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Revitalização dos Patrimónios Arquitectónicos da Cidade Da Ponta Do Sol – Uma Proposta

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I

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E

EMPRESARIAIS

LICENCIATURA EM TURISMO

REVITALIZAÇÃO DOS PATRIMÓNIOS

ARQUITECTÓNICOS DA CIDADE DA PONTA DO SOL –

UMA PROPOSTA

António Carlos Oliveira Lopes

Mindelo, Outubro, 2012

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA II

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E

EMPRESARIAIS

LICENCIATURA EM TURISMO

REVITALIZAÇÃO DOS PATRIMÓNIOS

ARQUITECTÓNICOS DA CIDADE DA PONTA DO SOL –

UMA PROPOSTA

António Carlos Oliveira Lopes

Orientadora: Dra. Lia Medina

Co-orientador: Dr. Carlos Santos

Mindelo, Outubro, 2012

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA III “Ponta do Sol”

I

Da minha terra, Ponta do Sol Trago comigo imensas saudades,

Por isso quero cantar baixinho A melodia que o mar entoa.

II

Ponta do Sol, meu terno berço, Sinto que as tuas rochas altivas Gritam nos ares ao céu d ‘ anil: -lugar mais lindo não pode haver!...

III

Paisagem simples, franca e amiga No milheiral de umas ribeiras… E a sua gente, um povo humilde, Afaga as mágoas num mar bravio…

IV

Na rocha grande sob o luar, Visão mais bela jamais terei, Enquanto as ondas beijam rochedos

A vida dorme e o mar murmura…

(4)

ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA IV

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, muito gratificante, à minha filha Ashley Taís, que foi o principal motivo de eu estar aqui, e aos meus pais, que sempre estiveram presentes em minha vida. Quero aqui agradecer-lhes e dizer-lhes: obrigado

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA V

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço à minha família, que durante todo este tempo deu-me apoio o que deu-me ajudou muito a superar as dificuldades, também amigos e colegas que acompanharam-me nessa jornada.

De uma forma geral, agradeço a todas as pessoas que directa e indirectamente colaboraram para o bom funcionamento do meu trabalho de fim de curso e do meu curso em geral. Mas, é claro, que terei que particularizar alguns agradecimentos.

Queria começar a agradecer aos meus orientadores. À Dra. Lia Cordeiro Medina que, para além de uma excelente professora, se mostrou bastante dedicada ao meu trabalho de fim de curso, por sua contribuição clara, precisa e sempre sincera que em muito me ajudou na melhor compreensão desta pesquisa e até onde deveria chegar. Ao meu outro orientador, Dr. Carlos Santos estando sempre atento, que me fez ter um novo e crítico olhar sobre um objecto de estudo que eu pensava conhecer bem, cooperante e disponível em todas a minhas dúvidas e dificuldades. Ao Sr. António Leite que ofereceu disponibilidade e que facultou-me uma grande quantidade de informações, para a realização do meu trabalho.

Agradeço aos meus colegas e irmãos, tanto da mesma casa como os que por motivos maiores não puderam estar presentes e que mesmo assim fizeram de tudo para ajudar da melhor maneira de onde estivessem.

Também agradeço ao ISCEE, mas sobretudo ao Coordenador do curso o Dr. Américo Lopes, e à Sra. Emanuela Lopes, da secretaria por aconselharem-me, a cumprir com as minhas obrigações no esforço percorrido para a realização desta etapa.

Enfim, a todos aqueles que de algum modo compartilharam comigo das dores, aflições, descobertas, prazeres e alegrias que fizeram parte deste caminho.

Obrigada pela ajuda e pela compreensão!

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA VI

RESUMO ANALÍTICO

O objectivo deste trabalho foi de propor propostas de revitalização dos patrimónios arquitectónicos, históricos e culturais da cidade de Ponta do Sol, no intuito de que essa acção pudesse contribuir, de forma significativa, para a preservação dos patrimónios e um possível crescimento económico de Santo Antão, sobretudo do ponto de vista turístico. A cidade de Ponta do Sol, no passado, teve grande importância no que tange à produção e escoamento de vários produtos a exemplo do café, aguardente e quina, tanto para as outras ilhas como para países europeus. Mantém em seu espaço várias e belas construções dos tempos coloniais, entretanto esquecidas, e muitas delas já destruídas e outras encontrando-se em elevado estado de degradação. Além disso, possui uma grande presença judaica e também uma diversidade de herança histórica e cultural, que precisa continuar existindo para que não se perca a identidade cultural da comunidade, uma vez que há presença de tentativas de homogeneização da cultura, imposta principalmente pelos países desenvolvidos e pela globalização. Sendo assim, a preservação e revitalização dos edifícios, tanto público como privado, como do centro histórico em geral, poderá servir de base promotora para o fortalecimento da actividade turística da cidade.

Para isso utilizaram-se como fontes bibliográficas, vários documentos, livros diversos, entrevistas, fotografias e trabalho de campo. Depois, com a recolha de dados foi possível constatar que a cidade de Ponta do Sol está atravessando um processo de degradação e modernização. Apesar de ainda activo e vivo, o centro está-se deteriorando, e se não houver intervenções que revertam esse processo, este perderá muito da sua identidade, da sua história-cultural e principalmente os seus patrimónios. Mas, propostas, projectos intervencionistas e acções executoras podem ainda reverter parte dessa situação e dando soluções ao centro da Cidade. Algumas propostas serão implementadas e até mesmo aglutinadas a novas propostas, podendo ser benéficas tanto para a cidade como também para a população.

Palavras-chave: Revitalização; Património arquitectónico; Turismo cultural e Histórico, Ponta do Sol – Santo Antão.

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA VII

ABSTRACT

The aim of this work is to make proposals for the revitalization of the historic, cultural and architectural heritage of the city of Ponta do Sol, hoping that this action could contribute in a meaningful way to preserve the patrimony and the possible economic growth of Santo Antão, an island which is particularly considered for the production and trade of different products, especially coffee, liquor and quinine for other islands as well as for European countries. It displays several beautiful colonial constructions. However, they have been forgotten and some of degradation. Besides, this city hosts a great Judaic presence and also some diversity of the cultural identity, since there is the presence of attempts for the homogenization of the culture, imposed mainly by developed countries and the globalization. Thus, the preservation and revitalization of both public and private buildings as well as of the historic centre in general, can serve of a promotion basis for the strength of the historic activity in this town.

That´s why a lot of documents, several books, interviews, photos, and field work as local evidence were used as bibliography. Afterwards, with the collected data it was possible to notice that the city of Ponta do Sol is facing a process of degradation and modernization. In spite of still being active and alive, the center is up deteriorating and if on interventions are made to revert this process, it will lose a lot of its identity, cultural history and mainly its patrimony. But proposals, interventionist projects and executive actions can still revert part of this situation and get solutions for the City centre. Some proposal which will be implemented and even be agglutinated to new proposal can be helpful for the city as well as for the population.

Key-words: Revitalization; Architectural heritage; Historic and Cultural tourism; Ponta do Sol – Santo Antão.

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA VIII

ÍNDICE

DEDICATÓRIA ... IV AGRADECIMENTOS ... V RESUMO ANALÍTICO ... VI ABSTRACT ... VII LISTA DE SIGLAS ... X LISTA FIGURAS ... XI LISTA TABELAS ... XII

INTRODUÇÃO ... 1 CAPÍTULO 1 ... 6 Metodologia ... 6 CAPÍTULO 2 ... 12 Enquadramento Teórico ... 12 2.1. Conceito de património... 12 2.2. Centro histórico ... 16 2.3. Patrimonialização ... 17

2.4. Património turístico e recursos turísticos ... 17

2.5. Revitalização ... 18 2.6. Turismo ... 19 2.6.1. Turismo Cultural ... 20 2.7. Globalização ... 22 2.8. Desenvolvimento Sustentável ... 22 2.9. Itinerário ... 23 CAPÍTULO 3 ... 24 História da Cidade ... 24 CAPÍTULO 4 ... 30

Inventariação dos Patrimónios Arquitectónicos ... 30

CAPÍTULO 5 ... 54

Propostas de Soluções como Forma de Preservação e Revitalização ... 54

5.1. Algumas propostas de revitalização dos edifícios ... 55 5.2. Algumas sugestões para a Cidade a fim de melhorar a promoção dos patrimónios

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA IX

5.2.1. Proposta de itinerários turísticos ... 58

5.2.2. Recomendações de uso, em termos do turismo cultural. ... 60

CONCLUSÕES ... 63

6. NOTAS... 67

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 68

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA X

LISTA DE SIGLAS

BO – Boletim Oficial

CMRG – Câmara Municipal da Ribeira Grande EMPA – Empresa Pública de Abastecimento

IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico INE – Instituto Nacional de Estatística

IPHAN – Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional/ Brasil ISCEE – Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais OMT – Organização Mundial do Turismo

PEDTCV – Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Cabo Verde THR – Turismo Hotelería y Recreación

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA XI

LISTA FIGURAS

Ilustração 1: Antiga Residência dos Serras e Presidente da Câmara Municipal ... 30

Ilustração 2: Edifício da Câmara Municipal da Rª Grande ... 32

Ilustração 3: Casa de António Rocha (Toy Rocha) ... 33

Ilustração 4: Edifício da Comarca Tribunal ... 34

Ilustração 5: Cadeia Civil ... 35

Ilustração 6: Forno de Cal ... 36

Ilustração 7: Igreja de Nossa Srª. do Livramento ... 37

Ilustração 8: Capela de Nª. Srª. Fátima ... 39

Ilustração 9: Casa Nhô Kzik ... 40

Ilustração 10: Correio Antigo ... 41

Ilustração 11: Casa dos Magistrados/ Residência... 42

Ilustração 12: Centro de Saúde ... 43

Ilustração 13: Porto Boca de Pistola ... 44

Ilustração 14: Sanzala ... 45

Ilustração 15: Ex. Armazém da Empa ... 47

Ilustração 16:Casa de David Cohen... 48

Ilustração 17: Casa de Nené Brigham ... 49

Ilustração 18: Casa Vitoria ... 50

Ilustração 19: Casa da Família Wahôn ... 51

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA XII

LISTA TABELAS

Tabela 1:Algumas propostas de revitalização dos edifícios ... 55 Tabela 2: Algumas sugestões a Cidade a fim de melhora a promoção dos patrimónios 57

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 1

INTRODUÇÃO

A ideia de estudar os antigos edifícios da cidade de Ponta do Sol, surgiu como uma preocupação de buscar alternativas viáveis para a preservação dos mesmos, visto que têm-se verificado transformações que afectaram os edifícios mais antigos das cidades em geral. Nomeadamente a globalização, facilidades de acesso aos locais, por parte dos investidores e por vez de uma procura turística não adequada.

Acreditava-se que o uso residencial associado com o turismo, actividades de lazer, comércio e outros serviços, seriam o mais adequado para revitalização dos patrimónios na cidade de Ponta do Sol. Pois, esta junção feita de forma sustentável poderia ser benéfica para a sustentabilidade de um ambiente rico e saudável. Esta associação poderá colmatar uma das grandes fragilidades que têm vindo a ser apontadas ao turismo praticado em Ponta do Sol, ou seja, a insuficiência de alojamentos turísticos.

O estudo está restrito aos patrimónios arquitectónicos da Cidade do Ponta do Sol, na ilha de Santo Antão e foi desenvolvido entre os meses de Abril a Julho de 2012. Ou seja, o objecto do trabalho é o património arquitectónico da cidade da Ponta do Sol. Como objectivo geral pretende-se estabelecer propostas para a revitalização do património arquitectónico da cidade de Ponta do Sol, tendo em vista a sua patrimonialização.

Como objectivos específicos pretende-se:

1- Fazer um levantamento dos patrimónios arquitectónicos da cidade;

2- Estabelecer propostas de classificação dos mesmos em termos de potencialidades;

3- Criar uma proposta de sinalização destes patrimónios em resultado da sua interpretação;

4- Propor linhas de revitalização dos patrimónios;

5- Fazer propostas de uso dos mesmos de forma adequada, em termos de turismo cultural.

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 2 Busca-se então com este trabalho responder à seguinte pergunta de partida: Até que ponto é possível a revitalização dos patrimónios arquitectónicos da Cidade de Ponta do Sol?

Como hipótese geral considera-se que, a revitalização dos patrimónios é possível, tendo em vista utilizá-los como forma de evitar a degradação do espaço central da cidade, promovendo assim a conservação dos patrimónios arquitectónicos. E ainda reutilizar os mesmos como forma de contribuir para o desenvolvimento socioeconómico, por exemplo, através de actividades e serviços ligados ao turismo.

Para tal, foi necessário um levantamento actual e detalhado das condições dos patrimónios arquitectónicos e das suas imediações, também do desenvolvimento e da história da cidade de Ponta do Sol, para procurar os efeitos ocorridos durante o passar dos anos e o notável crescimento da cidade, nomeadamente nas áreas mais antigas. A motivação que nos encaminhou para a escolha deste tema deveu-se em primeiro lugar, por ser a cidade natal do autor. Em segundo, por se ver a presente situação dos patrimónios arquitectónicos, alguns em completo estado de abandono e degradação. E por se considerar que, os patrimónios arquitectónicos são importantes, pensou-se ser extremamente pertinente propor estratégias de utilização e revitalização dos mesmos e consequentemente estratégias benéficas para o desenvolvimento da cidade.

Além disso, esse tema é também relevante, principalmente aos proprietários, aos futuros empreendedores, promotores turísticos, à CMRG, entre outros, visto que se pretende propor sugestões de utilização dos diferentes patrimónios arquitectónicos. E por último, por ser o primeiro trabalho do género aplicado a Ponta do Sol e como tal poderá servir de base a investigações futuras sobre o tema e local.

Devido à própria história da cidade, a pesquisa centrou-se sobretudo em patrimónios erigidos em finais do século XIX, já que as primeiras repartições públicas aí instaladas, remontam a Outubro de 1887. Esta delimitação temporal também resultou do facto de não se possuírem dados informativos acerca de períodos mais remotos, o que dificulta um estudo fundamentado em fontes documentais ditas primárias. A ausência de documentação resultou do incêndio ocorrido na CMRG em 1926, da queima de

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 3 arquivos depois da independência e da mudança política ocorrida em 1993, o que levou à destruição e perda de muitos documentos.

Para colmatar esta grande limitação à pesquisa recorreu-se a testemunhas privilegiadas, que pela sua profissão ou percurso de vida, conhecem extremamente bem a história e a realidade de Ponta do Sol. Como exemplo, temos o Sr. António Leite, homem de cultura e conhecedor da realidade, que recolheu muitas informações na Torre do Tombo (Arquivo Nacional de Portugal), entre os quais BO, livros e muitos mais outros documentos. Assim, através do seu testemunho oral e empréstimo de documentos conseguiu-se recuperar muita informação desconhecida do público em geral. Aliás, o uso da tradição oral justifica-se nas regiões onde escasseiam informações documentais, como por exemplo, nas sociedades africanas.

Outra das limitações a este estudo prendeu-se com as dificuldades encontradas em realizar pesquisas nas bibliotecas em Santo Antão devido à inexistência das mesmas em Ponta do Sol e às limitações de utilização na Biblioteca Municipal da Ribeira Grande. O arquitecto francês Viollet-le-Duc1 (2000, p. 65) considerava, já no séc. XIX, que a maneira mais eficiente de conservar uma edificação histórica é encontrar para ela uma destinação.

«Uma edificação de valor histórico pode, ao ser reintegrada à vida cotidiana de uma cidade, ter diversos usos. As características arquitectónicas do edifício geralmente determinam seu uso futuro, antigos palácios e residências particulares transformam-se em museus e/ ou galerias de arte, em outros casos o próprio espaço arquitectónico é a obra de arte a ser apreciada, como no caso das antigas igrejas e das fortificações militares considerados espaços museológicos.» (Dias, 2005)

Actualmente, muitos desses edifícios, estão sendo ameaçados pela degradação, deterioração e até mesmo de destruição devido uma procura descontrolada de terrenos em zonas nobres (centro) das cidades.

1

Viollet-le-Duc (1814-1879) a sua concepção sobre o tema restauração é ainda hoje de importância fundamental para a análise dos diversos critérios envolvidos na preservação de monumentos históricos.

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 4 Nas palavras de Ribeiro (2000, p. 21):

“cidades que possuem em seu centro histórico fonte de visitação [...] mostram que a necessidade de preservação e o resgate dos hábitos no centro são formas de não só devolver a dignidade destes lugares como também de abrir portas para novos horizontes através de visitação de turistas [...] ”.

A restauração dos centros históricos deve ser feita de forma cautelosa, seguida de um desenvolvimento económico e social, capaz de promover uma adaptação harmoniosa desses conjuntos de edificações históricas à vida contemporânea. Pois, nos “lugares antigos, centros urbanos obsoletos, tudo é revitalizado, tudo ganha vida nova e transforma-se em territórios turísticos” (Barbosa, 2001, p. 84).

Ponta do Sol possui um centro histórico que está inserido numa comunidade activa e viva, não possui muitas áreas degradadas, isso também devido à sua área geográfica, e mesmo pelo facto dos edifícios mais antigos ainda continuarem a exercer as suas funções iniciais, como a CMRG, o edifício da Comarca Judicial da Ribeira Grande e os Serviços de Registro Civil e Notarial, o Centro de Saúde e outros mais.

Por sua configuração geográfica, a cidade cresceu limitada pela presença do mar e das montanhas o que acabou por contribuir para a sua forma actual, onde podemos encontrar na parte central da cidade a parte antiga e nas partes mais afastadas do mar o surgimento de uma nova fase da cidade com construções modernas.

A metodologia aplicada para fundamentação deste trabalho, foram pesquisas de natureza exploratória e descritiva, recorrendo a documentos bem como através de pesquisa no terreno.

Como técnica de recolha de dados utilizou-se a observação directa, através da qual se realizou um levantamento de diversos dados relativos aos diferentes patrimónios como fotografias e mapas.

Este trabalho encontra-se estruturado em sete partes. Uma primeira parte onde se encontra a introdução, e nesta a justificativa, os objectivos gerais e os específicos, a hipótese e os pressupostos teóricos. Seguindo-se diversos capítulos em que no capítulo 1 se descreveu a metodologia seguida, no capítulo 2 encontra-se o enquadramento teórico sobre o tema, em que se tratou principalmente das definições de conceitos como património cultural, histórico e arquitectónico, e outras definições mais pontuais. No

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 5 capítulo 3 fez-se uma breve história da cidade. No capítulo 4 procedeu-se uma inventariação detalhada dos patrimónios arquitectónicos. Finalmente, no capítulo 5 procurou-se criar propostas de soluções como forma de preservação e revitalização bem como a potencialização dos patrimónios arquitectónicos previamente identificados em Ponta do Sol. Por fim, são apresentadas as conclusões da pesquisa, as perspectivas de trabalho e as recomendações para trabalhos futuros.

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 6

CAPÍTULO 1

Metodologia

Para a realização do trabalho de investigação, efectuaram-se alguns procedimentos metodológicos na recolha das informações. De modo que, o objectivo nesta fase do trabalho é, de uma forma descritiva, apresentar os métodos, técnicas e recursos utilizados para se chegar às informações necessárias, efectuar a sua análise e concretizar o trabalho no seu todo.

Quanto aos métodos utilizados e classificação da pesquisa, no que ao método de abordagem diz respeito, seguiu-se pelo método Hipotético-dedutivo, que segundo Gil in Silva e Menezes, (2001, p.27).

«Proposto por Popper, consiste na adopção da seguinte linha de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenómeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la» (Gil, 1999, p.30).

Relativamente ao método de procedimento deve-se considerar que, primeiramente um dos métodos utilizado para responder à pergunta de partida e, adquirir informações sobre os diversos imoveis da cidade foi o método de observação directa. Segundo Sarmento (2008, p.4), este método “consiste na observação de todos os factos, no seu registo, na sua análise e posteriores conclusões.”

Utilizou-se máquina fotográfica, porque para Santos, (2010, p.103) na observação sistemática têm de fazer um preestabelecimento dos instrumentos de trabalho como lunetas, telescópio, balanças, fotografia e outros.

O trabalho debruçou-se sobre os supostos patrimónios da cidade de Ponta do Sol, levando assim à utilização também do método histórico, tendo-se que investigar a

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 7 história da Cidade, os acontecimentos, como os imóveis processos do passado, para verificar as suas influências na comunidade hoje. De acordo com Santos (2010, p.104) o “método histórico – Criado por Boas, tem por princípio que a vida social, instituições e costumes atuam têm origem no passado, sendo importante pesquisar as raízes para se compreender as suas funções e naturezas.”

Também utilizou-se o método comparativo onde se efectuaram comparações do passado e do presente da vida quotidiana da cidade com também dos edifícios. Ainda segundo Santos (2010, p.104) o “método Comparativo – Foi emprego por Taylor. Fundamenta-se nas Fundamenta-semelhanças e diferenças entre diversos grupos. O estudo é feito por comparações.”

Quanto à classificação da pesquisa temos que, do ponto de vista da sua natureza fez-se uma pesquisa pura, que segundo Rodrigues (2007, p.6) “tem como objectivo ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar sistemas e modelos teóricos, relacionar e enfeixar hipóteses.”

Embora o tema já tenha sido implementado em outras regiões ou já haver trabalhos desenvolvidos neste ramo, na cidade de Ponta do Sol a elaboração deste género de pesquisa é inédito.

Em termos da forma de abordagem do problema, usou-se a pesquisa qualitativa, que de acordo com Silva e Menezes, (2001, p.20) na pesquisa qualitativa:

“considera[-se] que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.”

A informação primária foi obtida através de entrevistas informais ou não estruturadas, em que, segundo Sarmento (2008, p.18), “o entrevistado fala livremente sobre o tema e sobre vários assuntos relacionados, não havendo guião.” Após a realização das mesmas:

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 8

«faz-se a análise de conteúdo. Esta análise identifica, nas respostas a cada uma das perguntas, as partes semelhantes e aquelas a que os entrevistados dão mais valor. Seguidamente analisam-se essas respostas. Por último, e após todas as perguntas terem sodo interpretadas, deve extrair-se a conclusão final» Sarmento (2008, p.18).

Em termos do universo (população) este era desconhecido, logo não se conhece todos os elementos da população, e não era possível conhecer a probabilidade de um individuo ser seleccionado. Recorreu-se então à amostragem não-probabilística, devido à escassez de pessoas com um nível de conhecimento especializado, principalmente em termos de história em geral. E como tal, o interesse em ter informações credíveis para o trabalho.

«(…) amostragem não-probabilística. É aconselhado o seu uso quando o tipo randômico for de impossível aplicação. Classifica-se em amostra intencional e amostra por quotas, ou simplesmente por cotas. No primeiro caso selecciona-se apenas elementos que estejam disponíveis para compor uma amostra e busca-se adequar o estudo à escassez de recursos de mão-de-obra. No segundo caso a amostragem por cotas, por interesse é responsabilidade do pesquisador, é seleccionado um determinado número de casos para forma a amostra desejada.” (Santos, 2010, p.136)

De tal forma, que recorreu-se a uma amostra não aleatória ou não-probabilística mais precisamente a intencional, tendo em conta uma selecção previamente delineada. Segundo Vogt in Vicente, Reis e Ferrão (2001, p.72) enfatiza que “amostra intencional é uma amostra composta de elementos seleccionados deliberadamente (intencionalmente) pelo investigador, geralmente porque este considera que possuem características que são típicas ou representativas da população.”

Através da realização de entrevistas, durante os meses de Maio e Junho, recolheram-se informações junto a pessoas da localidade. Como por exemplo, presidente da Câmara Municipal, o Sr. António Leite, dois arquitectos locais, algumas pessoas mais velhas da

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 9 cidade, já que estas pessoas são testemunhas privilegiadas2

, do percurso da cidade de Ponta do Sol.

De forma a ter-se um levantamento exaustivo dos elementos patrimoniais apresentados, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória sobre e na cidade de Ponta do Sol, na qual se utilizou um mapa e máquina fotográfica, bem como se recorreu a algumas pessoas locais para eventuais indicações e esclarecimentos.

Do ponto de vista dos procedimentos houve uma pesquisa de fonte de papel e uma pesquisa de campo. Na pesquisa de fonte de papel recorreu-se a bibliotecas onde fizeram-se várias pesquisas em livros e outros documentos de forma a enriquecer os conhecimentos. Seguidamente realizou-se a pesquisa de campo, que segundo Marconi e Lakatos (1996):

“A pesquisa de campo é uma fase que é realizada após o estudo bibliográfico, para que o pesquisador tenha um bom conhecimento sobre o assunto, pois é nesta etapa que ele vai definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, definir qual é o meio de coleta de dados, tamanho da amostra e como os dados serão tabulados e analisados.”

Esta pesquisa de campo decorreu em Ponta do Sol através da observação directa e entrevistas.

A pesquisa desenvolvida também se pode classificar como sendo exploratória e descritiva, segundo os objectivos. De acordo com Gil apud Silva e Menezes (2001) pesquisa exploratória:

“visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vista a torná-lo explícito ou a

construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.”

Com a pesquisa descritiva baseada em fontes bibliográficas como teses, livros, artigos, entre outros documentos que abordam a história da ilha, a preservação dos patrimónios em geral, a educação patrimonial, e outros conceitos e áreas identificados no enquadramento teórico, com pressuposto de recolher informações necessárias para o trabalho como também para a análise da história da Ilha de Santo Antão, de forma a

2

Segundo Quivy e Campenhoudt – testemunhas privilegiadas- são pessoas que, pela sua posição, acção ou responsabilidade, têm um bom conhecimento do problema.

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 10 permitir produzir conhecimento científico3. A Pesquisa Descritiva “visa descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de colecta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento” Gil apud Silva e Menezes (2001).

Quanto ao objecto da pesquisa realizaram-se pesquisas bibliográficas, que segundo Santos, (2010, p.190), é quando realizamos um trabalho com base em materiais já elaborados, tais como teses, livros, dicionários, periódicos, jornais e revistas, como também publicações em comunicações e artigos científicos. A pesquisa bibliográfica é “elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e actualmente com material disponibilizado na Internet” (Gil apud Silva e Menezes 2001).

Também de realçar a larga e variada documentação disponibilizada pelo Sr. António Leite, sobre a história da ilha, como por exemplo uma cópia do BO da elevação de Ponta do Sol à categoria de Vila, com a qual se procedeu a uma pesquisa documental. Nas palavras de Santos “[…] A pesquisa documental é trabalhada com base em documentos que não recebem tratamento de análise e síntese. Embora se identifique com a pesquisa bibliográfica, esta só se realiza sobre documentos analisados e pertencentes a autores que deram o estudo pronto e acabado. […]” (2010, p.192). Para além das pesquisas acima indicadas houve também um levantamento de dados, um estudo de caso e uma pesquisa participante. Segundo Gil apud Silva e Menezes (2001, p.21) temos que:

“Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer; Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento; Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.”

3 Conhecimento científico - resulta da investigação metódica e sistemática da realidade. Analisa os

factos para descobrir as suas causas e concluir as leis gerais que os regem. É verificável por demostração ou experimentação (Barañano, 2004, p.20).

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 11 Para a selecção e caracterização dos imóveis patrimoniais seguiram-se as instruções para o preenchimento do requerimento inicial do procedimento de classificação de bens imóveis do IGESPAR em que consideram-se imprescindíveis os seguintes critérios: valores paisagísticos, culturais, estéticos, sociais, turísticos e sentimental, a qualidade arquitectónica e artística, e os valores financeiros neles depositados.

A descrição foi desenvolvida através de preenchimento de uma ficha de características e com os anexos fotográficos.

Na ficha de características descreveram-se os seguintes elementos:  Propriedade;

 Localidade – cidade, ilha;

 Localização – rua, avenida, praça, zona;  Designação/Nome;

 Grupo tipológico – Arquitectura pública civil (serviços administrativos), Doméstica (casas de habitação e comércio,), Religiosa (assenta essencialmente nos edifícios de funções sagradas, as igrejas, a sua aparência exterior ganhava importância alegórica, equivalendo ou ultrapassando a do interior.), Industrial (construções utilitárias), Militar (Castelo, Forte, Muralhas, etc.);

 Período Cronológico – Séc./Ano;  Funções do imóvel – inicial e actual;

 Enquadramento (Descrição da envolvente do imóvel, realçando a sua integração paisagístico e urbano);

 Estado de conservação – (sempre que possível, os elementos estruturais como paredes, pavimentos, coberturas, elementos decorativos) de acordo com os padrões abstractos: ruínas (desmoronamento, restos de destroços de um imóvel danificada), mau (início de degradação de forma acentuada), razoável (apresenta alguns sinais de degradação), e bom (sem sinais de degradação);

 Grau de classificação (proposto) – interesse nacional, regional, de ilha ou local;  Levantamento de fotos actuais;

 Fotos antigas (em Anexo);

 Nome de pessoas/entidades que possam dar informações julgadas pertinentes;  Observações.

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 12

CAPÍTULO 2

Enquadramento Teórico

2.1.Conceito de património

Com o conhecimento, preservação e valorização dos bens culturais e o reconhecimento da história, das tradições locais, contribui-se para motivar a população local na preservação e a aproximar-se dos patrimónios aumentando assim o sentimento de pertença.

O conceito de património está associado à ideia de herança, de transmissão de testemunhos, histórias, memórias, e da concepção de bem cultural. Desta forma, o património desempenha um papel importante na formação da memória colectiva, até porque dá uma noção simultânea de continuidade e mudança entre passado e presente. O património adquiriu o seu carácter público a partir do Renascimento, uma vez que até aí o conceito era aplicado apenas na esfera privada, e só a partir do século XIX é que o Estado, na generalidade dos países, assumiu como sua responsabilidade o registo e a preservação da memória material imóvel, em nome das identidades nacionais tão em afirmação. (Monteiro, 2009, p. 4).

Ainda segundo o autor Choay, o “Património. Esta bela e antiga palavra estava, na origem, ligada às estruturas familiares, económicas e jurídicas de uma sociedade estável, enraizada no espaço e no tempo, requalificada por diversos adjectivos (genético, natural, histórico, etc.) ” (2006, p. 11).

2.1.1. Diferentes tipos de patrimónios a) Património histórico

Para Choay (2006, p 11), o Património Histórico é uma parte do Património Cultural. A expressão designa um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objectos que se agregam por seu passado comum: obras e obras-primas das belas artes e

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 13 das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes e conhecimentos dos seres humanos.

“Património Histórico é tudo aquilo que lembra um fato, ou uma época de nossa história, e que por isso merece e deve ser preservado. O património está dividido em três grandes categorias de elementos. Primeiro, anota-se os elementos pertencentes à natureza e ao meio ambiente. O segundo grupo de elementos refere-se ao conhecimento, as técnicas, ao saber e ao fazer. E o terceiro grupo reúne os chamados bens culturais que englobam toda sorte de coisas, objectos, artefactos e construções obtidas a partir do meio ambiente e do saber fazer.” (Silva, 1990, p. 25).

Monumento Histórico está dentro de património histórico que é uma das categorias de património edificado que são os edifícios criados e que estão por de trás de uma história.

De tal forma Cunha (2006, p. 12) relata que:

“Aquando da criação em França da primeira Comissão dos Monumentos Históricos, em 1837, as três grandes categorias de monumentos históricos eram constituídas pelos vestígios da Antiguidade, pelos edifícios religiosos da Idade Média e por alguns castelos. No final da Segunda Guerra Mundial, o número de bens inventariados tinha sido multiplicado por dez, mas a sua natureza não tinha mudado quase nada. Eles derivavam essencialmente da arqueologia e da história erudita da arquitectura.”

Desta forma, todas as artes de edificar, como as populares, urbanas e rurais, ou seja, todas as categorias de edifícios, sejam eles privados ou públicos, sumptuários e utilizados, foram denominados de arquitectura.

Ainda segundo Cunha (2006, p.13):

«Enfim, o domínio patrimonial deixou de estar limitado aos edifícios individuais; ele compreende, daqui em diante, os conjuntos edificados e o tecido urbano: quarteirões e bairros urbanos, aldeias, cidades inteiras e mesmo conjuntos de cidades, como o demostra «a lista» do Património Mundial estabelecida pela Unesco. (…) Enfim, a noção de monumento histórico e as práticas de conservação que lhe estão associadas expandiram-se para fora da Europa, onde tinham nascido e que tinha permanecido durante muito tempo o seu território exclusivo.»

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 14 b) Património Arquitectónico

Junto ao Património Arquitectónico existem outras categorias tais como por exemplo o Património Urbano. Segundo Choay (2006), a transformação da cidade material em objecto de conhecimento histórico foi influenciada pelas mudanças ocorridas no espaço

urbano logo após a revolução industrial. Os primeiros estudos sobre as cidades4

antigas surgiram quando houve a necessidade de estudar e compreender as mudanças ocorridas na cidade contemporânea.

O património arquitectónico tenta definir, dentro de critérios já claros, os edifícios que podem ou não serem enquadrados para a preservação. Para se tornar um património, a edificação passaria por uma série de análises e avaliações sendo estudadas suas características próprias, o seu entorno, imediato e todo o contexto urbano que ela faz parte. Mas existe uma certa ambiguidade nesta escolha, para certo local ou certa época a edificação ou o conjunto pode nada representar, mas enfocando-se de outra maneira, o conjunto urbano pode ser representativo, sendo que é difícil delimitar o que pode ou não estar enquadrado dentro do património arquitectónico”. (Silva, 1990, p. 27).

O património urbanístico, encontra-se juntamente com o arquitectónico, tem uma grande importância para a cidade, pois esta não é formada só por edificações e, sim, de ruas, praças, espaços públicos, rios, áreas de preservação ambiental, avenidas, praias etc.

Para chegar a uma definição de algum espaço como património urbanístico é necessário conhecer o local ou tendo em conta um estudo feito por parte dos técnicos e profissionais da área, tendo em conta alguns critérios básicos para escolha de áreas representativas, isto é, que traduzam a sua importância no presente tendo como base a sua relevância para a cidade em épocas passadas.

Assim como realça Choay, em seu livro “A Alegoria do Património:

“A conversão da cidade material em objecto de conhecimento histórico foi motivada pela transformação do espaço urbano que se seguiu à revolução industrial: perturbação traumática do meio tradicional, emergência de outras escalas viárias e parcelares. É, então, pelo efeito da diferença e, conforme a expressão de Pugin, por contraste, que a cidade antiga se torna objecto

4 Para Bonello (1996), a cidade «está para além de toda a perspectiva geográfica, económica, sociológica

ou histórica porque ela nasce da interacção entre os indivíduos, o que interdita qualquer definição estática ou descritiva. Tratando-se de uma comunidade viva, ela é de grande mobilidade, uma vez que escapa a qualquer permanência». (Henriques, 2003, p. 33)

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 15

de investigação. O primeiro a considerá-la em perspectiva histórica, e a estudá-la segundo os mesmos critérios que as formas urbanas contemporâneas são os fundadores (arquitectos e engenheiros) da nova disciplina, à qual Cerdá dá o nome de urbanismo. O mesmo autor propõe a primeira história geral e estrutural da cidade. Contrapor as cidades do passado à cidade do presente não significa, no entanto, querer conservar as primeiras. A história das doutrinas do urbanismo e de suas aplicações concretas não se confunde, de modo algum, com a invenção do património urbano histórico e de sua protecção. As duas aventuras são todavia solidárias. Quer o urbanismo se empenhasse em destruir os conjuntos urbanos antigos, quer procurasse preservá-los, foi justamente tornando-se um obstáculo ao livre desdobramento de novas modalidades de organização do espaço urbano que as formações antigas adquiriram sua identidade conceitual.”

(Choay, 2006, p.158).

c) Património cultural

Nos dias de hoje, o conceito de património tem uma dinâmica maior, tornando mais amplo o seu significado para a conservação das cidades, fazendo com que as preocupações presentes sejam avaliadas e analisadas de forma a não afectar o futuro das cidades. Podendo ver isso através da referência de Coelho e Valva no livro sobre Património Cultural Edificado:

“O conceito de património cultural, e mesmo de património arquitectónico, esteve, durante muito tempo associado somente à noção limitada do excepcional, numa perspectiva bastante tradicional. A única preocupação e entendimento de património era o monumento único, sem considerar as diversas relações que os bens culturais apresentam entre si. Portanto, património histórico ou património cultural, como tem sido mais comumente designado, passa o seu compreendido como algo bem mais amplo, já que e a história é um contínuo que não pára de produzir, de se manifestar pela criação artística e cultural das diversas camadas da população”.

(Coelho e Valva, 2005, p. 12 e 13).

A actividade turística é, portanto, produto da sociedade capitalista industrial e desenvolveu-se sob o impulso de motivações diversas, que incluem o consumo de bens culturais. O turismo cultural, tal qual concebido actualmente, implica não apenas a oferta de espectáculos ou eventos, mas também a existência e preservação de um património cultural representado por museus, monumentos e locais históricos (Funari, 2001, p.15).

Compreende-se então que o património abarca de uma forma geral uma grande variedade de elementos, tais como peças artesanais em barro ou em outros materiais, as

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 16 festas populares, documentos escritos, monumentos de pedra, de cal, sendo todos elementos característicos de uma determinada cultura.

2.2.Centro histórico

O conceito de Centro Histórico, assim como o de Património Cultural, vêm-se transformando e ampliando ao longo dos anos. Às noções iniciais juntaram-se outras mais amplas e completas como a expressão sítio histórico urbano.

“Em 1987 a Carta de Petrópolis definiu sítio histórico urbano como o espaço que concentra testemunhos do fazer cultural de uma cidade. Esse espaço é parte integrante de um contexto amplo que inclui não só a paisagem construída pelo homem, mas também a natural incluindo o próprio homem. Não é um espaço estático, mas em formação, pois engloba também “a vivência de seus habitantes num espaço de valores produzidos no passado e no presente” e como tal deve ser estudado.” (IPHAN, 2006).

Quando se fala de centro histórico refere-se também com frequência ao conceito de

cidade histórica. De acordo com Ashworth (1995):

«a cidade histórica como uma conceptualização de uma forma particular de fenómeno urbano, o qual deriva não só da antiguidade dos edifícios mais também da sua combinação». Segundo o autor na cidade histórica constituiu-se por atributos que têm a ver não só com as características da forma urbana como também com a valorização de elementos constituintes dessa mesma forma. A valorização desses elementos pode expressar-se através da preservação de aspectos morfológicos seleccionados, ou mais amplamente, através de uma filosofia de conservação e de gestão do urbano, onde se pretende assegurar o bom funcionamento da cidade quer para os residentes quer para não residentes, consentânea com uma consciente exploração dos atributos históricos da cidade em referência” (in, Henriques, 2003, p.54).

Os centros históricos, hoje têm grande potencialidade a nível turístico, mas é importante valorizar o todo, ou seja, a região onde encontra o centro histórico, e segundo Henriques (2003, p.55) “Os centros históricos devem considerar-se como realidades urbanas vivas e não como mera justaposição de partes ou um simples produto turístico. Assim, cada vez mais, a recuperação funcional dos centros históricos vinculada ao turismo ou à cultura deverá situar-se na busca de novos equilíbrios que, respeitadores dos valores urbanísticos, culturais e funcionais da cidade do passado contribuam para dar resposta aos problemas e necessidades do nosso tempo.”

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 17 2.3. Patrimonialização

A patrimonialização será benéfica para a cidade, tendo em vista que tem como finalidade fomentar o desenvolvimento através da valorização, revitalização de uma determinada cultura e do seu património cultural.

“Desde a segunda guerra mundial deu-se um salto quantitativo e qualitativo na activação do património cultural. Este processo de activação, que denomino “patrimonialização”, está intimamente associado a um esforço conservacionista de longo alcance e que tem um fito destacado no romantismo (Prats, 1997). Porém, desde a segunda metade do século XX é fruto de uma nova sensibilidade face aos referentes culturais potencialmente patrimonializáveis. Por via da patrimonialização atribuem-se novos valores, sentidos, usos e significados a objectos, formas, modos de vida, saberes e conhecimentos sociais.” (Pérez, 2003, p.2)

O antropólogo Marc Augé (2003: 18), tentando dar resposta a patrimonialização enquanto reinvenção do passado, afirma que deve relacionar-se intimamente com a obscuridade do presente e a incerteza face ao futuro. Isto é, os processos de patrimonialização são uma forma de orientar-se melhor no presente com visos a afrontar um futuro difícil, incerto e complexo. Outros (Certau et al.,1995) falam na “beleza do morto” para definir estes processos de culto da memória e do património cultural, isto é, primeiro se declara a sua morte para logo ser valorizado e estudado. (in Pérez, 2009, p.151).

2.4.Património turístico e recursos turísticos

A OMT distingue dois conceitos diferenciados entre si: Patrimónios turísticos e recursos turísticos. Por património turístico entende «o conjunto potencial (conhecido ou desconhecido) dos bens materiais ou imateriais que estão à disposição do homem e que podem utilizar-se, mediante um processo de transformação, para satisfazer necessidades turísticos». Define, por sua vez, recursos turístico como «todos os bens e serviços que, por intermédio da actividade turística e satisfazer as necessidades da procura.» Nesta acepção, o património turístico constitui o elemento fundamental que o homem transforma em recursos turísticos utilizando meios técnicos, económicos e financeiros. Já os recursos turísticos «são constituídos pelo património turístico que, mediante uma intervenção do homem, se transformam em património utilizável”. (in Cunha, 1997, p.150).

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 18 2.5.Revitalização

Do ponto de vista etimológico, a palavra “revitalizar” significa a possibilidade de alguma coisa ganhar uma nova vida, um novo vigor. Portanto, a revitalização – acto ou efeito de revitalizar – refere-se às “medidas que visam criar uma nova vitalidade, a dar

novo grau de eficiência a alguma coisa”. (Del Rio apud, Silva e Oliveira, 2006, p. 47)

Também del Rio chama a atenção para a amplitude do conceito do termo de revitalização urbana, uma vez que:

“Incorpora práticas anteriores, mas é mais que simples adição, pois os excede e supera na busca por uma nova vitalidade (económica, social, cultural e físico-espacial) para as áreas centrais, seus modelos urbanos se distanciam tanto dos processos traumáticos de renovação quanto das actividades exageradamente conservacionistas.” (apud, Silva, e Oliveira, 2006, p. 47)

A revitalização é um termo que está associado com melhorias, com reutilização de um determinado espaço, ou seja, rejuvenescer, dar vida do ponto de vista económico, restaurando o seu potencial ou inserindo uma determinada função que dá resposta à comunidade. Podendo contribuir para o desenvolvimento urbano por meio de acções inter-relacionadas, possibilitando uma reabilitação das áreas decadentes da cidade. Segundo Coelho e Valva:

“O conceito de revitalização urbana é bastante amplo e está ligada a readequação funcional, englobando recuperação e renovação das estruturas existentes, envolvendo diversas acções, como reabilitar e requalificar áreas degradadas, restaurar e reciclar. A ênfase maior vem sendo dada aos espaços públicos, reforçada por uma acção integrada entre o poder publico e a iniciativa privada.” (Coelho e Valva apud, Silva e Oliveira, 2006, p.48).

No decorrer dos tempos, já no último quartel do século XX, com o pós-guerra, e com o envelhecimento de muitas zonas, cidades e centros, houve a necessidade de reconstrução, dando assim aos edifícios novas funções. Dando assim possíveis valorizações dos sítios em termos principalmente imobiliários, culturais e sociais. A lógica de intervenção urbana nesses espaços muda no tempo mas também opõe ideologias face à cidade, nem sempre reconciliáveis, dada a diversidade de interesses. Surgem, assim, conceitos que, embora nem todos bem definidos, contêm simultaneamente uma ideia (teórica) e uma proposta de acção sobre a cidade. É o caso dos conceitos de renovação urbana, reabilitação, requalificação. (Silva e Oliveira, 2006) Segundo Cláudia Henriques (2003, p.244):

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 19

“a regeneração / revitalização urbana constitui-se como um elemento de desenvolvimento sustentável das cidades, ou seja, como uma abordagem holística e integrada que visa melhorar a qualidade de vida, antevendo solucionar problemas urbanos referentes a domínios vários que vão desde a reabilitação física das cidades a aspectos referentes ao desenvolvimento económico, social, cultural, ambiental, segurança, habitacional e urbanístico. A multiplicidade de domínios a considerar inscreve-se na multidimensionalidade das necessidades humanas, as quais para serem satisfeitas pressupõe políticas / acções transversais nos vários domínios referenciados.”

Tem também que se considerar a preservação que, segundo Coelho e Valva apud, Silva e Oliveira (2006, p.71):

“Preservar significa guardar, defender, é salvar determinado objecto da degradação ou do desaparecimento. Portanto, a preocupação com a defesa de um monumento ou edifício tem em si um interesse objectivo: a salvaguarda do referido monumento ou edifício como marco de um importante momento de nossa história para as gerações futuras, e mesmo para a actual, como documento e fonte de estudar e pesquisas.”

2.6. Turismo

Embora não haja uma definição única do que seja Turismo, as recomendações da Organização Mundial de Turismo/Nações Unidas sobre Estatísticas de Turismo, o definem como "as actividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”.

Segundo Cunha (2009, p.29) que relara as transformações e alterações que o conceito de turismo tem sofrido ao longo dos tempos:

“Pela primeira vez, em 1910 com o austríaco Herman Von Schullern Schrattenhoffen. Foram contudo os professores Walter Hunziker e Kurt Krapf que estabeleceram a definição mais elaborada ao considerarem, em 1942, o turismo como «conjunto das relações e fenómenos originados pela deslocação e permanência de pessoas fora do seu local habitual de residência, desde que tais deslocações e permanências não sejam utilizadas para o exercício de uma actividade lucrativa principal» ”

Se a noção apresentada (OMT) não é muito esclarecedora quanto ao tipo de relações que se entretecem entre os fenómenos turísticos e o lazer, ela tem o mérito de apresentar

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 20 distinção entre «turismo» e «outro tipo de activadas semelhantes» em função do critério da duração da permanência e implicitamente do alcance da deslocação – requer pelo menos uma noite fora do domicílio habitual, geralmente num alojamento específico» assim como dos motivos da estadia - «tudo o que conduz as pessoas a destinos diferentes dos de origem, e às actividades que essas pessoas desenvolvem durante o tempo que permanecer nesses locais». Porém, convém alertar que uma visão demasiado rigorosa deste princípio acabará por excluir fenómenos indiscutivelmente turísticos, como certas excursões de âmbito regional (Henriques, 2003, p.22).

Para melhorar o conceito de turismo, Mathieson e Wall (1982), afirmaram que turismo consiste no ”movimento temporário para destinos fora do lugar normal de residência e trabalho bem como nas actividades desenvolvidas durante a estada e as facilities criadas para satisfazer as necessidades dos turistas.” (in, Henriques, 2003, p.22).

Dentro do turismo temos as actividades turísticas e entende-se por actividades turísticas, aquelas realizadas em função da viagem de Turismo Cultural, tais como transporte; agenciamento; hospedagem; alimentação; recepção; eventos; recreação e entretenimento e outras actividades complementares.

2.6.1. Turismo Cultural

As viagens das pessoas incluídas neste grupo são provocadas pelo desejo de ver coisas novas, de aumentar os conhecimentos, de conhecer as particularidades e os hábitos doutras populações, de conhecer civilizações e culturas diferentes ou ainda por motivos religiosos.

Os centros culturais, os grandes museus, os locais onde se desenvolveram no passado as grandes civilização do mundo, os monumentos, os grandes centros de peregrinação ou os fenómenos naturais ou geográficos constituem a preferência destes turistas.

Incluem-se neste grupo as viagens de estudos, bem como as realizadas para aprender línguas (Cunha, 1997, p. 23).

Nestes termos, o turismo cultural abrange as viagens cujas motivações incluímos no grupo das culturais e educativas e a que corresponde uma oferta muito variada e dependente dos valores culturais existentes. Nuns casos, predominam, nessa oferta, os sítios arqueológicos, os monumentos, a arquitectura ou os museus, noutros, os

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 21 espectáculos, noutros a forma de viver das populações locais e, noutros, ainda, a conjugação de todos eles (Cunha, 1997, p. 171).

“O Turismo Cultural pode converter em uma oportunidade para o desenvolvimento de correntes turísticas atraídas por motivações predominantemente culturais fortalecendo assim a própria cultura.” (Batista, 2005, p. 3)

O público específico da segmentação no sector do Turismo Cultural é motivado por características próprias peculiares, como nível de escolaridade mais elevado. A grande maioria tem curso superior, fala ou compreende outra língua, etc. São indivíduos que ao satisfazerem suas necessidades mais elementares e vitais (alimentação, vestuário, habitação), buscam escalas superiores de satisfação (melhoria qualitativa dos elementos vitais e educação, lazer, viagens, etc.).

Fazer turismo e principalmente o Turismo Cultural leva aos indivíduos a um certo tipo de “status” social, porque nem sempre o turismo é acessível a todos.

“A educação é primordial para o aprimoramento e a propensão dos viajantes a fazer turismo. O grau de escolaridade tem uma correlação positiva com altos níveis de renda. Isso significa a mesma correlação positiva com o turismo, ou seja, níveis de renda mais elevados revelam maiores propensões a viajar do que níveis de renda mais baixos. O mesmo se se relaciona directamente o turismo com o grau de escolaridade.” (Rabahy, in, Batista, 2005, p. 32).

Esses aspectos são relevantes para o desenvolvimento do turismo cultural e o mesmo se ampara de toda uma aparelhagem tecnológica para seu incremento e potencialidade.

“O turismo cultural compreende uma infinidade de aspectos, todos eles passíveis de serem explorados para a atracção de visitantes. A arte é um dos elementos que mais atraem turistas. A pintura, a escultura, as artes gráficas, a arquitectura são elementos procurados pelos turistas. Assim, os museus se constituem nos primeiros atractivos a serem procurados pelos visitantes de uma localidade.” (Ignarra, in, Batista, 2005, p.32)

Segundo a Carta Internacional do Turismo Cultural, “o turismo cultural deve trazer benefícios às comunidades residentes e proporcionar-lhes meios importantes e motivação para cuidarem e manterem o seu património e as suas práticas culturais. É necessário o envolvimento e a cooperação das comunidades locais e/ou indígenas representativas, dos conservacionistas, dos operadores turísticos, dos proprietários, dos autores de políticas, das pessoas que preparam os planos de desenvolvimento nacional e dos gestores dos sítios, para se conseguir uma indústria de turismo sustentável e para se valorizar a protecção dos recursos do património para as futuras gerações.” (UNESCO, 1972).

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 22 2.7. Globalização

O termo globalização está hoje em todas as partes, um facto que poderá e que já pode explicar os mistérios do presente e permite imaginar como será o futuro. Ela poderá vir tanto no intuito de conduzir a um mundo mais rico, mais livre e mais justo, ou pelo contrário, poderá levar a desigualdades e causa de um mundo mercantilizado, despojado de regras e de solidariedade.

Como descrevem os autores Bonaglia e Goldstein, (2006, p. 9) que:

“Por outras palavras, que a globalização deve ser orientada não só para evitar que provoque danos profundos na coesão social, na democracia e no ambiente, mas também e sobretudo para maximizar o seu impacto positivo.”

«A globalização influi muito no turismo, pois ela trouxe o avanço tecnológico para os países, que facilita e agiliza as negociações para as agências de turismo. A informação na agência de turismo é preponderante, pois seu negócio não se resume apenas em vender viagens, passagens, hospedagem ou pacotes turísticos, e sim divulgar a informação, que antes deve ter sido colectada e devidamente tratada. Para que um pacote de viagens seja vendido é necessário fazer o cliente construir um sonho, imaginar seu destino e isto é difícil apenas através de catálogos e fotos. É necessária interactividade, agilidade e quem sabe até realidade virtual e isso e muitas outras coisas a tecnologias podem oferecer através da internet, que reduz as distancias e aproxima os países». (Rodrigues, 2012.)

2.8. Desenvolvimento Sustentável

O desenvolvimento sustentável poderá trazer melhorias a vida da população, tanto curto como no longo prazo.

“A definição mais disseminada é a proposta no relatório da comissão Mundial para o Ambiente e

desenvolvimento (world Commission on Environment and development, WCED, 1987) também conhecido como relatório Brutland: - «desenvolvimento sustentável é aquele que reconhece as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade (e capacidade) das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades» ”. (Henriques, 2006, p. 212)

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ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 23 2.9.Itinerário

Um itinerário turístico descreve os locais de interesse que devem ser visitados pelo turista. Pode-se definir itinerários específicos para cada tipo de actividade. Por exemplo, um itinerário gastronómico irá englobar os locais onde se encontram os pratos típicos da gastronomia regional. Outro exemplo são os guias de turismo, onde se verifica numa determinada zona turística a indicação de um percurso onde estão definidos vários pontos de interesse.

Segundo Gomez e Quijano (1991):

por itinerário deve-se entender a descrição de um caminho ou rota que especifica os lugares por onde passa e vai propondo uma série de actividades e serviços no decurso do passeio. Na opinião destes autores o termo passeio também pode ser utilizado, embora não seja muito comum na Europa, sendo no entanto bastante reconhecido na América Latina.” (in Ferreira, Aguiar e Pinto, 2012, p.117).

Estes roteiros/ itinerários serão instrumentos de interpretação do património natural e cultural da região e destinam-se não só aos viajantes mas, também, aos operadores turísticos, guias e outros profissionais dos patrimónios e do turismo.

«Roteiro turístico é “actividade turística gera efeitos benéficos directos e indirectos na economia. Os directos resultam da despesa feita pelo turista no pagamento aos equipamentos turísticos e de apoio. Os efeitos indirectos são gerados pelo gasto feito por aquele que recebeu do turista e, ainda, por conta de um efeito induzido, por outrem que tenha recebido daqueles que receberam dos prestadores de serviço ou donos de equipamentos”.» (Barreto, 1999, p. 72).

(36)

ANTÓNIO CARLOS OLIVEIRA LOPES PÁGINA 24

CAPÍTULO 3

História da Cidade

Segundo a tese oficial, as ilhas de Cabo Verde foram descobertas, entre 1460 e 1462.

Relativamente a Santo Antão5, “segundo a tradição oral, a ilha foi encontrada no dia 17

de Janeiro, de 1462, data em que se celebra o aniversário do seu achamento, dia de

Santo Antão, seu Santo onomástico”.6

Esta data é ainda hoje celebrada em Santo Antão, nomeadamente no Município da Ribeira Grande. A designação da ilha – Santo Antão - foi atribuída pelo navegador português Diogo Afonso que a descobriu no dia 17 de Janeiro, de 1462 (Ferro e Haydée, 1997, p. 11).

Santo Antão só veio a ser povoado depois de quase um século da sua descoberta, como explicam os historiadores, devido à geografia da Ilha que dificultava assim o seu acesso. Contudo, nesta já se vinha praticando a criação de gado.

O povoamento da ilha foi iniciado em 1462 por algarvios, alentejanos e minhotos enviados pelo Infante D. Fernando e, porque a sua única actividade era a agricultura, os colonos viram-se obrigados a importar a mão-de-obra negra, constituída na sua maioria por escravos já ladinizados ou mesmo libertos. Depois, devido a benignidade do clima em relação as ilhas irmãs chegaram a ela os espanhóis, os franceses, os italianos e os norte-americanos, seguidos pelos judeus” (Rocha, 1990, p.14)

Por decreto de 30 de Agosto de 1731 foi criado pela primeira vez o Concelho de Santo Antão com sede na Ribeira Grande até aí denominada de Santa Cruz. A esse respeito, Maria Haydée F. Ferro ainda nos elucida que “mais tarde por decreto de 3 de Abril de

5

Santo Antão é a ilha mais ao norte do Arquipélago Cabo Verde. Com uma extensão de 779 km2, é a segunda maior ilha do país, sendo também aquela com maior pluviosidade, e também é a ilha mais montanhosa e possui paisagens únicas, atraem “hikers” ou caminhantes do mundo inteiro. Uma cordilheira estende-se de Nordeste para Sudeste e culmina em Topo de Coroa, com a altitude de 1979 metros, apresenta um clima fresco e húmido, sendo os planaltos cobertos de árvores como o eucalipto, os ciprestes, o pinheiro e a acácia, quase inexistentes no resto do arquipélago. A segunda maior altitude de Cabo Verde, depois do Pico do Fogo; na região central, o Gudo de cavaleiros com 1811 metros; e, na região oriental, o Pico da Cruz com 1811 metros (Rocha, 1990, p. 13).

6

Informações, encontradas também no Subsídios para a história de Cabo Verde e Guiné, de Cristiano José de Senna Barcellos (2003), Vol. 1

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