios, etc.);
Proteção fraca de direitos de propriedade e contratos;
Provisão deficiente de bens públicos/infra estrutura (transporte
Provisão deficiente de bens públicos/infra-estrutura (transporte, energia, portos, etc.);
Proteção contra competição;
Produtividade Total dos Fatores:
Custos de Entrada
Tempo Necessário (Dias) para Abrir um Negócio - 2008 [WDI 2010; WB Doing Business Project]
120 80 100 40 60 di as 0 20
Produtividade Total dos Fatores:
Direito de Propriedade
Índice de Proteção Legal no Mercado de Crédito (0 = baixo, 10 = alto) - 2009
[WDI 2010; WB Doing Business Project]
8 5 6 7 2 3 4 5 0 1 2
Produtividade Total dos Fatores:
Infra-estrutura
Qualidade da Infraestrutura Portuária (1 = baixo, 7 = alto) - 2009 [WDI 2010; WEF Global Competitiveness Report]
6 4 5 2 3 0 1
Produtividade Total dos Fatores:
Proteção de Mercado
Tarifa Média Aplicada sobre Importações - Brasil - 1989-2008 [WDI 2010] 35 20 25 30 10 15 20 % 0 5 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
Produtividade Total dos Fatores:
Estabilidade Institucional
Estabilidade Política e Democracia (1 = baixo, 6 = alto) - Brasil - 1989-2009 [ICRG 2010] 6 4 5 2 3 1 1989 1999 2009
Produtividade Total dos Fatores:
Efeitos das Distorções
Distorções funcionam em duas margens:
Extensiva: projetos potencialmente produtivos não se concretizam.
Intensiva: alocação ineficiente de insumos e produção entre firmas.
É difícil avaliar o efeito na margem extensiva, mas é possível calcular as distorções na margem intensiva dentro de cada setor (Hsieh e Klenow 2009)
(Hsieh e Klenow, 2009).
Alocação eficiente entre firmas de um mesmo setor deveria igualar o valor da produtividade marginal de um dado insumo.
Ferraz e Monteiro (2009) usam dados da Pesquisa Industrial Anual
(IBGE) l f d 30 d dú
Produtividade Total dos Fatores:
Efeitos das Distorções
Produtividade Total dos Fatores:
Efeitos das Distorções
Ganhos de produtividade média a partir da eliminação de
distorções: de 40% a 60%.
Nã há idê i l d d ã d di õ l d
Não há evidência clara de redução dessas distorções ao longo dos anos 2000.
Síntese:
Apesar da estabilidade institucional e de melhorias em algumas dimensões, não existe uma tendência clara e sustentada de redução nas distorções alocativas.
Perspecti a é menos positi a do q e a relati a à prod ti idade do Perspectiva é menos positiva do que a relativa à produtividade do
Capital
Poupança privada é endógena.
Melhorias na renda per capita e saúde provavelmente elevarão a d
taxa de poupança.
Melhorias na produtividade do trabalho e na produtividade total dos fatores também aumentam a produtividade marginal do capital e tendem a aumentar a taxa de investimento.
Setor Público
Capacidade de poupança e investimento em bens públicos (infra-estrutura) será importante.
Uma questão de 1ª ordem previdência
Capital:
Poupança do Setor Público
Razão de Dependência - Brasil - 1950-2050 [UNPD 2008] 90 100 60 70 80 90 0 a dul to s 20 30 40 50 por 10 0 a 0 10 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Capital:
Poupança do Setor Público
Gastos Públicos em Educação e Aposentadorias como % do PIB – Brasil – 1933-2000 [Pereira, Turra e Queiroz, 2010]
Capital:
Poupança do Setor Público
Gastos Públicos em Aposentadorias como % do PIB – Brasil – 2005-2040 [Miller e Castanheira, 2010]
Capital:
Poupança do Setor Público
No longo-prazo, envelhecimento da população e previdência
constituem o maior desafio à capacidade de poupança do setor público.
Problemas contábeis são potencializados pela economia política
perversa.
Em 2050, 30% da população – e 35% dos eleitores – terá mais de 65, p p ç anos.
Custos políticos muito elevados e se tornando cada vez maiores à medida que o tempo passa.
Síntese
Pontos positivos:
Melhoria da produtividade da mão de obra.
Tendência demográfica positiva no médio prazo (dividendo demográfico).
Aumento da estabilidade institucional.
Maiores desafios:
Redução das distorções alocativas.
Equacionamento do problema previdenciário; tendência demográfica